O que será da IASD se Erton Köhler for o próximo presidente mundial da igreja?

Uma análise de sua presidência de perspectiva independente da América do Sul. Traduzido do inglês. por Daniel Silveira, do Congresso MV;

1 Timóteo 5:17 Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino. 

Tito 1:7 Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus… 

Quem é Erton Köhler, que poderia se tornar o próximo presidente da Conferência Geral? Desde abril de 2021 ele é secretário mundial, em lugar de G.T.Ng, que se aposentou. Algumas informações sobre sua pessoa:

Idade: 53

Último cargo: Presidente da Divisão Sul-Americana (DSA) de 2006 a 2021 (15 anos).

Família: Com sua esposa Adriene ele tem dois filhos: Mateus (estudou marketing e é pastor) e Mariana.

Formação: Bacharel e mestre em teologia pelo UNASP.

Carreira: Köhler é de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, que tem alto índice de imigrantes alemães. Daí seu sobrenome. Köhler foi pastor de igrejas locais de 1990 a 1994. Ele dirigiu o departamento de jovens da Associação Sul Rio-Grandense até 1998, aí assumiu o mesmo departamento da União Nordeste Brasileira, até 2002. Ele foi secretário da Associação RS por alguns meses de transição (paralelo com hoje?) até que em 2003 assumiu o departamento jovem da Divisão, e finalmente a presidência da mesma em 2006. Fonte: https://www.revistaadventista.com.br/conferencia-geral-2015/pastor-erton-kohler-e-reeleito-presidente-da-igreja-adventista-na-america-do-sul

Vindo de uma família adventista tradicional, Erton Köhler tende a ser conservador. Um ex-pastor me disse que pessoalmente ele é contra a ordenação de mulheres. Alguns messes depois de ele ter saído da Divisão, foi votado ordenar mulheres ao ancionato. Köhler teve que restringir algumas forças liberais pressionando a ordenação de mulheres, especialmente no setor acadêmico. Um professor do UNASP me disse que a maioria dos professores desse campus era pró-ordenação de mulheres às vésperas de San Antônio em 2015. Outra coisa: em março de 2015 a casa publicadora lançou matéria de capa na Revista Adventista, intitulada: Nova Face – Mudanças culturais reconfiguram o papel das mulheres. https://www.revistaadventista.com.br/da-redacao/edicao-atual/capa-ed-marco-de-2015/

Até aqui tudo bem. Ele tem um forte perfil administrativo, focado em resultados, números, metas. Mas ironicamente, são as estatísticas que levantam algumas questões:

Fonte das imagens: Total da Divisão DSA no Anuário Estatístico da Conferência Geral 

Relação com os ministérios independentes: A presidência de Erton já tinha 4 anos, em 2010, quando a comissão da Divisão fez o seguinte voto: Não recomendarmos as atividades de qualquer ministério, grupo ou pessoa  que se sente na liberdade de (1) difamar a igreja de forma pública ou privada; ou (2) promover teorias doutrinárias em desacordo com as 28 Crenças Fundamentais da IASD, tais como o antitrinitarianismo e a negação da personalidade do Espírito Santo, o perfeccionismo e a teoria de que Cristo veio com uma natureza humana moral e espiritualmente caída, questionamentos ao dom profético de Ellen G. White, especulações escatológicas, desequilíbrio na área da saúde, etc.; ou (3) aceitar dízimos; ou (4) exercer suas atividades sem o apoio da liderança da respectiva organização responsável por aquele território (União de igrejas/Associação/Missão local). “Diante dos prejuízos que podem ocasionar à unidade da igreja e ao cumprimento de sua missão, nenhuma pessoa ou ministério com alguma dessas características deve ser convidado a participar em atividades da igreja. http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-e-respostas-biblicas/misterios-independentes/ Esse voto é inconstitucional, já que é prerrogativa somente da Sessão Cinquenal da Conferência Geral decidir sobre doutrina.

E de fato esse voto é colocado em prática: por um pastor psicanalista Luiz Cláudio Leite, os ministérios independentes são compelidos a repudiar a crença que Cristo veio em natureza humana caída e são pressionados a não manter nenhum vínculo com os mesmos.

No Brasil o encontro ASI é bem diferente: se chama FE (Federação dos Empreendedores). Eles via de regra se encontram em um hotel luxuoso ou até cruzeiro, com a hierarquia da igreja bem representada e alguns ministérios leigos se apresentando, e sim, sejamos honestos, arrecadando dinheiro e mantendo relações públicas. Em Fortaleza, 2012, estive presente (não alojado no hotel), e entrevistei pessoalmente a Köhler, perguntando o que ele achava da TV Terceiro Anjo. A resposta dele basicamente foi: não apoio, junte forças com a TV Novo Tempo. Essa entrevista nunca foi publicada.

Sombras de administração de mão pesada

O livro de praxes da Conferência Geral somente lista cinco razões para disciplinar um pastor, no item L 60 20, página 486. No livro de praxes da América do Sul, item E 12 15, página 310, a seção tem onze, mais que o dobro que o original em português. Os dois podem ser baixados aqui.

Por exemplo, o item 10 reza: Por acesso, uso ou divulgação indevidos dos dados sob responsabilidade da Igreja. Deve-se disciplinar o obreiro que indevidamente acesse, use ou divulgue dados de sistemas da Organização, ou outros dados sob a responsabilidade de igreja, ou que viabilize tais ações a terceiros, sendo considerado mais grave quando os dados em questão sejam considerados pessoais por disposição legal. Quando aplicável, os casos serão tratados de acordo com a legislação vigente dos países da Divisão Sul-Americana.

Item 11 Por outras razões. Deve-se disciplinar o obreiro que incorra em qual- quer conduta incompatível com as altas normas da ética cristã. Quaisquer outros motivos (ver B 100 22) ou conduta inconsistente com as elevadas normas da ética cristã, ou quando sua conduta lançar sombras sobre a integridade do corpo de obreiros, tal como violência, calúnia, difamação, falso testemunho ou outras atividades questionáveis que demonstrem que o obreiro é indigno de ser um líder na Igreja.

No item 3 eles acrescentaram: quando critica destrutiva e reiteradamente a estrutura da Igreja.

Esses pontos tem seu teor de validade, mas eles tem um caráter subjetivo e são usados para desqualificar movimentos fora da agenda/narrativa subjacente.

Abordagem autocrática. Os seguintes trecho são de autoria de um pastor que perdeu sua credencial em 2020 por ousar questionar o sistema. Ele publicou o livro Antes que seja Tarde.

São tantos projetos que a igreja não consegue acompanhar. No fim, nossos líderes locais se sentem frustrados por não conseguirem executar boa parte do que lhes é apresentado. Mal um projeto acaba, já começa outro, e outro, e mais outro, e assim sucessivamente. A igreja local não tem tido tempo e oportunidade para pensar. Em grande medida, ela tem perdido a habilidade de criar meios e estratégias com relevância local. Isso sem falar que, como vimos no capítulo anterior, são muito pequenos os recursos para se investir localmente. Se a visão era que os adventistas se vissem como um grande movimento missionário, o que, de fato, tem acontecido, é que temos nos tornado uma grande corporação (páginas 120-121).

Pastores sendo degradados a administradores é um fenômeno mundial. Köhler disse publicamente que se fosse por ele, o pastor local decidiria a agenda e veria se consegue encaixar no plano vindo de cima (página 266). Köhler também pregou, num concílio de pastores em 2018, contra a pressão por resultados, como número de batismos. Ele chamou isso de ‘numerolatria’ (227).

Mas a realidade é diferente: Aqui no Brasil Köhler tem a reputação de exercer controle demais, e centralizar o poder. Pastores locais “raramente são ouvidos na elaboração dos planos gerais da igreja. Em realidade, cada dia existe menos espaço para um pastor distrital elaborar planos específicos e adequados à realidade de seu distrito.

Em geral, os planos parecem vir de cima para baixo com o poder de uma catarata. Partindo dos departamentos da DSA, chegam aos departamentos da União, alinhando-se aos da própria União. Então, ambos partem juntos para o campo local, onde são colocados ao lado dos planos do próprio campo. Finalmente, todos estes planos são apresentados e promulgados com força de lei para os pastores distritais nos concílios, e consumirão deles e dos líderes leigos boa parte do seu tempo, energia e recursos.” (página 272).

Falta de transparência dentro da própria estrutura. Pastores não têm acesso ao livro de praxes (293), e os resultados de uma pesquisa sobre o ambiente de trabalho não foi apresentada aos obreiros (258).

Provai e Vede: Desde 2015 a Divisão Sul-Americana tem produzido vídeos semanais dramatizados, que são apresentados nas igrejas locais antes do ofertório. Qualidade profissiona, mas em oposição às instruções divinas sobre apresentações teatrais. Repare no gráfico acima que desde então os dízimos em vez de aumentar, diminuíram. É a perda da bênção divina. Também são produzidas séries para o Feliz7Play.com

Vacina Covid 19. Claro, fiel ao recente posicionamento da Conferência Geral Erton publicamente endossou a tomada da vacina.

Antes do concílio outonal, temos que decidir que tipo de liderança a igreja precisa hoje: um consolidador corporativo com pouco espaço para a diversidade? É isso que precisamos para tempos como esse? Se sim, Erton Köhler é a escolha correta.

Fonte: https://www.congressomv.org/erton-pt/

4 comentários em “O que será da IASD se Erton Köhler for o próximo presidente mundial da igreja?”

  1. Assim como a igreja romana precisava de um papa da América do Sul, submisso e manipulável é óbvio que a CG da IASD precisa de um presidente também da América do Sul, submisso e manipulável.

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