Documento da IASD sobre o aborto é apenas uma declaração e não entrará no Manual da Igreja

“Isso é incrível; a igreja está afirmando que os nascituros têm um valor inestimável e que esse valor é independente das capacidades físicas ou mentais. Isso significa que a igreja não permitirá mais exceções para abortos devido a estupro, malformações ou estilo de vida das mulheres? Descobriremos quando os Protocolos Hospitalares substituírem as atuais Diretrizes sobre Aborto.”

A opinião acima é de Nic Samojluk, adventista de segunda geração que ingressou na igreja pelo batismo quase sete décadas atrás, quando a Igreja Adventista ainda era pró-vida. Tem doutorado em religião, e sua dissertação foi intitulada “Da vida pró-vida à pró-escolha: a mudança dramática nas atitudes dos adventistas do sétimo dia em relação ao aborto”.

Na verdade, a declaração oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, votada e divulgada nesta semana não foi aprovada por unanimidade, não substitui as diretrizes internas adotadas em 1970, 1971 e 1992 e não será incluída no Manual da Igreja. Embora seja noticiada como um avanço depois de tantas denúncias sobre a prática de abortos em hospitais adventistas. como o de Loma Linda, trata-se apenas de mais uma declaração oficial sem qualquer valor como regra de comportamento. Para quem duvida, reproduzimos abaixo o texto do noticiário oficial, publicado tanto em inglês quanto traduzido para o português:

Comissão mundial adventista vota Declaração sobre o Aborto

Questões sobre aborto foram tratadas em concílio mundial da liderança adventista, realizado nos Estados Unidos. Última declaração oficial era de 1992.

Por Adventist Review e Adventist News Network

Membros do órgão máximo de tomada de decisões da Igreja Adventista do Sétimo Dia deliberaram por um período de dois dias sobre uma proposta Statement on the Biblical View of Unborn Life and Its Implications for Abortion (Declaração sobre a Visão Bíblica de uma Vida Não Nascida e Suas Implicações para o Aborto). O documento surgiu em setembro deste ano depois de um longo período de estudo e discussão entre teólogos adventistas, peritos médicos, administradores de assistência médica, especialistas em ética e administradores da Igreja.

Até a aprovação, o processo seguiu por várias comissões e unidades administrativas no desenvolvimento do projeto. Um grupo de trabalho com 26 indivíduos, incluindo sete mulheres, foi contratado pela Comissão Administrativa da Associação Geral (ADCOM) em setembro. O objetivo é o de “elaborar um projeto de uma declaração unificada que será claramente baseada em princípios bíblicos que realçam a santidade da vida e reconhecem os casos/anomalias excepcionalmente difíceis que as mulheres podem enfrentar”, de acordo com os termos de referência votados.

Tipo específico de documento

Os líderes da Igreja enfatizaram que o documento analisado e votado na semana passada é uma declaração, e não um conjunto de orientações para indivíduos ou organizações da Igreja. Conforme definido pela prática da denominação, uma declaração votada descreve a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre uma questão específica, enquanto as diretrizes dão orientações para aplicação prática em um assunto específico.

Nenhuma declaração anterior sobre a santidade de uma vida não nascida havia sido desenvolvida antes deste documento. A última vez que a denominação emitiu diretrizes sobre o aborto foi em 1992. Segundo o presidente mundial da Igreja Adventista, Ted Wilson, as diretrizes de 1992 continham “uma abordagem muito mais limitada em termos de uma visão abrangente da abordagem bíblica desse precioso assunto”.

Wilson explicou, ainda, a função de uma Declaração votada na vida da Igreja de 21 milhões de membros. “Esta é uma Declaração. Não é parte do Manual da Igreja. Não é a intenção da Declaração que comissões e membros julguem outras pessoas.” Dirigindo-se diretamente aos líderes, ele acrescentou: “Por favor, instruam e incentivem os membros de nossa Igreja a não fazer isso. É uma declaração bíblica para informar não apenas ao mundo, mas a nós mesmos como a Bíblia nos fala sobre a vida”, comentou.

Comentários introdutórios

“Como vocês sabem,  é uma questão delicada, mas ao mesmo tempo temos o privilégio de estudá-la”, disse Artur Stele, vice-presidente da Igreja Adventista que liderou a comissão de redação e supervisionou o processo da elaboração da Declaração.

Stele descreveu o processo de desenvolvimento do documento proposto, uma sequência que começou com a Comissão de Ética do Instituto de Pesquisa Bíblica (BRI). E que se expandiu para incluir a Comissão de Bioética da Associação Geral (AG), os 26 membros da equipe de trabalho, representantes de vários sistemas adventistas de saúde e várias comissões administrativas da AG. Stele salientou que o processo resultou em um total de 27 versões do projeto.

Peter Landless, médico que serve como diretor do Ministério da Saúde da sede mundial da denominação, abordou o medo que a declaração seja “uma arma nuclear contra os sistemas adventistas de saúde”, deixando claro que “a resposta é ‘não’”. Durante sua apresentação, Landless também exibiu um gráfico mostrando o número total de abortos realizado por instituições de saúde adventistas durante o ano passado. As estatísticas revelam que o número é muito pequeno, quase todos relacionados a anormalidades fetais dramáticas que tornariam a vida fora do útero impossível.

O médico reconhece que “não temos uma linda história em nossas instituições de saúde” em relação ao aborto. Mas, ao mesmo tempo, relatou uma impressionante diminuição no número de abortos desde que as diretrizes de 1992 foram votadas. “Deveria ser claramente afirmado: o objetivo é chegar o número de abortos o mais próximo possível de zero, com a maior segurança possível”, ressaltou.

Stele perguntou ao diretor da BRI, Elias Brasil de Souza, sobre o significado da declaração do aborto não estar incluída no Manual da Igreja. “Ela não estava preparada para ser incorporada ao Manual da Igreja ou até mesmo às Crenças Fundamentais“, disse Souza. “Mas este documento é um guia para a Igreja dizer aos seus membros, para dizer ao mundo, nossa posição sobre esta importante questão.”  [Apenas para dizer!]

Souza também enfatizou como os membros são encorajados a se relacionar com a declaração. “Não devemos usar este documento como uma arma para afastar as pessoas”, pontuou ele. “Não devemos usá-lo para punir as pessoas. É um documento de redenção. Ao ler o documento cuidadosamente, você verá que ele é benevolente e reconhece as situações difíceis em que às vezes as pessoas se encontram. Neste documento, há um apelo para que sejamos compassivos [com o pecado do aborto!].”

Stele explicou que protocolos e processos mais práticos seriam desenvolvidos, um processo que inicialmente será conduzido pelos líderes do Ministério da Saúde da sede mundial adventista, mas continuará incluindo o desenvolvimento das diretrizes para pastores e congregações. “Vamos trabalhar arduamente e de forma muito cuidadosa com indivíduos de bioética e instituições hospitalares”, reforçou Landless. “Devemos, pelo menos até o ano novo, começar a apresentar processos e protocolos significativos que serão úteis para aqueles que trabalham na linha de frente da gestão de saúde”.

Discussão no plenário

A discussão no plenário refletiu a diversidade de perspectivas sobre o tópico.

Doug Batchelor, palestrante e diretor do Ministério Amazing Facts, um ministério de apoio independente localizado na América do Norte, foi o primeiro a falar em favor da Declaração. “Eu louvo a Deus, pois a Igreja está abordando esse assunto. Gostaria que o tivéssemos feito há mais tempo. A Bíblia ensina que a vida humana é um milagre, uma dádiva da criação de Deus e começa na concepção”, expressou. Batchelor concluiu: “Ter uma clara declaração bíblica sobre o aborto não significa que vamos atacar as pessoas que discordam”.

Richard Hart, presidente da Universidade de Saúde de Loma Linda, um sistema de saúde pertencente à Igreja e operado pela Universidade de Loma Linda, disse: “Eu valorizo o documento pelo valor que ele dá à santidade da vida”. Hart, que é médico, explicou que Loma Linda não oferece abortos eletivos e continuou descrevendo várias situações médicas cruciais nas quais a interrupção de gravidez pode ser necessária. Ele ressaltou a importância da redação que “permitiria ao médico e à mãe tomar as decisões mais sábias” nessas circunstâncias difíceis.

Outros delegados trouxeram ao plenário preocupações relativas à omissão da linguagem abordando casos de estupro e incesto, que foram ambos referenciados nas Diretrizes de 1992.

Jiri Moskala, reitor do Seminário Teológico Adventista na Universidade Andrews, enquanto elogiava o documento por seu respeito à vida e aos princípios bíblicos, também ofereceu sugestões de melhoria. “Esta Declaração é estranhamente silenciosa sobre a questão mais dolorosa em relação ao aborto, ou seja, o estupro. Espero que não enviemos um sinal falso às nossas igrejas ao omitir neste documento o problema da violência e do estupro. Eu acho que o estupro deveria ser incluído.”

“Eu realmente gosto do fato de que isso está tão centrado na Bíblia”, disse Kathy Proffitt, uma delegada da América do Norte que falou a favor do documento. “Jeremias 1:5 foi citado: ‘Antes mesmo de te formar no ventre materno’ ”, lembrou Proffitt, referenciando o projeto da Declaração. “Deus, de forma intencional, possui e forma cada criança.”

Voto

Após término da discussão no plenário do Concílio Anual, Thomas Lemon, vice-presidente geral e presidente da discussão, agradeceu ao grupo por sua transparência e sinceridade. Os delegados concordaram em consenso em continuar a discussão na manhã de quarta-feira, 16 de outubro, depois que uma comissão de redação teve tempo de incorporar alguns dos comentários e mudanças editoriais na Declaração.

Pouco antes do meio-dia de quarta-feira, Stele leu as mudanças feitas no documento com base nas contribuições e sugestões dos delegados. A Declaração sobre a Visão Bíblica da Vida Não Nascida e Suas Implicações para o Aborto foi aprovada pela grande maioria dos delegados, com apenas alguns votando “não” devido a preocupações sobre linguagem específica.


Leia a declaração na íntegra:

DECLARAÇÃO SOBRE A VISÃO BÍBLICA DA VIDA NÃO NASCIDA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ABORTO

VOTADO: adotar o documento, Declaração Sobre a Visão Bíblica da Vida Não Nascida e Suas Implicações Para o Aborto, que diz o seguinte:
Declaração Sobre a Visão Bíblica da Vida Não Nascida e Suas Implicações Para o Aborto
Os seres humanos são criados à imagem de Deus. Parte da dádiva que Deus nos deu como humanos é a procriação, a habilidade de participar na criação junto com o Autor da vida. Esse dom sagrado deveria ser sempre valorizado e estimado. No plano original de Deus, toda gravidez deveria ser o resultado da expressão de amor entre um homem e uma mulher comprometidos um com o outro no casamento. Uma gravidez deveria ser desejada, e cada bebê deveria ser amado, valorizado e nutrido mesmo antes do nascimento. Infelizmente, desde a entrada do pecado, Satanás tem feito esforços intencionais para arruinar a imagem de Deus, desfigurando todos os dons de Deus—inclusive o da procriação. Consequentemente, às vezes as pessoas são confrontadas com dilemas e decisões relativas a uma gravidez.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia está comprometida com os ensinamentos e princípios das Escrituras Sagradas que expressam os valores de Deus na vida e proporcionam orientações para futuros pais e mães, equipes médicas, igrejas e todos os crentes em questões de fé, doutrina, comportamento ético e estilo de vida. Embora não seja a consciência dos crentes de forma individual, a igreja tem o dever de transmitir os princípios e ensinamentos da Palavra de Deus.
Essa declaração afirma a santidade da vida e apresenta princípios bíblicos relacionados ao aborto. Conforme usado nessa declaração, o aborto é definido como qualquer ação destinada a interromper uma gravidez e não inclui a interrupção espontânea de uma gravidez, também conhecida como aborto espontâneo.

Princípios e Ensinamentos Bíblicos Relacionados ao Aborto

Como a prática do aborto deve ser ponderada à luz das Escrituras, os seguintes princípios e ensinamentos bíblicos fornecem orientação para a comunidade de fé e os indivíduos afetados por essas escolhas tão difíceis:

  1. Deus defende o valor e a santidade da vida humana. A vida humana é a coisa mais valiosa para Deus. Tendo criado a humanidade à Sua imagem (Gênesis 1:27; 2:7), Deus tem um interesse pessoal nas pessoas. Deus as ama e Se comunica com elas, e elas, por sua vez, podem amar e se comunicar com Ele.A vida é uma dádiva de Deus, e Deus é o Doador da vida. Em Jesus está a vida (João 1:4). Ele tem vida em si mesmo (João 5:26). Ele é a ressurreição e a vida (João 11:25; 14:6). Ele fornece vida em abundância (João 10:10). Quem tem o Filho tem a vida (1 João 5:12). Ele também é o Mantenedor da vida (Atos 17:25-28; Colossenses 1:17; Hebreus 1:1-3), e o Espírito Santo é descrito como Espírito de vida (Romanos 8:2). Deus Se preocupa profundamente com Sua criação e especialmente com a humanidade. Além disso, a importância da vida humana é esclarecida pelo fato de que, depois da queda (Gênesis 3), Deus “deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Embora Deus pudesse ter abandonado e destruído a humanidade pecadora, Ele optou pela vida.Consequentemente, os seguidores de Cristo serão ressuscitados dentre os mortos e viverão em comunhão face a face com Deus (João 11:25-26; 1 Tessalonicenses 4:15-16; Apocalipse 21:3). Assim, a vida humana é de valor inestimável. Isso é válido para todas as fases da vida humana: nascituros, crianças de várias idades, adolescentes, adultos e idosos—independente das capacidades físicas, mentais e emocionais. Também é válido para todos os humanos sem distinção de sexo, etnia, status social, religião e qualquer outra coisa que possa distingui-los. Tal entendimento de santidade da vida dá um valor inviolável e igual para toda e qualquer vida humana e exige que ela seja tratada com o máximo respeito e cuidado.
  1. Deus considera a criança que não nasceu como vida humana. A vida pré-natal é preciosa aos olhos de Deus, e a Bíblia descreve o conhecimento de Deus sobre as pessoas antes que elas fossem concebidas. “Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles” (Salmos 139:16). Em alguns casos, Deus guiou diretamente a vida pré-natal. Sansão “será nazireu de Deus desde o ventre de sua mãe” (Juízes 13:5). O servo de Deus é “chamado desde o ventre” (Isaias 49:1,5). Jeremias já havia sido escolhido como profeta antes de nascer (Jeremias 1:5), assim como Paulo (Gálatas 1:15), e João Batista era “cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe” (Lucas 1:15). De Jesus, o anjo Gabriel explicou a Maria: “por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lucas 1:35). Em Sua encarnação, o próprio Jesus experimentou o período pré-natal humano e foi reconhecido como o Messias e Filho de Deus logo após ser concebido (Lucas 1:40-45). A Bíblia já atribui ao nascituro alegria (Lucas 1:44) e até rivalidade (Gênesis 25:21-23). Aqueles que ainda não nasceram têm um lugar seguro com Deus (Jó 10:8-12; 31:13-15). A lei bíblica mostra um forte respeito pela proteção da vida humana e considera um dano grave ou a perda de um bebê ou de uma mãe como consequência de um ato violento (Êxodo 21:22-23).
  2. A vontade de Deus em relação à vida humana é expressa nos Dez Mandamentos e explicada por Jesus no Sermão da Montanha. O decálogo foi dado ao povo da aliança de Deus e ao mundo para guiar suas vidas e protegê-las. Seus mandamentos são verdades imutáveis que deveriam ser apreciadas, respeitadas e obedecidas. O salmista louva a lei de Deus (por exemplo, Salmo 119), e Paulo a chama de santa, justa e boa (Romanos 7:12). O sexto mandamento afirma: “Não matarás” (Êxodo 20:13), que apela para a preservação da vida humana. O princípio de preservar a vida estabelecido no sexto mandamento coloca o aborto dentro desse escopo. Jesus reforçou o mandamento de não matar em Matheus 5:21-22. A vida é protegida por Deus. Ela não é medida pelas habilidades dos indivíduos ou suas utilidades, mas pelo valor que a criação de Deus e o amor sacrifical colocaram nela. Personalidade, valor humano e salvação não são conquistados ou merecidos, mas graciosamente concedidos por Deus.
  1. Deus é o Dono da vida, e os seres humanos são seus administradores. As Escrituras ensinam que Deus é o dono de tudo (Salmos 50:10-12). Deus tem uma reivindicação dupla sobre os seres humanos. Eles pertencem a Ele, pois Ele é o Criador. Portanto, Ele é dono deles (Salmos 139:13-16). Eles também pertencem a Ele, pois Ele é o Redentor e os comprou pelo preço mais alto – Sua própria vida (1Coríntios 6:19-20). Isso significa que todos os seres humanos são mordomos de tudo o que Deus lhes confiou, incluindo suas próprias vidas, a vida de seus filhos e dos nascituros.A administração da vida também inclui assumir responsabilidades que de alguma forma limitam suas escolhas (1 Coríntios 6:19-20). Sendo Deus o Doador e Dono da vida, os seres humanos não têm controle total sobre si mesmos e deveriam procurar preservar a vida sempre que possível. O princípio da mordomia da vida obriga a comunidade de crentes a guiar, apoiar, cuidar e amar aqueles que estão enfrentando decisões sobre gravidez.
  1. A Bíblia ensina cuidado ao fraco e ao vulnerável. O próprio Deus cuida dos desfavorecidos e oprimidos e os protege. Ele “não age com parcialidade nem aceita presentes e ofertas para torcer a justiça. Ele defende a causa do órfão e da viúva e ama o estrangeiro, provendo-lhe alimento e vestimenta.” (Deuteronômio 10:17-18, cf. Salmos 82:3-4; Tiago 1:27). Ele não permite que os filhos sejam responsáveis pelos pecados dos pais (Ezequiel 18:20). Deus espera o mesmo de Seus filhos. Eles são chamados para ajudar e aliviar os fardos dos vulneráveis (Salmos 41:1; 82:3-4; Atos 20:35). Jesus fala do menor de Seus irmãos (Mateus 25:40), pelos quais seus seguidores são responsáveis, e dos pequeninos que não devem ser desprezados ou perdidos (Mateus 18:10-14). Os mais novos, ou seja, os nascituros, deveriam ser contado entre eles.
  2. A graça de Deus promove a vida em um mundo manchado pelo pecado e pela morte. É da natureza de Deus proteger, preservar e sustentar a vida. Além da providência de Deus sobre Sua criação (Salmos 103:19; Colossenses 1:17; Hebreus 1:3), a Bíblia reconhece os amplos, devastadores e degradantes efeitos do pecado na criação, inclusive no corpo humano. Em Romanos 8:20-24, Paulo descreve o impacto da queda sujeitando a criação à futilidade. Consequentemente, em casos raros e extremos, a concepção humana pode produzir gestações com perspectivas fatais e/ou anomalias de nascimento graves com risco de morte que apresentam a indivíduos e casais dilemas excepcionais. As decisões nesses casos podem ser deixadas à consciência dos indivíduos envolvidos e de suas famílias. Essas decisões devem ser bem informadas e guiadas pelo Espírito Santo e pela visão bíblica da vida descrita acima. A graça de Deus promove e protege a vida. Os indivíduos nessas situações desafiadoras podem procurá-Lo com sinceridade e encontrar direção, conforto e paz no Senhor.

Implicações

A Igreja Adventista do Sétimo Dia considera o aborto como em desarmonia com o plano de Deus para a vida humana. Ele afeta o nascituro, a mãe, o pai, membros próximos ou distantes da família, a família da igreja e a sociedade, com consequências a longo prazo para todos. Os crentes pretendem confiar em Deus e seguir Sua vontade, sabendo que Ele tem os melhores interesses em mente.

Embora não apoie o aborto, a Igreja e os membros são chamados a seguir o exemplo de Jesus, sendo “cheio de graça e de verdade” (João 1:14), a (1) criar uma atmosfera de amor verdadeira e cheia de graça, cuidado pastoral bíblico e apoio amoroso aos que enfrentam decisões difíceis relacionadas ao aborto; (2) recorrer à ajuda de famílias funcionais e comprometidas e educá-las para prestar assistência a indivíduos, casais e famílias em dificuldades; (3) encorajar os membros da igreja a abrir seus lares para as pessoas necessitadas, incluindo pais solteiros, filhos sem pais e crianças adotivas ou que esperam para ser adotadas; (4) cuidar profundamente e apoiar de várias formas as mulheres grávidas que decidem ficar com seus filhos ainda não nascidos; e (5) oferecer apoio emocional e espiritual àquelas que por várias razões abortaram ou foram obrigadas a abortar e podem estar sofrendo física, emocional e/ou espiritualmente.

A questão do aborto apresenta enormes desafios, mas oferece aos indivíduos e à Igreja a oportunidade de ser o que eles almejam ser, a comunhão de irmãos e irmãs, a comunidade de crentes, a família de Deus, revelando Seu imensurável e infalível amor.

Fontes:

https://noticias.adventistas.org/pt/noticia/institucional/comissao-mundial-adventista-vota-declaracao-sobre-o-aborto/

https://news.adventist.org/en/all-news/news/go/2019-10-18/world-church-executive-committee-considers-statement-on-abortion/

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