A Teologia da Música Adventista

A controvérsia sobre o uso de música pop nos cultos religiosos é fundamentalmente teológica, devido ao fato de que a música é como um prisma de cristal através do qual brilham as verdades eternas de Deus. A música divide essa luz em um espectro de muitas verdades formosas. Os hinos cantados e os instrumentos tocados no templo expressam o que a igreja crê a respeito de Deus, Sua natureza e revelação para nossa vida presente e futura.

A música define a natureza da experiência da adoração ao revelar a maneira e o objeto de culto. Quando a música está orientada para o gosto pessoal, então, a adoração reflete nosso posicionamento cultural, como povo, sobre Deus. A tendência hedonista de nossa idiossincrasia se percebe no incremento popular de diversas formas de música rock utilizadas na igreja, apenas porque proporcionam cômoda satisfação pessoal.

Muitos cristãos se queixam de que os hinos tradicionais da igreja estão mortos, posto que já não lhes atraem. Pelo contrário, a música religiosa contemporânea, como o rock, brinda-lhes com essa "faísca" - uma sensação prazenteira. Entretanto, aqueles que suplicam por música eclesiástica que ofereça satisfação pessoal, ignoram que isso implica procurar uma estimulação física egocêntrica em vez de uma celebração espiritual teocêntrica das atividades criativas e redentivas da divindade.

O crescente número do Igrejas cristãs, em geral, bem como adventistas do sétimo dia, em particular, que estão adotando novos estilos de adoração onde se incluem diversos estilos de música rock, sofrem de uma condição que poderia diagnosticar-se como um "empobrecimento teológico". A principal característica de dita condição é a eleição de música sobre a base do gosto pessoal e as tendências culturais, em vez de cimentar-se em claras convicções teológicas.

A ênfase em muitas canções religiosas sobre o "a mim", "meu" e "eu", reflete a teologia egocêntrica que prevalece em nosso tempo. Do mesmo modo, reflete-se nas letras que contêm só vagas e escuras referências aos assuntos espirituais.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia toma sua inspiração para elaborar sua música de três principais doutrinas: 1) o sábado; 2) o sacrifício expiatório do Jesus e seu ministério no Santuário celestial; e 3) a certeza e iminência do retorno do Senhor. Tais crenças nos ajudam a definir a natureza da adoração e da música adventista.

Infelizmente, o constante debate sobre o uso da música pop na adoração adventista ignora notavelmente as pressuposições teológicas que deveriam prevalecer na experiência cúltica dos crentes adventistas. Alguns líderes adventistas em assuntos de adoração, são pressionados a adotar música pop nos serviços de culto, estritamente sobre a base do gosto pessoal e das considerações culturais. Não obstante, o estilo da música e a adoração da Igreja Adventista do Sétimo Dia não se pode cimentar unicamente em gostos subjetivos nem tendências populares. A missão profética e a mensagem da igreja deve refletir-se em seu estilo de música e adoração.

O estilo da música e adoração da maioria das Igrejas adventistas está apoiado em uma aceitação acrítica da forma de adorar de outras denominações cristãs. Em seu livro And Worship Him, Norval Peace, meu antigo professor de adoração na Universidade Andrews, declarou: "Somos adventistas, e devemos nos aproximar da adoração como adventistas. Um serviço de culto que supre as necessidades de metodistas, episcopais ou presbiterianos deveria ser insatisfatório para nós".1

A resposta à renovação da adoração adventista não se encontra na adoção de música rock religiosa, mas, sim, em um reexame da forma em que nossas crenças adventistas distintivas devem impactar as diversas partes do serviço eclesiástico, incluindo a música. Um empreendimento tão ambicioso está além dos limites deste artigo, o qual se enfoca principalmente nos aspectos musicais do serviço de adoração.

O sábado oferece razões para adorar

Das três principais doutrinas que identificam à Igreja Adventista do Sétimo Dia, osábado ocupa um lugar único, pois provê a base da verdadeira adoração a Deus. Essa base se localiza nas três verdades fundamentais que o sábado contém e proclama, ou seja, que o Senhor nos criou perfeitamente, que nos redimiu completamente, e que nos restaurará ao final do tempo.

Adorar significa reconhecer e elogiar a dignidade de Deus. Seria o Senhor digno de louvor se não tivesse criado originalmente este mundo e suas criaturas de maneira perfeita? O serviço de adoração sabático é uma ocasião para celebrar e regozijar-se na magnitude das ações divinas: sua maravilhosa criação, sua bem-sucedida redenção da humanidade, suas multiformes manifestações de amor e amparo. Estes são temas essenciais que devessem inspirar a composição e a entonação de hinos de louvor ao Senhor.

A celebração da bondade e a misericórdia divina constitui a base para toda música e culto devotado ao Senhor em qualquer dia da semana. Entretanto, no sábado, a música e a experiência da adoração alcançam a máxima expressão, já que o dia provê tanto o tempo como as razões para celebrar com gratidão e alegria o amor criador e redentor de Deus.

Um antídoto para a adoração falsa

A missão da igreja neste tempo, como aparece efetivamente na mensagem dos três anjos de Apocalipse, é promover a verdadeira adoração do "que fez o céu e a terra, o mar e as fontes das águas" (Apoc. 14:7). O sábado é um dos meios mais eficazes para promover a restauração da verdadeira adoração, posto que chama às pessoas a adorar a Aquele que em seis dias "fez o céu, a terra e o mar, e tudo o que contêm" (Êxodo 20:11).

Como um santuário no tempo, o sábado desafia os crentes a respeitar a diferença entre o sagrado e o secular, não unicamente no tempo, mas também em tais áreas como a música e a adoração. Acima de tudo, a música e a adoração constituem um importante aspecto da observância do sábado.

A diferença entre o sagrado e o secular, que está inserida no quarto mandamento, é estranha para aqueles cristãos que consideram seu dia do Senhor como um dia festivo em vez de um dia santo. A mescla de atividades sagradas com seculares facilita a fusão de música sagrada com secular no serviço de adoração. O fator que contribui mais é a perda do sentido do sagrado -uma perda que afeta muitas aspectos da vida do cristão contemporâneo.

A adoção de versões modificadas de música rock na adoração é um sintoma de um problema maior, ou seja, a perda do sentido do sagrado em nossa sociedade. O processo de secularização, o qual alcançou novas alturas na atualidade, empanou gradualmente a diferença entre o sagrado e o secular, o reto e o errôneo, o bom e o mau.

O  sábado desafia os crentes a fechar a porta à pressão humanista do relativismo cultural, ao lhes recordar que a diferença entre o sagrado e o secular se estende a todas as facetas da vida cristã, incluindo a música e a adoração na igreja. Utilizar música secular para o serviço da igreja em sábado é tratar ao dia santo como um dia secular, e à igreja como um lugar secular. Finalmente, não se oferece uma adoração verdadeira a Deus, posto que um culto genuíno implica reconhecer os limites entre o que é sagrado para o serviço do Senhor e o que é secular para o uso pessoal.

A música no contexto do Santuário celestial

Para muitas Igrejas cristãs, o culto se centra no que Jesus já cumpriu no passado através de sua vida perfeita, sua morte expiatória e sua gloriosa ressurreição. Em contraste, a adoração adventista do sétimo dia se centra não somente nestes acontecimentos redentivos passados de nosso Salvador, mas também em seu ministério presente no Santuário celestial e em sua futura vinda para consumar sua redenção. Portanto, estas três dimensões do ministério de Jesus Cristo - passado, presente e futuro - estão implícitas na adoração adventista.

É notório que as três doutrinas adventistas distintivas - o sábado, o Santuário e a segunda vinda - compartilham um comum denominador, ou seja, a reunião com o Senhor. No sábado nos reunimos com o invisível Senhor em tempo. No Santuário celestial nos encontramos pela fé com o Salvador ministrando em um lugar. Quando Jesus vier. nos reuniremos com o Senhor visível  no espaço.

Encontrar-se com o Senhor em tempo, em seu dia sábado, em um lugar, em seu Santuário, e em espaço, em seu glorioso dia, devem constituir os pontos focais da adoração adventista. Quando os adventistas se reúnem para adorar, seu desejo deve se encontrar com o Senhor. Pela fé devem desejar estar diante de Deus, não somente na cruz do Calvário, onde ele pagou a pena de seus pecados, mas também no trono celestial, onde ministra em seu favor.

Do mesmo modo, a música e a adoração na igreja devem receber sua inspiração daquela que se pratica no Santuário celestial, devido ao fato de que ambos estão unidos pelo culto ao mesmo Criador e Redentor. Que desafio para a igreja dos últimos dias permitir que a glória e a majestade da adoração celestial resplandeça através de sua música, suas orações e seu pregação!

Quando os raios da majestade e a glória do Salvador ressuscitado e Supremo Sacerdote celestial chegarem através da música e a adoração na igreja, então, não haverá necessidade de incursionar pelo rock ou "aeróbica cristã" para reavivar o culto. A visão da glória e majestade de Deus provê todos os ingredientes dramáticos que os crentes poderiam desejar para uma experiência emocionante de adoração.

No livro de Apocalipse, é-nos descrita uma visão do Santuário celestial. Alguns eruditos contaram seis, sete ou até onze coros ao longo deste livro profético. Entretanto, o número exato de hinos e coros em Apocalipse não é tão relevante como seu testemunho da importância da música na adoração escatológica ao Senhor no Santuário celestial. Os três principais coros que participam da adoração celestial são: (1) os vinte e quatro anciãos (Apoc. 4:10-11; 5:8-9; 11:16-18; 19:4); (2) a incontável multidão de anjos e redimidos (Apoc. 5:11-12; 7:9-12; 14:2-3; 19:1-3, 6-8); e (3) a companhia que inclui a toda criatura no céu e a terra (Apoc. 5:13).

Um estudo cuidadoso de vários hinos do Apocalipse revela que apesar de todas as referências ao sofrimento do povo de Deus, o livro poderia provar ser uma das composições mais felizes jamais escritas. A música vitoriosa do Apocalipse está inspirada, não pelo tamborilar hipnótico dos instrumentos de percussão, mas sim pela maravilhosa revelação das ações redentivas do Senhor para com seu povo. Enquanto os adoradores no Santuário celestial têm o privilégio de contemplar a maneira providencial como Jesus, o Cordeiro imolado, resgatou a pessoas de diversas nações, cantam com uma grande emoção uma doxologia em louvor à divindade.

Encarregados da adoração, que, às vezes, estão ávidos por introduzir tambores, violões elétricos e ritmos agitados para lhe dar um "clima roqueiro" à música na igreja, deveriam notar que tanto no Templo de Jerusalém como no Santuário celestial não se permitiam instrumentos de percussão. O único instrumento usado pelos coros celestiais é um conjunto de harpas (Apoc. 5:8; 14:2). A razão, conforme a explica Thomas Seel, é que "...o timbre distintivo da harpa se mescla harmoniosamente na adoração com as vozes coletivas dos adoradores. Deve-se notar que o apoio instrumental não suplanta a importância das palavras do texto nem contém uma mescla de diferentes instrumentos. O conjunto de instrumentos contém um tipo singular de instrumentos (a harpa) que se harmoniza com a voz." 2

A diferença entre música sagrada e secular que aparece no Santuário celestial também era evidente no Templo de Jerusalém. Só um grupo seleto de levitas formava o coro do Templo. Eles tocavam só quatro instrumentos em momentos específicos durante o serviço: trombetas, címbalos, liras e harpas (1 Crônicas 15:16; 16:5-6). Dos quatro, só os últimos dois, a lira e as harpas (ambos instrumentos de cordas que se harmonizam com as vozes humanas), eram usados para acompanhar os cantos.

As trombetas eram utilizadas só para dar alguns acordes, como quando a congregação se prostrava, ou quando o coro deveria cantar durante a apresentação das oferendas acesas (2 Crônicas 29:27-29). Os címbalos se usavam para anunciar o início de uma canção ou de uma nova estrofe. Ao contrário do que às vezes se crê, estes instrumentos não eram utilizados para conduzir a música dando ritmo aos hinos. A razão é que a música do antigo Israel, como mostrou Anthony Sendrey, carecia de compasso regular e estrutura métrica.

Quem acredita que a Bíblia lhes dá permissão para tocar qualquer instrumento e música na igreja, ignoram que a música no Templo não se apoiava no gosto pessoal ou nas preferências culturais. Isto é evidente devido a outros instrumentos, como os tamborins, a flauta e o órgão, um tipo de flauta, que não eram permitidos no Templo, dada sua associação com o entretenimento secular. 

Não obstante, é importante mencionar que não há nada moralmente mau com o uso de instrumentos como o tamborim ou a flauta. A razão por que eram excluídos da orquestra do Templo era devido ao fato de que se usavam geralmente para o entretenimento. Essa exclusão se estendia à participação das mulheres no ministério da música do Santuário, posto que sua música consistia principalmente em danças com tamborins - uma música que não era adequada para a adoração.

A música era controlada rigidamente na adoração do Templo para assegurar que estivesse em harmonia com a santidade do lugar. Portanto, é possível tomar quatro lições quanto à música sobre o modelo do Templo de Jerusalém assim como o Santuário celestial. 

Primeiro, a música na igreja deveria respeitar e refletir a santidade do lugar de adoração. Isto significa que os instrumentos de percussão e a música de entretenimento que estimula às pessoas fisicamente devem ser banidos da igreja.

Segundo, a música tanto dos Santuários terrestre como celestial nos ensina que os acompanhamentos musicais devem usar-se para ajudar à resposta vocal ao Senhor e não afogar o canto. Isto significa que uma música rítmica e ruidosa que enfatiza o som sobre a letra é inapropriada para adorar.

Terceiro, a música na igreja devesse expressar o deleite e o gozo de estar na presença de Deus. Além disso, deve existir equilíbrio entre a parte emocional e intelectual da vida na religião e a adoração. "A expressão musical na adoração deve ter um aspecto emocional e intelectual devido a que assim é a natureza do homem, a natureza da música e a natureza da religião. Em seu melhor momento, a música deve demonstrar sua unidade entre vida-religião-música na adoração através de uma aproximação à composição bem proporcionado, raciocinado e sentimental." 3

Quarto, a música na igreja deveria ser reverente, de acordo com a natureza sagrada da adoração.

A música e a segunda vinda do Jesus

A crença no iminente retorno de Cristo é a principal motivação da adoração e o estilo de vida adventista. Ser um cristão adventista significa, primeiro de tudo, viver com o olhar posto no glorioso dia da vinda do Senhor. O anterior significa observar nossa vida presente como uma peregrinação para uma terra melhor.

A espera da breve volta do Jesus lhe confere  uma especial textura à música e a adoração adventista. Através do culto, derrubamos a barreira do tempo e o espaço, de modo que experimentamos uma "amostra grátis" das bênçãos da futura adoração celestial que nos aguarda quando Cristo venha.

A adoração com os crentes nos capacita para esquecer temporalmente as realidades desagradáveis da vida presente, além disso, permite-nos nos apropriar das bênçãos do mundo vindouro.

A música na igreja desempenha um papel vital no fortalecimento e na nutrição da esperança na vinda do Jesus. Através dos cantos, os crentes ensaiam para o dia no que verão e falarão com Cristo cara a cara. Por isso, a gloriosa visão da volta do Senhor inspirou a composição de muitos hinos que enriqueceram o culto dos fiéis ao longo dos séculos. De modo que hoje, os adventistas necessitam novos cantos que atraiam às gerações jovens, as quais foram cativadas pelos sons movidos, rítmicos, ruidosos e eletronicamente amplificados da música rock.

Atualmente, nosso desafio é ajudar a uma geração impregnada de rock e outros ritmos a a capturar a visão do glorioso dia quando poderão ser capazes de experimentar a emoção áudio-visual maior que se imaginaram - a aparição da Rocha da eternidade! A banda de anjos que o acompanhará produzirá tal estrondo que este planeta jamais escutou. O esplendor de Sua presença e as vibrações dos sons de sua voz serão tão poderosos que acabarão com os incrédulos e trarão uma nova vida aos crentes.

Um evento tão glorioso pode entusiasmar a imaginação dos músicos para compor novos louvores A. Aragón Glez

Referências:

1. Norval Peace. And Worship Him. Nashville, TN. 1967. pág. 8; 

2. Thomas Allen Seel. A Theology of Music for Worship Derived from the Book of Revelation. Metuchen, N.J. 1995. pág. 84; 

3. Calvin M. Johansson. Music and Ministry: a Biblical Counterpoint. Peabody, MA. 1986. pág. 67-68.


La Teologia de la Musica Adventista

La controversia sobre el uso de música pop en los cultos religiosos es fundamentalmente teológica, debido a que la música es como un prisma de cristal  a través del cual brillan las verdades eternas de Dios. La música divide esta luz en un espectro de muchas verdades hermosas. Los himnos cantados y los instrumentos tocados en el templo expresan lo que la iglesia cree acerca de Dios, su naturaleza y revelación para nuestra vida presente y futura.

La música define la naturaleza de la experiencia de la adoración al revelar la manera y el objeto de culto. Cuando la música está orientada hacia el gusto personal, entonces, la adoración refleja nuestra elevación cultural de pueblo sobre Dios. La tendencia hedonista de nuestra idiosincracia se percibe en el incremento popular de diversas formas de música rock utilizadas en la iglesia, debido a que proveen una cómoda satisfacción personal.

Muchos cristianos se quejan de que los himnos tradicionales de la iglesia están muertos, puesto que ya no les atraen. Por el contrario, la música religiosa contemporánea, como el rock, les brinda esa "chispa" -una sensación placentera. Sin embargo, aquellos que suplican por música eclesiástica que ofrezca satisfacción personal, ignoran que ello implica buscar una estimulación física egocéntrica en vez de una celebración espiritual teocéntrica de las actividades creativas y redentivas de la divinidad.

El creciente número de iglesias cristianas, en general, así como adventistas del séptimo día, en particular, que están adoptando nuevos estilos de adoración donde se incluyen diversos estilos de música rock, sufren de una condición que podría diagnosticarse como un "empobrecimiento teológico". La principal característica de dicha condición es la elección de música sobre la base del gusto personal y las tendencias culturales, en vez de cimentarse en claras convicciones teológicas.

El énfasis en muchas canciones religiosas sobre el "a mí", "mi" y "yo", refleja la teología egocéntrica que prevalece en nuestro tiempo. Asimismo, se refleja en las letras que contienen  sólo vagas y oscuras referencias a los asuntos espirituales.

La Iglesia Adventista del Séptimo Día toma su inspiración para elaborar su música de tres principales doctrinas: 1) el sábado; 2) el sacrificio expiatorio de Jesús y su ministerio en el Santuario celestial; y 3) la certeza e inminencia del retorno del Señor. Tales creencias nos ayudan a definir la naturaleza de la adoración y la música adventista.

Desafortunadamente, el constante debate sobre el uso de la música pop en la adoración adventista ignora notablemente las presuposiciones teológicas que debieran prevalecer en la experiencia cúltica de los creyentes adventistas. Algunos líderes adventistas en  asuntos de adoración son presionados a adoptar música pop en los servicios de culto, estrictamente sobre la base del gusto personal y las consideraciones culturales. No obstante, el estilo de la música y la adoración de la Iglesia Adventista del Séptimo Día no se puede cimentar únicamente en gustos subjetivos ni tendencias populares. La misión profética y el mensaje de la iglesia debiera reflejarse en su estilo de música y adoración.

El estilo de la música y adoración de la mayoría de las iglesias adventistas está basado en una aceptación acrítica de la forma de adorar de otras denominaciones cristianas. En su libro And worship him, Norval Peace, mi antiguo profesor de adoración en la Universidad Andrews, declaró: "Somos adventistas, y debemos acercarnos a la adoración como adventistas. Un servicio de culto que suple las necesidades de metodistas, episcopales o presbiterianos debiera ser insatisfactorio para nosotros".1

La respuesta a la renovación de la adoración adventista no se encuentra en la adopción de música rock religiosa, sino en una reexaminación de la forma en la que nuestras creencias adventistas distintivas debieran impactar las diversas partes del servicio eclesiástico, incluyendo la música. Una empresa tan ambiciosa está más allá de los límites de este artículo, el cual se enfoca principalmente en los aspectos musicales del servicio de adoración.

El sábado ofrece razones para adorar

De las tres principales doctrinas que identifican a la Iglesia Adventista del Séptimo Día, el sábado ocupa un sitio único, pues provee la base de la verdadera adoración a Dios. Dicha base se localiza en las tres verdades fundamentales que el sábado contiene y proclama, a saber, que el Señor nos ha creado perfectamente, que nos ha redimido completamente, y que nos restaurará al final del tiempo.

Adorar significa reconocer y alabar la dignidad de Dios. ¿Sería el Señor digno de alabanza si no hubiera creado originalmente este mundo y sus criaturas de manera perfecta? El servicio de adoración sabático es una ocasión para celebrar y regocijarse en la magnitud de las acciones divinas: su maravillosa creación, su exitosa redención de la humanidad, sus multiformes manifestaciones de amor y protección. Estos son temas esenciales que debieran inspirar la composición y la entonación de himnos de alabanza al Señor.

La celebración de la bondad y la misericordia divina constituye la base para toda música y culto ofrecido al Señor en cualquier día de la semana. Sin embargo, el sábado, la música y la vivencia de la adoración alcanzan la máxima expresión, ya que el día provee tanto el tiempo como las razones para celebrar con gratitud y alegría el amor creador y redentor de Dios.

Un antídoto para la adoración falsa

La misión de la iglesia en este tiempo, como aparece efectivamente en el mensaje de los tres ángeles de Apocalipsis, es promover la verdadera adoración del "que hizo el cielo y la tierra, el mar y las fuentes de las aguas" (Apo. 14:7). El sábado es uno de los medios más eficaces para promover la restauración de la verdadera adoración, puesto que llama a la gente a adorar a Aquel que en seis días "hizo el cielo, la tierra y el mar, y todo lo que contienen" (Éx. 20:11).

Como un santuario en el tiempo, el sábado desafía a los creyentes a respetar la diferencia entre lo sagrado  y lo secular, no únicamente en el tiempo, sino también en tales áreas como la música y la adoración. Después de todo, la música y la adoración constituyen un importante  aspecto de la observancia del sábado.

La diferencia entre lo sagrado y lo secular, que está insertada en el cuarto mandamiento, es extraña para aquellos cristianos que consideran su día del Señor como un día festivo en vez de un día santo. La mezcla de actividades sagradas con seculares facilita la fusión de música sagrada con secular en el servicio de adoración. El factor que contribuye más  es la pérdida del sentido de lo sagrado -una pérdida que afecta muchos aspectos de la vida del cristiano contemporáneo.

La adopción de versiones modificadas de música rock en la adoración es un síntoma de un problema mayor, a saber, la pérdida del sentido de lo sagrado en nuestra sociedad. El proceso de secularización, el cual ha alcanzado nuevas alturas en la actualidad, ha empañado gradualmente la diferencia entre lo sagrado y lo secular, lo recto y lo erróneo, lo bueno y lo malo.

El sábado desafía a los creyentes a cerrar la puerta a la presión humanista del relativismo cultural, al recordarles que la diferencia entre lo sagrado y lo secular se extiende a todas las facetas de la vida cristiana, incluyendo la música y la adoración en la iglesia. Utilizar música secular para el servicio de la iglesia en sábado es tratar al día santo como un día secular, y a la iglesia como un lugar secular. Finalmente, no se ofrece una adoración verdadera  a Dios, puesto que un culto genuino implica reconocer los límites entre lo que es sagrado para el servicio del Señor y lo que es secular para el uso personal.

La música en el contexto del Santuario celestial

Para muchas iglesias cristianas el culto se centra en lo que Jesús ya ha cumplido en el pasado a través de su vida perfecta, su muerte expiatoria y su gloriosa resurrección. En contraste, la adoración adventista del séptimo día se centra no solamente en estos acontecimientos redentivos pasados de nuestro Salvador, sino también en su ministerio presente en el Santuario celestial y en su futura venida para consumar su redención. Por lo tanto, estas tres dimensiones del ministerio de Jesucristo -pasado, presente y futuro- están implícitas en la adoración adventista.

Es notorio que las tres doctrinas adventistas distintivas -el sábado, el Santuario y la segunda venida- comparten un común denominador, a saber, la reunión con el Señor. El sábado nos reunimos con el invisible Señor en tiempo. En el Santuario celestial nos encontramos por fe con el Salvador ministrando en lugar. Cuando Jesús venga nos reuniremos  con el Señor visible en espacio.

Encontrarse con el Señor  en tiempo, en su día sábado, en lugar, en su Santuario santo, y en espacio, en su glorioso día, debieran constituir los puntos focales de la adoración adventista. Cuando los adventistas se reúnen para adorar, su deseo debiera ser encontrarse con el Señor. Por fe debieran anhelar estar delante de Dios, no solamente en la cruz del Calvario, donde él pagó la pena de sus pecados, sino también en el trono celestial, donde ministra en su favor.

Asimismo, la música y la adoración en la iglesia debieran tomar su inspiración de aquella que se practica  en el Santuario celestial, debido a que ambos están unidos por el culto al mismo Creador y Redentor. ¡Qué desafío para la iglesia de los últimos días permitir que la gloria y la majestad de la adoración celestial resplandezcan a través de su música, sus oraciones y su predicación.

Cuando los rayos de la majestad y la gloria del Salvador resucitado y Sumo Sacerdote celestial lleguen a través de la música y la adoración en la iglesia, entonces, no habrá necesidad de incursionar con rock o danza cristiana para reavivar el culto. La visión de la gloria y majestad de Dios provee todos los ingredientes dramáticos que los creyentes podrían desear de una experiencia emocionante de adoración.

En el libro de Apocalipsis aparece una visión del Santuario celestial. Algunos eruditos han contado seis, siete o hasta once coros a lo largo de este libro profético. Sin embargo, el número exacto de himnos y coros en Apocalipsis no es tan relevante como su testimonio de la importancia de la música en la adoración escatológica al Señor en el Santuario celestial. Los tres principales coros que participan en la adoración celestial son: (1) los veinticuatro ancianos (Apo. 4:10-11; 5:8-9; 11:16-18; 19:4); (2) la incontable multitud de ángeles y redimidos (Apo. 5:11-12; 7:9-12; 14:2-3; 19:1-3, 6-8); y (3) la compañía que incluye a toda criatura en el cielo y la tierra (Apo. 5:13).

Un estudio cuidadoso de varios himnos del Apocalipsis revela que a pesar de todas las referencias al sufrimiento del pueblo de Dios, el libro podría probar ser una de las composiciones más felices jamás escritas. La música victoriosa del Apocalipsis está inspirada, no por el golpeteo hipnótico de los instrumentos de percusión, sino por la maravillosa revelación de las acciones redentivas del Señor para con su pueblo. Mientras los adoradores en el Santuario celestial tienen el privilegio de contemplar la manera providencial en la que Jesús, el Cordero inmolado, ha rescatado a personas de diversas naciones, cantan con una gran emoción una doxología en alabanza a la divinidad.

Los encargados de la adoración, que a veces están urgidos por introducir tambores, guitarras eléctricas y ritmos movidos para darle un matiz rockero a la música en la iglesia, deberían notar que tanto en el Templo de Jerusalén como en el Santuario celestial no se permitían instrumentos de percusión. El único instrumento usado por los coros celestiales es un conjunto de arpas (Apo. 5:8; 14:2). La razón, según la explica Thomas Seel, es que ..."el timbre distintivo del arpa en la adoración se mezcla armoniosamente con las voces colectivas de los adoradores. Debiera notarse que el apoyo instrumental no suplanta la importancia de las palabras del texto ni contiene una mezcla de diferentes instrumentos. El conjunto de instrumentos contiene un tipo singular de instrumentos (el arpa) que armoniza con la voz".2

La diferencia entre música sagrada y secular que aparece en el Santuario celestial también era evidente en el Templo de Jerusalén. Sólo un grupo selecto de levitas conformaba el coro del Templo. Ellos tocaban sólo cuatro instrumentos en momentos específicos durante el servicio: trompetas, címbalos, liras y arpas (1 Cr. 15:16; 16:5-6). De los cuatro, sólo los últimos dos, la lira y las arpas (ambos instrumentos de cuerdas que armonizaban con las voces humanas), eran usados para acompañar los cantos.

Las trompetas eran utilizadas sólo para dar algunas señales, como cuando la congregación se postraba o el coro cantaba durante la presentación de las ofrendas encendidas  (2 Cr. 29:27-29). Los címbalos se usaban para anunciar el inicio de una canción o de una nueva estrofa. A diferencia de lo que a veces se cree, estos instrumentos no eran utilizados para conducir la música dándole ritmo a los himnos. La razón es que la música en el antiguo Israel, como ha mostrado Anthony Sendrey, carecía de  compás regular y estructura métrica.

Quienes creen que la Biblia les brinda permiso para tocar cualquier instrumento y música en la iglesia, ignoran que la música en el Templo no se basaba en el gusto personal o las preferencias culturales. Esto es evidente debido a que otros instrumentos, como los tamborines, la flauta y el órgano (un tipo de flauta) no eran permitidos en el Templo, dada su asociación con el entretenimiento secular. No obstante, es importante mencionar que no hay nada moralmente malo con el uso de instrumentos como el tamborín o la flauta. La razón de que fueran excluídos de la orquesta del Templo era debido a que se usaban comúnmente para el entretenimiento. Dicha exclusión se extendía a la participación de las mujeres en el ministerio de la música del Santuario, puesto que su música consistía principalmente en danzas con tamborines -una música que no era apta para la adoración.

La música era controlada rígidamente en la adoración del Templo para asegurar que estuviera en armonía con la santidad del lugar. Por lo tanto, es posible tomar cuatro lecciones en cuanto a la música sobre el modelo del Templo de Jerusalén  así como el Santuario celestial. Primero, la música en la iglesia debería respetar y reflejar la santidad del lugar de adoración. Esto significa que los instrumentos de percusión y la música de entretenimiento que estimula a la gente físicamente está fuera de lugar en la iglesia.

Segundo, la música tanto de los Santuarios terrenal como celestial nos enseña que los acompañamientos musicales deben usarse para ayudar a la respuesta vocal al Señor y no ahogar el canto. Esto significa que una música rítmica y ruidosa que enfatiza el sonido sobre la letra es inapropiada para adorar.

Tercero, la música en la iglesia debiera expresar  el deleite y el gozo de estar en la presencia de Dios. Además, debiera existir un equilibrio entre la parte emocional e intelectual de la vida en la religión y la adoración. "La expresión musical en la adoración debe tener un aspecto emocional e intelectual debido a que así es la naturaleza del hombre, la naturaleza de la música y la naturaleza de la religión. En su mejor momento, la música debiera demostrar su unidad entre vida-religión-música en la adoración  a través de un acercamiento a la composición bien proporcionado, razonado y sentimental".3

Cuarto, la música en la iglesia debería ser reverente, a tono con la naturaleza sagrada de la adoración.

La música y la segunda venida de Jesús

La creencia en el inminente retorno de Cristo es la principal motivación de la adoración y el estilo de vida adventista. Ser un cristiano adventista significa, primero que todo, vivir con la mirada puesta en el glorioso día de la venida del Señor. Lo anterior significa observar nuestra vida presente como un peregrinaje hacia una tierra mejor.

La expectación de la pronta venida de Jesús le brinda una especial textura a la música y la adoración adventista. A través del culto derribamos la barrera del tiempo y el espacio, de modo que experimentamos una probadita de las bendiciones de la futura adoración celestial que nos aguarda cuando Cristo venga.

La adoración con los creyentes nos capacita para olvidar temporalmente las realidades desagradables de la vida presente, además, nos permite apropiarnos de las bendiciones del mundo venidero.

La música en la iglesia juega un papel vital en el fortalecimiento y la nutrición de la esperanza en la venida de Jesús. A través de los cantos, los creyentes ensayan para el día en el que verán y hablarán con Cristo cara a cara. Por ello, la gloriosa visión del regreso del Señor ha inspirado  la composición de muchos himnos que han enriquecido el culto de los fieles a lo largo de los siglos. De modo que hoy, los adventistas necesitamos nuevos cantos que atraigan a las generaciones jóvenes, las cuales han sido cautivadas por los sonidos movidos, rítmicos, ruidosos y electrónicamente amplificados de la música rock.

Actualmente, nuestro desafío es ayudar a una generación impregnada de rock a capturar la visión del glorioso día cuando puedan ser capaces de experimentar la emoción audiovisual más grande que se hayan imaginado -la aparición de la Roca de la eternidad. La banda de ángeles que lo acompañará producirá tal estruendo que este planeta jamás ha escuchado. El esplendor de su presencia y las vibraciones de los sonidos de su voz serán tan poderosos que acabarán con los incrédulos y traerán una nueva vida a los creyentes.

Un evento tan glorioso puede entusiasmar la imaginación de los músicos para componer nuevas alabanzas que atraigan a aquellos que buscan significado y esperanza en sus vidas.

Referencias:

1. Norval Peace. And Worship Him. Nashville, TN. 1967. pág. 8; 

2. Thomas Allen Seel. A Theology of Music for Worship Derived from the Book of Revelation. Metuchen, N.J. 1995. pág. 84; 

3. Calvin M. Johansson. Music and Ministry: a Biblical Counterpoint. Peabody, MA. 1986. pág. 67-68.

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com