Silêncio no Tribunal: Acusações Contra Pastor Adventista Impressionam Juiz - 2

(Convém ler primeiro, o capítulo anterior. Clique aqui.)

O pastor da pequena igreja ASD (Adventista do Sétimo Dia) foi representado por um advogado judeu. Os ministros da Corporação da Associação Geral dos ASD foram representados por advogados católicos e batista. Mas eles estavam inseridos num cenário maior que você precisa conhecer. Dividi-o em sete partes:

  1. Em essência, aqueles que estavam assentados na mesa da direita estavam representando Associações de igrejas ASD, pessoas ASD e instituições ASD ao redor do mundo. E em essência, todos os ocupantes da mesa da esquerda, estavam representando igrejas ASD não ligadas a uma Associação, pessoas e instituições adventistas independentes ao redor do mundo.
  2. Todos aqueles da mesa da direita tinham consciência de que estavam representando o bom nome da igreja de Deus. Os irmãos da mesa da esquerda também imaginavam estar representando o bom nome da igreja de Deus.
  3. Na mesa da direita, todos imaginavam estar-se levantando em defesa de direitos garantidos por lei. O mesmo acontecia na mesa da esquerda.
  4. Os dois grupos utilizavam expressões idênticas, como "igreja", tendo essas palavras e frases significado diferente para cada lado. Durante o julgamento, os advogados esclareceram ao juiz qual o real significado de cada expressão usada por seus clientes. O significado dessas palavras era tão vital que o resultado de todo o julgamento parecia depender da correta compreensão dessas expressões pelo juiz. Dependia de como ele as interpretaria à luz da lei. Aqueles que estavam na mesa da direita definiram o significado das expressões que utilizavam a partir de documentos e decisões registradas em reuniões da Associação Geral após o estudo da Bíblia e do Espírito de Profecia. Para eles, o sentido dessas palavras teria ficado ainda mais evidente através de seu uso no Manual da Igreja e no cotidiano de igrejas, membros e instituições ASD ao redor do mundo. Na mesa da esquerda, a significação das expressões também vinha da Bíblia e do Espírito de Profecia.
  5. O significado das expressões assumido pelos irmãos da mesa da direita teria o apoio da maioria dos ASD ao redor do mundo e, a partir de 1980, da lei de marcas registradas e do Estado e de autoridades federais norte-americanas. O sentido de palavras-chave usadas pelos irmão à esquerda não possuía o apoio de ninguém sobre a face da Terra, exceto "adventistas históricos" e algumas pessoas cristãs espalhadas por diferentes denominações evangélicas. 
  6. Tudo que os advogados da AG (Associação Geral) e de todos aqueles que eles oficialmente representavam naquele momento, tinham de fazer para ganhar a questão era persuadir o juiz quanto a um único ponto, o significado das expressões "Adventistas do Sétimo Dia" e "igreja" conforme interpretados pela Corporação da AG, garantido pela lei de marcas registradas dos EUA e aceito pelos tribunais, autoridades federais, o Estado, a Igreja ASD e membros ASD, ou mesmo, do ponto de vista legal, pelos cidadãos americanos. Precisavam provar que igrejas independentes, que não estão ligadas a nenhuma Associação ASD, não podem identificar-se como "Igreja Adventista do Sétimo Dia". 

    Por outro lado, a pequena Igreja do Evangelho Eterno Adventista do Sétimo Dia e todos aqueles que seus advogados representavam não-oficialmente naquele momento tinham naquele momento a difícil missão de persuadir o juiz a aceitar que o significado das palavras "Adventista do Sétimo Dia" e "igreja" adotado por Ellen G. White nos livros do Espírito de Profecia era o sentido correto, que deveria ser aceito pelos tribunais, autoridades norte-americanas, Estado, pessoas ASD e cidadãos americanos, apesar do que diz a lei de marcas registradas. Para eles, mesmo uma igreja não ligada a uma associação adventista oficial pode denominar-se "Igreja Adventista do Sétimo Dia".
  7. Quando a Associação Geral decidiu levar esse caso à justiça, colocou nas mãos do juiz, representando o Estado, a responsabilidade de aplicar a lei contra o réu e preservar a definição da AG quanto ao que é uma "Igreja Adventista do Sétimo Dia". Porque, desde que a corporação registrou a expressão como marca registrada o nome "adventista do sétimo dia" e até a sigla "ASD", estes tornaram-se um produto, cuja propriedade legal cabe à Corporação da AG e seu uso público está agora regulamentado por lei. Se o juiz observasse apenas esse aspecto da legalidade, a Associação Geral jamais perderia o caso. Portanto, a lei lhes assegurava plenos direitos e cabia ao juiz simplesmente fazê-los ser respeitados. Para reverter o resultado e não dar razão à Associação Geral neste caso, o juiz teria de ignorar e contrariar a lei americana.

    Teria aquele homem autoridade legal para fazer tal coisa? Enquanto iniciava os trabalhos, o juiz recebeu uma ligação de Ruth Bader Ginsburg, do Supremo Tribunal de Justiça, que lhe disse ter sido ele declarado vencedor do Prêmio Devin, em reconhecimento a seus distintos trabalhos como juiz federal. Como poderia um famoso juiz do Tribunal do Distrito considerar o que diz o Espírito de Profecia (de que talvez nunca houvesse ouvido falar) acima de uma lei americana já estabelecida, em favor de uma pequena e "renegada" igreja que sequer possui uma lista de membros?

Foi por causa desses sete pontos que os advogados e testemunhas disseram e agiram da maneira como você lerá a seguir. Mantenha tudo isso em mente enquanto estiver lendo os comentários de advogados, testemunhas e do juiz. Assim será mais fácil compreender o desenrolar do julgamento e focalizar sua atenção nos aspectos mais importantes. Há pensamentos profundos e empolgantes neste relato, os quais, com certeza, saltarão a seus olhos numa segunda leitura que fizer de todo o material.

Da esquerda para a direita, Robert Nixon (Diretor do Departamento Jurídico da Associação Geral ASD), Walter Carson (advogado da Associação Geral) e Vincent Ramik (advogado especialista em marcas registradas, contratado pela Associação Geral para defendê-la em todos os casos dessa natureza.) 

Atrás da mesa de testemunhas, à nossa direita, estavam os representantes da Associação Geral e seus dois advogados. Os pastores Reed, Carson e Nixon estavam presentes, ao lado do advogado católico, Sr. Ramik, e do advogado batista, Sr. Tew. Este último foi quem falou em nome do grupo. Não vi o Sr. Ramik pronunciar-se nenhuma vez, mas percebi que cochicou em alguns momentos com o Sr. Tew, sugerindo-lhe o que deveria dizer.

Da esquerda para a direita, Robert Pershes (advogado da Eternal Gospel Church), Pastor Rafael Perez (réu) e Norman Frietland (advogado-auxiliar).

À nossa esquerda estava o pastor ASD Raphael Perez, dois pastores-auxiliares de sua congregação e seu advogado, Sr. Pershes, judeu. A audiência era composta de ASD de todo o país e de outras partes do mundo, como a Austrália, Singapura e até do Egito. Não conhecia muitos dos presentes, mas vários já haviam ouvido falar de meu ministério, especialmente de meu livro sobre a aproximação da lei dominical. Os irmãos Dennis Crystal, Clark Floyd, pastor Ron Spear, Dr. Colin Standish, Dr. Russell Standish, Dr. John Grosboli, pastor Carl Person e outros também estavam presentes.

Presumo que a maioria dos irmãos ASD ao redor do mundo quase nada souberam sobre esse julgamento nem se preocuparam com ele. Mas no próximo capítulo você verá porque até a imprensa secular e liberal interessou-se pelo caso.

Continua

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