Pastor Adventista pede anonimato e escreve sobre “A Semente das Crises” na Nova Semente

Edson Nunes não é mais pastor da Nova Semente, congregação adventista no centro da tradicional Avenida Paulista, em São Paulo. A despeito de transferências pastorais ocorrerem constante e (até, por que não?) abruptamente, a notícia gerou um manifesto polêmico, pronunciado pelo conselho administrativo da própria congregação. Ao final do culto deste sábado, membros do conselho fizeram o pronunciamento, acusando a sede administrativa da igreja, a Associação Paulistana da Igreja Adventista, de ter agido sem o consentimento deles quanto à transferência do pastor Edson. O que se seguiu foi uma onda crescente de mensagens nas redes sociais, com o intuito de protestar contra a suposta injustiça feita ao pastor.

Em primeiro lugar: já se observou que transferências pastorais são frequentes, além de serem decididas pelas instâncias superiores, sem consultar qualquer conselho distrital ou de uma igreja em particular, esteja ela em um bairro próspero ou no subúrbio, capital ou interior.

Além disso, cabe à sede administrativa da igreja avaliar o trabalho dos pastores, por meio de diversos elementos. Todo pastor sabe que funciona deste modo e se prepara para a contingência de mudar de campo em alguns poucos anos. Assim, qual seria a surpresa neste caso?

O agravante no episódio do pastor Edson é a alegação de que estaria sendo perseguido, por conta de diversas polêmicas envolvendo seu ministério. O que para seus apoiadores parecem ter sido atos de coragem e autenticidade, são no mínimo, uma série de casos controvertidos: quando ele apoiou o feminismo durante uma live na Nova Semente, ou quando proferiu mensagens sobre a lei de Deus (reduzindo os mandamentos ao amor de forma genérica), ou quando participou em um podcast, dando declarações que sugeriram uma visão alternativa a respeito da criação do homem, em Gênesis.

As polêmicas no ministério do jovem pastor começaram ainda antes de sua atuação na Nova semente, quando ele lecionava hebraico no seminário teológico do Unasp. Na ocasião, ele participava do grupo A terceira margem do rio, que causou bastante alvoroço pela forma liberal que abordava diversos temas.

Muitos saem em defesa de Edson Nunes, alegando que sua postura é amorosa e que ele prega um evangelho mais focado na aceitação. Mas, neste sentido, aqueles que o defendem deveriam ser justamente a maior causa de preocupação: perfis de homossexuais adventistas, subversivos, coletivos anônimos de pastores, não-religiosos, influenciadores digitais controversos e ex-adventistas são aqueles que levantam a voz em favor daquele que promovia o tipo de abertura no adventismo que eles consideram necessárias.

O próprio cantor adventista Leonardo Gonçalves chegou a apontar a existência de um suposto “Gabinete do ódio” por trás dos ataques ao pastor Edson, que teriam motivado a transferência. Em meio a tanta acusação, expressões de histeria, mágoa e críticas severas, é difícil entender como a suposta mensagem de amor fez a diferença na vida dos seguidores do pastor Edson!

O que fica mais evidente é a espiritualidade alternativa que estava bastante solidificada na proposta apresentada na Nova Semente, o que sempre se mostrou a preocupação inicial, desde o surgimento dessa congregação.

Se a Nova Semente surgiu para alcançar os pós-modernos, ela parece ter cumprido com o seu propósito. Resta saber se o impacto que ela tem causado e ainda ameaça causar sobre a própria igreja justifica seu êxito! Sua visão de Reino e suas práticas parecem cada vez mais alinhadas com as igrejas evangélicas pós-modernas (inclusive, até no enfoque personalista dado aos líderes) do que com o perfil identitário adventista.

Ignorar essa questão até agora pode ter gerado uma crise que, se não for corrigida, levará a outras mais preocupantes.”

1 comentário em “Pastor Adventista pede anonimato e escreve sobre “A Semente das Crises” na Nova Semente”

  1. O pai dele, Dr. Edson Magalhães Nunes, foi meu colega de classe no curso Científico no antigo IAE (turma de 1968).
    Sinto muito pelo que aconteceu, mas infelizmente a administração da Igreja age dessa forma em toda parte. Decisões unilaterais e sem explicação não é nada novo na IASD.

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