Nuvem Gigante de Poluição Afeta Clima da Ásia e Ameaça o Mundo

Por Jeremy Lovell

LONDRES (Reuters) - Uma nuvem de poluição de três quilômetros de altura sobre o sul da Ásia ameaça as vidas de milhões de pessoas na região e pode ter um impacto ainda mais abrangente, de acordo com estudo patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O texto diz que a nuvem, um coquetel tóxico de cinza, ácidos, aerossol e outras partículas, está prejudicando a agricultura e mudando o curso das chuvas através da região que vai do Afeganistão até o Sri Lanka.

Milhões de pessoas estão em risco por causa da seca e das enchentes decorrentes da radical mudança no padrão das chuvas, com fortes implicações no crescimento econômico e na saúde.

"Temos um alerta. Temos clara informação e já vemos algum impacto. Mas precisamos mais, muito mais informação," disse Klaus Toepfer, chefe do Programa Ambiental da ONU, em entrevista coletiva.

"Também há implicações globais, porque uma massa de poluição como essa, que tem três quilômetros de altura, pode viajar por metade do globo em uma semana."

Toepfer disse que a nuvem é resultado de incêndios florestais, queima de resíduos agrícolas, grande aumento da queima de combustíveis fósseis em veículos, indústrias e usinas de energia e emissões de milhões de fornos.

Ele disse que o estudo preliminar sobre o que a ONU apelidou de "Nuvem Marrom Asiática" é um aviso para a Cúpula da Terra, a ser realizada em Johanesburgo, de que ações -- e não palavras -- são vitais para o futuro do planeta.

"O enorme problema de poluição que surge na Ásia abrange as ameaças e desafios com os quais a cúpula precisa lidar com urgência," disse.

"Temos as descobertas iniciais e os recursos tecnológicos e financeiros. Vamos agora desenvolver a ciência e encontrar a vontade política e moral para conseguir isso pelo bem da Ásia, pelo bem do mundo," acrescentou.

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

O professor Victor Ramanathan, um dos mais de 200 cientistas envolvidos no estudo, disse que a nuvem está cortando em mais de 15 por cento a quantidade de energia solar que atinge a superfície terrestre.

"Esperávamos uma queda na luz solar que atinge a terra e o mar, mas não desta magnitude," disse.

As propriedades da nuvem de absorver o calor esquentam consideravelmente a parte baixa da atmosfera e a combinação altera as monções de inverno, levando a uma forte redução nas chuvas em partes do norte e oeste da Ásia e ao crescimento das precipitações na costa leste do continente.

O relatório calcula que a nuvem -- 80 por cento feita pelo homem -- pode cortar em mais de 40 por cento as chuvas no noroeste do Paquistão, Afeganistão, oeste da China e na parte oeste da Ásia central.

Além de alterar drasticamente o padrão das chuvas, a nuvem também provoca chuva ácida, prejudicando lavouras e árvores e ameaçando centenas de milhares de pessoas com doenças respiratórias.

O prêmio Nobel Paul Crutzen -- um dos primeiros que identificaram o buraco na camada de ozônio e também envolvido no relatório da ONU -- disse que mais de dois milhões de pessoas somente na Índia morrem a cada ano por causa da poluição atmosférica.

"Se as tendências atuais continuarem, então teremos um problema muito sério," disse.

O documento pede o estabelecimento de estações especiais de monitoramento para observar o comportamento da nuvem e seu impacto para as pessoas e no ambiente.

"A preocupação é que os impactos regionais e globais da neblina deverão se intensificar nos próximos 30 anos, enquanto a poluição das regiões asiáticas atingirá um número estimado de cinco bilhões de pessoas."

Uma porta-voz do grupo ambientalista Amigos da Terra disse que é necessária ação urgente.

"As ações precisam incluir a anulação dos combustíveis fósseis e sua substituição por energia limpa, verde e renovável, além de leis duras para proteger as florestas do mundo," disse. -- Fonte: http://br.news.yahoo.com/020811/16/7l8n.html.

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com