Reflexões Sobre a Nova Face dos Estados Unidos
Queda do Iraque seria novo sinal de colonialismo no mundo
A aparente queda do regime no
Iraque mostra um novo sinal de colonialismo que pode se estender a países como
Síria, Irã, Cuba ou Venezuela, advertiu esta quinta-feira o diretor do jornal
francês Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet.
Afirmou que a virtual queda de Saddam Hussein "é um novo sinal colonial de novo
tipo sobre o qual é preciso refletir" e assinalou que a ação bélica impulsionada
pelos Estados Unidos é uma "situação perigosa" para nações no Oriente Médio e
América Latina.
Ramonet se ocupou do tema na abertura do Encontro de Solidariedade com Revolução
Bolivariana, em um teatro en Caracas, no qual participam ativistas
antiglobalização para analisar o primeiro aniversário do efêmero golpe de estado
que a 12 de abril tirou Hugo Chávez por 47 horas do poder.
Ele afirmou que nesta guerra os Estados Unidos "conheceram a derrota diplomática
mais importante de sua história" ao impulsionarem um conflito "sem argumentos
convincentes" e com o amplo rejeição da comunidade internacional.
Lembrou que a ocupação americana em Bagdá "não tinha ocorrido desde a época das
grandes conquistas".
"Esta é a primeira vez que uma grande potência ajudada por algumas forças
subjetivas aliadas invade um país e anuncia oficialmente que o vai administrar",
acentuou.
Qualificou como "preocupante" que os Estados Unidos tenham "transgredido" a lei
internacional", pois o colocam como "um Estado delinquente e foragido" perante a
opinião pública internacional.
Ramonet, também, descartou que a guerra seja originada apenas pelo controle do
petróleo e explicou que ela também tem motivações "ideológicas" que pretendem
impor a visão de Washington no Oriente Médio.
"Nosso temor é que depois da conquista do Iraque sejam invadidos Irã e Síria",
insistiu Ramonet, assegurando que o enfraquecimento da Opep é outro objetivo dos
americanos neste conflito.
Prognosticou o estabelecimento de um protetorado no Iraque, com o qual os
Estados Unidos vão impor "um estado militar de novo tipo" ou uma "democracia
militar" que será o braço armado da globalização.
Por isso, indagou se os Estados Unidos querem estabelecer uma democracia no
Oriente Médio, "por que não o fazem no Egito onde o general (Hosni) Mubarak tem
mais de 30.000 presos políticos?".
O fórum será encerrado domingo 13 de abril pelo presidente Hugo Chávez.
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/inter/afp/2003/04/10/ult34u64841.jhtm
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