"Mais do que Anjos" (Parte 1)

Farei aqui, um comentário sobre uma citação do livro O Desejado de Todas as Nações e, para que as pessoas possam tirar as suas conclusões, acrescentarei algumas citações, para efeito de comparação dentro da Escritura Sagrada e do Espírito de Profecia.

Na citação, Ellen G. White, apresenta o Espírito Santo, como alguém (ou algo) diferente dos anjos, como veremos abaixo:

Então o olhar do Salvador penetra o futuro; contempla os mais vastos campos em que, depois de Sua morte, os discípulos têm de testificar dEle. Seu olhar profético abrange a experiência de Seus servos através de todos os séculos, até que Ele venha pela segunda vez. Mostra a Seus seguidores o conflito que hão de encontrar; revela o caráter e plano da batalha. Desenrola perante eles os perigos que terão de enfrentar, a abnegação que lhes será necessária. Deseja que calculem o custo, a fim de não serem tomados de surpresa pelo inimigo. Sua luta não tem de ser travada contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, ‘contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’. Têm de contender contra forças sobrenaturais, mas é-lhes assegurado sobrenatural auxílio. Todos os espíritos celestes se acham nesse exército. E mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha. Muitas podem ser nossas fraquezas, pecados e erros graves; mas a graça de Deus é para todos quantos a buscam em contrição. O poder da Onipotência acha-se empenhado em favor dos que confiam em Deus.” 75

Abaixo, serão feitas cinco considerações, em função de algumas expressões dessa citação.

1. Primeira consideração:

A nossa luta é contra “os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século” e não contra a “carne e o sangue”. Esses inimigos que foram citados acima, são seres poderosos, são seres sobrenaturais, que tinham grandes poderes, na hierarquia celestial, bem mais do que os anjos celestes. A Bíblia fala da existência desses seres, em Ef. 6:12, e em Judas 6 diz: “anjos que não guardaram o seu principado” e uma referência à criação deles em Col. 1:16.

Nos escritos de Ellen G. White, encontramos outra citação, com mais detalhes, sobre esses seres sobrenaturais:

Os principados e os poderes das trevas estavam congregados em torno da cruz, lançando no coração dos homens a diabólica sombra de incredulidade. Quando Deus criou esses seres para estar diante de seu trono, eram belos e gloriosos. Sua formosura e santidade estavam em harmonia com a exaltada posição que ocupavam. Enriquecidos com a sabedoria de Deus, cingiam-se com a armadura celestial. Eram os ministros de Jeová. Quem poderia, no entanto, reconhecer nos anjos caídos os gloriosos serafins que outrora ministravam nas cortes celestiais?” 76

Quero destacar, aqui, um detalhe: “cingiam-se com a armadura celestial”. Eles não possuem mais a “armadura”, que é a glória do Pai e do Filho.

Em outros lugares, nesse mesmo livro, da citação acima, ela escreveu o seguinte:

“... Desde os séculos eternos era o desígnio de Deus que todos os seres criados, desde os luminosos e santos serafins até ao homem, fossem um templo para morada do Criador. ...” 77

“... Do mais alto serafim ao mais humilde dos seres animados, todos são providos da Fonte da vida. ...” 78 

Diante dessas duas citações, percebemos que a mais alta categoria de seres celestiais são os Serafins. Na citação de referência nº 76, foi dito que dentre os anjos caídos (há principados e poderes), encontram-se, também, serafins, compondo às “forças sobrenaturais”.

2. Segunda consideração:

Ao lado do povo de Elohym, também, está “assegurado sobrenatural auxílio. Todos os espíritos celestes se acham nesse exército”. Em função desse texto destacado, principalmente pela expressão: “Todos os espíritos celestes”. Encontramos, claras, evidências de seres bem mais poderosos que os anjos, estejam compondo o “exército” celeste. Além do mais, em qualquer exército, existem líderes (hierarquia) e liderados.

Os anjos leais apressaram-se a relatar ao Filho de Deus o que acontecera entre os anjos. Acharam o Pai em conferência com Seu Filho amado, para determinar os meios pelos quais, para o bem-estar dos anjos leais, a autoridade assumida por Satanás podia ser para sempre retirada. O grande Deus podia de uma vez lançar do Céu este arquienganador; mas este não era o Seu propósito. Queria dar aos rebeldes uma oportunidade igual para medirem sua força e poder com Seu próprio Filho e Seus anjos leais. Nesta batalha cada anjo escolheria seu próprio lado e seria manifesto a todos. ...”

“... Os anjos foram dispostos em ordem por companhias, cada divisão com o mais categorizado anjo à sua frente. Satanás estava guerreando contra a lei de Deus, por causa da ambição de exaltar-se a si mesmo, e por não desejar submeter-se à autoridade do Filho de Deus, o grande comandante celestial.” 79 

O próprio Messias, no Getsêmani, falou a respeito da existência de “legiões de anjos” (Mat. 26:53), que Ele poderia solicitar do Pai, caso fosse preciso para libertá-Lo. Como Ele falou em doze, pressupõe-se a existência de “doze arcanjos”. Estes, sendo os comandantes (principal dos anjos) de cada legião. O que não se deve confundir com o Arcanjo. Este é Miguel (Aquele que é igual [semelhante] Elohym), o Messias.

3. Terceira consideração:

E mais que anjos estão nas fileiras”. Essa expressão, não está sendo bem compreendida por algumas ou muitas pessoas. De acordo com a própria Escritura Sagrada, podemos entender perfeitamente o significado da expressão “mais do que anjos”. As referências bíblicas de Col. 1:16; Ef. 6:12; Gên. 3:24 (Ex. 25:18-22); Is. 6:1-3 e 6; Ez. 1 e 10; Apoc. 4 e 5, nos esclarecem, sobre o significado da referida expressão. Além do mais, o apóstolo Pedro declarou:

“... Jesus Cristo, que está à destra de Deus, tendo subido ao céu; havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potestades.” (1Pedro 3:21-22 - AVR).

O apóstolo Paulo, na Carta aos Efésios, também, declarou que o Messias está: “muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro”. (Ef. 1:21 – AVR).

Ellen G. White, também, fez algumas declarações sobre a hierarquia do exército celestial:

Precisamos conhecer melhor do que conhecemos a missão dos anjos. Convém lembrar que cada verdadeiro filho de Deus tem a cooperação dos seres celestiais. Exércitos invisíveis, de luz e poder, auxiliam os mansos e humildes que crêem nas promessas de Deus e as reclamam. Querubins, serafins e anjos magníficos em poder, estão à destra de Deus, sendotodos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação.’ Heb. 1:14.” 80

Todas as classes, todas as nações, tribos, povos e línguas estarão perante o trono de Deus e do Cordeiro, com suas vestes imaculadas e coroas gloriosas. ...”

Escutai as suas vozes, ao cantarem exaltadas hosanas, agitando as palmas de vitória. Música melodiosa reboa pelo Céu ao entoarem a melodia destas palavras: ‘Digno, digno é o Cordeiro que foi morto e ressurgiu para sempre. Ao nosso Deus que Se assenta no trono e ao Cordeiro, pertence a salvação’. E a hoste angélica, anjos e arcanjos, querubins cobridores e serafins gloriosos, reecoam o estrebilho daquele cântico de alegria e triunfo, dizendo: ‘Amém. O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus pelos séculos dos séculos’. Apoc. 7:12.” 81

Quanto mais nossa fé se firmar em Cristo, em perfeita confiança, tanto mais paz teremos. A fé aumenta pelo exercício. A regra de Deus é: Um dia de cada vez. Dia a dia fazei a obra correspondente com a consciência de que trabalhais à vista de anjos, querubins e serafins, e Deus e Cristo. ...” 82

Se [os jovens] receberem a Cristo e crerem nEle, serão conduzidos a íntima relação com Deus. Ele lhes dará o poder de serem filhos de Deus, de se associarem com os mais altos dignitários do reino do Céu, a unir-se com Gabriel, com os querubins e serafins, com anjos e o Arcanjo. ...” – (A Verdade Sobre os Anjos. p. 285.)

Por essa citação, percebemos os destaques que foram dados às diversas categorias de Seres do exército celestial. Podemos dizer: Yahweh (Deus), o Pai. Cristo (o Arcanjo), o Supremo Comandante do exercito celestial, em seguida, os mais altos dignitários: Gabriel, serafins, querubins e anjos.

4. Quarta consideração.

A quarta consideração diz respeito à oração gramatical: “O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha.” Esta oração, que vem logo após àquela a expressão: “mais do que anjos”, que já analisamos na consideração anterior, é muito importante, e, também, deve ser bem interpretada.

Primeiro: devemos analisar como uma pessoa, como se encontra escrito no livro Evangelismo.

Os eternos dignitários celestesDeus, Cristo e o Espírito Santo...”

Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos. – Manuscrito 66, 1899. (De uma palestra para os estudantes na Escola de Avondale.)”

O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. ...”

O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus. ...” 83

Por essas afirmações, entendemos que é uma pessoa, e como tal, tem personalidade e individualidade e ocupa uma posição no governo do Universo.

Na expressão: “o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus”, alguns entendem que aqui, o que está sendo igualado é o poder e a Divindade, contudo, quem conhece bem a Gramática, reconhecerá que o que está sendo destacado aqui é a personalidade (pessoa). Porque muitos negavam e ainda negam que o Pai é uma pessoa que governa o Universo, a partir de Seu trono. Sobre o Espírito Santo, caso tenha sido realmente Ellen G. White quem escreveu sobre a pessoa do Espírito Santo, ela no livro “O Desejado de Todas as Nações”, afirmou, qual personalidade (pessoa), “que ocupa, em honra, o lugar logo abaixo do Filho de Deus” e, certamente, também, em poder, (Dan. 10:21) sendo, então, declarado “que ocupa posição imediata ao Filho de Deus”. (20ª ed. 1997. pp. 99 e 234.).

Percebemos, claramente, que a comparação foi feita em relação à personalidade e não a Divindade, quando comparamos às seguintes traduções da mesma citação:

A primeira é do livro Evangelismo, já citada acima: “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus...”

A segunda é da revista Ministério/janeiro/fevereiro 1994, página 16: “O Espírito Santo é tanto uma pessoa como Deus (o Pai) é uma pessoa”.

Analisando o último parágrafo da referência nº 83: “Deve ser também uma pessoa divina”, entendemos que a locução verbal “Deve sernão é uma afirmação, positiva. Já a expressão: “pessoa divina”, equivale à expressão: “pessoa de Deus”. Sendo assim, nos indica a procedência. É uma pessoa que está relacionada ao Criador.

Então, ela possui e reflete o caráter do Criador. No livro “A Ciência do Bom Viver. 4ª ed. 1990. p. 422”, Ellen G. White registrou o seguinte: “A unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos, não anula a personalidade de nenhum. São um em desígnio, mente, em caráter, mas não em pessoa. É assim que Deus e Cristo são um.”

Na Escritura Sagrada estão registradas as seguintes expressões: “Homem de Deus”, “o homem de Deus” , “um homem de Deus”, etc. referindo-se a Moisés e aos demais profetas, bem como a seres celestiais. (Juízes 13:6 e 8).

 O verbo “perscrutar” (1Cor. 2:10) é o mesmo de João 5:39, na Língua Grega. Na maioria das Versões é traduzido por “Examinar”. Portanto, tanto em João 5:39 como em 1Cor. 2:10, o verbo aponta para Alguém que não conhece tudo. No entanto, busca o conhecimento que está oculto na mente do Pai. Esses conhecimentos, são revelados apenas ao Filho pelo Pai (Mat. 11:27; João 14:6 e Apoc. 1:1).

Além do mais, na citação de referência nº 83, (que segue após as reticências) Ellen G. White utiliza o verso de 1Cor. 2:11: “Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus”.

Pela utilização desse verso, como é comumente traduzido, entendemos três possibilidades para a interpretação, em relação ao Pai.

A primeira é: “o Espírito de Deus” trata-se da Sua individualidade. A segunda: “o Espírito de Deus”, trata-se de um Ser, que é o mais íntimo dEle. No caso, o Seu próprio Filho. Por último, trata-se, também  dos Seus anjos que assistem junto ao Seu trono (Mat. 18:10).

Em relação à expressão “espírito do homem”, temos duas possibilidades: a primeira, trata-se da individualidade do ser humano, e a segunda é uma referência ao nosso anjo (espírito ministrador Heb. 1:14) da guarda (Atos 12:15; Apoc. 1:1 e 22:16).

A tradução da expressão: “espírito do homem que nele está”, pode ser, perfeitamente, traduzida assim: o espírito do homem que com ele está. Sendo, portanto, o seu companheiro de todas as horas.   – josielteli@hotmail.com

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

75Idem. O Desejado de Todas as Nações. 20ª ed. Tatuí – SP, CPB, 1997. p. 352.

76Ibidem. p. 760.

77Ibidem. p. 161.

78Ibidem. p. 785.

79Idem. História da Redenção. 3ª ed.  Santo André – SP, CPB, 1981. pp. 17-18.

80Idem. Atos dos Apóstolos. 3ª ed. Santo André – SP, CPB, 1976. p. 154.

81Idem. Meditações Matinais. Maranata - O Senhor Vem! 1ª ed. Santo André – SP, CPB, 1977. p. 327.

82Idem. Meditações Matinais “Para Conhecê-Lo” 1ª ed. Santo André – SP, CPB, 1965. p. 231.

83Idem. Evangelismo. 2ª ed. Santo André – SP, CPB, 1978. pp 616-617.


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