Professor Injustiçado em Escola Adventista

Daqui a alguns dias esta história cairá no esquecimento, provavelmente nem vou ficar sabendo se minha carta foi recebida. Porém, gostaria de divulgar a tal carta para que mais pessoas fiquem sabendo da atitude anticristã de duas senhoras que se dizem adventistas. Essas senhoras dirigem o Colégio Adventista de Lorena, Estado de São Paulo.


Lorena, 06 de março de 2002.

 

 

Ilmo. Sr. Pastor Paulo Stabenow
DD Presidente da Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social
Rua Cel. Bento José de Carvalho, 340 Vila Matilde
CEP 03156-010
São Paulo - Capital

 

Prezado Senhor,

 

Escrevo esta carta a V.Sa., com cópia para pais de alunos, professores e entidades, para manifestar uma profunda decepção com o tratamento a que fui submetido pela direção do Colégio Adventista de Lorena. Que sirva de alerta para outros!

Sempre que se fala de uma escola cristã, é natural pensarmos que seus dirigentes são exemplos de compreensão, caráter, solidariedade, respeito, humildade, de religiosidade e de amor.

No entanto, quando lembro da forma como fui demitido, não consigo esconder minha indignação nem deixar de fazer questionamentos como: Onde estão os frutos das orações diárias, das chamadas meditações? Onde estão as práticas religiosas adventistas apregoadas com tanta ênfase? Onde está a coerência com a atual propaganda da Escola (uma jovem desenhando um coração na areia  da praia) ? Onde está a preocupação com o outro? Será que determinadas cerimônias são meras encenações? Que Escola cristã é essa?

Fui “avaliado” pela diretora Tânia e pela coordenadora Silene no dia 17.12.01, depois de assinar o livro de ponto. A demissão já se concretizara. Os papéis pertinentes ao fato datavam do dia 13.12.01 e as formalidades exigidas para a Rescisão Contratual estavam marcadas para o dia seguinte (18.12.01) na Justiça do Trabalho de Taubaté-SP. Isso significa que, ao ser chamado para a tal “avaliação”, eu não era mais empregado da Escola.

Diga-me que sensibilidade, que postura compreensiva se poderia esperar das prepotentes senhoras com relação aos meus sentimentos, minhas opiniões e explicações, se a sentença estava definida?

O maquiavélico objetivo naquele momento era de simplesmente justificar a dispensa, não ouvir-me. Para tanto, elas foram mesquinhas e desrespeitosas , pois muitos argumentos apresentados não eram nem verdadeiros, tampouco seriam motivos para tal desfecho.

Foram atitudes próprias de pessoas pequenas, distantes da essência dos acontecimentos, e que, para preservar a “autoridade” e o “poder”, são capazes de atropelar a ética, os bons costumes, a autenticidade e valores da sua própria crença religiosa.

Depois de nove anos de trabalho no (atual) Colégio Adventista de Lorena, várias vezes paraninfo de turma, patrono do terceiro ano do ensino médio, no ano passado, respeitado pelos colegas de trabalho, funcionários, alunos, pais de alunos, pelos pastores Jonas e Onishi, ex-diretores da Escola, eu imaginava ter créditos que possibilitassem a oportunidade para uma conversa franca, de gente grande, em que pudéssemos esclarecer pontos conflitantes, pois “ onde há amor as diferenças devem ser estímulos de crescimento”.

Contudo, eu estava enganado e fui surpreendido com um gesto déspota, terminal, diante do  qual eu só consigo ver a propaganda da escola adventista para 2002 como uma ironia e não como uma metáfora do amor.

Não estou aborrecido pela demissão em si, mas pela maneira fria e truculenta como ela ocorreu, principalmente tratando-se de um ambiente de ensino que preza tanto a palavra de Deus.

Fico me perguntando por que o pastor Alexandre, tão inspirado nos seus discursos, não esteve presente nesse processo, por que não intermediou um entendimento? Será que a parte que lhe cabe é tão somente teórica? Nisso ele é ótimo! Ou será uma característica da convivência adventista preocupar-se mais com o palco do que com a platéia?

Com certeza eu não fui despedido em razão dos detalhes sórdidos apresentados pela Tânia e Silene, mas sim porque falei, na presença de colegas e funcionários, o que se sabe mas não pode ser dito:

_ que o sistema de ensino adotado pela Escola é excessivamente burocrático. Minha última observação foi a de que essa situação acaba levando os professores a uma velada postura defensiva, por uma questão  de sobrevivência. Naquela oportunidade a coordenadora, num descontrole emocional surpreendente, por interpretar equivocadamente o caso como pessoal, deu vazão ao seu arsenal de agressividade, constrangendo todos os  presentes. Era uma reunião marcada para homenagear os professores, ocasião totalmente inadequada para irritantes cobranças burocráticas, muito menos para ofensas;

_ que as reuniões bimestrais para avaliação de alunos sempre descambaram para a maledicência. Assuntos que dizem respeito às famílias dos alunos eram abordados inescrupulosamente, com o aval e a espontânea contribuição da direção. Eu disse que  tinha cheiro de fofoca. Esse fato sempre me incomodou, não consegui reprimi-lo.

Em ambas situações, alguns participantes das reuniões deram sinais de que entenderam e acharam pertinentes as observações feitas. Essas pessoas jamais se manifestariam em público, pois o politicamente correto é ficar quieto, ser dócil, como nos tempos da ditadura.

As arrogantes senhoras não tiveram a grandeza de dizer claramente o motivo da minha demissão. Utilizaram, como fazem as pessoas arbitrárias, o argumento da força e não a força do argumento.

Finalizando, quero dizer que procurei sempre manifestar-me com coragem e sinceridade, objetivando melhorar o ambiente de trabalho. Aprendi a gostar da Escola Adventista e jamais agiria com intenção de denegri-la. Sempre fui fiel às empresas por onde passei e cumpri com competência as tarefas que  me foram incumbidas. Nunca fui ofensivo nem desrespeitei ninguém.

Agradeço a sua atenção e coloco-me à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas.

Cordialmente

José Carlos Vilela
Rua Francisco Xavier D’Alessandro, 79
Vila Nunes - Lorena-SP
CEP 12.602.520
Tel. 553-4272

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