Pastor-Ditador Expulsa 4 da Igreja em Rondônia

Depoimento: "Eu poderia assistir a uma missa na Igreja Católica, mas não poderia assistir à Campal dos Adventistas Leigos..."

Sou adventista desde 1996. Desde cedo em minha nova fé, dei o máximo de mim pela causa de Deus. No primeiro mês de batizado já me colocaram na escala de pregação, devido ao meu grande interesse e o desejo de crescimento espiritual. Com seis meses de igreja, deram-me vários cargos, entre eles o de diácono, coordenador de interessados, professor da escola sabatina. Minha maior preocupação sempre foi o crescimento espiritual tanto meu como o dos meus irmãos. Todos os líderes gostavam de mim, pois era um fiel servo da igreja.

Certo dia ouvi uma pregação de uma irmã evangelista, que por sinal era muito conhecida minha, pois eu já havia convidado para fazer várias semanas de orações em nosso distrito, o que foi uma bênção para todos. Mas desta vez a pregação dela não foi muito apreciada pelos irmãos, pois a mesma pregou sobre reforma alimentar e o Santuário, ou seja, a mensagem do 3° anjo, e enfatizou muito que Cristo está fazendo expiação com a apresentação literal de Seu sangue por nós no Santuário do céu.

Apesar da grande amizade que temos, pois a minha casa era o local onde a irmã se hospedava, fiquei calado, pois não queria entrar em discussão. Sempre nos foi ensinado que Cristo já fez expiação por nós e que agora Ele apenas aplica os benefícios desta expiação finalizada na cruz. Esperei a irmã terminar a série de programações e retornar para o seu lar, para que eu pudesse estudar e chegar as minhas próprias conclusões, pois assim fazendo estaria em conformidade com a palavra de Deus, que diz que os Bereanos foram mais sábios, consultando se realmente as coisas que o Apóstolo Paulo falava, realmente estavam escritas.

Peguei os meus livros do Espírito de Profecia, pedi a orientação de Deus e com a ajuda dEle comecei a estudar sobre o assunto. Quanto mais eu estudava, mais verdade Deus me revelava sobre o assunto. Foi no estudo profundo que fiz sobre o Santuário, que eu pude compreender o que é justificação pela fé. Desde a minha conversão, eu sempre tive dentro de mim uma angústia muito grande, pois sabia que o alvo a ser alcançado era a perfeição de Cristo Jesus, e eu olhava para mim e não conseguia e não sabia como atingir esta perfeição exigida por Deus, e foi estudando este assunto que Deus me desvendou a chave da vitória para aqueles que querem ser semelhantes a Cristo. Em um dos livros da Srª White, eu encontrei o seguinte parágrafo:

“Quando o pecador penitente, contrito diante de Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor e aceita esta expiação como sua única esperança nesta vida e na vida futura, seus pecados são perdoados. Isto é justificação pela fé. Fé o Obras – Pág. 93.

Não somente eu, mas várias pessoas estavam estudando sobre este assunto, devido à polêmica que o mesmo havia causado. Reuni então todas estas pessoas em minha casa, e durante alguns dias programados durante a semana nos encontrávamos  para o estudo. Quando nós descobrimos que a justificação pela fé só é alcançada quando nós discernimos a realidade atual da expiação de Cristo; não foi possível mais ficar calado, tínhamos que contar para o nosso irmão o antídoto para o mal do pecado, que só é alcançado na expiação que Cristo faz, e não que Cristo já fez.

Essas reuniões em meu lar eram anunciadas na igreja, pois na época eu exercia o cargo de Ancião há mais ou menos dois anos.

Começou então a circular nos bastidores de que eu estava montando um grupo separatista. Devido a tais conversas, recebi a visita do pastor distrital, e expus para ele a minha crença na expiação atual de Cristo no Santuário Celestial com Seu sangue literal. Disse-lhe que só mudaria de opinião se ele me mostrasse um claro assim diz o Senhor. Foi então marcado um outro encontro para que nós pudéssemos estudar juntos.

No dia marcado compareceram para o estudo o pastor e o outro Ancião. Ambas as partes apresentaram suas opiniões e textos Bíblicos, mas eu não fiquei convencido, pois os textos apresentados pelo pastor eram muito superficiais, e eu já tinha estudado muito sobre o assunto, comparado textos com textos e eu já não possuía nenhuma dúvida quanto ao sangue de Cristo ser literal no Santuário Celestial.

Deste dia em diante, as coisas foram piorando para mim e minha esposa. Irmãos na fé começaram a olhar com desconfiança, a virar o rosto e outras coisas que eu não preciso citar no momento.

Foi então que descobri via internet, que várias pessoas espalhadas pelo mundo estavam na mesma situação que eu, e que Deus está guiando um movimento de reforma no seio da Igreja, e senti a necessidade de alertar as pessoas tanto de dentro da Igreja quanto de fora.

Recebi algumas caixas de um jornalzinho intitulado “Eis que Ele Vem”, e o conteúdo do mesmo é uma série completa de estudos bíblico das nossas crenças. Entreguei um exemplar para todos os líderes, inclusive o pastor, e a resposta de todos foi que o jornal era muito bom.

Reuni em torno de dez irmãos e começamos a entregar o jornal de casa em casa em minha cidade, quando fui surpreendido pelo outro Ancião, que estava a nossa procura, e o mesmo pediu que fosse suspensa a entrega do jornal, e que aquele tipo de trabalho deveria antes ser passado pela Comissão do Ministério Pessoal.

Reconheci o meu erro e solicitei uma reunião com a comissão, a qual não aceitou nem que fosse votado. Solicitei então uma reunião com a comissão da Igreja, que também não aceitou tratar do assunto, e alem de tudo propôs uma disciplina de três meses para mim e minha esposa. Fiquei durante três horas perante a comissão da Igreja me defendendo, pois não havia nada do que me acusarem. Mesmo assim a comissão aprovou a minha disciplina.

Ao ser lida a ata na Igreja, o pastor tentou fazer uma manobra política, induzindo os irmãos a aprovar com um único voto uma ata que possuía três assuntos totalmente diferentes: uma exclusão de membro, uma saída dos desbravadores e a disciplina minha e de minha esposa. Protestei, pois não estava correto que a ata fosse aprovada com um único voto. O pastor relutou um pouco, mas devido a várias reclamações o mesmo decidiu votar a ata item por item.

Quando chegou o momento da votação da minha disciplina, menos da metade da Igreja levantaram a mão, e o pastor disse que a ata foi aprovada. Muitas pessoas começaram a protestar e a desordem reinou dentro da Igreja, foi quando o pastor solicitou que todos que desejassem a minha disciplina ficassem em pé, inclusive pessoas que não faziam parte da Igreja local votaram, e a ata foi aprovada.

Várias pessoas que  conhecem o meu caráter ficaram indignadas e revoltadas pela forma com que foi conduzido a votação, muitas delas saíram dizendo que nunca mais pisariam os pés na Igreja. Tive que visitar uma por uma e explicar que tais coisas iriam acontecer, pois estava escrito.

Continuei fazendo as mesmas coisas que antes, ou seja, entregando o jornal e me preparando para quando o Senhor Jesus retornar, possa me encontrar sem nenhuma mancha em meu  caráter.

Fiquei então sabendo que haveria uma Campal dos Adventistas Leigos de Cuiabá, e que haveria a presença do pastor Robespierre, e de um outro pastor que a organização havia  caçado a sua credencial por terem as mesmas crenças no santuário; fiz planos para poder ir, e comentei para um líder da Igreja, pois não gosto de fazer nada escondido. Muitas pessoas queriam ir comigo, mas só pude levar mais duas pessoas, pois não cabiam no veículo.

Na noite antes da viagem, recebi a visita do novo pastor distrital juntamente com dois líderes da Igreja, que me disseram que eu não poderia ir àquele encontro, senão seria novamente disciplinado, pois a minha disciplina havia vencido no dia 15/03/2002. Tentei argumentar com eles, mas foi inútil, me disseram que eu poderia assistir a uma missa na Igreja Católica, mas não poderia assistir a um  campal dos adventistas leigos. Não obedeci à ordem, pois entendo que todos somos ainda livres para ir onde quiser, ouvir e ver o que quiser e reter o que for bom.

Quando retornamos daquele campal, fomos novamente visitados, e recebemos a triste notícia de que eu e minha esposa, mais as outras duas irmãs que foram conosco, seríamos excluídos do rol de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia,

No dia 10/04/2002, foi lida a ata e foi aprovada a nossa exclusão e também seriam disciplinadas todas as pessoas que saírem conosco para entregar o jornal “Eis que Ele Vem”.

Para mim é muito dolorido ser excluído da Igreja por defender uma verdade. Jamais imaginei que seria perseguido pelos próprios irmãos de fé. Mas Deus tem me dado conforto, pois o próprio Jesus disse aos seus discípulos que: “expulsar vos ao das sinagogas, vem mesmo à hora que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a Mim”. S. João 16:1-3.

Se bem que esta passagem tem o seu cumprimento nos dias dos Apóstolos, mas a sua aplicação é para todos os fiéis de todas as épocas que padecem perseguições por obedecer à verdade e não a líderes religiosos.

Tenho certeza que várias pessoas ao redor do mundo tem passado por situações idênticas por defenderem a fé que uma vez foram dadas aos santos, e sinceramente espero que este relato possa confortar os vários Elias espirituais que pensam que estão sozinhos.

Excluídos:

  • Sandro Lovo Bins - Ex-Ancião

  • Linalda S. º Bins - Ex-Diretora da Escola Sabatina

  • Valcelí Santiago - Ex-Chefe das Diaconisas

  • Izilda Carrocia - Ex-Secretária da ADRA

Que Deus possa abençoar ricamente todos os que estão defendendo as verdades em Cristo Jesus.

Sandro Lovo Bins, Pimenta Bueno-RO.

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