O que Leandro Quadros pensa sobre Bolsonaro, Marxismo, Porte de Arma e Pena de Morte

Ancião de igreja revoltado com aparente apoio de Leandro Quadrois a Bolsonaro

Veja a respostaa de Leandro Quadros a essa e outras críticas por conta deseu suposrio apoio à candidatura de Jair Bolsonaro:

Leandro Quadros: “A respeito do que penso sobre o deputado Jair Bolsonaro”

Farei minhas considerações a respeito dos comentários de um amigo, gente boníssima e que respeitosamente discordou em sua página no Face a respeito do que afirmei sobre a pena de morte.

Antes, quero destacar o que escrevi num post anterior (veja no link: http://leandroquadros.com.br/em-quem-o-cristao-deve-votar/): sou apolítico e não defendo bandeira alguma. Quem leu meus artigos sobre a pena de morte viu que minha base é unicamente a Bíblia e nada mais. Isso não significa, porém, que eu seja um alienado político.   Veja meu artigo anterior no link supracitado e entenderá melhor o que estou dizendo.

O fato de eu concordar com o deputado Jair Bolsonaro em relação à forma como um criminoso hediondo deve ser punido, não significa que apoio o partido dele ou que seja adepto de todas as suas ideias. Todos possuímos aptidão intelectual suficiente para percebermos essa diferença.

Assim como você, caro leitor, não jogaria fora tudo o que um comentarista bíblico diz sobre um assunto por ele estar errado em certos pontos, eu também não jogarei fora a opinião correta de um deputado quando esta se harmoniza com o ensino bíblico. No meio acadêmico é mais do que natural concordar parcialmente com um autor sem, com isso, ser desrespeitoso para com ele ou militante em prol de suas ideias.

Precisamos ter habilidade para filtrarmos as coisas e sabermos o que é bom e o que não é. E nosso filtro sempre deveriam ser as Escrituras (At 17.11), não nossa ideologia moldada (mesmo que inconscientemente) por uma filosofia marxista que não quer compromisso nenhum com a religião.

Vamos ao que esse amigo escreveu. Antes, gostaria de perguntar a ele e a todos que discordaram de mim o mesmo que o internauta Leonardo Araújo perguntou: “Quantos leram o artigo que indiquei antes de questionar o que eu disse?” Temos um costume muito feio de expressarmos nossas opiniões sem considerarmos tudo aquilo que alguém disse a respeito do tema. Além disso, temos a tendência (também errada) de não considerar as implicações de nossas opiniões quando contrastadas com a Bíblia.

Portanto, peço que leiam meus artigos, especialmente o intitulado “Código Penal Bíblico versus Código Penal Brasileiro”. Nele fiz uma comparação entre a Bíblia e o ultrapassado código penal brasileiro, e deixo visível (para quem quiser ver) a contradição entre ambos.

Leia e avalie antes de me criticar. Repito: leia, caro internauta. O mesmo se encontra no seguinte link: http://leandroquadros.com.br/o-codigo-penal-biblico-e-versus-o-codigo-penal-brasileiro/

https://www.youtube.com/watch?v=wNJUwmkT0g8

Meus demais artigos sobre pena de morte estão nos seguintes endereços:

http://leandroquadros.com.br/pensando-biblicamente-a-respeito-da-pena-de-morte/

http://leandroquadros.com.br/a-biblia-autoriza-a-pena-de-morte/

Vamos às minhas considerações para seguirmos na nossa discussão saudável:

1 – Foi dito que minha visão sobre direitos humanos à luz da Bíblia “não aguenta 10 minutos de Bíblia”. Se ele tivesse considerado o que dizem teólogos especialistas em Ética Cristã, teria percebido que não é assim. Por exemplo, Alan Pallister em sua obra Ética Cristã Hoje: vivendo um cristianismo coerente em uma sociedade em mudança rápida (São Paulo: Shedd Publicações, 2005), p. 139, 140, esclarece: “Teologicamente, não é correto afirmar que, devido à morte de Jesus na cruz, todos os homens possuem de fato a salvação e serão libertos do inferno. Esse argumento cai no erro do universalismo. Jesus morreu por todos na cruz, mas alguns são condenados com justiça pelos seus pecados. Na dimensão temporal, uma pessoa por quem Jesus morreu ainda pode ser condenada à morte […] O fato de Jesus ter aberto o caminho da salvação, por meio de Sua morte expiatória na cruz, providencia um lugar seguro no céu para aqueles que creem nEle. Não remove qualquer penalidade que a sociedade humana se veja na obrigação de aplicar”.

Norman Geisler é outro autor a ser considerado quando o assunto for pena de morte à luz da ética bíblica.

https://www.youtube.com/watch?v=s0bQsggkLaU

2 – Foi argumentado que minha explicação de Gênesis 9.6 está errada por causa do que Jesus disse em Mateus 5.38-48. Se o nome amigo tivesse lido materiais da própria igreja à qual pertence, teria evitado tal deslize. Por exemplo, o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1, p. 254, assim explica Gênesis 9.6: “Deus vingaria ou puniria todo assassinato; porém, não diretamente, como o fez no caso de Caim, mas indiretamente, colocando na mão do ser humano o poder judicial […] A injunção divina confere poder judicial ao governo temporal e coloca a espada em sua mão. Deus tomou o cuidado de erigir uma bandeira contra a supremacia do mal e, assim, lançou a fundamento para um desenvolvimento civil ordenado da sociedade”.

Isso teria esclarecido que a orientação de Jesus em Mateus 5.44-48 é direcionada a civis que se relacionam interpessoalmente, e nada tem a ver com a autoridade que Deus deu ao estado para punir o criminoso – algo claro até no Novo Testamento, como lemos em Romanos 13.1-4, por exemplo.

Todo cristão adventista do sétimo dia deveria também estar familiarizado com o artigo de José Flores Júnior, publicado originalmente na Revista Kerygma (Ano 6, Número 2 – 2º Semestre de 2010, p. 90-98), do Unasp, intitulado “Não Matarás: Uma Reflexão Sobre os Argumentos Contra a Pena de Morte à Luz do Sexto Mandamento”. A leitura do referido material teria esclarecido que a Bíblia é totalmente a favor da pena capital, e que os “argumentos” contrários a ela não passam de conjecturas determinadas por sentimentos humanitários e não pelo ensino bíblico.

O mesmo artigo foi publicado novamente (de forma resumida) na Revista Adventista de março de 2015.

Deixo a seguir o link para que todo leitor esteja familiarizado com o tema antes de entrar em uma discussão sem os devidos argumentos bíblicos: http://leandroquadros.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Significado-do-mandamento-N%C3%A3o-Matar%C3%A1s-e-a-Pena-de-Morte.pdf

Para finalizar, o amigo se precipitou em sua conclusão a respeito do que eu disse sobre a indenização das vítimas. Se ele tivesse visto meu vídeo com atenção e analisado meus artigos, perceberia que apenas contrastei a forma como o Estado lida com as famílias dos criminosos e a maneira como age com as famílias das vítimas (e mais: não analisei todos os casos, mas aqueles que fazem parte do meu foco: o contraste). Ou seja: o que estou argumentando é que, se tivesse que escolher quem deveria ser indenizado, deveriam ser as famílias das vítimas.

Minha opinião completa (um dia escreverei sobre isso), em suma, é que o criminoso deveria:

  1. Trabalhar para ter seu próprio sustento e gerar riqueza para a sociedade.
  2. Trabalhar para sustentar sua família, tirando essa obrigação de nossas costas que pagamos com nossos impostos “pensões” que eles é quem deveriam pagar.
  3. Trabalhar para sustentar a família daquele que ele matou (ou invalidou). Refiro-me àquele que matou sem intenção (criminoso tem sim que pagar com a própria vida, como diz Gênesis 9.6), como num acidente de trânsito, por exemplo. Tal indivíduo não merece a pena capital, mas deveria pelo menos sustentar até a maior idade os filhinhos daquele que ele matou por causa de sua imprudência no trânsito.

Considerando que “mente vazia é oficina de satanás”, um criminoso que trabalhe arduamente terá menos tempo de pensar em bobagens, aprenderá uma profissão e poderá novamente ser reintegrado à sociedade com segurança.

Lamento que muitos adventistas do sétimo dia desconheçam o comentário bíblico de sua própria denominação religiosa a respeito de Gênesis 9.6. Entristeço-me por não se familiarizem com conceituados professores de ética cristã e estejam mais comprometidos com suas ideias pessoais do que com o texto bíblico.

Lamento mais ainda que alguns internautas e até um profissional da área da psicologia (não o amigo que escreveu sobre mim, que foi muito educado comigo) – não tenham promovido uma discussão saudável, deixando de fazer uso do princípio de Colossenses 4:6, dando desse modo um mau testemunho do poder transformador do evangelho: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”.

Por isso, não continuarei qualquer tipo de discussão com aqueles que não considerarem Colossenses 4.6, e que não leram meus artigos sobre o tema. Também desconsiderarei qualquer post ou comentário que não tenha base bíblica séria. Não perderei meu tempo lendo comentários do tipo “eu acho”, “eu penso assim”, porque o que pensamos ou deixamos de pensar não me interessa nem um pouco, mas um claro “Assim Diz o Senhor”.

Sou um grande pecador e não me julgo merecedor de fazer o trabalho que faço. Mas uso o cérebro para pensar e continuarei fazendo-o enquanto Deus o permitir e me der vida para isso.

Agradeço a tal amigo e a todos que discordaram de mim de maneira ética, cristã e polida.

Um abraço a todos!

Fonte: http://leandroquadros.com.br/a-respeito-do-que-penso-sobre-o-deputado-jair-bolsonaro/

Leandro Quadros e a defesa do deputado Jair Bolsonaro

Por Davi Caldas

Assisti hoje a um trecho de uma palestra do professor Leandro Quadros. No trecho em questão, o professor falava sobre temas relacionados a penalidades civis à luz da Bíblia, incluindo aí a pena de morte. Para exemplificar o que seria uma incoerência do ponto de vista da justiça, Quadros faz menção a uma pergunta que alguém fez, certa vez, ao deputado Jair Bolsonaro. A pergunta era: “Você acha justo um menino de 16 anos pegar uma prisão perpétua porque matou alguém?”. O deputado disse achar justo porque, na sua concepção, quem realmente está numa prisão perpétua é aquele que sofreu o homicídio.

Um pouco antes de dar esse exemplo, o professor Quadros afirma: “Eu gosto em algumas coisas do Bolsonaro, viu? Você pode ficar bravo comigo, mas eu gosto. A cabra fala a verdade, tá? Lógico, ele não bate bem da cabeça em alguns aspectos, mas é um camarada sério”. E após o exemplo, Quadros continua: “Eu não estou fazendo aqui campanha política. Eu não sou… Não voto em partido nenhum, não tenho nada… Agora, esse comentário do Bolsonaro e outros é coisa de cara que pensa”.

Depois disso, Leandro Quadros menciona mais um exemplo de incoerência do sistema penal brasileiro, onde a família de um homicida preso que já tenha contribuído com o INSS tem direito a ganhar pensão, enquanto a família da vítima não tem. O vídeo possui um corte e pula para a parte em que Quadros conclui sobre a questão da pena de morte na Bíblia, sustentando que as Escrituras não condenam a pena de morte aplicada pelo Estado.

Esses breves comentários foram suficientes para que diversos adventistas identificados com ideologias da esquerda política fizessem duras críticas ao professor. Uma das críticas que chegou até mim foi a do psicólogo e ex-pastor adventista Alberto Nery (que eu não sei, no entanto, qual ideologia política segue). Desconheço o Sr. Nery. Pelas postagens que vi em seu perfil no Facebook, parece ser um cristão sincero e não pretendo aqui ofendê-lo ou denegrir a sua imagem. Mas é preciso dar-lhe um puxão de orelha. Em um texto escrito no seu perfil do Facebook, Nery começa afirmando que nunca foi fã de apologética (área da teologia que estuda as evidências racionais que sustentam nossas crenças religiosas) por julgar que a mesma não possui muito efeito. Essa introdução é feita com o claro objetivo de já começar a deslegitimar o trabalho do professor Leandro, num argumento do tipo: “Ele se dedica a algo praticamente inútil (a apologética). Não poderia sair mesmo coisa boa daí”.

Feita essa introdução sobre a suposta irrelevância da apologética, Nery se põe a criticar duas afirmações de Quadros: que Bolsonaro fala a verdade e que é um camarada sério. A crítica de Nery consiste em expor algumas falas agressivas de Bolsonaro para então concluir que Quadros não poderia manter a opinião de que o deputado é um indivíduo sério e que fala a verdade. Há várias falhas nessa argumentação de Nery. A primeira é que Nery distorce o entendimento do que seria um indivíduo sério e que fala a verdade. Um indivíduo sério, no contexto político, pode ser entendido como alguém que procura fazer o seu trabalho com seriedade e honestidade. Ou ainda como alguém que possui capacidade e entendimento suficientes para desempenhar suas funções. Também pode-se entender um indivíduo sério na política como alguém que discute e/ou propõe pautas relevantes.

Nesses sentidos óbvios, é perfeitamente possível considerar Bolsonaro como um político sério, ainda que não se concorde com suas posturas. É fato que o deputado não está envolvido em nenhum esquema de corrupção e que possui posições firmes contra criminosos. Também é fato que Bolsonaro é um indivíduo de estudo, que sabe bem como funciona a rotina parlamentar e conhece os principais problemas do país. Finalmente, é fato que o deputado já apresentou projetos de lei relevantes. Citamos onze exemplos:

– PL 6944/2017: impede a limitação dos dados de internet proposta pela Anatel e as empresas concessionárias que prestam serviços de banda larga

– PL-4730/2016: torna hediondos os crimes de homicídio doloso praticados com arma de fogo;

– PL-1281/2015: permite bloquear celulares e radiotransmissores em presídios;

– PL-1824/2015: impõe pena mínima de dez anos de prisão para quem praticar três crimes;

– PL-2832/2015: permite não caracterizar como crime atos de defesa ao patrimônio

– PL-860/2015: obriga a revista pessoal aos visitantes de presídios

– PL-7421/2014: agrava a pena para crimes de pichação

– PL-5398/2013: aumenta a pena para crimes de estupro

– PL-367/2011: suspende o direito de dirigir de quem atingir quarenta pontos na CNH num período de doze meses

– PEC-5107/2007: concede imunidade tributária à produção e comercialização de programas de computador

– PL-6163/2005: autoriza órgãos de segurança pública a reaproveitarem armas e munições apreendidas ou encontradas

Concorde-se ou não com tais propostas, elas sem dúvida versam sobre assuntos de grande interesse da população. E não é exagero afirmar que a maior parte da população dá apoio a todas essas ideias. Então, é perfeitamente legítimo que o professor Leandro Quadros julgue o deputado Bolsonaro como um político sério. E é perfeitamente possível reconhecer isso mesmo que não se concorde com uma vírgula das ideias do deputado.

E o que seria um indivíduo que fala a verdade? Ora, é óbvio que quando Quadros diz isso, não está querendo dizer que tudo o que Bolsonaro afirma é correto e bom. O que Quadros expressa aqui é simplesmente que Bolsonaro não é, ou não parece ser, um mentiroso, como muitos políticos são. Olhamos para indivíduos como Renan Calheiros, Michel Temer, Eduardo Cunha, Lula, Aécio Neves, Dilma Rousseff, José Genuíno, José Dirceu, José Serra, FHC, José Sarney, Paulo Maluf, Alckmin, Pezão, Sérgio Cabral, Eduardo Paes, etc. e não conseguimos ver neles pessoas que falam a verdade. São indivíduos acusados de diversos crimes, investigados, delatados, com processos nas costas, com amizades suspeitas, com a vida em torno de uma série de sujeiras; fazendo discursos mentirosos, agindo em contrariedade às suas promessas; não assumindo os erros de seus partidos; criando e apoiando leis que dificultam o trabalho da polícia, que blindam a classe política, que atacam a Operação Lava-Jato, etc.

Bolsonaro, por sua vez, assim como políticos como Ronaldo Caiado, Ana Amélia Lemos, José Reguffe, Paulo Eduardo Martins, Rogério Peninha Mendonça, Marcel Van Hattem e alguns outros parecem (ao menos, parecem) ser indivíduos que falam a verdade. Não estão envolvidos em escândalos e lutam por pautas como o fim do foro privilegiado para políticos e o andamento da Operação Lava-Jato. Ademais, Bolsonaro diz muitas verdades que vão contra o politicamente correto. Verdades que muitos políticos não possuem coragem ou mesmo intenção de dizer. A luta voraz de Bolsonaro contra a inclusão da ideologia de gênero nas escolas e as cartilhas que incentivam masturbação, promiscuidade e homossexualidade para as criança é um bom exemplo.

Reconhecer isso não implica, de forma alguma, ser favorável a todas as ideias de Bolsonaro ou ao modo tosco e bruto como ele se expressa. E Quadros deixa bem claro isso ao dizer que o deputado “não bate bem da cabeça em alguns aspectos”.

Infelizmente, Alberto Nery passa por cima dessas obviedades, distorcendo o sentido claro das palavras de Leandro Quadros e tentando formar na cabeça do leitor a ideia de que Quadros defende tudo o que Bolsonaro afirma. Menos, senhor Nery. Quadros citou um único exemplo e foi um exemplo bastante razoável.

Em seguida, Nery afirma: “O mais triste no entanto é que ele defende o deputado dizendo que está ‘pensando biblicamente’. O que me leva a pensar que provavelmente devo ter lido uma Bíblia diferente da dele nos últimos 35 anos”. Não, não, não e não! Leandro Quadros em nenhum momento disse que Bolsonaro pensa biblicamente. Ele apenas abriu um parênteses para citar um diálogo de Bolsonaro com alguém que o questionou e, fechando o parênteses, voltou para a questão que estava tratando, dizendo que precisamos aprender a pensar biblicamente. O “pensar biblicamente” aqui não é “pensar como Bolsonaro em todos os aspectos”, mas sim colocar-se a favor das pessoas honestas que são oprimidas e não dos indivíduos criminosos que oprimem os honestos. Quadros está apontando para uma lógica perversa e antibiblica que se infiltrou no ordenamento jurídico, a qual minimiza as penas para os criminosos hediondos e desprotege o cidadão de bem.

O senhor Nery, mais uma vez distorce as palavras de Quadros, tentando fazer o leitor pensar que Quadros está exaltando Bolsonaro como um modelo de pensador bíblico. Isso não faz o mentor sentido do ponto de vista do contexto. No máximo se poderia dizer que Quadros expõe Bolsonaro como um bom exemplo neste pensamento em específico: o de que a prisão perpétua é justificável, já que um homicida hediondo condenou um homem honesto à prisão perpétua da morte. Ou ainda: Bolsonaro seria um bom exemplo no pensamento específico de que não é o criminoso que deve ser priorizado pelo Estado, mas a vítima. Não há como interpretar algo além disso. Não há como fazer de Leandro Quadros um defensor incondicional de Bolsonaro apenas por isso. Mas é a imagem que Nery procura criar na mente do leitor.

Mais adiante, Nery ataca a afirmação de Quadros de que ele não estava fazendo campanha política. Nery afirma: “Como assim? Se defender um candidato usando a Bíblia, diante de uma congregação de cristãos não é campanha política, então o que é?”. Ou seja, na cabeça de Nery, elogiar um pensamento (ou uma ação) em específico de um político é fazer campanha. Então, ainda que um político esteja correto em algo, não posso elogiar, senão é campanha. Assim, fica muito complicado, senhor Nery. Parece-me que as pessoas precisam ter mais maturidade para entender o que são elogios pontuais e o que é uma manifestação de apoio integral.

Nery critica também a alegação de Quadros de que não vota em partido nenhum. Ele diz: “Mas deveria. É justamente a alienação política que causa essas aberrações”. Aqui o psicólogo dá um tiro no próprio pé. Se Quadros não vota em partido nenhum, significa que ele não se prende a uma ideologia, mas se guia pela realidade, o que é muito bom. Isso se coaduna com o que já vimos: Quadros elogiou um pensamento específico de Bolsonaro, sem se comprometer em defender as ideias do político como um todo. Nery, no entanto, parece ser da linha de que um partido deve ser escolhido, o que significa que, para o ex-pastor, Quadros deveria se guiar por uma ideologia (não pela realidade apenas). Fico curioso para saber qual seria a ideologia ideal que Nery propõe para Quadros seguir. Seria a ideologia do PT? A do PSDB? A do PSOL? Deve ser alguma contrária ao Bolsonaro, já que Nery não gosta do deputado.

O ex-pastor critica ainda um ponto em que Leandro Quadros orienta os irmãos a tomarem cuidado com a mídia manipuladora. Diz o seguinte: “Se esqueceu que também trabalha em um instrumento de mídia. A TV Novo Tempo. No caso, será que está se incluindo no grupo de ‘comunicadores manipuladores’?”.

Isso é uma pergunta para o telespectador, não é mesmo, Sr. Nery? É o telespectador que vai decidir o que é manipulação da verdade e o que não é. O professor Leandro Quadros tem feito um belo trabalho instigando os irmãos a questionarem, a lerem as passagens bíblicas dentro de seu contexto, a lerem o Espírito de Profecia, a lerem bons livros de apologética (os quais a grande mídia não divulga, aliás), enfim, a estudarem. Com essas ferramentas, o telespectador tem como julgar se o próprio Leandro Quadros é um manipulador ou não.

Não vejo sentido em criticar Quadros apenas por ele afirmar que a existe manipulação na mídia. É claro que existe. E é claro que o próprio Quadros poderia ser um. E é claro que a responsabilidade de cada um de nós é julgar, por nós mesmos, o que é verdade e o que é distorção. A crítica de Nery não leva a lugar nenhum.

Já para o fim do texto, Nery apela para a baixaria. Insinua que Quadros desumanizou bandidos e que isso é um princípio utilizado por ditadores como Hitler. É, Sr. Nery, você caiu no buraco argumentativo chamado “todo mundo que eu discordo é Hitler”. Triste fim.

O fato bruto aqui é que Leandro Quadros estava tendo uma conversa bastante informal com sua plateia e resolveu citar exemplos de distorções na justiça. É óbvio que bandidos não devem ser tratados como se não fossem humanos. E nisso há de se discordar veementemente de Bolsonaro. Mas é fato que os direitos humanos no Brasil foram distorcidos para favorecer a criminalidade em detrimento da vida honesta. E o exemplo usado por Quadros sobre o auxílio para a família do criminoso é muito claro quanto a isso. Em nenhum momento, no entanto, Quadros defendeu a vingança com as próprias mãos, ou as condições precárias das cadeias, ou campos de concentração para determinadas raças e classes, ou a legalização da tortura, ou a perseguição de minorias pelo governo, ou um Estado discricionário. É, portanto, o cúmulo da baixaria insinuar que Quadros defende a desumanização de bandidos e comparar seus princípios a de pessoas como Adolf Hitler.

Nery ainda ataca a afirmação de Quadros de que é uma besteira dizer que a Bíblia é contra pena de morte. Para Nery: “O apresentador tratou de maneira simplista e descartou totalmente a profunda discussão teológica ao redor do tema. Afirmou categoricamente que a Bíblia é favorável a pena de morte. Mais uma vez, acho que andei lendo outra Bíblia”.

O Sr. Nery deve ter lido outra Bíblia mesmo, como ele diz. Há apenas duas interpretações plausíveis sobre a posição da pena de morte na Bíblia Sagrada: (1) ela é teologicamente neutra, deixando a questão ao cargo exclusivo da organização civil da sociedade e do Estado; (2) ela é favorável. Não há qualquer texto bíblico que dê margem para afirmamos que a pena de morte é condenada pelas Escrituras. O Novo Testamento não versa sobre leis civis, mas apenas sobre a relação entre os indivíduos. E o Antigo Testamento, ao versar sobre leis civis, dá sustento à pena de morte. Aqueles que defendem que a pena de morte é condenável no Novo Testamento o fazem com base em princípios morais referentes aos indivíduos, e não em princípios civis referentes à organização do Estado. Portanto, esse tipo de interpretação não se sustenta e é sim uma besteira. E uma besteira não deixa de ser besteira só porque algumas pessoas de renome possam vir a sustenta-la.

As críticas ao professor Leandro Quadros são absolutamente infundadas. Elas procuram criar uma imagem do professor que não condiz com a realidade. E partem de alguém que demonstra menosprezo pelo estudo apologético, o que preocupa bastante. É justamente a falta do estudo apologético que cria membros de igreja tão frágeis intelectualmente, que se deixam levar por qualquer vento de doutrina. É justamente a falta do estudo apologético que dá munição aos secularistas, fazendo a sociedade permanecer crendo no mito de que fé e razão não combinam. É justamente a falta de um estudo apologético forte que cria jovens cristãos despreparados para enfrentar os desafios intelectuais da faculdade. Esses jovens, sem uma base cristã racional sólida, acabam se agarrando a qualquer ideologia imbecil que lhes são apresentadas na academia, transformando-se em zumbis.

É triste que Alberto Nery não perceba isso. E é triste que Nery acabe agindo, nesse texto, como um desses zumbis. Nery, simplesmente por ouvir um elogio pontual ao deputado Bolsonaro, já construiu em sua mente toda uma interpretação sobre o que Leandro Quadros defende, criando um terrível espantalho. Não sei se Nery se deu conta disso. Creio que não. Mas ele o fez e ficou feio.

No fim das contas, o próprio Leandro Quadros escreveu um texto explicando melhor todos os seus posicionamentos e mostrando como Nery e outro adventistas “viajaram na maionese” em suas críticas ao professor. Quero destacar dois trechos do texto de Quadros para finalizar essa postagem. No primeiro, ele afirma o seguinte:

“O fato de eu concordar com o deputado Jair Bolsonaro em relação à forma como um criminoso hediondo deve ser punido, não significa que apoio o partido dele ou que seja adepto de todas as suas ideias. Todos possuímos aptidão intelectual suficiente para percebermos essa diferença.

Assim como você, caro leitor, não jogaria fora tudo o que um comentarista bíblico diz sobre um assunto por ele estar errado em certos pontos, eu também não jogarei fora a opinião correta de um deputado quando esta se harmoniza com o ensino bíblico. No meio acadêmico é mais do que natural concordar parcialmente com um autor sem, com isso, ser desrespeitoso para com ele ou militante em prol de suas ideias.

Precisamos ter habilidade para filtrarmos as coisas e sabermos o que é bom e o que não é. E nosso filtro sempre deveriam ser as Escrituras (At 17.11), não nossa ideologia moldada (mesmo que inconscientemente) por uma filosofia marxista que não quer compromisso nenhum com a religião”.

Em um segundo trecho, ainda mais interessante, o professor Leandro Quadros expõe um pouco sobre sua opinião em relação a como um criminoso deveria ser tratado na prisão. A ideia é extremamente sensata.

“Minha opinião completa (um dia escreverei sobre isso), em suma, é que o criminoso deveria:

(1) Trabalhar para ter seu próprio sustento e gerar riqueza para a sociedade.

(2) Trabalhar para sustentar sua família, tirando essa obrigação de nossas costas que pagamos com nossos impostos ‘pensões’ que eles é quem deveriam pagar.

(3) Trabalhar para sustentar a família daquele que ele matou (ou invalidou). Refiro-me àquele que matou sem intenção (criminoso tem sim que pagar com a própria vida, como diz Gênesis 9.6), como num acidente de trânsito, por exemplo. Tal indivíduo não merece a pena capital, mas deveria pelo menos sustentar até a maior idade os filhinhos daquele que ele matou por causa de sua imprudência no trânsito.

Considerando que ‘mente vazia é oficina de satanás’, um criminoso que trabalhe arduamente terá menos tempo de pensar em bobagens, aprenderá uma profissão e poderá novamente ser reintegrado à sociedade com segurança”.

Perfeito, professor Leandro Quadros! Rechaçamos, portanto, os comentários despropositados do Sr. Alberto Nery e defendemos o posicionamento do professor Leandro Quadros, que em nenhum momento se desviou dos princípios bíblicos, cristãos e adventistas que devem nos orientar em todas as questões. Esperamos que o Sr. Nery repense o modo como falou de Quadros e que não mais utilize um discurso tão falho como esse.

Fonte: https://reacaoadventista.com/2017/04/11/leandro-quadros-e-a-defesa-do-deputado-de-jair-bolsonaro/

6 comentários em “O que Leandro Quadros pensa sobre Bolsonaro, Marxismo, Porte de Arma e Pena de Morte”

  1. Prezados,
    preciso do contato do administrador do site com urgência para solicitar a remoção de um artigo publicado em julho de 2004.
    Obrigada

      1. O que Leandro Quadros fez foi gravíssimo! Utilizou -se do espaço de uma igreja para elogiar um candidato à presidência. Polêmicas à parte, mesmo se estiver totalmente ancorado na bíblia e orientações de Ellen W. , o fato causou desconforto na igreja Adventista pelo “time”. Ora, estamos em plena campanha política e, ademais, esses área nunca foi abordada pelo palestrante.

        Foi oportunista, inapropriado e inadequado.

        Como adventista e dizimista eu não gostaria de ver esse homem mas minha telas de TV e nem em púpitos da IASD enquanto eu não tiver uma resposta da NOVO Tempo ou da direção da IASD.

        É uma opinião pessoal dele mas deve-se lembar que trata-se de funcionário da TV Novo Tempo, mantida com dízimos e ofertas de membros.

        Att

        Renato Sérgio Borges.
        BRASILIA DF

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