Calendário Religioso/Profético de Yahweh (1ª Parte)

 

INTRODUÇÃO

Uma das mais importantes preocupações de cada ser humano, depois de buscar entender, na medida do possível, o grande sacrifício de sua própria salvação e conhecer o que a Escritura Sagrada nos revela sobre o Pai e o Filho (João 17:3), sem dúvida, deve ser aprofundar-se no conhecimento teórico-prático do Texto Sagrado, e um dos assuntos proféticos que devemos estar bastante familiarizados, e ter completo domínio, é com certeza, o que trata dos Calendários de Yahweh. Neste estudo, o foco principal é o Calendário Profético/Religioso (principalmente no que diz respeito à profecia de Dan. 7:25), contudo, serão apresentadas algumas referências sobre o Calendário Civil ou Agrícola.

Algumas pessoas declaram que o Calendário judaico, é um Calendário lunar. Pelo fato do o início dos seus meses, terem sido fixados pelo Criador. Já, o ciclo lunar tem aproximadamente, vinte e nove dias e meio. No entanto, essas pessoas se esquecem que o Criador fixou os dias em função do pôr do sol. Portanto, se os meses dependem do ciclo lunar em torno da Terra; por outro lado, os dias dependem dos movimentos que a Terra faz em relação ao Sol. Por isso, entende-se que o dia é um período de  vinte e quatro horas.

Abaixo, serão listadas algumas informações importantes sobre os Calendários: Civil /Agrícola e o Religioso/Profético. Pode-se dizer com certeza que os Calendários judaicos são calendários híbridos. Ele é híbrido porque é um Calendário tanto solar quanto lunar. Por isso, como lunar, era, e, é importante que seja comemorada a Festa da Lua Nova (no início de cada mês - Núm. 10:10; 28:11; 1Sam. 20:5, 18, 24, 27 e 34; Isaías 66:23;  e Apoc. 22:2). Como Calendário solar, como já foi dito, porque assim como a lua determina o ciclo de cada mês, o sol determina o final e o início de cada dia. Isso, pode-se perceber claramente por meio das seguintes passagens: Gên. 1:14-18; 1:5, 8, 13, 19, 23, 31; 2:1-3; Êx. 20:8-11; Lev. 23:32; Neem. 13:19; Mat. 27:57; Mar. 1;21, 29, 32; 15:42; 16:1-2; Luc. 23:53-24:1; e João 20:19.

 

COMENTÁRIOS SOBRE O CALENDÁRIO JUDAICO ATUAL

O Calendário Judaico atual, é conhecido como Calendário Rabínico. Por isso é importante que conheçamos um pouco sobre a História deste Calendário. Abaixo será citado um importante comentário de um sábio professor judeu: 

“... De fato, o calendário hebraico é complexo, pois ao contrário de outros, que se baseiam no movimento do sol ou da lua como o cristão e o muçulmano respectivamente, o calendário hebraico é um híbrido destes dois sistemas.

 

O que mais nos espanta é que hoje, quando dispomos de satélites e relógios atômicos, os mais modernos instrumentos de medição enviados ao espaço provam a exatidão dos cálculos talmúdicos (relativos à duração do ciclo lunar) com até cinco casas decimais de precisão.1 – [Grifos acrescentados].

Além do comentário do professor Moshe Grylak, apresentado acima, será citado um comentário, que revela mais claramente, a posição oficial do Judaísmo moderno. Por isso, a partir dele, deve-se, procurar entender como funciona, atualmente, o Calendário Judaico (Rabínico).  Será importante que se conheça tal posição, para que se faça uma comparação com o que a Escritura Sagrada ensina. Nas citações abaixo, existem alguns comentários, que já foram listados acima. No entanto, a repetição faz-se necessária.

O Calendário hebreu ocupa uma posição muito importante na Halachá (Legislação Religiosa) judaica, pois que todas as Festas dependem da fixação dos meses do ano judaico. Este assunto é regido por Mandamento específico, mencionado na Torá, ainda antes da Revelação no Monte Sinai. Os meses judaicos são vinculados, no tocante às suas épocas, às estações do ano e às atividades agrícolas na Terra Santa. Até mesmo diversas Festas São cognominadas pelas estações em que ocorrem, como, por exemplo, Pessach [Páscoa] - designada Festa da Primavera, Sucot [Tabernáculos] - a Festa da Colheita. A autoridade para a fixação de Rosh Chodesh [meses do ano] era uma das atribuições e tarefas do Tribunal e do Sanedrin (Supremo Tribunal de 71 membros) em Érets Israel [Terra de Israel], em tempos antigos.[Grifos acrescentados].

 

Como é sabido, a lua completa seu ciclo em torno da Terra em um mês, e a Terra junto com a lua percorrem sua órbita em torno do sol em um ano. O ciclo da lua é de aproximadamente 29 dias e meio. 2

Sem que se perca de vista as duas citações, acima mencionadas, é importante que sejam bem analisadas e compreendidas às citações que serão apresentadas abaixo: 

Visto que o mês lunar tem 29 dias e meio aproximadamente, e o mês não pode começar no meio do dia, foram instituídos meses de 30 dias, chamados de ‘completos’ e os com 29 dias, chamados de ‘incompletos’. Em princípio há 6 meses de 30 e seis de 29 dias. Os doze meses lunares em que a lua dá 12 voltas em torno da Terra, contam 354 dias. Pelo calendário universal, aceito na maior parte do mundo, e que é solar (isto é, o ano é o período em que a Terra, junto com a lua, completa seu percurso em volta do sol), o ano tem 365 dias. O ano lunar apresenta, portanto, um déficit anual de 11 dias. Por conseguinte, o ano lunar sofreria, no período de três anos, um atraso de um mês, vindo os meses a cair em estações diferentes, após cada três anos. Isto contraria o Mandamento da Torá de celebrar Pessach no mês da primavera, pois que o mês de Nissan poderia cair até no meio do inverno, ou em qualquer estação. Diga-se de passagem, que o calendário muçulmano ignora o ciclo solar, o que faz com que suas festas caiam em qualquer estação do ano, conforme explicamos.
  

Para fazer as ... Festas caírem sempre nas mesmas estações, acrescenta-se a cada dois ou três anos mais um mês ao ano, criando-se, assim, um ano bissexto de 13 meses. A fim de fixar definitivamente os anos bissextos e evitar erros, foi instituído o ciclo de 19 anos. Neste período há 228 meses, havendo um déficit, em relação ao ano solar, de 210 dias, que correspondem a 7 meses de 30 dias cada. Portanto, há 7 anos bissextos, de 13 meses, em cada ciclo de 19 anos - os 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º anos - sendo os outros 12, simples, de 12 meses. Nos anos bissextos há dois meses de Adar: Adar I (de 30 dias) e Adar II (de 29 dias). 3  - [Grifos acrescentados].

Claro está, pelo texto apresentado acima, que o objetivo foi harmonizar o Calendário apresentado pelo Criador, com o Calendário Universal, ou seja, o Calendário Solar. Porque como foi dito, o Calendário que tem os meses fixados em função da Lua Nova, no caso o Judaico, a duração do ano é de 354 dias. No entanto, os Calendários que se baseiam no movimento do Sol, tem uma duração de 365 dias. Portanto, uma diferença de 11 dias.

Em função das citações do Sidur Completo (que traz a posição oficial do Judaísmo Rabínico), será importante para todos os leitores, que sejam acrescentadas mais algumas observações; mas antes, será apresentada outra citação do próprio Sidur:

Gerações mais tarde, na época do Talmud, quando as condições de vida do povo judeu deterioraram e apareceram no horizonte sinais de perseguições e o tribunal Central perdia sua autoridade, o Patriarca Hilel II instituiu o Calendário Hebreu definitivo (359 e.c.), com critérios e regras fixos, para assegurar sua unidade e uniformidade em todas as partes do mundo. A partir daí, as comunidades judaicas se tornaram independentes, neste respeito, da comunicação de Erets Israel”. 4

Percebe-se claramente que houve uma mudança, na maneira de se fixar o início de cada Ano. No entanto, esta alteração veio a ocorrer somente dentro do Judaísmo Rabínico.

 

A CONTAGEM DO TEMPO ANTES DO DILÚVIO

Diante disso, a grande pergunta é: como eram contados os dias, os meses e os anos, na época de Noé? Os meses eram de 29 ou 30 dias? Ou será que havia meses de 29 e meses de 30 dias? Não tenha pressa em responder. Deixe que a própria Escritura responda.

No livro de Gênesis, encontra-se um importante relato sobre o Calendário de YAHWEH. Em Gên. 1:14, o Criador declarou: “... Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos”. – (ARA).

Foi a partir desse conhecimento (em relação aos luminares), que as pessoas passaram a contar o tempo. Por isso, aqui, serão estudadas as primeiras referências que a Escritura registra sobre os meses.

No Texto Sagrado diz: “Era Noé da idade de quinhentos anos e gerou a Sem, Cam e Jafé”. (Gên. 5:32 - ARA). No capítulo seguinte declara que o patriarca Noé estava com 600 anos, na época do dilúvio.(Gên 7:6). Neste mesmo capítulo foi dito que as águas do dilúvio começaram a cair no dia 17, do segundo mês, do ano 600 da vida dele. (v. 11). O dilúvio, em si, teve uma duração de 40 dias e 40 noites (Gen. 7:4, 12 e 17). Contudo, as águas prevaleceram sobre a terra por mais de um ano.

Analisando os capítulos 7 e oito de Gênesis temos:

7:1-4 – Noé, sua família e os animais passam 07 (sete) dias dentro da arca. Eles entraram na arca, no dia 10 do segundo mês (cf. versos 7 e 11).

7:11 – número de dias: 17; - número do mês: segundo; - ano: 600 da vida de Noé.

7:24 – número de dias: - 150; - número do mês: - sétimo mês; número do ano: 600 da vida de Noé. (150, dividido por 30 é igual a 0505 meses; então, desde o primeiro dia em que começou a cair água, até o primeiro dia em que ela começou a minguar, tem-se um período que corresponde a 5 meses. Portanto, do segundo mês de 30 dias, mais cinco, chega-se ao sétimo mês).

8:3 – número de dias: 150 (depois de cinco meses, as águas começaram a minguar); - número do mês: sétimo mês; - ano: 600 da vida de Noé.

8:4 – número de dias: 17; - número do mês: sétimo; - numero do ano: 600 da vida de Noé. Portanto, por esse verso, comparando-o com o verso 11 do capítulo anterior, confirma-se que os meses são numerados e que cada mês tinha uma duração de 30 dias.

8:5 - número de dias: 01; - número do mês: décimo; - numero do ano: 600 da vida de Noé. Até aqui, percebe-se que o Calendário dos antediluvianos, tinha pelo menos 10 (dez) meses de trinta dias.

8:6 – número de dias: (40 dias) equivale ao dia 11; - número do mês: décimo primeiro; - numero do ano: 600 da vida de Noé. Ao se acrescentar, 40 dias, ao dia 01 do décimo mês, chega-se ao dia 11 (onze) do décimo primeiro mês (01d do m10 + 30d = 01d do m11; e 01d do m11 + 10d do m11 = 11d do m11).

8:7-12 – Nesse período que corresponde aos versos citados, foram apresentados quatro detalhes importantes.

Primeiro: Noé soltou um corvo (verso 7) que ia (fora da arca) e voltava (para dentro da arca) “até que se secaram as águas de sobre a terra”.

Segundo: Depois de algum tempo que Noé  havia soltado o corvo, e soltou uma pomba (versos 8 e 9) que foi e voltou. A pergunta é: quanto tempo durou esses movimentos do corvo, antes que Noé soltasse pela primeira vez a pomba? 07 (sete) dias? 14 (quatorze) dias? (verso 10).

Terceiro: Passados 07 (sete) dias, ele soltou de novo a pomba, fora da arca (verso 10); mas à tarde ela retornou para arca.

Quarto: Noé, passados mais 07 (sete) dias, soltou a pomba, pela última vez (verso 12). Ela não mais voltou para arca.

Diante desses quatro detalhes, versos 7-12, percebe-se que Noé costumava soltar as aves (o corvo e a pomba) com um intervalo de 07 (sete) dias, entre uma saída e outra. Por isso, tem-se, no mínimo, 21 (vinte e um) dias. Então, ao ser acrescentado 21d a 11d do m11, chega-se, no mínimo, ao dia 02 do mês décimo segundo.

8:13 – número de dias: 01; número do mês: primeiro; número do ano: 601 da vida de Noé. “... As águas se secaram de sobre a terraEntão, Noé removeu a cobertura da arca e olhou, e eis que o solo estava enxuto” –(ARA). O evento narrado neste verso, só pode ter ocorrido após o décimo segundo mês. Porque, em relação ao verso 9, é dito que a pomba voltou porque não achou lugar para pousar os pés.

8:14: número de dias: 27; número do mês: segundo; número do ano: 601 da vida de Noé. As águas do dilúvio secaram. Aqui foi dito: “... A terra estava seca”.

8:15-16: Elohym fala para Noé sair da arca com sua família e os animais. O tempo total que eles passaram dentro da arca foi de 01 ano e 17 dias. (cf. Gen. 7:1-4).

Pelo que se percebe, as pessoas que viveram antes do dilúvio, tinham um Calendário de 12 meses, e meses de 30 dias. Contudo, no Sidur, como foi citado anteriormente, está registrado que o Calendário atual, dos rabinos, tem 06 (seis) meses de 29 (vinte e nove) dias e seis (seis) meses de 30 (trinta). O que dá um total de 354  (trezentos e cinqüenta e quatro) dias.

As respostas às perguntas feitas no parágrafo introdutório a este tópico, são: os dias eram contados por meio do luminar maior: de pôr do sol a pôr do sol (Lev. 23:32). Os meses: pelo Sol (dias) e pelo ciclo da Lua Nova (fixando o início de cada mês e pela duração do ciclo lunar). Esta maneira de contar, foi o Criador quem estabeleceu no passado e perdurará pela eternidade. (Salmos 104:4; Isaías 66:23 e Apoc. 22:2). Os dois grandes luminares, juntamente com as estrelas, estão estabelecidos com leis fixas. (Salmos 148:3-6; Jer. 31:35-36). E a duração de cada mês, pelo menos na época do dilúvio, era de 30 (trinta) dias. Conseqüentemente, o ano tinha 360 dias, e, portanto, 12 meses de 30 (trinta) dias.

 

CALENDÁRIO DOS JUDEUS CARAÍTAS

Basicamente duas perguntas, devem ser respondidas, no que diz respeito à fixação do início do Ano Profético/Religioso. A primeira é: como uma pessoa pode saber que é o início do Ano? A outra pergunta é: quando, de fato, deve-se fixar o início do Ano Profético/Religioso? Para que essas duas perguntas sejam respondidas, deve-se estudar o que o Criador revelou, ao Seu povo, na Escritura Sagrada. Por isso, a resposta para primeira pergunta, encontra-se vinculada ao que foi dito sobre a fixação dos meses em Israel. O primeiro dia de cada mês, como já foi comentado acima, é fixado em função do primeiro dia da Lua Nova. Conseqüentemente, o primeiro dia do Ano Profético/Religioso, também, será o primeiro dia da Lua Nova. A pergunta é: em qual mês, Elohym ordenou expressamente, que se deveria comemorar o início do referido Ano? O Criador definiu claramente, na Escritura Sagrada, o nome desse mês. (Ex. 12:2; 13:4; 23:15; 34:18; Deut. 16:1). Sabendo, portanto, o mês que foi previamente definido pelo Eterno, nosso Criador. Pode-se responder à segunda pergunta. Quando?

O Calendário dos judeus Caraítas, é uma maneira de contar o tempo (no que diz respeito ao Calendário Profético/Religioso), de acordo com as ordens expressas de Yahweh, antes da saída do povo de Israel do Egito. Abaixo, as citações que serão apresentadas, foram traduzidas do site: www.caraitas.org. O outro site: www.karaite-korner.org, também pode ser acessado.

“O ano Bíblico começa com a primeira Nova Lua depois que a cevada em Israel alcança a fase de sua maturidade [madura], chamada Abibe. O período entre, um ano e o próximo é 12 ou 13 meses lunares. Devido a isto, é importante verificar o estado da Cevada a segar ao final do 12º mês. Se a cevada está Abibe neste momento, então a seguinte Nova Lua é Hodesh Ha-Aviv (‘Nova Lua de Abibe’). Se a cevada todavía está infantil [nova], devemos esperar outro mês e, então devemos comprovar de novo o estado da cevada ao final do 13º mês.

Por convênio, a um ano de 12 meses, se o chama, Ano Regular; enquanto que a um ano de 13 meses, se o chama Ano ‘bissexto’. Isto não deve confundir-se com os Anos ‘bissextos’ segundo o Calendário Gregoriano (Cristão) que entranha a ‘intercalação’ (soma) de um só dia (o 29 de fev.). Em contraste, o Ano ‘bissexto’ Bíblico supõe a intercalação de um mês lunar inteiro (‘Mês Décimo terceiro’, também chamado ‘Adar Bet’). Em geral, só se pode determinar se um ano é um Ano ‘bissexto’ uns dias antes do fim do 12º Mês”. – (www.caraitas.org - Abib [la Cebada] El comienzo del año bíblico).

Em outro lugar, no site, eles declaram:

“A Bíblia indica que o primeiro mês do ano coincide com a primeira lua nova depois que a cevada está madura (Em Hebraico: Abib). A isto se chama o mês de ‘Abib’ e é o mês em que abandonamos o Egito. Aos 15 deste mês começa a Páscoa*1 (Êxodo 12:2, 13:4; 23:15)”.

*1 A palavra Pesaj, normalmente traduzida como Páscoa, refere-se exclusivamente ao Sacrifício da Páscoa. A festa conhecida como Páscoa, em Espanhol, é mencionada na Bíblia como Hag Hamatzot, a Festa de Pães Asmos. Para evitar confusões, quando nos referirmos à festa neste trabalho usaremos o termo ‘Páscoa’ ou bem ‘Festa de Pães Asmos’, e para referirmos ao sacrifício usaremos o termo ‘Sacrifício da Páscoa’”.

Uma característica dos Caraítas observadores tem sido sempre seu acatamento à prática Bíblica de usar o método físico de visão da lua para declarar os novos meses e fixar os dias das festas. Originalmente os Rabanitas também seguiam este calendário e se discute seu alcance no Talmud (vea Mishnah Rosh Hashanah). Os Rabanitas continuaram com o método de observar a aparição da Lua Nova até, pelo menos, o 2º século d.C., porém gradualmente o substituíram com os primitivos cálculos, com os quais intentavam aproximar ao ciclo lunar.*2 Em contraste, os Caraítas permaneciam fieis ao verdadeiro calendário Bíblico e continuaram seguindo o método de observação da Lua Nova ao longo da idade média. O compromisso dos Caraítas com o calendário Bíblico estava tão inculcado em sua consciência que um juramento solene se havia incorporado a sua cerimônia  de boda ‘guardar aos tempos Santos ordenados segundo a visibilidade da Lua Nova e o hallazgo de Abib (maduração das espigas de cevada) na Terra de Israel’. Do mesmo modo, nas Grandes Festas da congregação de Caraítas declarava a verdade do calendário em relação à Lua Nova e Abibe.

A Bíblia indica claramente que a lua determina o calendário Bíblico. A evidência disto vem do Salmo 104:19, nele se declara: ‘Fiz a lua para os Mo'adim [os tempos ordenados/assinalados].’ Guardar as festas em seu momento correto é um mandamento direto da Torah, como está escrito: ‘Estes são os Mo'adim [os tempos ordenados/assinalados] de YHWH, as reuniões santas que convocáreis nos dias assinalados/ordenados [Mo'adam]’ (Levítico 23:4). Durante a maioria dos serviços nas festas Caraítas, este versículo se lê em alto pelo hazzan e é repetido por toda a congregação, expressando a adesão dos Caraítas a este claro mandato bíblico”. - (www.caraitas.org - Como está escrito: El Breve Argumento del Caraísmo Por Shawn Lichaa con Nehemia Gordon y Meir Rekhavi - X- El Calendario Bíblico/Caraíta - La Maduración de la Cebada y la fijación del Año Nuevo).

Quem desejar conhecer mais sobre: Abibe, abibe tostado e abibe e a colheita, acesse ao site: www.caraitas.org.

Em relação à colheita da cevada, Ellen G. White escreveu o seguinte:

A Páscoa era seguida pelos sete dias da festa dos pães asmos. O primeiro e o sétimo dia eram dias de santa convocação, nos quais nenhum trabalho servil devia ser feito. No segundo dia da festa, as primícias da ceifa do ano eram apresentadas perante Deus. A cevada era o primeiro cereal a produzir-se na Palestina, e no início da festa estava começando a amadurecer. Um molho deste cereal era movido pelo sacerdote diante do altar de Deus, em reconhecimento de que todas as coisas eram dEle. Antes que esta cerimônia se realizasse não se devia fazer a colheita”. – (Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 577.).

De acordo com essa citação (excetuando-se a que está sublinhada), percebe-se que os a afirmativa de Ellen G. White está de acordo com a Escritura Sagrada e os escritos dos Caraítas. No entanto, esse período escrito por ela: “No segundo dia da festa, as primícias da ceifa do ano eram apresentadas perante Deus”. Não é um Assim diz YAHWEH? Ele não está de acordo com o Texto Sagrado. É importante que seja destacado, que o mesmo, também é motivo de debates entre os judeus caraítas e os judeus rabínicos. Porque eles, têm opiniões contrárias quanto à fixação do início do Ano Bíblico, também têm interpretações divergentes quanto à fixação do dia das Primícias, bem como, no que diz respeito à celebração do Ano Novo.

 

O INÍCIO DO CALENDÁRIO RELIGIOSO

Abaixo serão apresentadas algumas opiniões de rabinos e caraítas quanto à fixação da primeira Lua Nova do mês de Abibe, e, conseqüentemente, do primeiro dia do Ano Religioso.

“De fato, até o 2º século d.C. os Rabanitas seguiram guardando o calendário de Abibe. Ainda que os Rabanitas complementavam a observação da cevada com seus cálculos astronômicos do equinócio (que eles aprenderam de astrólogos) e com outros fatores - não Bíblicos - cujo uso, os Caraítas objetam, não obstante os escritos revelam que eles reconheciam que a cevada tem una importância especial à hora de intercalar o ano. Um Brayta (século 2º d.C. de origem Tanaitico) citado no Talmud Babilônico disse como segue:

Nossos Rabinos ensinaram: Baseado em três coisas se intercala o ano: em Abibe, nas frutas das árvores, e no equinócio. Baseado em dois deles o ano se intercala; porém, baseando-se só em uma, o ano não se intercala. E quando Abibe é uma delas, todos estamos satisfeitos. (Sanhedrin Bavli 11b).

Otro Brayta relata:

Nossos Rabinos ensinaram, O ano se intercala baseado em [Abibe] em três regiões: Judéia, Transjordânia, e Galiléia. Baseado em duas delas o ano se intercala; porém, baseado em uma delas somente, o ano não se intercala. E quando a Judéia é uma delas, todos estamos satisfeitos. Porque a Oferta de Omer [A Oferta do feixe Mecida de Cevada] só pode vir de Judéia. (Sanhedrin Bavli 11b).

Assim, incluído a literatura Rabínica da ênfase à importância do grau de maduração da cevada à hora de determinar o começo do Novo Ano”.

“... se houvesse um Sanhedrin hoje, o próximo Dia de Lua Nova de Nisã não cairia no domingo [o 25 de março de 2001], senão na terça [o 27 de março de 2001], já que a primeira ocasião possível para ver a Nova Lua seria a segunda-feira [noite].

(Extraído de uma entrevista com o experto na Lua Nova o Dr. Roy Hoffman da Universidade Hebraica de Jerusalém em Tse'irei Chabad [o Movimiento Chabad Juvenil], Sichat Hashavua, Parashat Vayakhel-Pekudei, 5761 [Assunto No. 742] p.4)”.

“Ainda que o calendário dos Rabanitas serviu a uma necessidade das comunidades judias distantes de Israel, em um momento em que os judeus estavam exilados de Israel, agora, devemos, já que temos acesso à Terra de Israel, voltar ao método de observação física da cevada e da lua”. - (www.caraitas.org - Como está escrito: El Breve Argumento del Caraísmo Por Shawn Lichaa con Nehemia Gordon y Meir Rekhavi - X- El Calendario Bíblico/Caraíta - La Maduración de la Cebada y la fijación del Año Nuevo).

 

FESTA DO PENTECOSTE (SHAVUOT)

No que diz respeito à essa Festa, os caraítas escreveram o seguinte:

“Outro problema significativo que divide os Rabanitas e os Caraítas em relação ao calendário Bíblico é a fixação de Shavuot - A Festa das Semanas. D-us nos disse que contássemos 50 dias (com Shavuot que é o 50º dia) a partir do momento da Páscoa. Os Caraítas e os Rabanitas estão de acordo neste ponto. Contudo, divergem acerca de quando começa realmente a conta. A Torah declara o siguinte:

‘Contáreis sete Shabbat completos [em Hebraico: Shabbatot] desde o dia que segue ao sábado [em Hebraico: Shabbat], desde o dia em que ofereceres o Omer [Haz] de oferta mecida. Até o dia seguinte ao sétimo Shabbat [Hebraico: Shabbat] contáreis cinqüenta dias... Neste mesmo dia convocáreis uma reunião santa.’ (Lev 23:15-16, 21).

Os Caraítas crêem que o Shabbat ao que se faz referência na primeira linha é o Shabbat (da sexta-feira pela noite até ao sábado pela noite) com o que conclui a semana. Eles crêem que a conta dos cinqüenta dias até o começo de Shavuot é o primeiro domingo durante Páscoa, é dizer. O dia seguinte depois do Shabbat.*6 Os Rabinos e os Fariseus, antes que eles, crêem que a palavra ‘o Shabbat’ na primeira linha, refere-se ao primeiro dia da Festa de Pães Asmos, ainda que a palavra ‘o Shabbat’ em outras linhas será traduzido como semanas. Assim, segundo a conta Rabínica, Shavuot sempre cai a 6 de Sivã que é 50 dias depois do primeiro dia da Festa de Pães Asmos. Para os Rabanitas o dia da semana em que começa Shavuot varia de ano em ano. Por outro lado, os Caraítas sempre celebram Shavuot em domingo, já que este é o dia depois do sétimo Shabbat. Para os Caraítas o dia de Shavuot varia de ano em ano”.

“Se esta é a correta tradução/interpretação, como os Rabanitas afirmam, encontramos que no primeiro caso o significado de ‘Shabbat’ é ‘Festa’ e nos outros dois casos seu significado é uma semana que contém nela um Shabbat. Esta é uma interpretação insustentável. Já que a Torah menciona ‘Shabbat’ duas vezes na mesma frase e não deveria ter dois significados diferentes, a menos que a Escritura indicasse explicitamente, que ela faz.

Por essas razões, os Caraítas celebram sempre Shavuot no domingo, no 50º dia começando com o domingo que se cai durante a Festa da Páscoa”. – (Ibidem).

Quem  tiver interesse em conhecer mais sobre a posição dos caraítas em relação aos rabinos, no que diz respeito ao Calendário Bíblico, acesso os sites acima mencionados.

Quanto à posição de Ellen G. White, relativo à citação: “No segundo dia da festa, as primícias da ceifa do ano eram apresentadas perante Deus”. Percebe-se que ela está de acordo com o Calendário dos rabinos, quanto à interpretação da festa das Primícias. No entanto, no que diz respeito ao dia do Yom Kuppur, 22 de outubro de 1844, ela encontra-se em harmonia com a fixação do início do Ano Novo, do Calendário Caraíta. Já no Calendário Rabínico, o dia do Yom Kuppur, caiu em 23 de setembro de 1844.

O livro Patriarcas e Profetas, em inglês, foi publicado em 1890. Portanto, pode ter havido uma interpretação equivocada, do Texto de Levítico, na hora de redigir o texto da pág. 577[539-540].

Embora, nesta primeira parte, não tenha o objetivo de estudar o ocorrido em 22 de outubro de 1844, abaixo citarei alguns divergências entre o Calendário dos Caraítas e o Rabínico. Só que a abordagem será feita em relação ao ano de 1999. Esse texto que será apresentado abaixo, foi extraído e traduzido (não muito bem) do site: www.karaite-korner.org, - (Karaite Reckoning vs. Rabbanite Reckoning Was October 22 the Right Date, or Was It September 23? by Bob Pickle).

 

SAMUEL S. SNOW E O CALENDÁRIO DOS CARAÍTAS

“Começando pelo verão de 1844, Milleritas em geral, entretanto não o Guilherme Miller, ele foi convencido que Cristo voltaria no dia 22 de outubro daquele ano, o que foi considerado o Dia da Expiação [Yom Kuppur – Compensação] através da conta de Caraítas. Esta idéia foi apresentada primeiro por Samuel S. Snow. Os críticos hoje negam que os Caraítas ainda estivessem usando a conta especial deles em 1844. Assim, é reivindicada esta data millerita, e a data subseqüente usou antes dos Adventistas do Sétimo dia, para o começo do Dia de antítipo de Compensação, é errada [falha]. 

Uma chave, peça fundamental de evidência que é usada é esta citação, escrita em 1860:  

E de algum tempo para cá a indagação para o Abib foi até mesmo abandonada na Terra de Israel e eles [os habitantes de Israel] intercalam anos usando o acima mencionado sistema [i.e. o 19º ano, ciclo de Rabbinic] como nós fizéssemos fora do Israel, [isto é] contra a decisão legal do Rav [i.e. Baschyatchi] e o Hachamim [mencionou na anterior passagem citada de Aderet Eliyahu] talvez para unir com todas as comunidades e de forma que nós uma discordância não terá entre eles e nós fixando o ano. (De ‘ Gefen Ha'Aderet’, ben de Shlomoh Afedah Hacohen, Israel 1987, pp.22-23 (escrito em 1860) [tradução do hebreu por Nehemia Gordon, parênteses quadrados somados por tradutor para claridade.])  

Aqueles Caraítas estavam usando longe da Palestina Rabbanite que pensa muito tempo antes das 1844, realmente é verdade. E em algum ponto antes de 1860, aparentemente, semelhante aos Caraítas na Palestina. Mas quanto tempo antes das 1860? A história é difícil de localizar atrás de nosso dia.   

Tão tarde quanto 1641 nós aprendemos de um peregrino de Caraítas da Criméia que os Caraítas do Oriente Médio ainda seguiu o calendário Bíblico e que por aquele ano eles celebraram todos os feriados um mês depois do Rabbanites. (Karaite Korner Relatório informativo #6: Feriados 1999 Bíblicos).

Para agora, nós diremos que em algum ponto entre 1641 e 1860, Caraítas na Palestina começou usando conta de Rabbanite. Ainda embora o que os Caraítas estavam ou não estavam fazendo em 1844, o que era a verdadeira data durante o Dia da Expiação, de oração bíblica? A pergunta é difícil de responder sem relatórios de colheita detalhados daquele ano, mas nós sabemos o que as colheitas de cevada são como em recentes anos, graças ao líder de Caraítas Nehemia Gordon. 

        

Yom Kippur, 1999

Em 1999 declarou o relatório informativo dele:  

De acordo com o Abib (cevada) e a lua nova os Banquetes Bíblicos e Feriados em 1999 outono fora nas datas seguintes: 

* 11 de outubro, 1999 Yom Teruah (Dia de Gritar) 

* 20 de outubro, 1999 Yom Kippur (Dia de Compensação)

* 25 de outubro, 1999 Hag HaSukkot (Banquete de Barracas)

* 1 de novembro, 1999 Shemini Atzeret (Ibid.) (tipo negrito somou)  

20 de outubro está, terrivelmente, perto de 22 de outubro. Mas o judeu comum manteve o Yom Kippur mais cedo em 1999 um mês inteiro”. – (www.karaite-korner.org - Karaite Links - More on Yom Kippur 1844).

 

CONCLUSÃO DESTA PRIMEIRA PARTE

Portanto, pelo que foi apresentado acima, comparando-se os Calendários Caraítas e Rabínicos, todos nós temos um dever de estudarmos o que a Escritura Sagrada diz sobre a fixação do início do Calendário Bíblico/Religioso/Profético. Aqui, não se levou em conta o debate entre os Caraítas e os Rabinos, no que diz respeito à comemoração do Ano Novo no sétimo mês. Estes comemoram nesta data. Aqueles, comemoram o início do Ano no mês de Abibe/Nisã, No entanto, a Escritura Sagrada nos dá referências sobre dois Calendários: o Religioso/Profético, apresentado neste estudo; e o Civil, que será abordado apenas no Gráfico: Calendário Religioso/Profético de Yahweh (Planilha do Excel), que segue anexo. Embora o Calendário Civil comece no 7º mês (Tisri / Etanim), ele só pode ser fixado em função da cevada, em Israel, e da Lua Nova, que marcam o início do Calendário Religioso. -- josielteli@hotmail.com


REFERÊNCIAS

1GRYLAK, Moshe. Reflexões Sobre a Tora. 1ª ed. Editora e Livraria SÊFER. – São Paulo–SP, p. 78.

2FRIDLIN, Jairo. Sidur Completo - com Tradução e Transliteração. 1ª ed. Editora e Livraria SÊFER, São Paulo-SP, 1987 (impressão - 1997), p. 447.

3Ibidem, pp. 449-450.

4Ibidem. pp. 448-449.

5Saites: www.caraitas.org e www.karaite-korner.org

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