Documento: Isaac Newton Era Adventista e Não Cria na Trindade

Quem ainda não conhece o livro O Cientista Sir Isaac Newton: Adventista? escrito por Ruy Carlos de Camargo Vieira e lançado pela Sociedade Criacionista Brasileira em 1996, deveria tentar adquiri-lo com urgência.

Como se pode ler no site da Sociedade Criacionista Brasileira, "este livro baseia-se fundamentalmente em um estudo comparado entre a interpretação profética do livro de Daniel - apresentada por Newton em seu livro Observations upon the Prophecies of Daniel and the Apocalipse of St. John - e na interpretação adventista constante do Seventh Day Adventist Bible Commentary.

"Inicialmente são feitas algumas considerações sobre a vida e a época de Sir Isaac Newton, destacando o papel exercido pela religião em sua vida, e apresentando uma súmula da interpretação feita por ele dos símbolos e emblemas usados nos livros proféticos de Daniel e de Apocalipse.

"Em seguida, são analisados os capítulos proféticos do livro de Daniel, abordando o capítulo 2 (A imagem de quatro metais), o capítulo 7 (A visão das quatro bestas, e particularmente o undécimo chifre da Quarta besta), o capítulo 8 (Os reinos representados pelo carneiro e pelo bode) e o capítulo 9 (A profecia das setenta semanas).

"Em um breve interregno feito para tratar da época do nascimento e da paixão de Cristo, são feitas amplas e esclarecedoras considerações sobre as possíveis datas desses eventos.

"E finalmente, são analisados sucessivamente os conteúdos dos capítulos 10, 11 e 12 do livro de Daniel, e é apresentado um Apêndice com dados genealógicos e históricos que ajudam a compreender o esquema das profecias das setenta semanas, e dos dois mil e trezentos dias, em seu entrelaçamento.

"A conclusão final é que Newton verdadeiramente era um adventista, pois aguardava o cumprimento das profecias do segundo advento de Cristo a esta Terra, com poder e grande glória, para o início de uma nova e feliz etapa na história!"

Observe, porém, o que o livro revela às págs. 15-16, acerca da crença de Isaac Newton quanto à divindade:

Isaac Newton não cria na existência de uma trindade divina e, à luz da Bíblia, compreendia que existe uma diferença hierárquica entre o Filho de Deus e Deus, o Pai, embora em natureza sejam idênticos. E como você poderá ver no artigo que traduzimos do espanhol e incluímos abaixo, "outros escritos afirmam a firme crença de Newton no Criador, a quem ele se refere freqüentemente como o 'Pantokrator', o Todo-poderoso, 'que tem autoridade sobre todas as coisas existentes, sobre a forma do mundo natural e o curso da história humana'."

Segundo o texto, Newton foi muito claro em afirmar suas convicções: "Devemos acreditar que há só um Deus ou Monarca Supremo a quem devemos temer, guardar suas leis e lhe dar honra e glória. Devemos acreditar que ele é o Pai de quem provêm todas as coisas, e que ama a seu povo como seu pai. Devemos acreditar que Ele é o 'Pantokrator', Senhor de tudo, com poder e domínio irresistíveis e ilimitados, do qual não temos esperança de escapar se nos rebelarmos e seguirmos a outros deuses, ou se transgredirmos as leis de Sua soberania, e de quem podemos esperar grandes recompensa se fizermos Sua vontade. Devemos acreditar que Ele é o Deus dos judeus, que criou os céus e a terra e tudo o que neles existe, como o expressam os Dez Mandamentos, de modo que possamos Lhe agradecer por nossa existência e por todas as bênçãos desta vida, e evitar o uso de Seu nome em vão ou adorar imagens ou outros deuses." -- Robson Ramos


Isaac Newton: Homem de Ciência e Teológo


Nele, a profissão da ciência e a prática da fé se harmonizavam e se equilibravam perfeitamente.

Ruy Carlos de Camargo Vieira

 

Conteúdo
Introdução
Newton, o criacionista
Newton, o adventista
Newton, o intérprete das profecias
Conclusão
Notas e referências
 

Introdução

Era uma pessoa insólita: distraído e generoso, sensível à crítica e modesto. Enfrentou várias crises psicológicas e tinha dificuldade em manter boas relações sociais. Entretanto, foi um dos extraordinários gigantes da história: um físico brilhante, um astrônomo e matemático eminente, e um filósofo natural.

Quando Isaac Newton, este gênio e cavalheiro inglês morreu em 1727 à idade de 85 anos, deixou uma marca indelével em cada atividade em que participou. Conhecemos suas leis do movimento e a teoria da gravitação universal. E o conhecemos por sua contribuição à compreensão do universo. Mas raramente ouvimos falar a respeito de suas contribuições à teologia cristã. Depois de um estudo minucioso de seus escritos, cheguei à conclusão de que Newton não só foi um grande homem de ciência, mas também também um grande teólogo, um verdadeiro criacionista e adventista.1

Meu interesse acerca da compreensão do Newton como teólogo começou faz 45 anos quando eu próprio me tornei a ser adventista, depois de assistir a uma série evangelística sobre as fascinantes profecias bíblicas do Daniel e o Apocalipse. Nesse período eu me preparava para a carreira de Engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil.

O ambiente universitário não favorecia ao desenvolvimento de minha fé. Sentia-me bombardeado em todas direções. O materialismo, as preocupações humanistas e uma concepção científica do mundo convergiam para questionar minha fé recém descoberta. Necessitava de algo para defender o que acreditava que era verdadeiro e queria que minha defesa fosse sólida e lógica.

Em minha busca de publicações apropriadas, encontrei uma versão portuguesa do livro Observations Upon the Prophecies of Daniel and the Apocalypse, não na biblioteca da Universidade nem em uma livraria, mas sim em uma de revistas e livros usados. Tive uma agradável surpresa ao descobrir que o mesmo Isaac Newton a quem, como estudante de engenharia tinha encontrado nos estudos sobre óptica, mecânica, cálculo diferencial e integral e gravidade, havia dedicado bastante tempo e esforço à cronologia bíblica e à interpretação das profecias! Em realidade, a Enciclopédia Britânica inclui sua Emenda da Cronologia dos Reis Antigos e Observações Sobre as Profecias de Daniel e o Apocalipse de S. João entre as cinco obras mais importantes de Newton; as outras são Philosophia Naturalis Principia Matematica, Opticks, e Arithmetica Universalis.

Minha descoberta e estudo de um Newton erudito e cristão me conduziu a entendê-lo como criacionista, adventista e intérprete das profecias.

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Newton, o criacionista

Robert Boyle, um pioneiro nas experiências com gases e firme promotor do cristianismo, que havi advogado pelo estudo científico da natureza como um dever religioso, morreu em 1691. Seu testamento recomendava que se realizasse uma série anual de conferências com a intenção de defender o cristianismo contra a incredulidade. Richard Bentley, clérigo e distinto erudito dos clássicos, pronunciou a primeira série de conferências em 1692.

Em preparação para suas conferências, Bentley pediu a ajuda de Newton, que já era famoso por seus Principia (1687). Bentley esperava demonstrar que, de acordo com as leis físicas que governam o mundo natural, deveria ser impossível que os corpos celestes houvessem aparecido sem a intervenção de um agente divino.

Dali em diante, Bentley e Newton trocaram correspondência ''quase teológica". Em sua primeira carta a Bentley, Newton declarou: "Quando escrevi meu tratado sobre nosso sistema, tive meus olhos fixos nos princípios que puderam atuar considerando a crença da humanidade em uma divindade, e nada me resulta mais gratificante que ver que resultou ser útil para este objetivo".2

Mais tarde Newton escreveu: "Os movimentos que os planetas têm hoje não puderam originar-se de causas naturais isoladas, mas sim lhes foram impostos por um agente inteligente."3

Outros escritos afirmam a firme crença de Newton no Criador, a quem ele se refere freqüentemente como o "Pantokrator", o Todo-poderoso, "que tem autoridade sobre todas as coisas existentes, sobre a forma do mundo natural e o curso da história humana."

Newton foi muito claro em afirmar suas convicções: "Devemos acreditar que há só um Deus ou Monarca Supremo a quem devemos temer, guardar suas leis e lhe dar honra e glória. Devemos acreditar que ele é o Pai de quem provêm todas as coisas, e que ama a seu povo como seu pai. Devemos acreditar que Ele é o 'Pantokrator', Senhor de tudo, com poder e domínio irresistíveis e ilimitados, do qual não temos esperança de escapar se nos rebelarmos e seguirmos a outros deuses, ou se transgredirmos as leis de Sua soberania, e de quem podemos esperar grandes recompensa se fizermos Sua vontade. Devemos acreditar que Ele é o Deus dos judeus, que criou os céus e a terra e tudo o que neles existe, como o expressam os Dez Mandamentos, de modo que possamos Lhe agradecer por nossa existência e por todas as bênçãos desta vida, e evitar o uso de Seu nome em vão ou adorar imagens ou outros deuses."

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Newton, o adventista

Newton também se preocupava com a restauração da Igreja Cristã à sua pureza apostólica. Seu estudo das profecias o levou a concluir que, em última instância, a igreja triunfará apesar de seus falhas atuais. William Whiston, que sucedeu a Newton como professor de Matemática em Cambridge e escreveu The Accomplishment of Scripture Prophecies, declarou depois da morte de Newton que "ele e Samuel Clarke tinham deixado de lutar pela restauração da igreja às normas dos tempos apostólicos primitivos porque a interpretação de Newton das profecias os tinha levado a esperar uma larga era de corrupção antes que essa restauração pudesse ser efetiva".5

Newton acreditava em um remanescente fiel que seria testemunha do fim dos tempos. Um de seus biógrafos escreveu: "Na igreja verdadeira, a qual assinalam as profecias, Newton não queria incluir a todos os que se chamam cristãos, a não ser a um remanescente, umas poucas pessoas dispersas, escolhidas Por Deus, pessoas que não são movidas por nenhum interesse, instrução ou poder de autoridades humanas, que são capazes de dedicar-se sincera e diligentemente à busca da verdade". "Newton estava longe de identificar aquilo que o rodeava com o cristianismo apostólico verdadeiro. Sua cronologia interna tinha posto o dia da trombeta final dois séculos mais adiante".6

No Daniel 2, Newton via o desenvolvimento da história da humanidade até o fim do tempo, quando Cristo estabeleceria seu reino. Escreveu: "E uma pedra cortada não com mãos, que caiu sobre os pés da imagem, e rompeu os quatro metais em pedaços, e chegou a ser um grande monte, e encheu toda a terra; representa que se levantará um novo reino, depois dos quatro, e conquistará a todas aquelas nações, e crescerá até ser muito grande, e durará até o fim de todos os tempos".7

Ao considerar as demais visões de Daniel, Newton esclarece que depois do quarto reino sobre a terra, viria a segunda vinda de Cristo e o estabelecimento de seu reino eterno: "A profecia do Filho do homem que vem nas nuvens dos céus se relaciona com a segunda vinda de Cristo".8

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Newton, o intérprete das profecias

Newton não estava satisfeito com a interpretação das profecias de sua época. Sustentava que os intérpretes não "tinham métodos prévios... Distorciam parte das profecias, tirando as de sua ordem natural segundo suas próprias conveniências."

Em harmonia com seu enfoque dos problemas científicos, Newton estabeleceu normas para a interpretação profética, com uma codificação da linguagem profética que tinha como intenção eliminar a possibilidade de distorções "à conveniência de um", e adotou o critério de permitir que a Escritura revele e explique a Escritura.9

Deste modo, a interpretação do Newton diferia da interpretação da maioria de seus contemporâneos. Ele não estava interessado no uso da profecia para explicar a história política da Inglaterra, como os outros faziam, mas sim melhor se centrava no estudo do começo da grande apostasia que ocorreu na igreja e na restauração final da igreja à sua pureza original.

Este interesse na restauração da igreja a sua pureza apostólica levou Newton a estudar sobre a segunda vinda de Cristo. Sua preocupação pelo futuro o conduziu às 70 semanas do Daniel 9. Ele, como muitos dispensacionalistas de hoje, atribuía a última semana a um futuro indeterminável quando começaria a volta dos judeus e a reconstrução de Jerusalém, e que culminaria com a gloriosa segunda vinda de Cristo.

Esta interpretação, obviamente, é contrária às crenças dos adventistas. Entretanto, alguns dos princípios de interpretação do Newton estão em harmonia com os nossos. Como exemplo, considere a interpretação que Newton dava aos símbolos:

"Os ventos tempestuosos, ou o movimento das nuvens [representa] guerras;... A chuva, se não ser imoderada, e o rocio, e a água corrente [representam] as graças e as doutrinas do Espírito; e a falta de chuva, a esterilidade espiritual. Na terra, a terra seca e as águas congregadas, como um mar, um rio, uma inundação, estão em lugar da gente de diversas regiões, nações, e domínios... E vários animais como um leão, um urso, um leopardo, e um macho caibro, de acordo com suas características, estão em lugar de vários reino e corpos políticos... Um governante está representado por alguém que cavalga em uma besta; um guerreiro ou um conquistador, por uma espada e um arco; um homem poderoso, por sua estatura gigantesca; um juiz, por uma balança e pesos;... honra e glória, por uma vestimenta esplêndida; dignidade real, por roupagem de púrpura ou escarlate, ou por uma coroa; a justiça, por vestimentas brancas e podas; a maldade, por roupa manchada e suja.10

Na interpretação das profecias relacionadas com o tempo, Newton sustentava que "os dias do Daniel são anos".11 Ele aplicou este princípio às 70 semanas12 e aos "três tempos e meio" de apostasia. Newton esclarece que o "dia profético" é "um ano solar", e que um "tempo" na profecia também é equivalente a um ano solar. "E os tempos e as leis foram entregues à sua mão por um tempo, tempos e metade de um tempo, ou três tempos e meio; quer dizer, por 1260 anos solares, considerando um tempo como um ano calendário de 360 dias, e um dia por um ano solar".13

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Conclusão

Newton foi extremamente cauteloso em suas crenças religiosas. Isto pode explicar, em parte, porque não publicou suas obras teológicas durante sua vida. Talvez, consciente do ambiente religioso inglês, não queria ser acusado de heresia, mas sim lembrado como alguém que buscou com afã a verdade como a encontrava na Bíblia. Felizmente, suas obras teológicas foram publicadas depois de sua morte.

Como adventistas, poderemos não estar de acordo com Newton em todas as suas interpretações da profecia bíblica, porém podemos beneficiarmos com suas obras teológicas e sua metodologia cuidadosa a fim de nos manter firmes na fé, mesmo quando desenvolvemos estudos científicos. Ele foi um verdadeiro gigante da ciência que não se envergonhava de sua fé, mas sim que, pelo contrário, dedicou tempo para entender a Palavra de Deus, tanto quando prediz os movimentos da história, como quando proporciona orientação para ordenar a vida pessoal de cada um.

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Ruy Carlos de Camargo Vieira (Ph.D., Universidade de Sao Paulo) é engenheiro mecânico e elétrico; atualmente é membro do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira. Em 1971, o Dr. Vieira fundou a Sociedade Criacionista Brasileira, e começou a publicação da Folha Criacionista, uma revista bi-anual en português. Seu endereço é: Caixa Postal 08743; 70312-970, Brasília, D.F.; Brasil. Fax: 55-61-577-3892.

 

Notas e referências

  1. Ver meu livro Sir Isaac Newton: Adventista?, publicado pela Sociedade Criacionista Brasileira.
  2. Richard S. Westfall, The Life of Isaac Newton (Cambridge: University Preso. 1993), p. 204.
  3. Bernard Cohen, Isaac Newton: Papers & Letters on Natural Philosophy (Cambridge: Harvard University Preso, 1958), p. 284.
  4. Westfall, p. 301.
  5. Id., p. 300.
  6. Id.,p. 128.
  7. Isaac Newton, Observations Upon the Prophecies of Daniel and the Apocalypse of St. John, PP. 25,26.
  8. Id., p, 128.
  9. Westfall. pp. 128, 129.
  10. Newton, Observations, p. 18-22.
  11. Id., p. 122.
  12. Id., p. 130.
  13. Id., pp. 113,114

Fonte: http://www.tagnet.org/jae/multimedia/lectura/newton.htm

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