Laudo de
Gabrielli aponta para acidente, segundo legistas
Perícia, feita por um e assinada por outro, tem indícios de que tudo não passou de uma seqüência de fatalidades
As trapalhadas da Polícia Civil na investigação que
redundou na prisão Uma seqüencia de erros A médica pediatra avisou a polícia sobre suas suspeitas. E foi a ação correta para o momento. Com o aumento dos crimes de abuso contra crianças, os pediatras, assim como todos os profissionais de saúde e educação estão mais atentos e, na menor suspeita, avisam as autoridades. Mas a seqüência de erros começou em seguida, no lacônico laudo do IML, passou por uma investigação policial apressada e acabou na mesa do promotor Andrey Cunha Amorim. E agora sabendo como tudo começou, é fácil notar as inconsistências de todo o caso. Quando anunciou à imprensa sua pretensão em denunciar o pedreiro, o promotor falou que a menina havia sido asfixiada, levado um soco no peito e sofrido abuso via anal (atentado violento ao pudor). As deduções do membro do MP não encontram sustentação nas declarações da médica que atendeu na emergência do Hospital Regional. E, considerando as declarações de outros médicos legistas, mais experientes na área, pode-se concluir que o pretenso soco no peito, na verdade, poderia, na verdade, ser resultante da tentativa de reanimar a menina. Ela não sofreu esganadura, já que a traquéia estava integra e as “petéquias” poderiam ter qualquer outra origem, até mesmo de um tombo – fosse uma tentativa de esganadura, além do trauma na faringe, as petéquias seriam nos dois lados do pescoço. Por fim, o ânus dilatado – mas sem dilaceração, fissura ou vermelhidão – poderia ser um movimento natural do organismo em casos de afogamentos, não voltando ao normal com a pessoa morta. Pediatra que socorreu Gabrielli não foi ouvida A médica pediatra Lusinete Soares foi a primeira pessoa a prestar socorro à pequena Gabrielli Cristina Eichholz no Hospital Regional. Ela recebeu a menina com a vida por um fio, sem batimentos cardíacos e sem respiração, trazida por duas mulheres ainda não identificadas, que acompanhavam o culto e se prontificaram a conduzir a menina que agonizava afogada. Durante o trajeto de aproximadamente cinco quilômetros entre a Igreja Adventista e o hospital, elas fizeram massagem torácica e respiração boca-a-boca, tentando manter a vida até o atendimento de emergência. Nesse ínterim, os socorristas do Corpo de Bombeiros chegaram na Igreja, mas acabaram voltando para a guarnição, localizada no mesmo bairro, já que o atendimento estava em curso. No hospital, conforme a pediatra observou, o atendimento começou exatamente às 10h5min. “Recebi a criança destas duas mulheres que diziam que trabalhavam na saúde e que tentavam reanimar a menina. Já atendi muito afogamento, e parecia ser mais um. A menina chegou com os cabelos e as roupas molhadas, com um vestidinho jeans, camiseta e fralda. Ela não tinha calcinha, mas a fralda estava bem colocada. Ela estava hipotérmica (fria), sem batimentos e sem respiração”, relata a médica, explicando também suas providências para tentar reanimar a menina: “Foi preciso tirar a roupa para aquecê-la e depois entubar. Foi quando notei um forte cheiro de fezes. Tirei a fralda e as fezes saíam sem parar. A fralda não estava molhada como a roupa, estava seca, limpei a menina, joguei a fralda no lixo e coloquei outra. Tentamos reanimá-la por 45 minutos”, disse. O ânus continuava dilatado, não havia sangue, nem fissuras e nem vermelhidão. Ela também sustentou que não havia nas roupas ou na menina qualquer indício de esperma ou algo parecido. Mas, a médica desconfiou que algo poderia não estar certo. No pescoço da menina, em uma pequena parte do lado direito havia pontos com “petéquias” (pontos vermelhos na pele, semelhantes as deixadas por picadas de pulgas ou pernilongos, e que se manifestam em virtude de trauma local ou até mesmo doenças) e como o ânus continuava dilatado e haveria uma pequena lesão interna, a médica resolveu avisar a polícia. “Depois que demos ela por morta, ela ficou no necrotério até vir o IML”, concluiu, ressaltando que até o momento ela não foi chamada pela polícia para dar os detalhes. Jovem aponta mais dúvidas Oscar Gonçalves do Rosário está preso desde
o dia 12 de março, acusado da morte da pequena Gabrielli Cristina Eichholz,
a menina teria sofrido abuso e violência sexual dentro da Igreja Adventista
no bairro Iririú. O pedreiro foi preso em Canoinhas, sua cidade de origem,
depois de voltar de Joinville, onde trabalhou por três meses e seu contrato
havia se encerrado. Ficou em poder da Polícia das 9 horas da manha até as 18
horas e acabou confessando, segundo ele, com medo e acreditando que um exame
de DNA esclareceria o caso. A advogada Elizangela Asquel Loch e a bacharel
em direito Camila Mendonça de Freitas abraçaram sua defesa. Elas detectaram
uma série de inconsistências no inquérito e estão dispostas a provar sua
inocência. Há pouco mais de uma semana, entraram com um pedido de
habeas-corpus no Tribunal de Justiça, que deve ser julgado, possivelmente,
no dia 8 de maio. Fonte: http://www.gazetadejoinville.com.br/policia_134-2.html |
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