Da Consagração à Ordenação, Com ou Sem Ordenado (Parte 1)

O apóstolo Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios (7:32-35), escreveu alguns conselhos, importantes, àquelas pessoas que querem se dedicar totalmente ao Senhor e a Sua obra. A partir deles, embora o assunto abordado seja o matrimônio, podemos fazer uma aplicação no que diz respeito à vida espiritual de cada pessoa. Por isso, abordaremos uma área básica na vida cotidiana: o trabalho assalariado ou voluntário.

1. TRABALHO VOLUNTÁRIO 

Em princípio, todos somos ou pelo menos deveríamos ser trabalhadores voluntários, na seara do Senhor. Principalmente, no que diz respeito ao evangelho (evangelistas, pastores, missionários, diáconos; etc.). Pois assim está escrito: “Pequei porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?” (2Cor. 11:7 – AVR – cf. 2Tes. 3:8).

Vivemos no mundo e precisamos de: alimentação, vestuário, habitação, transporte; etc. Por isso, a maioria procurando todas essas coisas, às vezes negligenciam o preparo, no que diz respeito ao estudo e conhecimento da Palavra. Contudo, isso não deve ser um obstáculo para alguém dar testemunho de maneira prática da graça do nosso Senhor e Salvador.

Portanto, percebe-se que é, justamente, em função de algumas pessoas se destacarem em determinadas áreas que surgem os líderes (formadores de opinião) e os liderados (os que não “têm” opinião própria, ou seja, não são inovadores).

Um exemplo típico de trabalho voluntário, onde encontramos, também, líder e liderados, é Êxodo 18:13-17. Moisés era o líder para o povo de Israel.

No dia seguinte assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé junto de Moisés desde a manhã até a tarde. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, perguntou: Que é isto que tu fazes ao povo? por que te assentas só, permanecendo todo o povo junto de ti desde a manhã até a tarde? Respondeu Moisés a seu sogro: É por que o povo vem a mim para consultar a Deus. Quando eles têm alguma questão, vêm a mim; e eu julgo entre um e outro e lhes declaro os estatutos de Deus e as suas leis”. (versos 13-16).

De acordo com esse relato, percebemos que Jetro, em relação a Moisés, era o líder (era formador de opinião).

O sogro de Moisés, porém, lhe replicou: Não é bom o que fazes. certamente desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo; porque isto te é pesado demais; tu só não o podes fazer. Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e seja Deus contigo: sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as causas a Deus; ensinar-lhes-ás os estatutos e as leis, e lhes mostrarás o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. Além disto procurarás dentre todo o povo homens de capacidade, tementes a Deus, homens verazes, que aborreçam a avareza, e os porás sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez; e julguem eles o povo em todo o tempo. Que a ti tragam toda causa grave, mas toda causa pequena eles mesmos a julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo irá em paz para o seu lugar. E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera; e escolheu Moisés homens capazes dentre todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez. Estes, pois, julgaram o povo em todo o tempo; as causas graves eles as trouxeram a Moisés; mas toda causa pequena, julgaram-na eles mesmos. Então despediu Moisés a seu sogro, o qual se foi para a sua terra”. (Êxodo 18:17-27 – AVR).

Hoje, infelizmente, muitos membros de igreja estão tomando o tempo dos pastores com coisas insignificantes, porque estes não possuem líderes capazes de resolver as pequenas coisas, simplesmente, porque não lhes ensinaram “os estatutos e as leis” nem lhes foi mostrado “o caminho em que devem andar”. Por isso, os pastores estão tornando-se “padres”, perdendo precioso tempo “ouvindo confissões e lamentações” de membros de igreja, individualmente e de casais; etc;

Esse é um trabalho que pode ser feito voluntariamente por qualquer pessoa que conheça “os estatutos e as leis” e “o caminho em que devem andar”. Necessariamente não precisa ser um pastor, só em casos muito grave, como foi dito a Moisés.

2. O TRABALHO ASSALARIADO

A Escritura Sagrada, nas palavras do Messias, afirma: “Digno é o trabalhador do seu salário”. (Luc. 10:7). O apóstolo Paulo também declarou: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. (1Cor. 9:15 – AVR – cf. 1-18).

Por esses dois versos, entendemos que em qualquer área que o ser humano venha trabalhar, ele tem direito ao seu ordenado: diário, semanal, quinzenal ou mensal. Contudo, no que diz respeito à obra missionária, não basta trabalhar, porque todos somos chamados para esta missão: dá testemunho do Messias. Portanto, todos nós somos missionários e temos um “ministério” e, também, somos “embaixadores” (2Cor. 5:18 e 20) do Reino da Graça.

· Consagração

Por isso, antes que alguém possa ser um trabalhador (missionário, evangelista, pastor; diácono; etc.) que deva ser enviado à seara do Senhor, ele deve demonstrar publicamente que está vivendo em aliança com o Senhor da seara. Isso é evidenciado pelos seguintes versos bíblicos (2Tim. 2:15; 1Tim. 3:1-13; Atos 6:3). De acordo com as referências citadas, entendemos que podemos seguir a orientação do Messias: “Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”. (Mat. 9:37-38 – AVR – cf. Luc. 10:2).

O Messias quando fez o chamado aos doze, disse-lhes que não seriam mais trabalhadores seculares. “Não temas; de agora em diante serás pescador de homens”. (Luc. 5:10 – AVR – cf. João 21). Percebemos, então, que o Messias não queria que os Seus trabalhadores ficassem enrolados com os negócios desta vida. Isto eles entenderam perfeitamente, conforme está relatado no capítulo vinte e um de João, bem como em Atos 6:2 e 4: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”. “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”.

Todos devemos nos consagrar diariamente ao Senhor para darmos testemunhos dEle aos nossos semelhantes.

· Dedicação e amor pelos cordeirinhos

Infelizmente, a ordem do Mestre foi deixada de lado. Hoje, percebemos que os “pastores” querem ser ordenados e ter ordenados, no entanto, querem e gostam de servir “às mesas”. Mesas da Missão, da Associação, da União, da Divisão e da Associação Geral. Tornaram-se muito mais burocratas e, cada vez menos estão apascentando “os cordeirinhos” do Senhor (João 21:15-17). Por isso, eles não têm mais necessidade de ser pescadores de homens (Luc. 5:10).

Esses são os principais requisitos para que alguém possa ser “ordenado” (receber à imposição das mãos) e venha ter direito a um “ordenado”. Pois, “digno é o trabalhador do seu salário”. Portanto, dízimo equivale a salário e trabalhador, a obreiro que se dedica exclusivamente à “oração” e ao “ministério da Palavra”. É claro, que para o trabalho voluntário, esses princípios, também são fundamentais.

Então, diante disso, entendemos que, se uma pessoa não pode ou não quer dedicar-se integralmente à obra, na seara do Senhor, é natural que ele financie alguém para realizá-la. Porque o que foi verdade quando o Messias disse: “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Hoje, ainda é verdade. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja”. (1Tim. 3:1 –AVR). Contudo, não devemos confundir consagração com ordenação e ordenado com “ordenado”. Porque uma pessoa que demonstre santa consagração poderá não receber à ordenação. Por outro lado, um indivíduo que recebeu à ordenação (imposição das mãos) poderá não está preocupado em ser (continuar sendo) ordenado, mas apenas em ordenado.

Portanto, deve haver mais e mais ordenações. Porém, devemos ser cuidadosos e criteriosos com as ordenações de pastores ou quaisquer que sejam os títulos. Principalmente, deve ficar bem claro a missão do ordenado. Não é apenas para ter ordenado. Pode ser voluntário. Não é apenas para liderar. Ele é ordenado para servir. Seja ele pastor ou diácono (Mat. 20:25-28; 23:8-12; João 13:13-17). – josielteli@hotmail.com

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