Sinceros, Mas Equivocados
(Veja novas opiniões no final desta página)

Fico surpreso em encontrar tantos e tão entusiastas defensores das ultrapassadas idéias perfeccionistas em nosso meio. Não tenho dúvidas quanto à sinceridade de sentimentos desses irmãos e seu indiscutível otimismo de que despertarão a igreja para o reavivamento final com sua interpretação da mensagem bíblica, a despeito de seus promotores há mais de 40 anos estarem nesse empenho sem conseguir provocar sequer uma ‘garoa serôdia’ em nossos arraiais até agora.

Acrescento algumas reflexões sobre a matéria na tentativa de lançar alguma luz ou propiciar subsídios (de nossa própria autoria ou extraídos de obras várias) para estudo adicional em maior profundidade:

O coração da verdadeira, pecaminosa natureza humana é a ausência do Espírito Santo. Esse é o modo em que somos todos nascidos. Não é assim, porém, com Cristo. Nosso Salvador, segundo as Escrituras, foi chamado "o ente santo" (Luc. 1:35), "sem defeito e sem mácula" (1 Ped. 1:19). É dito que Jesus "não conheceu pecado" (2 Cor. 5:21). Jesus é "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus" (Heb. 7:26), e "nEle não existe pecado" (I Jo. 3:5). Como doutro modo seria um sacrifício perfeito pelos nossos pecados?

Paulo descreve o pecado como uma força, um princípio intrínseco, uma condição — "o pecado que habita em mim" (Romanos 7:14-20). Assim, não somente os nossos atos são pecaminosos; nossa própria natureza está em guerra com Deus. Podemos dizer que, a exemplo de nosso ensino sobre a imortalidade condicional, segundo a qual não temos uma "alma", antes, somos "almas" viventes, nós não possuímos pecado, somos pecado! A Bíblia ensina que "nossas obras de justiça são trapos de imundície" (Isaías 64:6) e em parte alguma declara que algum dia deixarão de sê-lo, para se tornarem "meritórias". . .

Acaso Jesus teve tal natureza pecaminosa? Não. Se tivesse tido, Ele próprio necessitaria de um Salvador. Ele não tinha qualquer propensão para o pecado, nenhuma farpa em Sua natureza moral que o predispusesse à tentação. Ele é inteiramente isento de pecado—não só em atos, mas também no mais íntimo de Seu ser. Ele é, reiteramos, "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores" (Heb. 7:26). Afinal, na encarnação Maria transmitiu-lhe carne, ossos, cartilagens, pelos, pois sua função foi dar um corpo humano ao Verbo divino. Os defensores da natureza pecaminosa de Cristo ainda devem explicações de como o "pecado", sendo um elemento imaterial, pôde ter-se transferido de Maria para o corpo do "ente santo" que trazia no ventre?

Jesus foi "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado" (Hebreus 4:15), e veio "em semelhança de carne pecaminosa" (Romanos 8:3--ênfase suprida). Esse é o verdadeiro testemunho das Escrituras. Ora, somos criados à "imagem e semelhança de Deus", mas nem por isso somos reproduções perfeitas de Deus. Portanto, o conceito bíblico de semelhança, nesse contexto, não é o de igualdade.

Um excelente material sobre este assunto é o artigo do Prof. Pedro Apolinário, "A Natureza Humana de Cristo", da Revista Adventista de março de 1989 (págs. 42-46). Nele o autor analisa duas Lições da Escola Sabatina onde tal tema é defendido segundo posições opostas, respectivamente por Norman Gulley (1o. trimestre de 1983) e Herbert Douglass (4o trimestre de 1984). Uma cópia fotostática do mesmo pode ser solicitada à Casa Publicadora Brasileira que certamente atenderá com prazer a qualquer interessado em aprofundar-se nesse estudo do que diz a Palavra de Deus sobre a natureza de Cristo.

Entre os mais lamentáveis equívocos desses bons e sinceros irmãos da "Comissão de Estudo da Mensagem de 1888" está a equivocada conceituação de que "justificar é tornar justo". Este é conceito teológico católico-romano por excelência em que se funde e confunde justificação com santificação. Pois se assim for, a salvação dependerá em parte do ato objetivo de Cristo morrendo na cruz, e parcialmente de nosso comportamento "justo", ou da justiça alcançada por nós. Portanto, a salvação dos pecadores derivaria do sacrifício de Cristo só parcialmente, e o nível de santificação alcançado pelo homem (a experiência do homem) teria peso na sua salvação, o que contraria o que Paulo declara: "isso não vem de vós . . . não vem das obras" (ver Efésios 2:8-12).

Confundir justificação com santificação, além de posições extremadas de santificação e a doutrina da natureza humana pecaminosa de Cristo, levam logicamente à teologia panteísta. A história da igreja em geral dá testemunho disso.

Se a apropriada distinção entre a justiça salvadora da fé e a conseqüente justiça do crente for perdida, tudo estará perdido. Para utilizar as palavras de Lutero, "nada permanece a não ser trevas e ignorância de Deus". Tais grandes verdades objetivas como a encarnação, a expiação e justificação não podem ser internalizadas e des-historicizadas sem que se prostitua a fé cristã.

Azenilto G. Brito - azenilto@brfree.com.br 


A quem queira um aprofundamento no estudo desta questão, o irmão Azenilto sugere que solicitem os seguintes artigos de seu "Catálogo" de temas para leitura, estudo e debate. O material será remetido gratuitamente:

[20] - A SALVAÇÃO SE PROCESSA NO CÉU OU NA TERRA?

[32] - PERFECCIONISMO -- LIVRO PRÓ, LIVRO CONTRA.

[34] - Justificação Pela Fé: PARA QUE LADO OS ADVENTISTAS DO 7º DIA PENDERÃO?

[36] - WAGGONER EM RETROSPECTO - Capítulo 10 de Waggoner, the Myth and the Man [Waggoner, o Mito e o Homem], de David P. MacMahon.

[42] PARA ENTENDER JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ.


Opinião do Leitor:

Prezado irmão Azenilto Brito

"Teria sido uma quase infinita humilhação para o filho de Deus, revesitir-se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade". O Desejado de Todas as Nações, pág.23.

Ora, pelo que sei Jesus não foi um ator vestido de humano mas com sensações divinas. Cristo veio da geração de Abraão e Davi, a Bíblia diz. Ora, caro irmão, esta geração era sem sombra de dúvidas pecaminosa. Cristo foi 100% humano e 100% divino, a questão crucial é que ele NÃO USOU O DIVINO. Se Cristo não teve uma natureza pecaminosa então ele teve vantagem para comigo, aí então teria uma desculpa para pecar... Nisto não estou equivocado, prezado irmão.

Jaime D. Bezerra


Apenas uma rápida reflexão a respeito do que o prezado irmão Bezerra levanta. Creio que a leitura dos artigos sugeridos lançaria maior luz sobre a matéria, mas diria ainda que temos de nos lembrar que Cristo foi gerado pelo Espírito Santo, não por algum homem pecador. Maria apenas cumpriu o papel de instrumentalidade para dar um corpo humano ao Verbo divino. Assim, como o pecado de Maria foi transferido para o "ente santo" que ela gerava? Cristo venceu onde Adão pecou. Adão foi criado perfeito, e Cristo é nosso 2º Adão. Em outras palavras, Cristo não cedeu como Adão, daí qualificando-se a ser nosso Representante e Penhor.

A todos, uma feliz nova semana na companhia de nosso Deus.

Prof. Azenilto G. Brito, Belo Horizonte, MG.


Nova opinião:

Seu comentário carece de apoio Bíblico e do Espírito de Profecia. O texto do livro Desejado de Todas as Nações é claro e é contra este contexto que o senhor deve, a partir de outro texto INSPIRADO, justificar sua tese. Penso que todos nós temos de sobra "justificações verbais" para tudo que queremos acreditar. Cristo sujeitou-se à lei da hereditariedade e isto implica nascer em pecado como todos nós, com um corpo com tendências iguais as de quaisquer pecador. Cristo pôs de parte Sua glória, perfeição... Ele precisou do Espírito Santo para fazer cumprir Sua missão, assim como eu e você. Ele não pecou porque manteve comunhão com o Pai através do Espírito Santo, não porque Ele usava Sua perfeição e não inclinação para pecar.

Um Abraço, Jaime D. Bezerra


Novíssima Opinião

Qualquer leitor que comparar o que escrevemos acima e o que consta da "Nova Opinião" de meu irmão Bezerra perceberá uma diferença clara: o placar chega a ser de 11 x 0 em termos de passagens bíblicas que dão respaldo à argumentação. Ora, não cremos, como adventistas do sétimo dia, que a Bíblia é nossa regra de fé e prática? Não confirmou Ellen G. White isto em vários de seus escritos? Então, gostaria de ver uma discussão baseada tão só nas Escrituras Sagradas, universal e secularmente aceitas pelos cristãos conservadores de todos os quadrantes, para um entendimento preciso da natureza de Cristo e do evangelho redentor.

Quanto ao livro O Desejado de Todas as Nações, recomendaria a todos a leitura do parecer do erudito adventista Dr. Fred Veltman, ENCARREGADO PELA DENOMINAÇÃO de avaliar a questão de cópias de outros autores no conteúdo de dita obra da Sra. White, tal como publicado na revista "The Ministry" de novembro de 1990.

Não entendemos por que o parecer desse erudito adventista restringiu-se a essa publicação, dirigida a pastores adventistas, uma vez tratar-se de assunto do mais elevado interesse de toda a nossa comunidade de fé. Afinal, não acatamos o princípio bíblico e protestante do "sacerdócio universal de todos os crentes"? Por que a Adventist Review não transcreveu o parecer de Veltman? E muito menos, quanto saibamos, o Ministério Adventista em português, ou a Revista Adventista? Que razão haveria para essa omissão de questão tão relevante?

Pois bem, quem quiser conhecer as conclusões a que chegou o Dr. Fred Veltman após oito anos de criterioso estudo, merecendo elogios do Pr. Robert Olson, um importante dirigente do White Estate [Depositários dos Escritos da Sra. White] pode solicitar-nos que remeteremos gratuitamente traduzido ao português (também disponível em espanhol e inglês, para os que pedirem) através do nosso e-mail: azenilto@brfree.com.br

A revista Ministry indagou a Robert Olson, que na ocasião atuava como secretário do Patrimônio White, se estava satisfeito com a investigação de Veltman sobre O Desejado: "Estou totalmente satisfeito com esse estudo. Ninguém poderia ter feito um melhor trabalho.  Ninguém. Ele [Veltman] o fez como o faria uma pessoa neutra, não como um apologista". Ministry, dezembro de 1990, p. 16.

Também continuam disponíveis a qualquer interessado os artigos sobre o fundamental tema da justificação pela fé acima enumerados.

Prof. Azenilto G. Brito

23/04/00


O ABC do Evangelho

De coração, não sei se  poderia dizer o que é pior. Se fazermos parte da única igreja que em tese deveria conhecer profundamente o tema em questão (justificação pela fé) e tropeçarmos de maneira tão ruidosa, ou ter em nosso meio "doutores" da lei que tecem em torno deste tema teias tão complexas que acabam sendo presos por ela.

A igreja (entenda-se sempre membros e não denominação) tem em seu meio pessoas extremamente simples, que não saberiam formular um sermão ou palestra sobre o tema, mas que demonstram no dia a dia, que "vivem" a justificação pela fé, e não só a justificação mas também a santificação.
A mensageira do Senhor enfatiza que o tema Justificação pela fé, é o ABC do evangelho, e ainda, é em verdade a mensagem do terceiro anjo. Em suma, saber que Cristo assumiu a natureza humana (pecaminosa), pagou a dívida existente, e que por seus méritos somos salvos. 

O livro Caminho a Cristo lido com oração retirará a dúvida de qualquer coração sobre este tema. Ademais, falar sobre Wagonner e Jones, como tendo uma mensagem expúria sobre justificação pela fé, é não conhecer nossa história, Jones foi o homem escolhido por Deus para defender o sábado perante o congresso nos Estados Unidos, quando o domingo estava para ser decretado, e Ellen White falando sobre este tema apresentado em Mineapolis (1888) diz que em verdade não foi rejeitada ali uma mensagem apenas, e sim, a chuva serôdia, que começaria a ser derramada para que este alto clamor alcançasse o mundo. 

O fato de Wagonner e Jones terem saído da Igreja, de maneira nenhuma prova que eles se perderam, (veja-se o caso de Guilherme Miller, que não aceitou a verdade do sábado, voltou à sua igreja de origem, e no entanto a revelação (Espírito de profecia) atesta que anjos guardam este precioso pó para que levante-se com a volta de Nosso Amado Salvador. Ademais, Wagonner e Jones foram pressionados pelos líderes, a tal ponto que não sei quem de nós teria resistido, mas, é a nossa prepotência e de nossos líderes que crêem que se desligamos alguém da Igreja na terra, ela será desligada no Céu, "não digas em teu coração quem subirá ao Céu, ou quem descerá ao abismo), a salvação (graças a Deus) pertençe apenas a Nosso Soberano, só ele é capaz de conhecer os corações e os motivos,  e ai daquele que pensa poder falar contra a mensagem destes dois mensageiros do Senhor. Portanto, não saberia dizer o que é pior: não conhecer o tema justificação pela fé, ou julgar-se em condições de atacar aqueles de de forma tão assinalada foram usados por Deus para levantá-la.

Finalizando, o irmão "Jaime Bezerra, que não conheço, mas pela graça de Deus, espero um dia poder fazê-lo, seja ele quem for, apresenta um ponto indiscutível.  "Está escrito", e diante desta norma, renda-se todo ser humano. Deixemos para todas as outras denominações o arrazoado das palavras, a tradição, a eloquência, fiquemos com o "Assim diz o Senhor", confiemos nele, descansemos nele, desterremos toda a dúvida, enquanto assim fizermos, o tema justificação deixará de ser um tema discutido para ser uma experiência de vida.

"Amantíssimo Pai Celestial, perdoa-nos como povo, como igreja, como pessoas, pelo mal uso de temos feito de tão grandiosa verdade, dá-nos um novo coração, que humildemente saiba aceitar a tua palavra tal qual como nos dás, em nome de Jesus, Amém."

Que a graça de Jesus, o Amor de Deus o Pai e a comunhão do Espírito Santo habite em nós"

Vosso irmão em Cristo, Rogério Buzzi.

23/04/00


O "Alfa" e o "Ômega" do Evangelho

Não dá para perceber direito o que nosso bom irmão Buzzi em seu texto acima quer dizer com "teias complexas" no entendimento do essencial tema da justificação pela fé, nem a quem estaria atribuindo o título de "doutores da lei" que se achariam "enredados" nessas teias. Quais seriam exatamente tais "complexidades"?

É claro que mais importante do que o debate do tema da justificação/santificação (e, por extensão, de qualquer debate teológico) é a vivência de ambas as experiências. Agora, insinuar que quem discorda dos pontos de vista dos bons, honestos, sinceros e bem-intencionados irmãos perfeccionistas é por estar "enredado" no entendimento desse assunto, ou não ter experimentado a justificação/santificação, chega a fazer lembrar o texto de Isaías 65:5: "Não te aproximes de mim, porque sou mais santo do que tu".

Se A. T. Jones defendeu com êxito o princípio da liberdade religiosa junto ao Congresso americano, isso merece todo nosso respeito. Contudo, julgar que por esse motivo ele tem uma interpretação infalível sobre o tema que se propôs apresentar à igreja e ao mundo, inclusive definindo justificação pela fé à maneira católica-romana ("justificar é tornar justo"), aí já é desconhecer uma história eclesiástica mais ampla--a da Igreja cristã. Conhecer a história do adventismo como se fosse a única que vale a pena ser conhecida, e desconhecer o aspecto macrocósmico da fé cristã, é deveras um fato a lamentar.

Por outro lado, atacar os dirigentes adventistas que não acataram as idéias perfeccionistas de Jones e Waggoner como intolerantes, resistentes às mensagens de Deus, desinteressados em reavivamento na igreja, etc., pode igualmente merecer repúdio de almas sinceras. É mister ter um entendimento preciso do contexto histórico em que tais fatos se passaram, conhecer para compreender suas razões de rejeitar a "nova teologia" daqueles pregadores, que aparentemente terminaram tão mal na vida. 

Oxalá, a despeito de seu afastamento do aprisco e rebanho ao qual antes serviram com dedicação e fervor, realmente encontrem a salvação final. Um deles de fato se "enredou" em suas proposições teológicas como conseqüência de ter nelas embutida uma perigosa filosofia panteísta (como David P. MacMahon demonstra à saciedade), o que o levou a confundir as coisas não só no campo religioso, mas mesmo no ético e moral: chegou a imaginar que sua associação ilegítima com outra mulher, abandonando a esposa, fosse ato justificável.

Mesmo assim, só Deus poderá julgar os sentimentos e intenções do coração daqueles homens. Quem somos nós para determinar se teriam direito a que lhes seja concedido um lugar no Seu Reino?

Quanto a nossos bons irmãos perfeccionistas, tão sinceros e bem intencionados, que desejam levar a igreja à perfeição absoluta para que Jesus volte à Terra, sua idéia de que devem compor uma última geração de homens e mulheres perfeitos que dispensam a graça divina (144 mil?), pelo alcance de um caráter imaculado, implica quase em dizer que tornariam a Deus obrigado a ter que levá-los para o céu, pois que nada devem! Até parecem crer que se darão ao luxo de orar o 'Pai Nosso' pulando um pedaço--"perdoa as nossas dívidas..." -- já que não terão quaisquer dívidas a serem perdoadas! A estes eu recomendaria a leitura do artigo da Revista Adventista de agosto de 1979, "O Remanescente Sem Pecado. Quando?", escrita pelo Prof. Wilson Endruweit. Isto é, se se dispuserem a ler qualquer coisa escrita por quem não reza pela cartilha do perfeccionismo, sem considerar quem não o faz como merecedor do rótulo de "doutor da lei".

Todavia, o critério para receber tal rótulo parece um tanto indefinido. Eu particularmente prefiro me empenhar em ser um "doutor da graça". Por isso ousaria recomendar também o meu artigo "Para Entender Justificação pela Fé", da mesma Revista Adventista de setembro de 1990 que foi até elogiado por leitores vários de nossa publicação oficial em "Cartas dos Leitores" de meses subseqüentes. Devem ter encontrado algo de valor em sua leitura que poderia também ajudar os pesquisadores do tema que tanto empolga nosso irmão Buzzi e outros, no que estão também de parabéns.

Oxalá o "sola fide", "sola gratia", "solo Christo", mas sobretudo o "sola Scriptura" sejam lemas que inspirem a todos nós, estudiosos da questão da justificação/santificação na Palavra de Deus. É pela justificação pela fé que alcançamos "paz com Deus" (Rom. 5:1), um passo essencial para daí vivermos em paz com os nossos semelhantes.

Prof. Azenilto Brito (azenilto@brfree.com.br

24/04/00


Em Semelhança da Carne Pecaminosa

Teve Cristo uma natureza semelhante ao do homem? O que a Bíblia quer dizer com "semelhante" ? Deixemos que ela própria nos responda.

Falando de Cristo aos Hebreus, Paulo diz: "Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos..." Heb.2:17. (Ênfase nossa)

A Bíblia é clara como o sol do meio dia quando afirma que Cristo foi "semelhante ao homem", ou seja que Ele tomou sobre si a natureza pecaminosa. "Em tudo" é incisivo e claro, qualquer tentativa de querer desviar este sentido só poderá ser feita se re-interpretarmos o texto. A pena inspirada confirma o contexto bíblico de forma a só podermos chegar a uma conclusão, a de que Cristo tomou sobre si a natureza pecaminosa.

Em primeiro lugar devemos em mente que, de fato, ninguém pode entender o mistério da encarnação de Cristo em sua plenitude. Sobre este assunto devemos ser extremamente cuidadosos. A pena inspirada diz: "Não há ninguém que possa explicar o mistério a encarnação de Cristo." SDA Bible Commentary, Vol.5, 1129. Contudo a Sra. White faz referências claríssimas sobre a natureza de Cristo.

"Coberto pela natureza humana, o Filho de Deus desceu ao nível daqueles que Ele desejava salvar. N'Ele não se achou mácula ou pecado; Ele foi sempre puro e nunca pecou; embora Ele tomasse sobre si nossa natureza pecaminosa..." Review and Herald, December 15, 1896. (Ênfase nossa)

"Se Ele não possuísse natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador... Sua tentação e vitória nos dizem que a humanidade deve copiar o Modelo; deve o homem tornar-se participante da natureza divina." Mensagens Escolhidas, Vol. 1. pág. 408. (Ênfase nossa)

Uma das frases colocadas no artigo que defende que Jesus veio com a natureza não pecaminosa encontramos um detalhe: "...nenhuma farpa em Sua natureza moral que o predispusesse à tentação." Ora, o que entendemos desta frase é que Cristo não poderia nem ser tentado. Mas a seguir no mesmo texto vemos a citação de Hebreus 4:15, onde afirma que Jesus foi, "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança..."

De fato, o contexto de semelhança não é de igualdade. Mas como vimos acima, no que implica a Sua natureza, Ele realmente aniquilou-se a si mesmo e tomou sobre si a natureza pecaminosa. Contudo, o carácter de Cristo foi precisamente igual ao de Adão, pois Ele nunca permitiu desenvolver o mal em seu carácter, pois esteve sempre em comunhão com o Pai através do Espírito Santo.

"Apesar dos pecados de um mundo culpado serem postos sobre Cristo, apesar da humilhação de tomar sobre Si a nossa natureza caída, a voz declarou ser Ele o Filho do Eterno." Desejado de Todas as Nações, pág. 112. Sem comentários! (Ênfase nossa)

Um último lembrete:

"A clara, autoridade 'Assim diz o Senhor,' é recusada por alguns sinuosos sofismas de erros. Infidelidade tem aumentado em proporção, pois homens tem questionado a Palavra e requerimentos do Seu Criador. Eles tem tomado o trabalho de moldar o caráter, e diminuir a fé na inspiração da Bíblia. Homens clamando grande sabedoria tem presumido em criticar, eliminar, selecionar as palavras do Deus vivo e tem iniciado questões a fim de desmotivar a fé dos seus irmãos e arruinar suas esperanças do céu. Este é o trabalho que agrada o inimigo da justiça. Os argumentos que homens trazem contra a Bíblia são o resultado dos conselhos do maligno. As portas de suas mentes foram abertas para a suas sugestões; e quanto mais é se inclinado ao erro, aumenta-se mais o desejo de guiar outros ao mesmo canal de escuridão. Muitos clamam acreditar na Bíblia, e seus nomes estão escritos nos livros da igreja, mas estão entre os mais influentes agentes de Satanás... A única segurança é em rejeitar toda e qualquer sugestão de descrença. Não abra suas mentes para entreterem dúvidas, mesmo por um instante; declare uma decidida recusa quando estas forem oferecidas. Prenda sua mente nas promessas de Deus. Fale sobre elas, regozije-se nelas; e a paz de Deus regerá seus corações" (Advent Review and Sabbath Herald, September 22, 1910).

Acreditamos que a maior rejeição da inspiração, tanto da Bíblia como do Espírito de Profecia, vem da reinterpretação e criticismo de assuntos concretos que são os pilares da fé do remanescente. Não nos referimos especificamente à pessoa de Azenilto Brito, sendo que conhecemos o valor de suas pesquisas. Nosso desejo é, porém, conhecer cada vez mais acerca das verdades e vivê-las. Essas questões foram o tema que dividiu e desestabilizou a Igreja Adventista depois da segunda Gerra em 1950, por isso temos de trazer estes temas a público para um maior entendimento de toda igreja, sendo que nossos líderes jamais expõem tais temas aos membros. -- Jaime Donegá Bezerra, do Ministério Aconselho-te, aconselho@mail.pt 

26/04/00


Veja Também:

 

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com