Carta 3 - Depreciando a Sra. White
Na década de 1950 a liderança americana da IASD entrou em acordo com
líderes porta-vozes evangélicos americanos (Martin & Barnhouse),
para que a IASD não mais fosse considerada uma seita, mas sim uma igreja
ecumênica, como as demais igrejas evangélicas.
Para eles, uma igreja cristã é considerada seita, quando baseia suas
doutrinas na Bíblia e em algum outro livro, como é o caso dos Mórmons e
também a IASD que baseia suas doutrinas na Bíblia e no Espírito de
Profecia de E. G. White, enquanto os protestantes e evangélicos só
aceitam a Bíblia como única regra de fé e prática.
Para não ser considerada seita, a IASD deveria mudar certas doutrinas
fundamentais apoiadas pelo Espírito de Profecia de Ellen G. White, ou seja,
rebaixar os escritos da Irmã White. Dentre essas doutrinas fundamentais
está a doutrina do santuário e da expiação. Os protestantes e
evangélicos não aceitam a doutrina do santuário, e para eles a
expiação completou-se na cruz. Para os adventistas a doutrina do
santuário é fundamental e a expiação não se completou na cruz, mas
continuou a ser feita por JESUS no santuário celestial, ao oferecer o Seu
sangue em benefício do pecador. É sobre este assunto que trata esse
artigo do Pr. Andreasen.
Anos atrás enquanto eu viajava no norte de Minnesota, fiquei num fim
de semana numa pequena cidade, pois não havia serviço de trem no domingo
nem ônibus. Eu não queria ficar ocioso e assim consegui utilizar uma
sala na prefeitura com a intenção de fazer uma palestra. Afixei um aviso
escrito a mão dizendo que à tarde eu falaria sobre o tópico
"Adventistas do Sétimo Dia". Confesso que eu preferiria não
ter falado, pois eu precisava de um repouso. Meu aviso certamente não
atrairia muitas pessoas.
Para minha surpresa a sala ficou bem cheia. Como as pessoas mostraram
interesse no assunto, decidi fazer outra palestra à noite. Prontamente um
homem bem-vestido levantou-se na audiência, apresentou-se como um pastor
temporário da única igreja da cidade, e me convidou para ir a sua igreja
e falar à noite. Relembrei-lhe sobre meu assunto, mas ele disse que o
assunto era satisfatório e eu poderia ir falar sobre adventismo. Agradeci
e aceitei o convite.
Após a reunião daquela noite ele me disse que ele quase se
arrependera por ter-me convidado. "Quando te ouvi esta tarde",
ele disse, "pensei que tu fosses um homem inteligente. Agora sei que
não és."
- "O que te fez mudar de idéia?" perguntei-lhe.
- "Disseste que acreditas no Gênesis," ele respondeu.
- "Tu não acreditas?
- "Claro que não. Nenhum homem inteligente crê na história da
criação de Gênesis."
- "Então não acreditas no Velho Testamento?"
- "Nenhum homem inteligente acredita."
- "Crês no Novo Testamento?"
- "Bem, sim, há muitas coisas boas ali. Mas quanto a Paulo, eu
retiro a linha. Ele é a causa de todas as nossas dificuldades."
- "E sobre CRISTO?"
- "Bom homem, muito bom homem. Claro que Ele tinha Suas faltas.
Mas Ele foi um bom homem."
- "Tu não és um ministro?"
- "Sim, de certo modo. Sou presidente do Seminário
.................. .
Estou aqui de férias e estou substituindo temporariamente o pastor aqui
na cidade, um de meus antigos alunos."
Aquilo nos conduziu a uma conversação que durou grande parte da noite
e foi-me muito esclarecedora. Eu estava algo familiarizado com seu
Seminário, e um de meus professores estava assistindo a algumas aulas lá.
- "Ensinas aos teus alunos o que me disseste hoje à noite?"
perguntei.
- "Sim, e muito mais," ele respondeu.
- "E teus alunos falam às suas congregações?"
- "Oh, à minha não! Isso nunca faria. As pessoas não estão
preparadas para isso. Elas são mais conservadoras que os pregadores. Tens
que agir vagarosamente com elas."
Esse episódio me veio à mente enquanto tenho considerado a situação
de nossa denominação nos últimos anos. Tenho estado inquieto desde que
ouvi que nossos líderes estiveram negociando com os evangélicos; mas
tenho esperado que a lisonja de nossa igreja ser contada entre as igrejas
estabelecidas como sendo uma delas não empolgasse nossos homens. Temos
ouvido muitos sermões sobre o texto, "O povo habitará sozinho, e
não será contado entre as nações," para sermos enganados.
Números 23:9. Como as negociações foram consideradas muito secretas,
foi há pouco tempo que alguma notícia vazou. Quando vazou, foi
perturbadora. Washington forneceu pouca informação, e todos os outros me
informaram que nada tinham a dizer. Parecia aparente, contudo, que nossos
líderes estavam sendo influenciados e passos estavam sendo tomados que
seria difícil retroceder.
A primeira notícia autêntica não veio dos líderes ou através de
nossas revistas, mas de publicação evangélica datada de setembro de
1956, que publicava uma edição especial, relatando o que ocorrera.
Aquele relato era tão inacreditável que hesitamos em dar-lhe crédito.
Estávamos certos que aquilo que relatava nunca ocorrera e que nossos
líderes prontamente publicariam uma contestação. Esperamos um ano,
esperamos dois anos. Mas até hoje (1959), nenhum protesto ou negação
foi emitido. Relutantemente, precisamos, portanto, aceitar o relatório
como verdadeiro. Consideremos a situação como se desenvolve.
Nossas Publicações Principais
Quando leio a Review de semana em semana, encontro artigos geralmente
úteis. Os colabores citam livremente do Espírito de Profecia, como fazem
os editores e escritores principais. Há ocasiões em que não concordo
com certas posições que considero incorretas, mas isto não é
freqüente. Há algumas vezes relatórios que sugerem jactância, e outras
vezes muita ênfase é dada às estatísticas. Mas aprendi a não levar
muito a sério alguns assuntos menores. Leio a Review [Revista
Adventista,
em inglês] com confiança; eu a aprecio. Posso dizer o mesmo da Signs of
the Times.
Mas não da revista Ministry [O Ministério], nossa revista
ministerial. Os artigos gerais são da mesma espécie e qualidade da
Review, mas nem sempre é assim com artigos especiais e editoriais. Então
devo ler cuidadosamente e criticamente. ds vezes eles contêm o que
considero heresia e perversões perigosas da verdade. Isto pode parecer
uma séria acusação. E é assim pretendido. Posso melhor ilustrar o que
tenho em mente ao apresentar um exemplo concreto.
O Ministério
Nos últimos anos tem havido uma mudança definida de ênfase na
revista Ministry [o editor da época era Roy Alan Anderson], e não para
melhor. Esta mudança coincide com o período no qual nossos líderes
estiveram em íntimo contato e acordo com os evangélicos. A tendência
estava em evidência antes, mas agora tem florescido. Como um exemplo
disso, chamarei atenção ao artigo de fevereiro de 1957 [do Pr. Leroy
Froom] intitulado, "A Aplicação Sacerdotal do Ato de Expiação". Ele
reivindica que "é o entendimento adventista da expiação,
confirmado e ilustrado e clarificado pelo Espírito de Profecia."
Como não foi rejeitado ou protestado, podemos justamente concluir que é
aprovado oficialmente.
A Expiação
O autor presta um certo tributo ao "magnífico transparente",
o Espírito de Profecia, então declara que a expiação "...Não é,
de um lado, limitada apenas à morte sacrifical de CRISTO sobre a cruz.
Por outro lado, não está ela confinada ao ministério de nosso Sumo
Sacerdote celestial no santuário acima, no dia antitípico da expiação,
ou hora do julgamento de DEUS, como alguns de nossos precursores de
início erroneamente pensavam e escreveram." O autor realça o fato
que o Espírito de Profecia claramente ensina que ambos esses aspectos
estão incluídos, "um aspecto sendo incompleto sem o outro, e cada
um sendo o indispensável complemento do outro." Ministry, fevereiro
de 1957, pág. 9. Isto é, ambos a morte na cruz e o ministério no segundo
compartimento são necessários à expiação. Com isto, estamos de pleno
acordo. A morte foi uma parte necessária da expiação. Uma é incompleta
sem a outra.
Este ponto deve ser notado, pois poucas sentenças adiante o autor
dirá que a morte na cruz é completa em si mesma; citando: "O ato
sacrifical na cruz é uma expiação completa, perfeita e final para o
pecado do homem." pág. 10. Depois de primeiro ter dito que a morte
sacrifical foi incompleta, ele agora diz que é completa, perfeita e
final. Ele não considera a morte meramente como uma expiação parcial,
mas uma expiação completa e perfeita e final. Com isto não concordamos.
As duas declarações são irreconciliáveis.
Isso é mais do que meramente um infeliz fraseado. Enquanto no parágrafo próximo o autor dá louvores à necessidade de ministração
no santuário acima, ele deixa fora todos os aspectos essenciais da
expiação e omite as datas que são essenciais ao conceito adventista da
expiação, as quais justificam nossa existência como um povo nomeado com
mensagem para o mundo neste tempo.
Em sua explanação da obra de CRISTO no santuário, ele não se refere
nem menciona Daniel 8:14: "Então o santuário será
purificado." Sem este texto, a obra de CRISTO no santuário torna-se
sem significado. Ele não menciona o ano 457 A.C. ou as 70 semanas, ou o
meio da semana que aponta o tempo do sacrifício sobre a cruz, e é
"...como um prego no lugar firme," (Isaías 22:23) ao qual
amarramos toda estrutura cronológica na profecia e que também justifica
a data de 1844. Remova-se ou mude-se essa data, e os adventistas estão
sem uma âncora para o sistema cronológico culminando em 1844, e são
incapazes de justificar sua existência como um povo que deve proclamar
esta mais importante mensagem ao mundo para este tempo: "Temei a DEUS
e dai-Lhe glória; porque chegou a hora do Seu juízo." Apocalipse
14:7. Cada uma dessas datas o autor deixa fora, e o que resta, nas
palavras do Dr. Barnhouse, "é vazio, caduco e inaproveitável."
Eternity Extra, setembro de 1956, pág. 4.
Uma Compilação Abrangente
Em Questions on Doctrine [livro forjado por Leroy Froom e Roy Alan
Anderson, publicado em 1957, que contém mudanças doutrinárias para
agradar os evangélicos, a fim de que a IASD não mais fosse considerada
como seita], a começar na página 661, há uma seção C consistindo de
coleções dos escritos da Irmã White sobre o assunto da expiação,
trinta páginas ao todo. Reivindica ser uma "abrangente compilação" dos ensinos da Irmã White sobre a expiação. Do uso da
palavra "abrangente" eu esperava encontrar uma coleção
completa e extensiva. Mas ao consultar esse material, fiquei desapontado
por sua escassez e parcialidade. Achei-o ser uma coleção insuficiente e
incompleta, deixando fora numerosas citações, sendo apenas uma pequena
compilação, não uma abrangente, como diz o autor. E bastante estranho,
as citações que foram omitidas eram aquelas que não deveriam ser
omitidas.
Primeiro de tudo, eu queria saber o que a Irmã White tinha a dizer da
data de 1844, que é o "ano da crise". Eu queria saber se 1844
tinha alguma coisa particular a ver com a expiação, ou se podia
seguramente ser deixado fora. Descobri que o autor a omitiu. Assim
procurei por outras citações, nenhuma das quais achei na compilação.
Procurei pela declaração: "Ao término dos 2300 dias em 1844...
nosso grande Sumo Sacerdote... entra no lugar santíssimo, e ali aparece
na presença de DEUS, para... realizar a obra do juízo investigativo, e
fazer uma expiação por todos que se mostraram habilitados aos seus
benefícios." Isto é dito ser o "grande dia da expiação
final." O Grande Conflito, 480.
Pesquisei por essa importante declaração na compilação abrangente, mas
não estava lá. Procurei pela afirmação paralela: "... ao término
dos 2300 dias em 1844, CRISTO estou no lugar santíssimo do santuário
celestial para executar a obra de encerramento da expiação,
preparatória para Sua vinda." Ibidem, pág. 442. Não a encontrei.
Procurei por esta declaração: "...este é o serviço que começou
quando os 2300 dias findaram. Nessa ocasião, como predito por Daniel o
profeta, nosso Sumo Sacerdote entrou no santíssimo, para realizar a
última divisão de Sua solene obra - para purificar o santuário."
Não pude achá-la. Procurei pela declaração: "O fim dos 2300 dias
em 1844 marcou uma crise importante." Ibidem, pág. 429. Não a encontrei.
Procurei por outras declarações, tais como: "A obra sagrada de
CRISTO que prossegue no tempo presente no santuário celestial",
"...a obra expiatória de CRISTO está agora em progresso no
santuário celestial," "Hoje Ele está fazendo expiação diante
do Pai." Testimonies, vol 5, 520; White Board Minutes, pág. 1483;
Mss.
21, 1895, citado em Ministry, fevereiro de 1957, pág. 30. Não achei nenhuma
dessas.
De início pensei que esse livro, Questions on Doctrine, não tivesse
espaço para esses textos, nem tivesse a revista Ministry. Mas tive de
abandonar essa idéia quando observei que fora apenas um tipo particular
de declarações que fora omitido. As citações omitidas todas agrupadas
sobre a importante data crise, 1844, o juízo investigativo, a entrada de
CRISTO no lugar santíssimo para a expiação final; Sua realização da
expiação agora; Sua execução da expiação "hoje diante do
Pai." Essas são as declarações que o Dr. Barnhouse ridicularizou e
que ele disse que nossos líderes tinham "totalmente repudiado."
[É que os evangélicos não aceitam nossa doutrina do santuário.]
Barnhouse também zombara da experiência de Hiram Edson no milharal, e
chamou o juízo investigativo não somente de uma "idéia
peculiar", mas de "idéia humana atrevida", de fato "o
mais colossal, psicológico, descarado fenômeno da história
religiosa." Eternity Extra, setembro de 1956, pág. 3,4. E agora
encontramos todas essas declarações da Sra. White, ofensivas aos
evangélicos, deixadas fora da "compilação abrangente" de Froom.
Pode isto ser mera coincidência?
Ponderamos que efeito o ridículo dos evangélicos tiveram sobre nossos
líderes e sobre o autor (Leroy Froom) do artigo do Ministry, que estamos
discutindo. Uma coisa que impediu nossos homens de irem ao mar, de corpo e
alma, para os evangélicos, foi, sem dúvida, os escritos da Sra. White.
Ela é muito enfática sobre a questão do santuário, e não seria fácil
converter nosso povo para o novo ponto de vista, enquanto nosso povo tiver
os Testemunhos para sustentá-los na antiga posição. A fé de nosso povo
no Espírito de Profecia precisa ser enfraquecida, ou melhor ainda,
destruída, antes que muito progresso possa ser feito para levá-los ao
novo ponto de vista. O artigo no Ministry serve bem para esse propósito.
Foi o próprio editor do Ministry [R.A. Anderson], que em sua pesquisa
"tinha se tornado agudamente ciente das declarações de Ellen G. White,
as quais indicam que a obra expiatória de CRISTO está agora em progresso
no santuário celestial." White Minutes, pág. 1483. Isto em absoluto
não se adapta com o novo ponto de vista de que a expiação foi feita na
cruz, e assim ele sugeriu que notas de rodapé e apêndices deveriam
aparecer em alguns dos livros de Ellen G. White esclarecendo muito largamente
nas palavras de Ellen G. White nosso entendimento das várias fases da obra
expiatória de CRISTO. Ibidem. E Roy Alan Anderson sugeriu pressa na
"preparação e inclusão de tais notas nas futuras publicações dos
livros de Ellen G. White." Quando o plano tornou-se conhecido, foi
abandonado. O autor do artigo (Froom) na revista Ministry de fevereiro de
1957, então assumiu e teve o artigo publicado, o qual estamos
considerando.
Nem um Único Caso
O autor (Froom) faz esta pergunta, "Por que, nos primeiros dias,
à luz de tudo isto, a Sra. White não apontou e corrigiu os conceitos
limitados e algumas vezes errôneos de alguns de nossos primeiros
escritores sobre a expiação? E por que emprega ela algumas das frases
restritivas deles sem contrastar, na ocasião, seu próprio significado
mais amplo, mais verdadeiro ao utilizá-los?" Ministry, fevereiro de
1957, pág. 11.
Este era o dilema: Froom reivindica que alguns de nossos primeiros
escritores tinham conceitos errados sobre a expiação. [Nota-se aqui a
intenção de rebaixar nossos pioneiros, como também a Sra. White.] A
Sra. White não os corrigiu, mas mesmo usou algumas das frases limitadas
deles próprios. Como poderia isto ser explicado? A resposta, que o autor
dá, é a mais surpreendente e estarrecedora resposta que jamais foi dada
a tal pergunta. Lede isto:
"Em resposta: é essencial que primeiro relembremos deste fato
básico: Nenhuma verdade doutrinária ou interpretação profética
jamais
veio a este povo inicialmente através do Espírito de Profecia - nem um
único caso." (Ênfase de Froom).
Lede essas palavras novamente. E tende em mente que esse é um artigo
que reivindica dar o verdadeiro significado da expiação, a
interpretação oficial; o artigo não foi mudado ou se retratado. Ele
permanece. [E editor na ocasião da revista Ministry era Roy Alan
Anderson, o mesmo que com Leroy Froom forjaram o livro Questions on
Doctrine, publicado em 1957, para agradar os evangélicos. Por isto,
ambos, autor (Froom) e editor (Anderson) estavam de acordo com a
aberração.]
Essas são palavras em negrito, palavras quase inacreditáveis, e
finalmente palavras inverídicas. Afirmar que a Sra. White nunca, em
nenhum único caso, contribuiu inicialmente para qualquer verdade
doutrinária ou interpretação profética não será acreditado por
milhares e milhões de leitores dela que têm todos se beneficiado dos
escritos dela. [Essa mentira que a Sra. White não teve participação no
estabelecimento das doutrinas adventistas básicas e interpretações
proféticas, mas que estas foram todas definidas pelos pioneiros, sem a
participação dela, vem sendo ensinada, desde a década de 1950, para os
teologandos e professores adventistas e estes para aos membros até hoje.]
Eu mesmo, tenho sido grandemente ajudado e instruído pelos
ensinos doutrinários e interpretação profética da Sra. White. Mesmo o
próprio autor (Froom), que na página 11 do Ministry, de fevereiro de
1957, diz "Somos fundamentalmente protestantes, tomando a Bíblia
somente como nossa única regra de fé e prática," numa carta
assinada no mês seguinte afirma, "tomo os ensinos totais do
Espírito de Profecia sobre um dado assunto como sendo o ensino autorizado
adventista do sétimo dia." Não fortalece a fé ter um escritor
dizendo publicamente, "A Bíblia e a Bíblia somente," e
privadamente negando-o. Uma afirmação é evidentemente feita ao mundo
para eles acreditarem; a outra ao nosso povo para aquietar seus temores.
Alguma explicação é devida.
[Para os protestantes e evangélicos vale "A Bíblia e a Bíblia
somente como nossa única regra de fé e prática", mas para os
verdadeiros adventistas vale "A Bíblia e o Espírito de Profecia
somente como nossa única regra de fé e prática."]
O leitor terá notado que o autor não diz que a Irmã White nunca
contribuiu para qualquer verdade doutrinária ou interpretação
profética. Ele diz que ela nunca contribuiu com nada inicialmente, isto
é, ela nunca fez nenhuma contribuição original. Ela conseguiu aquilo de
alguém mais, ela "o plagiou". Nossos inimigos têm feito essa
afirmação por anos, mas nunca pensei que tal coisa seria anunciada a
todo o mundo com o consentimento dos líderes. Mas eis aí. Tudo o que a
Sra. White escreveu, seja o conselho do Pai e do Filho na eternidade, ou
os pensamentos mais rebeldes de Satanás, "alguém disse para
ela". Ela nunca contribuiu com nada, inicialmente. Nem um único
caso! Deixai-me produzir um único caso. O seguinte texto é tirado de
Testimonies for the Church, série B, nº 2, pág. 56,57.
"Muitos de nosso povo não compreendem quão firmemente a
fundação de nossa fé foi lançada. Meu esposo, o ancião José Bates, o
Pai Pierce, o ancião Edson, e outros que eram perspicazes, nobres e
verdadeiros, estavam entre os que depois da passagem do tempo de 1844,
pesquisavam pela verdade como tesouro escondido. Eu me reunia com eles, e
estudávamos e orávamos fervorosamente. Freqüentemente permanecíamos
juntos até tarde da noite, e algumas vezes a noite inteira, orando por
luz e estudando a palavra. Várias vezes esses irmãos reuniam-se para
estudar a Bíblia, a fim de que pudéssemos saber seu significado, e estar
preparados para ensiná-la com poder. Quando eles chegavam a um ponto de
seu estudo em que diziam, 'Nada mais podemos fazer', o ESPÍRITO do SENHOR
vinha sobre mim. Eu entrava em visão, e uma clara explanação das
passagens que estávamos estudando era-me dada, com instruções como
deveríamos trabalhar e ensinar efetivamente. Assim a luz era dada que nos
ajudava a entender as Escrituras com relação a CRISTO, Sua missão, e
Seu sacerdócio. Uma linha da verdade estendendo-se desde aquele tempo
até o tempo quando entraremos na cidade de DEUS, foi tornada clara para
mim, e eu dava aos outros a instrução que o SENHOR me dera."
Neste caso não havia nenhum intermediário humano. A não ser que
devamos crer que a Irmã White não dizia a verdade, ela obteve suas
instruções de cima. Neste caso, a instrução concernia sobre
"CRISTO, Sua missão, e Seu sacerdócio," os próprios assuntos
que estamos agora considerando. Seja o que for que seja ou não seja, é
certo que sabemos que a instrução que veio à Irmã White sobre o
assunto de CRISTO, Sua missão e Seu sacerdócio, veio diretamente de
DEUS. Isto significa que a questão do santuário, como nossos precursores
ensinavam e acreditavam tinha DEUS como seu autor. Veio como resultado de
uma visão, que não creio que possa ser dito de qualquer outra doutrina
que mantemos.
Uma Crise
Alcançamos uma crise nesta denominação, quando os líderes estão
tentando impor falsa doutrina e ameaçar aqueles que protestam. O programa
inteiro é inacreditável. Os homens estão tentando agora remover os
fundamentos de muitas gerações, e penso que terão sucesso. Se não
tivermos o Espírito de Profecia não poderemos saber do afastamento da
sã doutrina que agora está nos ameaçando, e a vinda do Ômega que
dizimará nossas fileiras e causará feridas graves. A situação presente
foi claramente prevista. Estamos próximos do clímax.
Estou bem ciente de que várias vezes as visões foram dadas para
confirma o estudo prévio. Estou bem a par que por algum tempo a mente da
Sra. White ficava "bloqueada", como ela o expressava, e aquilo
até que visões fossem dadas, como no exemplo aqui considerado. Ela
própria diz que "por dois ou três anos minha mente continuou
bloqueada ao entendimento da Escritura." Durante aquele tempo DEUS
dava visões. Então uma experiência vinha a ela, e ela relata, "...
desde aquele tempo até agora tenho sido capaz de entender a palavra de
DEUS." Ibidem, pág. 58. Por "dois ou três anos" a mente da
Sra. White ficou bloqueada.
Isto era evidentemente o propósito de DEUS para fortalecer a fé no
dom; pois os homens sabiam que dela mesma ela não tinha conhecimento.
Então, quando chegaram ao fim da compreensão deles e não sabiam o que
fazer, a luz vinha da fonte da qual sabiam que por ela mesma não podia
resolver os problemas deles. Era claramente a guia divina, e eles o
confessavam e "aceitavam como luz do céu as revelações
dadas."
Numa tentativa de proteger-se, o autor (Froom) agora se volta
completamente e diz que ela freqüentemente chegava "bem adiante das
posições tomadas por qualquer dos defensores originais, e os conselhos
dela eram freqüentemente tão claros, tão completos, e de tão longo
alcance que provavam estar bem a frente dos conceitos de qualquer um de
seus contemporâneos - às vezes cinqüenta anos adiante da aceitação de
alguns." Imagino de quem ela copiou sob tais circunstâncias.
Ao compor o livro Questions on Doctrine, foi necessário fazer algum
trabalho de pesquisa nos manuscritos publicados e não publicados da Sra.
White, para averiguar fora de dúvida exatamente o que ela dissera sobre
vários assuntos. Essa obra foi trabalhosa para o autor do Ministry que
relata como segue na revista Ministry de fevereiro de 1957, pág. 11:
O Relato da Ministry
"Uma pergunta além tem da mesma forma surgido: 'Exatamente por
que não foram reunidos estes conselhos, esclarecimentos e exposições
sobre a expiação para nosso uso antes disto?' A resposta, cremos, é
igualmente simples, direta e óbvia: Ninguém tomou tempo para o esforço
sustentado envolvido na pesquisa laboriosa e abrangente necessária para
achar, analisar e organizá-los.
"Uma vez que nossos líderes não estavam largamente a par desta
latente evidência e seu valor inestimável, a necessidade não foi
sentida, e o tempo requerido para tão vasto projeto não foi considerado
disponível. O acesso aos arquivos completos de todos os velhos
periódicos contendo os 2.000 artigos de Ellen White não é fácil, pois
não há nenhum arquivo completo em nenhum lugar. Mais que isto, as
inestimáveis declarações manuscritas não estão disponíveis na forma
publicada. [Agora essa pesquisa é mais fácil, porque todos os escritos
da Sra. White estão em inglês em CD. Há também boa parte deles
digitalizada em português.]
"Além disso, como uma igreja temos estado tão ocupados em dar
nossa mensagem especial ao mundo, em manter na frente nosso complexo
movimento prosseguindo em suas múltiplas atividades, que ninguém parece
ter o tempo ou mesma a carga para tal enorme tarefa. Era sabido que a
pesquisa seria a mais laboriosa por causa da vasta quantidade de material
que precisa ser compulsado.
"Contudo, quando a necessidade claramente surgiu e o tempo para
tal pesquisa obviamente chegou, a necessidade foi reconhecida e o tempo
tomado para abranger não somente as declarações familiares de livros,
mas a vasta ordem de periódicos, artigos, e conselhos manuscritos sobre o
assunto."
Será notado que o autor não minimizou a tarefa diante dele - e foi
uma grande tarefa. Deve-se lamentar que ele deveria tomar a oportunidade
para nos informar que os líderes não sentiram a necessidade desse
trabalho, não tinham tempo para isso, e não tinham qualquer peso por
ele.
Foi nessa pesquisa que ele descobriu que a Sra. White não contradiz ou
muda o que ela disse no início de sua obra. O autor coloca isto em sua
fraseologia peculiar que, "As declarações posteriores da Sra. White
não contradizem ou mudam suas primeiras afirmações." Ele
evidentemente esperava que ela tivesse mudado sua posição sobre a
expiação, cuja posição ele criticara e tentara explicar ao dizer que
ela nunca, em nenhum caso, tinha contribuído com nada inicialmente para
doutrina ou interpretação profética. É claro que se ela pretendesse
mudar de posição, ela teve bastante oportunidade para assim fazer nos 60
ou mais anos que ela viveu após dar sua posição clara sobre a
expiação. Mas ela não contradisse ou mudou o que ela uma vez escrevera.
Este é o testemunho desse autor (Froom) que tinha desafiado as primeiras
posições dela, e que agora é compelido a testificar que ela não mudou.
É uma justiça poética que o autor do artigo do Ministry deva ser aquele
a testificar após ter examinado todo material de que não há evidência
que ela jamais mudou sua mente ou contradisse o que ela escrevera de
início.
Isto cria outro dilema para o autor. Ele deve agora deixar ficar tudo o
que ela escreveu, e não pode argumentar que ela autorizou qualquer
mudança seja qual for. Que então poderia ele fazer ou fez? Uma única
solução ele tinha: ele calmamente afirmou que a Irmã White não queria
significar (dizer) o que ela disse! Notai novamente seu uso peculiar da
língua inglesa, não uma declaração direta, mas uma abordagem passiva:
ele diz, "... um distinto esclarecimento de termos e significado
emerge, que é destinado a ter conseqüências de longo alcance." As
últimas declarações dela "investem aqueles primeiros termos com um
significado maior, mais verdadeiro, inerentemente lá o tempo todo."
E assim, ele explica quando ela diz que CRISTO está fazendo expiação
(ele está omitindo a palavra agora), ela está "obviamente
significando aplicar a expiação completa [feita na cruz] ao
indivíduo." snfase dele.
Isto está em completa harmonia com a declaração em Questions on
Doctrine onde o autor audaciosamente afirma que se alguém "ouve um
adventista dizer ou lê na literatura adventista - mesmo nos escritos de
Ellen White - que CRISTO está fazendo expiação agora, deve ser
entendido que queremos dizer (significar) simplesmente que CRISTO está
fazendo aplicação dos benefícios da expiação sacrifical que Ele fez
sobre a cruz."
Isto certamente é novidade. Escrevi muitos livros, um deles sobre o
serviço do Santuário [O Ritual do Santuário] e portanto esses livros
estão classificados sob o que ele chama de "literatura
adventista". E agora algum indivíduo não autorizado proclama ao
mundo que quando eu digo em meu livro que CRISTO está fazendo expiação
agora, eu não quero dizer isto. Eu quero dizer que JESUS está fazendo
aplicação, mas não expiação que já foi feita [e completou-se] 1800
anos atrás.
Contudo, isto é apenas um assunto menor que ele presuma atuar como meu
intérprete ou dizer o que eu quero significar pelo que eu digo. Mas
quando ele se compromete a dizer ao mundo que quando a Irmã White diz que
CRISTO está fazendo expiação, ela quer dizer simplesmente que JESUS
está fazendo aplicação, isto é sério. A reprovação de DEUS a Jó
quando Jó falava demais, pode aplicar-se aqui: "Quem é esse que
obscurece o conselho por palavras sem entendimento?" Jó 38:1. Não
é com freqüência que DEUS é sarcástico. Mas aqui Ele o foi. Lede o
verso 21. Jó o merecia.
E assim quando leio, "... mesmo nos escritos de Ellen G.
White," que CRISTO está fazendo expiação, não devo acreditar
nisso. Ele fez a expiação há 2.000 anos, não agora; e mesmo que ela
afirme que CRISTO está fazendo expiação agora, que "hoje Ele está
fazendo expiação", que "Estamos no grande dia da expiação, e
a sagrada obra de CRISTO pelo povo de DEUS que prossegue no tempo presente
(1882) no santuário celestial deve ser nosso constante estudo",
ainda devo recorrer ao intérprete para achar o que ela quer dizer.
Testimonies, vol. 5, pág. 250.
Isto é jogar com palavras, é brincar com fogo, e tornar possível
qualquer interpretação. Se o autor está certo, é-me permitido tomar
qualquer palavra de um autor e dizer que ele quer significar algo mais do
que ele diz. Isto torna a inter-comunicação impossível, e o mundo
torna-se uma Babel.
Que valeria os acordos, os contratos, ou a palavra de boca, se sou
permitido colocar minha própria interpretação no que diz uma pessoa? A
Bíblia diz que o sétimo dia é o sábado. Isto parece claro bastante.
Mas a teoria do autor me permitiria dizer que a Bíblia não que
significar ou dizer tal coisa. Absurdo, direis. E eu digo Amém. Quando a
Bíblia diz sete, não significa um. Com a filosofia do autor, contudo, as
palavras se tornam sem significado. "Seja o vosso não, não, e vosso
sim, sim," diz Tiago. Isto é, significa o que dizeis.
Fazer a clara declaração que "CRISTO está fazendo a expiação
agora" significar que Ele está fazendo a aplicação agora é
indefensável no senso comum gramatical, filosófico, teológico. E ir
além e sobre tal falsa interpretação construir uma nova teologia para
ser imposta por sanções, está simplesmente fora deste mundo. A indevida
suposição de autoridade acoplada na confiança excessiva na virtude de
honras concedidas gera fruto. E o fruto não é bom.
A presente tentativa para diminuir e destruir a confiança no Espírito
de Profecia e estabelecer uma nova teologia, pode enganar alguns, mesmo
muitos, mas os fundamentos sobre os quais temos construído todos esses
muitos anos, ainda permanecem, e DEUS ainda vive. Esta advertência não
deveria ser desatendida: "Se diminuis a confiança do povo de DEUS
nos Testemunhos que Ele lhes tem enviado, estais vos rebelando contra DEUS
tão certamente como fizeram Coré, Datã e Abirã." Testimonies,
vol. 5, pág. 66.
Numa pesquisa completa que conduzi anos atrás, encontrei o que o autor
encontrou, e mais. Entre outras coisas, encontrei um pequeno panfleto
entitulado, "Uma Palavra ao Pequeno Rebanho", publicado por
Tiago White em Brunswick, Maine, em 30 de maio de 1847, uma declaração
pela Irmã White sobre o santuário, que imediatamente atraiu minha
atenção. É datada de 21 de abril de 1847, e escrita em Topsham, Maine.
Na página 12, encontro estas palavras, que suponho que nosso autor do
Ministry também achou. Diz a Irmã White:
"Creio que o santuário, a ser purificado no final dos 2.300 dias,
é o templo da Nova Jerusalém, do qual CRISTO é o Ministro. O SENHOR
mostrou-me em visão, mais de um ano atrás, que o Irmão Crosier tinha a
verdadeira luz sobre a purificação do santuário, etc., e que era a
vontade de JESUS, que o Irmão Crosier escrevesse a visão que Ele nos
dera, no Day-Star, Extra, de 7 de fevereiro de 1846. Sinto-me
completamente autorizada pelo SENHOR, a recomendar esse Extra para cada
santo. Oro para que estas linhas possam ser uma bênção para vós, e a
todos os queridos filhos que possam lê-las. Assinado. Ellen G. White."
Não perdi tempo para conseguir a cópia daquele Extra e lê-lo.
Conforme escrevo isto tenho diante de um uma cópia fotostática do
Day-Star Extra, de 7 de fevereiro de 1946, e na página 40 e 41 daquela
edição leio o artigo do Irmão Crosier. Após ter discutido certas
teorias nas quais ele não acreditava, o Irmão Crosier observa:
Crosier Fala
"Mas de novo, eles dizem que a expiação foi feita e acabada no
Calvário, quando o Cordeiro de DEUS expirou. Assim os homens nos têm
ensinado, e assim as igrejas e o mundo crêem; mas isso não é verdadeiro
nem sagrado, se não for apoiado pela autoridade divina. Talvez poucos ou
ninguém que mantém essa opinião jamais testou o fundamento no qual
repousa.
"1. Se a expiação foi feita no Calvário, por quem foi feita?
Fazer a expiação é a obra de um sacerdote; mas quem oficiou no
Calvário? Os soldados romanos e os judeus.
"2. Matar a vítima não fazia a expiação; o pecador matava a
vítima. Levítico 4:1-4, 13-15, etc.; após aquilo o sacerdote pegava o
sangue e fazia a expiação. Levítico 4:5-12, 16-21.
"3. CRISTO era o apontado Sumo Sacerdote para fazer a expiação,
e certamente não podia ter agido com tal autoridade até depois de Sua
ressurreição, e não temos registro de Ele fazer algo sobre a terra
após a Sua ressurreição que pudesse ser chamado de expiação.
"4. A expiação era feita no santuário, mas o Calvário não era
tal lugar.
"5. Ele não podia, de acordo com Hebreus 8:4 fazer expiação
enquanto estava sobre a terra. 'Se Ele estivesse sobre a terra, Ele não
podia ser um sacerdote.' O levítico era o sacerdócio terrestre; o
Divino, era o celestial.
"6. Portanto, JESUS não começou a obra de fazer a expiação,
seja qual fosse a natureza daquela obra, até após Sua ascensão, quando
por Seu próprio sangue CRISTO entrou no santuário celestial por
nós."
Esta, então é a "luz verdadeira", que o SENHOR mostrou à
Irmã White em visão, que tinha Sua aprovação, e a qual ela sentiu-se
completamente autorizada a recomendar a todos os santos. Somente se
rebaixarmos a Sra. White podemos rejeitar esse Testemunho dela. Não
estamos preparados para fazer isso.
Agora enfrentamos esta situação: Achou o autor do Ministry em sua
pesquisa completa esta declaração que o Irmão Crosier tinha "a
verdadeira luz?" Se ele não a encontrou, ele tem pouco espaço para
sentir-se contente com sua obra. Em ambos os casos, se eu fosse o
professor e tivesse mandado ele fazer esse trabalho de pesquisa e ele
apresentasse a coleção em Questions on Doctrine como seu relatório, eu
teria lhe dado nota F, que em linguagem escolar vale para Fracasso. É ou
um caso de pobre pesquisa, ou de omissão, que mais tarde, sob as
circunstâncias, é o mais sério
.