Combate ao "Movimento da Carne Santa" Lança Luz sobre a Natureza Humana de Cristo

 

O livro Mensageira do Senhor de Herbert E. Douglass, recentemente lançado pela Casa Publicadora Brasileira, no capítulo 18 “Crises Teológicas”, traz de forma resumida algumas crises que o movimento adventista teve que enfrentar ao longo de sua história. Lá encontramos o Perfeccionismo deturpado entre as décadas de 1840 e 1850, a memorável crise de Minneapolis em 1888, o movimento da Carne Santa, e a crise do Panteísmo.

Quero chamar a atenção para algo que foi escrito ao ser explicado a crise causada pelo Movimento da Carne Santa. Para entendermos o correto contexto deste texto, precisamos entender que o livro está tratando de uma crise surgida por volta dos anos de 1900, onde “toda a comissão executiva da Associação de Indiana e quase todos seus pastores estavam proclamando entusiasticamente que, para serem trasladados, os membros da igreja precisavam passar pela ‘experiência do jardim’, recebendo a ‘carne santa’ que Jesus possuía. Depois desta experiência, os membros da igreja não estariam mais sujeitos a tentações ‘interiores’e não passariam pela morte; seriam trasladados!” (págs. 198 e 199).

É interessante notar a maneira como um de nossos valorosos pioneiros, Stephen Haskell, combateu essa heresia. Em uma carta que enviou para Ellen White na Austrália, ele escreve:

“Quando declaramos crer que Cristo nasceu em humanidade caída, eles imaginavam que críamos que Cristo pecou, apesar de havermos declarado nossa posição de maneira tão clara que parecia não haver quem pudesse interpretá-la mal.

O argumento teológico deles sobre este aspecto específico parece ser este: Crêem que Cristo tomou a natureza de Adão antes da queda; revestiu-Se, assim, da humanidade conforme ela era no jardim do Éden, e portanto, a humanidade era santa, e esta era a humanidade que Cristo possuía; e agora, dizem eles, chegou para nós o tempo determinado para nos tornarmos santos naquele sentido e depois termos a ‘fé para a trasladação’ e nunca mais morrermos.” (Carta a Ellen White, 25/12/1900, Arquivo de documento 190 do Patrimônio Literário White – também reproduzida na pág.199 do livro Mensageira do Senhor).

Agora, vejam como o autor Herbert E. Douglass resume os principais pontos desta heresia na pág.199 de seu livro:

“As outras falsas doutrinas que Haskell e outros denunciaram incluíam: (1) a concessão do Espírito Santo era, antes de tudo, mediante manifestações físicas e milagres em vez de mediante a preparação do caráter para o serviço; (2) o perfeccionismo (entendido como ‘carne santa’) no sentido de não ser capaz de pecar porque nenhuma tentação surgia mais dentro deles; (3) Jesus nasceu com ‘carne não pecaminosa’; (4) no momento da concepção, o Espírito Santo isolou Jesus da lei da hereditariedade; (5) as pessoas seladas não morrerão; e (6) as pessoas seladas recebem cura tanto física como espiritual.”

Mais interessante e revelador ainda é lermos como Ellen White se posicionou a respeito dessas doutrinas na reunião de nomeações da Associação de Indiana, em 05/05/1901:

“Não há um fio de verdade em todo o tecido.” (pág.199 – Arquivo de documento 190 do Patrimônio Literário White).

Suas orientações na Assembléia Geral de 1901 combateu estas heresias, e foram ouvidas com atenção líderes da Associação de Indiana, de maneira que no dia seguinte o presidente dessa Associação fez um pronunciamento:

“Quando encontrei este povo, fiquei mais que alegre em saber que havia uma profetisa entre eles, e desde o princípio tenho sido firme crente nos Testemunhos e no Espírito de Profecia e seu ardoroso defensor. Tem-me sido sugerido por vezes no passado que o teste neste ponto de fé sobrevém quando o testemunho nos afeta diretamente. Como é do conhecimento de quase todos, no testemunho de ontem de manhã, fui submetido a esse teste. Mas, irmãos, posso dar graças a Deus nesta manhã por minha fé no Espírito de Profecia permanecer inabalável. Deus falou. Ele disse que eu estava errado, e eu respondo: Deus está certo, e eu estou errado.” (General Conference Bulletin, 23/04/1901, pág.422).

Este é o verdadeiro espírito de um líder religioso sob a influência do Espírito de Deus! Nossa história em Minneapolis no ano de 1888 seria bem diferente se este mesmo espírito de humildade e reconhecimento tivesse prevalecido. Infelizmente não foi esta a história.

Deus conceda a nós membros leigos e aos nossos líderes o mesmo espírito e atitude que teve o presidente da Associação de Indiana em 1901:

Deus falou. Ele disse que eu estava errado, e eu respondo: Deus está certo, e eu estou errado.”

C.H., São Paulo, SP.

Leia mais sobre a Mensagem de Justificação pela Fé, de 1888:

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