RENÚNCIA: João Paulo II Pode Não Voltar Mais para Roma


RELIGIÃO
Viagem sentimental

Crescem os rumores sobre a renúncia do papa João Paulo II, que inicia hoje um roteiro por locais importantes de seu passado na Polônia, país onde nasceu


Da Redação
Com agências

João Paulo II, 82 anos, começa hoje, na Polônia, a 98ª viagem de seu pontificado. A visita, a nona à sua terra natal, será dramática. O pontífice enfrentará um roteiro sentimental em meio a rumores fortes de que não voltará mais a Roma, renunciando à posição de líder máximo da Igreja católica por causa de sua saúde, a cada dia mais frágil. O Vaticano nega. Divulgou até o próximo compromisso de João Paulo II: Croácia, no início de 2003.

Em Cracóvia, cidade onde passou a maior parte de sua vida antes de ir para o Vaticano, Karol Wojtyla verá o porão onde morou com seu pai antes de tornar-se padre e a catedral onde costumava rezar com a família. Mais de 4 milhões de fiéis devem acompanhá-lo nos quatro dias de visita.

Ao contrário das visitas anteriores à Polônia, quando costumava percorrer até 20 cidades, João Paulo II ficará apenas em Cracóvia. Os pontos altos da viagem serão a visita ao santuário da Divina Misericórdia, dedicado à santa Faustina Kowalska, canonizada em 2000, e uma missa ao ar livre para 2 milhões de pessoas na periferia de Cracóvia.

Kazimierz Nycz, bispo da cidade, disse que a visita terá uma ‘‘dimensão sentimental’’ para o pontífice. Em 1979, quando esteve no país pela primeira vez como chefe da Igreja católica, Karol Wojtyla não conteve as lágrimas ao visitar a capital, Varsóvia. Ele ficará hospedado no mesmo Palácio Episcopal que ocupou de 1964 a 1978, quando era arcebispo. Também fará uma visita ao cemitério Rakovice, onde estão enterrados seus pais e o irmão mais velho, Edmund. Na catedral Wawel, João Paulo II fará uma oração reservada. Era ali que ele estava em 1º de setembro de 1939, quando era coroinha e tropas nazistas de Hitler começaram a bombardear a cidade.

Ao passar pela margem do rio Vístula, o papa poderá ver na rua Tyniecka o pequeno apartamento onde seu pai morreu. Na segunda-feira, último dia da viagem, João Paulo II visitará a basílica de Kalwaria Zebryzdowska, que completa 400 anos. Depois, de helicóptero, vai sobrevoar Vadovice, onde nasceu.

Assim como aconteceu em viagens mais recentes — ao Canadá, Guatemala e México —, João Paulo II percorrerá pequenas distâncias e se deslocará por meio de uma plataforma. Sofrendo do mal de Parkinson e artrite, o pontífice está visivelmente mais debilitado que em sua última visita à Polônia, em 1999, quando caiu e teve de cancelar uma missa.

Desde que foi anunciada, no começo do ano, esta viagem fez surgirem rumores de que João Paulo II renunciará ao papado. A última vez que isso aconteceu foi em 1294, quando Celestino V abdicou após cinco meses à frente da Igreja. No entanto, biógrafos e pessoas próximas a Karol Wojtyla garantem que a renúncia não combina com sua personalidade.

Num artigo publicado pelo jornal italiano Corriere della Sera, o vaticanista Vittorio Messori escreveu que, de acordo com o papa, se foi Deus quem o colocou na Terra, é ele quem deve decidir seu destino. Outra preocupação é sobre as ameaças de morte que João Paulo II recebeu num site polonês. Um internauta escreveu na semana passada que tinha arma e munição para matar o pontífice. Mais de 8 mil policiais estarão nas ruas e as autoridades proibiram o consumo
de bebidas alcoólicas.

Preparando-se para a viagem em sua residência de verão de Castelgandolfo, perto de Roma, o papa saudou ontem os eufóricos poloneses e estrangeiros que peregrinam rumo a Cracóvia. Cerca de 95% dos 39 milhões de habitantes da Polônia são católicos. Na Itália, João Paulo II pediu que rezem por sua viagem e consolou os afetados pelas enchentes na Europa central.


memória
Uma nação convertida ao capitalismo


João Paulo II volta hoje para um país que ele teve imensa responsabilidade em construir. Desde sua primeira visita à Polônia como chefe da Igreja, em 1979, o papa defendeu mais liberdade para a população governada por um regime autoritário, ligado aos soviéticos. Durante toda a década de 80, Karol Wojtyla trabalhou junto com os Estados Unidos e o sindicato clandestino polonês Solidariedade para derrubar o regime socialista e ateu.

Em suas viagens de 1995, 1997 e 1999 à Polônia, João Paulo II acompanhou as rápidas transformações que o capitalismo impôs ao país depois do fim da União Soviética, em 1991. Apesar de a economia ter crescido 4,5% nos últimos anos, o desemprego é alto (cerca de 13%). A Polônia é hoje um dos principais candidatos a ingressar na União Européia. Para isso, o governo aprovou reformas sociais que provocaram protestos entre os poloneses.

Lech Walesa, ex-líder do Solidariedade que teve grande popularidade e apoio do papa nos tempos de oposição ao socialismo, conseguiu apenas 1% dos votos na última eleição presidencial, em 2000. A Polônia atual passa por outra revolução, diferente dos tempos soviéticos. Cresceu o consumismo, diminuiu o interesse pela religião — aumentando a quantidade de católicos não-praticantes. Mas João Paulo II mantém sua influência. O presidente polonês, Aleksander Kwasniewski, reconheceu que ‘‘as palavras do papa serão importantes e servirão de orientação para o povo nos próximos anos’’. (Da Redação)

Fonte: http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020816/pri_mun_160802_184.htm


Entenda que importância tem a renúncia do Papa, sob a ótica da Teoria de Interpretação Contemporânea dos Sete Reis de Apocalipse 17.

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