Regras x Princípios

Antes de mais nada, é muitíssimo importante que entendamos e possamos diferenciar o que é princípio e o que é regra. O que se segue é o meu ponto de vista pessoal e este ponto de vista, na minha visão, se aplica a todos os aspectos da vida cristã, seja musica, roupas, palmas na igreja, conduta, etc...

No meu modo de ver as coisas, o princípio é imutável, visto ser divino. A regra é a aplicabilidade do princípio transformada em tradição ou a extrapolação de um princípio para invenções humanas. Por exemplo, a santificação do sábado, não fazendo nenhuma obra neste dia, é um princípio bíblico. Mas não poder colher espigas para matar a fome no sábado era uma regra humana. 

Não são poucas as vezes que Jesus teve que lutar contra regras para que o princípio fosse estabelecido. Na verdade, as regras podem a tal ponto sufocar o princípio que este pode ser não apenas esquecido, mas, pior que isso, deturpado completamente. Mateus 23 tem vários exemplos disso...

Vamos, por exemplo tomar a questão da decencia no vestir. Qual é o princípio aqui? Todos temos (creio) uma idéias dos textos envolvidos que falam sobre modéstia cristã, licenciosidade, decôro, pecado por pensamentos, etc... Não vou ficar pesquisando e citando estes textos, para ganhar tempo. Bom, este é o princípio. Nestes textos estão a opinião de Deus sobre o assunto. O que passar disso são regras, feitas pelos homens. Estas regras podem ter sido criadas com ótimas intenções (normalmente o são), baseadas no princípio (normalmente o são) e serem perfeitamente aplicáveis dentro do contexto em que foram criadas (normalmente o são). Mas devem servir apenas para nos levar ao princípio, nunca para abafa-lo ou diminui-lo.

Tive a oportunidade de pregar em uma aldeia de índios carajás, na Ilha do Bananal. O pr. João Werreriá (que é índio carajá) fazia a tradução para o idioma local. Fiz a pregação trajando bermuda, chilelas havaianas e camiseta. Por acaso eu estava faltando com a decencia ao me vestir daquela forma? Dentro do contexto no qual estava inserido eu estava perfeitamene bem trajado, dentro de todos os padrões éticos. O princípio não foi ferido e Deus foi louvado e adorado naquela manhã, por mais de 200 índios. 

Notemos então que a aplicabilidade do princípio assume formas diferentes, dentro do contexto. A regra não pode ser aplicada de forma igual... Ou será que o Espirito Santo poderia ter me usado da mesma forma, se eu tivesse aparecido lá de terno e gravata? Creio sinceramente que não!! Antes de mais nada, porque acho que os índios estariam mais preocupados com a minha forma de vestir do que com o que as palavras que eu falava. Talvez aí sim, eu estivesse faltando com a modéstia cristã!

O problema todo é que para aplicar regras é fácil. Se a liderança da igreja baixar uma norma dizendo que a música na igreja não pode ter dissonâncias de sétima diminuta ou de nonas, nem usar trítonos, isso é fácil de aplicar e fiscalizar. Se vier uma regra dizendo que as saias das irmãs tem que ter o comprimento de um palmo abaixo do joelho, tambem fica fácil. Não preciso pensar! Não preciso ter o trabalho de entender o que Deus quer de mim. 

Alguem já fez isso por mim e decidiu qual a aplicação do princípio, criando uma regra. Então as regras são nocivas e não devemos tê-las? De forma alguma! As regras e a tradição tem um papel importantíssimo na unidade da fé dentro de um mesmo contexto. Caso não tivéssemos regras estaríamos caindo em um outro extremo perigosíssimo, de "cada um por si". Não foi assim que Jesus fundou a Sua igreja. 

Deus não nos deixou sem uma revelação e sem uma liderança, para que saíssemos "como ovelhas desgarradas, cada um pelo sei próprio caminho" (Isaías 53:6), mas temos um Pastor, que nos chama e nós reconhecemos a Sua voz e O seguimos (João 10). O problema começa quando eu pego uma regra, que vinha sendo corretamente aplicada, e tento aplica-la, sem mudanças, a um contexto novo, ou continuo aplicando-a mesmo depois de uma mudança do contexto, somente porque eu não quero ter o trabalho de questionar meus valores.

Amigos, vamos à fonte verdadeira, a Palavra de Deus. Entendamos e apliquemos os princípios divinos ali declarados. Mas façamos isso com a mente aberta, prontos para sabermos e podermos explicar a razão da nossa fé! Abraços! -- Levi de Paula Tavares.

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