Na Mira dos Donos da Verdade — Parte 2: A Questão do Amálgama nos Escritos de EGW

Assista ao vídeo e comente abaixo.

O apresentador Tito Rocha, ao introduzir o questionamento da internauta Ellen (coincidência?) Monteiro, define a expressão “amálgama” como uma junção de seres humanos com besta fera, uma mistura improvável que teria acontecido antes do dilúvio. O tom é de ironia e deboche, com referência direta à zoofilia (sexo com animais). Leandro Quadros não faz muito diferente, uma vez que se refere à autora da pergunta como se esta fosse alguém que quisesse apenas criticar Ellen G. White.

Aliás, curiosamente, Ellen White é mencionada apenas como uma “escritora cristã adventista”. Faltou dizer que a denominação adventista identifica o dom espiritual do “espírito de profecia” conferido a EGW, como sinônimo de “testemunho de Jesus”, uma das características exclusivas da última igreja de Deus sobre a Terra, a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Faltou dizer também que textos de Ellen G. White não representam evidentemente a única e exclusiva interpretação para qualquer passagem bíblica. Por mais inspirada que ela possa ter sido ao fazer qualquer declaração, tudo que disse está em nível inferior ao da Bíblia e deve ser avaliado à luz das Sagradas Escrituras. Os escritos de EGW não estão em pé de igualdade em relação ao Livro Sagrado.

Quanto ao processo de amálgama ou amalgamação, faltou raciocinar e entender que sempre existiram outros meios para a manipulação genética além das relações sexuais (lícitas ou ilícitas), ou dos cruzamentos entre animais de diferentes espécies. Ao que tudo indica, desde então, Satanás, seus anjos e seres humanos estão envolvidos em uma insolente tentativa de reengenharia genética da Criação.

Ellen G. White escreveu:

Todo joio é semeado pelo maligno. Toda erva nociva é de sua semeadura, e por seus métodos engenhosos de amálgama ele corrompeu a Terra com joio.  — Mensagens Escolhidas, volume 2, pág. 288-289.

Mas se há um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio, foi o aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte. Spiritual Gifts, Vol. 3, pg.64, 1864.

Toda espécie de animal que Deus criou foi preservada na arca. As espécies confusas que Deus não criara, resultantes da amálgama, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio, tem havido amálgama de homem e besta como pode ser visto nas quase infindáveis variedades de espécies animais e em certas raças de homens. (Ellen G. White, em Spiritual Gifts, Vol. 3, pg. 75, 1864)

Portanto, de acordo com essas afirmações da profetisa adventista Ellen G.White, pouco antes do Dilúvio:

1) Houve mistura de DNA ou manipulação genética antinatural envolvendo seres humanos;

2) Houve mistura de DNA ou manipulação genética antinatural envolvendo animais;

3) Pode também ter havido mistura de DNA ou manipulação genética antinatural envolvendo seres humanos e animais;

4) Esse grave pecado de mistura de DNA ou manipulação genética antinatural teria sido a principal razão para que a humanidade fosse quase completamente destruída no Dilúvio;

5) Por meio dessa mistura de DNA ou manipulação genética antinatural, deturpou-se a imagem de Deus nos seres humanos e houve confusão por toda parte;

6) Na Arca construída por Noé, foram salvas apenas as espécies de animais criadas por Deus;

7) Espécies confusas, que Deus não criara, resultantes de mistura de DNA ou manipulação genética antinatural, foram destruídas no Dilúvio;

8) A mistura de DNA ou manipulação genética antinatural de seres humanos e animais continuou ocorrendo após o Dilúvio.

Os apresentadores do programa Na Mira da Verdade admitem inicialmente apenas a mistura genética do item 2, como faz o Dr. Rodrigo Silva, do Unasp neste outro vídeo:

Embora não seja paleontólogo, o teólogo e arqueólogo adventista, Rodrigo Silva, afirma que uma das teorias que mais o impressionam e convencem é essa de Ellen G.White, segundo a qual os animais que não foram criados por Deus, teriam sido deixados fora da Arca para que fossem destruídos. Segundo ele, Satanás evidentemente não pode criar vida de não-vida. Mas pode a partir de algo vivo criar coisas modificadas, como sugere a irmã White nos textos citados acima. Os dinossauros assimétricos seriam um exemplo disso.

Leandro Quadros e Tito Rocha em sua resposta sobre o amálgama acrescentam a possibilidade de (9) mistura de DNA ou manipulação genética das plantas por Satanás, citando mais uma vez Ellen G. White:

Cristo nunca plantou as sementes da morte no organismo. Satanás plantou essas sementes quando tentou Adão a comer da árvore do conhecimento, que implicava em desobediência a Deus. Nenhuma planta nociva foi colocada no grande jardim do Senhor, mas depois que Adão e Eva pecaram, nasceram ervas venenosas. Na parábola do semeador, foi feita ao dono da casa a pergunta: “Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?” O dono da casa respondeu: “Um inimigo fez isso.” Mateus 13:27, 28. Todo joio é semeado pelo maligno. Toda erva nociva é de sua semeadura, e por seus métodos engenhosos de amálgama ele corrompeu a Terra com joio. — Mensagens Escolhidas, volume 2, pág. 288-289.

EGW e os antediluvianos

Com base nos escritos da Sra. White, é possível ainda supor que os antediluvianos, inspirados por Satanás, foram capazes de realizar alterações genéticas muito significativas em homens e animais, com resultados terríveis:

No mundo antediluviano havia muitas obras de arte e ciência maravilhosas. Esses descendentes de Adão, recém-saídos das mãos de Deus, possuíam habilidades e poderes que jamais observamos agora. — Manuscrito 16, 1898. Vidas que Falam, pág. 30.2

No mundo antediluviano, empregavam os homens toda a sorte de recursos imagináveis e processos engenhosos para anular a lei de Jeová. Rejeitavam-Lhe a autoridade porque lhes estorvava os planos. Testemunhos Seletos, vol. 3, 233

Havia muitos gigantes, homens de grande estatura e força, afamados por sua sabedoria, hábeis ao imaginar as mais artificiosas e maravilhosas obras; sua culpa, porém, ao dar rédeas soltas à iniqüidade, estava em proporção com sua perícia e habilidade mental. Vidas que Falam, pág. 21.

Apesar da impiedade do mundo antediluviano, aquela época não era, como freqüentemente tem sido suposto, de ignorância e barbárie. Ao povo concedeu-se a oportunidade de atingir uma elevada norma de moral e adiantamento intelectual. Possuíam grande força física e mental, e suas vantagens para adquirirem tanto conhecimento religioso como científico eram sem rival. É um erro supor que, porque vivessem até uma prolongada idade, seu espírito tardiamente amadurecia; suas faculdades intelectuais logo se desenvolviam, e os que acalentavam o temor de Deus e viviam em harmonia com a Sua vontade, continuavam a crescer em ciência e sabedoria durante toda a vida. Se se pudessem colocar em contraste os ilustres sábios de nosso tempo com os homens da mesma idade que viveram antes do dilúvio, mostrar-se-iam os primeiros grandemente inferiores não só em força intelectual como física. Assim como os anos do homem diminuíram, e diminuiu sua resistência física, assim suas capacidades mentais se reduziram. Há homens que hoje se aplicam ao estudo durante um período de vinte a cinqüenta anos, e o mundo se enche de admiração com as suas realizações. Mas quão limitadas são tais aquisições em comparação com as de homens cujas capacidades mentais e físicas estiveram a desenvolver-se durante séculos! Patriarcas e Profetas, pág. 48.2.

Os habitantes desta terra, descendentes de uma raça de gigantes, eram de estatura e força maravilhosas, e tão notados pela violência e crueldade que eram o terror de todas as nações circunvizinhas; e isto ao mesmo tempo em que Ogue, rei do país, era notável pela estatura e proezas, mesmo em uma nação de gigantes. Patriarcas e Profetas, pág. 317.4.

Repare que Ellen G. White não nega a existência de gigantes violentos e cruéis, descritos em Gênesis 6:1-4, como resultado de relações sexuais entre anjos caídos e fêmeas humanas, ocorridas antes e depois do Dilúvio.

Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade. — Gênesis 6:4

Também vimos ali os nefilins, isto é, os filhos de Anaque, que são descendentes dos nefilins; éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos. — Números 13:33

Porque só Ogue, rei de Basã, ficou de resto dos refains; eis que o seu leito, um leito de ferro, não está porventura em Rabá dos amonitas? o seu comprimento é de nove côvados, e de quatro côvados a sua largura, segundo o côvado em uso. — Deuteronômio 3:11

Houve ainda também outra peleja em Gate, onde estava um homem de alta estatura, que tinha seis dedos em cada mão, e seis em cada pé, vinte e quatro por todos; também este era descendente do gigante. — 2 Samuel 21:20

Conclusão

Leandro Quadros e Tito Rocha teriam sido muito mais úteis à comunidade adventista se houvessem pesquisado um pouco mais e ousassem dizer toda a verdade em relação a esse tema. Poderiam, por exemplo, contar que:

1. Ellen White referiu-se à amalgamação como “um pecado acima de todo outro que atraiu a destruição da raça pelo dilúvio” e “aviltante crime de amálgama de homem e besta que deturpou a imagem de Deus e causou confusão por toda parte”, depois de descrever uma série de pecados antediluvianos que incluíam os casamentos entre os justos e ímpios, idolatria, poligamia, roubo e assassínio. O contexto detalhava crimes cometidos pelos antediluvianos, numa sequência crescente de pecados, sendo que o último deles era evidentemente o pior de todos. Ela, portanto,não estaria falando sobre casamentos mistos, uma vez que já havia descrito esse pecado num parágrafo anterior.

2. Os primeiros leitores dessas declarações de Ellen G.White, inclusive seu esposo e o pioneiro Urias Smith, entenderam a amalgamação como a confirmação de mitos antigos sobre criaturas e raças estranhas, produzidas por uniões profanas entre seres humanos e animais. Ellen G. White não citou nenhuma criatura especificamente. Mas, para eles, cruzamentos entre homens e animais poderiam ter, apenas como exemplo, criado aberrações como faunos, centauros, sereias, homens-macaco, gigantes de 24 dedos e duas carreiras de dentes, pé grande, lobisomem, vampiros e outras figuras mitológicas. Evidentemente, desconheciam a possibilidade da reengenharia genética antediluviana com a participação de anjos caídos alienígenas.

3. Essas declarações do Spiritual Gifts de 1864 aparecem mais tarde em The Spirit of Prophecy, Vol. 1, e em 1870, na reorganização do material, em Spiritual Gifts. Em 1871 surgem novamente em The Great Controversy, Vol. 1, um título alternativo para The Spirit of Prophecy. Por fim, quase 20 anos depois, ambas as declarações de amálgama não foram incluídas na edição de Patriarcas e Profetas de 1890.

4. Na compilação de 1947, A História da Redenção, os editores das obras de Ellen G. White removeram essas afirmações tidas como questionáveis e até certas sentenças do contexto próximo que estão em Patriarcas e Profetas. Só então a compreensão adventista dessas citações foi reduzida para meros casamentos mistos e cruzamento de animais da mesma espécie, quando biólogos da década de 40 fizeram líderes adventistas esconder esses textos. Nessa época, a reengenharia genética parecia uma impossibilidade.

5. Hoje, híbridos de espécies diferentes e mesmo a junção de seres humanos e animais voltaram a ser uma possibilidade científica devido aos avanços da Genética, Além disso, não se pode ignorar as frequentes notícias de ataques de chupacabras e outras criaturas misteriosas, além das tentativas de abdução, sedução e fertilização de humanos por supostos seres alienígenas (anjos caídos). O mundo voltou a ser “como nos dias de Noé”.

6 comentários em “Na Mira dos Donos da Verdade — Parte 2: A Questão do Amálgama nos Escritos de EGW”

  1. Olá! Gostaria de uma explicação simples do editor/dono da página: SEUS ARTIGOS TEM SEMPRE UM ATAQUE AOS ADVENTISTAS. ESSA SUA FISSURA/PAIXÃO/OBSESSÃO, EM DESMORALIZAR A IASD DEVE TER UM INÍCIO. PODE COMPARTILHAR UM POUCO DE SUA VIDA PESSOAL PARA COMPREENDER DE ONDE VEM ESSE SENTIMENTO?

  2. Como seria bom se os adventistas considerasse Ellen Whitt apenas uma escritora adventista.O que eu tenho visto é uma idolatria exacerbada com referência a ela.Em todas as pregações ela é citada e em muitas das vezes o pregador corre no livro dela para completar o que nem na bíblia tem.Eu já vérios livros da Ellen,e curiosamente ela coloca detalhes que não existe na bíblia.Isso afasta os que querem seguir uma religião que se atém somente na bíblia.

    1. O dom profético é necessário continuamente para o povo de Deus, amigo.

      Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz. — Provérbios 29:18.

      Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas. Amós 3:7.

      Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. — 1 Coríntios 12:7-10

      E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo. Apocalipse 12:17.

      E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia. Apocalipse 19:10.

      Cremos na inspiração dos profetas bíblicos e não bíblicos. Deus falou através daqueles que foram incluídos no Cânon e de outros, que vieram antes e mesmo depois. A definição do Cânon bíblico não ocorreu por ação ou interferência divina.

      Assim, a inspiração divina continuou operando após a escolha dos livros que formariam a Bíblia. E houve também livros inspirados que foram deixados de lado, além de profetas inspirados depois que o Cânon foi definido.

      Contudo, nenhum profeta deve ser idolatrado, nem tido como intérprete oficial das Escrituras. Inspiração não confere onisciência a nenhum ser humano. Além disso, o dom de profecia deve se manifestar continuamente entre o povo de Deus, pela boca de vários servos. Até porque Ellen G. White faleceu há mais de um século!

      1. Corretíssimo Irmão Hermano.
        Tem gente que não acredita em nada, e quer, com argumentos sem noção, que os outros desacreditem da sua fé. mais acabam falando asneiras. Que Jesus entre no coração destes.

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