Segunda-feira, 28 de Agosto de 2000
Empresa
cria porco que poderá ser usado em transplante humano
Maggie
Fox
Reuters
WASHINGTON -
Pesquisadores anunciaram na segunda-feira a
criação de um porco que não parece transmitir vírus
potencialmente perigosos às células humanas e afirmaram que
esta pode ser uma forma de realizar transplantes de animais
para humanos com segurança.
A empresa BioTransplant, com sede em Charlestown,
Massachusetts, disse que seus porcos em miniatura carregavam
os vírus, mas por alguma razão não os transmitiam às células
humanas como porcos normais.
A empresa espera poder modificar geneticamente seus porcos
em miniatura para que o corpo humano aceite seus tecidos e
órgãos.
"O que esperamos fazer com isso é criar estes rebanhos como
uma fonte de células, tecidos e órgãos potencialmente mais
segura para xenotransplantes (transplantes de animais para
humanos)", disse Elliot Lebowitz, presidente e chefe-executivo
da BioTransplant.
"Esperamos poder salvar muitas vidas de uma forma mais
segura e também reduzir os custos de saúde, que são enormes
para doenças em órgãos em estágio final", acrescentou
Lebowitz.
Os porcos são considerados uma provável fonte de órgãos,
uma vez que estão disponíveis em larga escala e seus órgãos
possuem quase o mesmo tamanho de seres humanos.
Para o seu uso em transplantes há, no entanto, dois grandes
obstáculos. Como a maioria dos outros animais, incluindo os
humanos, os porcos carregam vírus chamados de retrovírus
endógenos.
Esses vírus, que são infecciosos, se incorporaram ao genoma
dos porcos e não podem ser removidos. Além disso, as células
animais apresentam uma molécula na superfície que faz com que
o sistema imunológico humano as reconheça como um corpo
estranho e as rejeite. Órgãos de animais transplantados morrem
rapidamente no corpo humano.
No início do mês, Daniel Salomon, do Instituto Scripps, na
Califórnia, relatou ter demonstrado que vírus de porcos,
conhecidos como retrovírus suínos endógenos (Pervs), podem
infectar células humanas. Segundo ele, estudos anteriores que
sugerem que os Pervs não infectam pessoas podem não ter
analisado os locais corretos.
Lebowitz disse que sua empresa contratou um dos
descobridores dos Pervs, Clive Patience, para analisar o
problema. "Demonstramos que é possível criar porcos que não
apresentarão infectuosidade humana dos Pervs", afirmou
Lebowitz. "Parece que estes animais não contêm Perv competente
para replicação nas células humanas. Não sabemos porque",
acrescentou Lebowitz.
Lebowitz disse que os porcos em miniatura, criados para
BioTransplant por um fornecedor local para pesquisa médica,
eram altamente endógamos -- linhagens de porcos geneticamente
relacionados -- e isso poderia ser a razão de seus vírus não
serem transmitidos a células humanas, pelo menos em
laboratório.
A empresa não testou as células suínas em animais vivos
para verificar se elas podem ser infectadas, mas afirmou que
incubou células humanas com células de porcos normais e que
elas se infectaram.
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