Carta 5 - Por Que Não Uma Audiência?
Numa carta anterior relatei como, no mês de maio de 1957, entrei de
posse de algumas minutas oficiais dos Depositários White - supostamente
"secretas" - que revelavam uma tentativa de mexer nos Testemunhos ao inserir
em alguns dos volumes notas e explanações que fariam parecer que a Irmã
White estava em harmonia, ou pelo menos não oposta, com a nova teologia
advogada na revista adventista Ministry e no livro Questions on Doctrine
[Perguntas sobre Doutrina, aprovado pela Associação Geral da IASD].
Fiquei confuso quando li esse documento oficial, e sem dúvida
perplexo quando soube que esse plano tinha a sanção da liderança, e foi
um procedimento aprovado. Isto significaria que os homens poderiam
livremente tentar fazer inserções nos escritos do Espírito de Profecia,
que viciariam ou mudariam o significado pretendido do que a Irmã White
tinha escrito. Que segurança podíamos então ter de que os livros
publicados eram os ensinos não adulterados do autor, e que eles não
foram "remediados e corrigidos" como foram outros livros, de
acordo com o relato da revista evangélica Eternity Extra, de setembro de
1956?
Conquanto me sentisse inquieto sobre o que os homens tinham tentado
fazer, minha real preocupação era saber que aquilo tinha sido aprovado
pela administração, e era doravante para ser uma política aceita. Os
homens poderiam agora ir aos Depositários White, e com sua aprovação,
inserir explanações e notas secretamente e privadamente, antes que
alguém descobrisse o que estava acontecendo. E poderiam fazer isso com a
segurança de que se alguém soubesse e revelasse o que estava sendo
feito, a administração ameaçaria tal pessoa a não ser que cessasse sua
"atividade".
No meu caso, foi-me dito que as minutas eram confidenciais, e que eu
não tinha o direito de tê-las nem mesmo de as ler. Embora eu tivesse
citado diretamente e corretamente das minutas oficiais, foi-me dito:
"Estás fazendo tudo isso sobre boatos e sobre minutas confidenciais
que não tens direito nem mesmo de ler." Carta, dezembro de 1957.
Enquanto os homens desejavam inserir "notas",
"explanações", "notas de apêndice", "notas de
rodapé", "notas apropriadas", "nas futuras edições
dos escritos de Ellen G. White", (notem que todas essas declarações
estão no plural), o presidente da Associação Geral da IASD [R. R. Figuhr]
minimizou o assunto ao declarar na carta de 20 de setembro de 1957, que
tudo o que aquilo envolvia era uma "referência cruzada inserida no
pé de certa página"; isto é, uma referência cruzada, no fundo de
uma página, em um dos livros da Irmã White. Isto está tudo em desacordo
com o registro oficial. Como pode essa discrepância ser explicada?
Meu primeiro pensamento e esperança era que eu seria chamado para dar
explicações imediatamente, e ser solicitado a provar minhas acusações
ou a retratá-las; que um grupo imparcial de homens seria solicitado a
conduzir a audiência. Mas nisto fui desapontado.
A primeira reação contra minha "atividade" veio numa carta
de 16 de dezembro de 1957. Ali foi-me dito: "A questão de tua
atividade foi discutida pelos oficiais da Associação Geral, e eles
profundamente deploram o que estás fazendo. Eles portanto pedem que
cesses tuas presentes atividades."
Antes que eu tivesse uma oportunidade de responder, recebi o seguinte
em 19 de dezembro de 1957:
"Quero repetir o que te escrevi antes, que os homens têm perfeito
direito de ir aos conselhos, incluindo o grupo dos Depositários White, e
fazer suas sugestões sem o temor de serem disciplinados ou tratados como
heréticos. Quando recordamos que estás fazendo tudo isso sobre boatos, e
sobre minutas confidenciais que não tens nem mesmo direito de lê-las,
isto certamente dá a impressão que não é o modo de o adventista fazer
as coisas. Não estiveste presente nas reuniões deste conselho, e tudo o
que sabes é boato e as notas breves registradas pelo secretário daquela
reunião... Agora ao tu ires adiante e transmitires um assunto como este,
certamente te colocas numa luz inviável. Se fizeres isto, teremos de
fazer alguma difusão também. Isto te colocará em clara oposição com
tua igreja, e certamente levará o assunto de teu relacionamento com a
igreja. Em vista de tudo isto, os oficiais, como te escrevi anteriormente,
insistentemente te pedem para cessar tuas atividades."
Como será notado, não houve nenhum sugestão de uma audiência para
averiguar a verdade ou falsidade de minhas acusações. Foi-me
simplesmente pedido para cessar minhas "atividades", ou
então...
Como reagi a isso? Como qualquer homem faria sob ameaça. Respondi que
eu era um homem de paz, que eu poderia ser persuadido, mas não ameaçado.
Pedi que eles levassem adiante seus planos. Eu estava pronto para o que
viesse.
O que viria? Eu não sabia o que significava por considerar o meu
"relacionamento com a igreja". Poderia não significar nada. Sei
que impressão eles deixaram sobre o Sr. Barnhouse, se alguém objetasse
à usurpada autoridade deles. Eis o que ele relatou:
"A posição dos adventistas pareceu a alguns de nós em certos
casos ser uma nova posição; para eles pode ser meramente a posição do
grupo majoritário da liderança sadia que está determinada a colocar os
freios em qualquer membro que busque sustentar pontos de vista divergentes
dos daquele da maioria responsável da denominação." Eternity
Extra, 1º de setembro de 1956.
Parece lamentável que nossos líderes tenham deixado tal impressão
sobre os evangélicos. Essa declaração tem estado agora publicada por
três anos. A atenção de nossos líderes foi chamada a ela e pedidos
foram feitos para que negassem tal intenção. Mas eles não fizeram
qualquer negação ou protesto, e nosso povo relutantemente tem chegado à
conclusão que o Sr. Barnhouse está correto em sua avaliação de nossos
líderes.
Acrescente-se a isto o que o Sr. Martin relata que os líderes lhe
disseram, que "eles (os adventistas) têm entre seu número certos
membros de sua 'orla lunática', assim como há similares 'extremistas
irresponsáveis' em todo campo do cristianismo fundamental." Isto é
o que os nossos líderes disseram aos evangélicos na discussão de
importantes tópicos da natureza de CRISTO enquanto em carne. Essas
declarações eu considero um insulto. Isto mostra o desprezo que nossos
líderes têm por aqueles que discordam deles. Penso que essas
declarações dão ampla base para denúncia. Nosso povo é tolerante, mas
esta é a primeira vez que sei que leais adventistas do sétimo dia são
cobertos de insultos pelos líderes.
Um Breve Encontro
A única reunião que tive com nossos líderes foi num dia de fevereiro
de 1958, quando dois oficiais me pediram para encontrar-me com eles
durante os poucos minutos que tinham de folga entre as sessões de suas
reuniões de negócios. A coisa principal pareceu ser o desejo deles de
saber se eu pretendia continuar com minha "atividade".
Disse-lhes que eu pretendia. Uma observação foi feita de por que eu não
havia pedido uma audiência. Nunca tivera me ocorrido que eu devesse pedir
uma audiência. Eu esperava ser convocado. Mas refletindo melhor sobre
isso, no dia seguinte escrevi:
"Eu não sabia que querias que eu fosse a Washington para uma
audiência ou discussão, pois nunca mencionaste tal coisa. Se este é o
teu desejo, estou pronto a ir... Tenho apenas um pedido, que a audiência
seja pública, ou que um estenógrafo esteja presente, e que eu receba uma
cópia das minutas." Carta, 5 de fevereiro de 1958.
Em resposta a isto recebi uma carta, datada de 10 de fevereiro,
convidando-me a ir, dizendo:
"Em concordância com o teu desejo, os irmãos não vêem qualquer
objeção em gravar nossa conversação. Foi sugerido que um gravador
seria o meio mais prático de fazer isto."
Isto me foi satisfatório. Notei, contudo, que nada fora dito de eu
receber uma cópia das minutas. Mas talvez, pensei, isto era tomado como
certo, uma vez que eu dera essa condição, e eles tinham aceito minha
proposição. Mas me senti inquieto. Se eu devesse escrever por mais
confirmação poderia parecer que eu estava questionando a sinceridade
deles. Mas quando até 21 de fevereiro não recebi mais nenhuma palavra,
escrevi:
"Se por equívoco ou intenção, não respondeste ao meu pedido
que me seria dada uma cópia das minutas. Isto é necessário, pois em
qualquer discussão do que é dito ou não dito, será a minha palavra
contra a dos doze. Não me posso permitir colocar nessa posição. Esta é
a condição para que eu vá."
A isto recebi uma resposta datada de 27 de fevereiro:
"Sobre o assunto da gravação, penso que indiquei em minha carta
de 10 de fevereiro que os irmãos tinham em mente gravar em fita as
conversas da reunião. Isto forneceria uma gravação completa do que foi
dito e feito. Assumimos que tal gravação completa seria conveniente para
ti."
Eu pedira uma cópia das minutas, e essa carta me assegurava que uma
gravação em fita seria feita que "forneceria uma gravação
completa do que seria dito e feito." Fora assumido "que tal
gravação completa seria conveniente para ti." Ela seria. Finalmente
fora-me assegurado que uma gravação plena e completa seria feita, e que
de acordo com a sugestão deles próprios seria gravada em fita. Nada mais
eu poderia pedir.
Mas tendo lido Questions on Doctrine cuidadosamente, eu notara que
certas coisas eram ditas numa página, e poucas páginas adiante elas eram
ignoradas. Eu notara certas expressões ambíguas, e isto me deu um senso
de incerteza. Eu não podia evitar a convicção que algumas dessas
expressões foram usadas com o propósito de confusão e foram
intencionais para iludir.
Eu portanto reli as cartas que eu tinha escrito, e também aquelas que
eu recebera, especialmente as porções tratando com meu pedido por uma
cópia das minutas. Notei que em nenhum lugar meu pedido tinha sido
reconhecido, mas o assunto tinha sido evitado. Isto me fez pensar. Havia
um estudado propósito de não me dar uma cópia das minutas, conquanto as
cartas fossem escritas para dar a impressão que eu obteria uma cópia
delas? A evidência parecia consubstanciar minha suspeita. Para tornar-me
seguro, escrevi em 4 de março que eu queria a garantia absoluta,
explicitamente declarada, que eu conseguiria uma "plena e completa
cópia das minutas", tal como fora mencionado. Terminei dizendo:
"Sobre este ponto preciso ter absoluta garantia."
Como até 12 de março não recebi resposta, escrevi novamente,
"Ainda estou aguardando pela palavra definitiva que não somente uma
gravação em fita será feita, mas que obterei uma cópia. Como declarei
em minha primeira carta, esta é uma condição necessária."
Em 18 de março veio esta resposta:
"Tens te referido ao desejo de teres as minutas gravadas, e
também uma cópia das minutas. Ao discutir isto com os oficiais, ocorreu
ao irmãos que faremos isto, que parece justo para todos os interessados:
um secretário é apontado dentro do grupo para escrever as conclusões a
que chegarmos, e isto é submetido ao grupo inteiro para aprovação,
após o que será dada uma cópia a todos. Cremos, Irmão Andreasen, que
esta sugestão será aceitável para ti."
Isto era inteiramente novo e uma sugestão inteiramente diferente.
Depois que foi-me dito na carta de 27 de fevereiro, que uma fita gravada
seria feita, uma "completa" gravação do "que foi dito e
feito", e a esperança expressa de que tal "gravação completa
seria satisfatória" para mim, era-me agora apresentado uma nova
proposta não ouvida antes, uma reviravolta completa. Não haveria
estenógrafo, nenhuma gravação, nenhuma minuta absolutamente, mas uma
que escreveriam sobre as conclusões realizadas. E isto era suposto que me
agradasse! Certamente que isto não me era satisfatório. Era uma completa
ruptura da fé. Era como substituir Lia por Raquel, uma transação
desonrosa. Senti-me como sentiu-se Jacó que havia sido iludido. Três
semanas antes, tinham-me prometido "uma cópia completa" das
minutas que era esperado ser-me satisfatório. Agora foi-me oferecida uma
cópia das conclusões, que também era esperada ser-me satisfatória.
Essa carta de 18 de março revela o fato de que nunca fora a intenção
dar-me uma cópia das minutas, e não obstante eles brincaram comigo,
pensando que eu aceitaria a sugestão deles, vindo a uma audiência ou
discussão, e não tendo nada gravado da discussão, mas somente as
conclusões. Nas eras escuras, os heréticos eram presos e condenados em
segredo. Naquela época não havia habeas corpus. E agora os oficiais
sugeriram uma sessão não gravada, onde somente poucos estariam presentes
e nenhum registro de qualquer tipo fosse feito! Considero isto uma
sugestão imoral. Do que estariam eles com medo? Além disso, antes de ir
a tal audiência a condição fora feita "de que concordas em
submeter teu caso ao comitê da Associação Geral, de concordar com a
decisão do comitê." (Carta de 13 de maio de 1958). Isto claramente
revela a intenção do comitê. Uma audiência devia ser realizada, uma
audiência secreta, e entrar numa discussão, mas antes que a audiência
ou discussão fosse feita, eu deveria concordar em aceitar a conclusão e
veredito deles. Sob essas condições, como poderiam eles ajudar a ganhar
o caso deles?
Parece que os oficiais tinham em mente nomearem-se como acusadores,
jurados, juízes e executores. Num caso envolvendo pontos de doutrina onde
é necessário que haja discussão para se chegar a conclusões seguras,
uma comissão neutra de homens não diretamente envolvidos na
controvérsia deve ouvir o caso. Nenhum juiz ouve um caso onde ele esteja
pessoalmente interessado. Ele se recusa a julgar um caso onde ele esteja
mesmo remotamente interessado. Mas nossos oficiais apontaram-se para
julgar o caso e agir como árbitros numa disputa envolvendo pontos de
teologia, com o poder de agir e pedir que um lado concorde de antemão em
aceitar qualquer decisão que seja feita. Isto, de certo, é equivalente a
aceitar o dito de homens elevados como administradores, executivos,
promotores, financistas, organizadores e conselheiros a ter jurisdição
sobre doutrina, para qual obra não estão educados. Tenho ouvido cada um
deles dizer, "Não sou teólogo".
Em 26 de março de 1958, respondi a carta que afirmava que não haveria
gravação nenhuma, mas que eu receberia uma cópia das conclusões. Eu
não precisava daquilo. Eu sabia de antemão quais elas seriam, pois eu
já havia sido julgado e ameaçado. Eu tinha sido propositadamente mantido
em ignorância sobre o intento de não me darem uma cópia das minutas,
mas de me julgarem secretamente. Aparentemente fora intenção manter o
assunto desconhecido, e se eu de antemão concordasse em aceitar as
conclusões deles, eu poderia ser acusado de quebrar minha promessa se eu
fizesse qualquer comentário posterior. Se eu pudesse ser induzido a vir a
Washington sob essas condições, eu certamente seria
"humilhado". Com o caso inteiro na mente, com as repetidas
evasões ao meu pedido por uma cópia das minutas, senti que eu fora
iludido e terminei minha carta dizendo, "Tua promessa quebrada
cancela o acordo." Minha fé nos homens tinha sido severamente
abalada.
Em 3 de abril recebi uma resposta declarando que minha carta
"tinha sido recebida e seu conteúdo apresentado aos oficiais."
Não havia menção alguma de minha declaração, "Tua promessa
quebrada cancela o acordo", a parte mais importante. Além disso,
esta declaração não fora lida aos oficiais, pois um mês mais tarde
recebi uma carta dizendo, "Através de outros eu soube que sentes que
quebramos nossas promessas para ti." Esta perversão de minhas
palavras tinha saído ao campo, que naturalmente creriam que eu havia
escrito aos outros e não para a pessoa interessada. Não faço esse tipo
de obra.
Nessa carta de 3 de abril o escritor declara:
"É verdadeiro, como declaraste, que a gravação da fita foi
sugerida no início, sem a promessa, contudo, de dar-te uma cópia. Desde
que foi feita esta sugestão, pensamos mais sobre o assunto e cremos que
tal sugestão não seria um plano sábio a seguir... A gravação de uma
fita de cada pequeno detalhe não seria justa aos participantes. Em tais
discussões não é incomum para homens fervorosos cometerem deslizes de
que mais tarde se arrependem e corrigem. O homem mortal está sujeito a
tais erros; mas por que preservá-los? O propósito sincero da reunião
seria chegar a conclusões justas... Conforme revejo tuas cartas, isto
pareceria estar de acordo com tua sugestão original."
Isto torna claro muitos assuntos. Admite que uma gravação de fita
fora sugerida no início. Também torna claro que nunca foi intenção
dar-me uma cópia, embora as cartas foram escritas para esconder este
fato. Também declara que os oficiais mudaram de idéia e decidiram que
seria sábio não gravar nada, pois isso "não seria justo para os
participantes," uma mais surpreendente razão, e revelando a mais
decidida fraqueza. E então a última declaração inverídica:
"Conforme revejo tuas cartas, isto pareceria estar de acordo com tua
sugestão original."
Maior inverdade jamais pronunciada. Eu desafio o escritor que diz que
releu minhas cartas, a encontrar qualquer lugar em que digo ou intimo tal
coisa. E ainda, essa impressão foi para o campo a partir de Washington.
Nunca suspeitando que Washington diria nada senão a absoluta verdade, os
homens do campo que foram admoestados a "manterem-se alinhados",
naturalmente creriam que aquela fora minha "sugestão original".
Nada pode estar mais longe da verdade. Várias vezes enfatizei em todas as
minhas cartas que eu queria uma cópia das minutas, e agora o escritor diz
como se ele tivesse relido em minhas cartas de que uma cópia das
conclusões fora minha sugestão original. Qual foi sua razão por tão
patente erro? Penso que sei. É possível que as notícias de Washington
sejam dadas com ponto de vista viezado?
Por que esta mudança repentina?
Deve haver algumas razões importantes para que fosse de repente
decidido não ter nenhuma gravação, após ter sido primeiro decidido ter
uma gravação completa e plena de "tudo o que for dito e
feito"? Os registros da crise de 1888, o Alfa da apostasia,
desapareceram em grande parte, e os relatos existentes estão seguramente
escondidos e não disponíveis. Não queremos uma situação semelhante no
tempo do Fmega. Que haja luz.
Não sei por que veio a mudança. Posso apenas supor. Ficou entendido
que minha "atividade" seria considerada tanto quanto meu
relacionamento com a igreja. Os irmãos também sugeriram que talvez eu
tivesse algumas questões além que deveriam ser discutidas. Eu tinha. Fiz
uma lista desses assuntos. Eis aqui:
1 - Os artigos do Pr. Froom, particularmente aquele da revista Ministry
de fevereiro de 1957, rebaixando a Sra. White.
2 - As visitas aos Depositários White dos Pastores Anderson e Read com
relação a ter inserções feitas nos escritos da Sra. White, e as
políticas gerais agora prevalecentes.
3 - A lista de tópicos discutidos com os evangélicos que tomaram
"centenas de horas", e as primeiras conclusões chegadas.
4 - A lista detalhada de livros "remediados e corrigidos" sob
a recomendação do Sr. Martin, e uma posterior lista de livros ainda
serem remediados.
5 - O processo de US$ 3.000.
6 - Proselitismo. O que foi acordado.
7 - O significado de "colocar um freio" e "orla
lunática" e "extremistas irresponsáveis".
8 - A nova universidade e os débeis campos externos.
9 - "Moedas cambiais".
10 - Uma auditoria completa por uma firma responsável de auditores
externos.
Esta lista não enviei para Washington, pois eu bem sabia que seria uma
matéria de meses de espera por tal programa. Sugeri apenas poucos
assuntos, e certamente eu sabia qual seria o resultado. Mas, curiosamente
bastante, exatamente nessa ocasião os irmãos decidiram que não seria
sábio ter qualquer gravação feita. Sob tais circunstâncias concordei
com a decisão deles. A razão pusilâmine [covarde] dada para não ser
feita nenhuma gravação - que os irmãos poderiam fazer observações das
quais depois se arrependeriam - é simplesmente tola. Mas que não haja
mal entendido. Uma explicação ainda terá de ser dada.
Para culminar, veio isto na carta de 3 de abril: "Nunca pediste
uma audiência." Deixarei ao leitor decidir esta questão por si
mesmo. Respondi:
"Não cometas erro neste ponto. Eu não somente queria uma
audiência, mas tal audiência deve ser realizada se todo este lamentável
assunto tiver de ser resolvido. Dizes que imaginastes se eu estou sendo
realmente sincero em querer uma audiência. Sim, quero uma audiência. Eu
exijo uma. Não uma audiência secreta. Mas uma aberta, ou com uma
gravação plena e completa de tudo o que for dito ou feito. Este tem sido
meu desejo desde o começo. Nenhum tribunal secreto."
Minha última comunicação com a Associação Geral foi datada de
28.06.58. Perguntei se ainda havia a determinação de dar-me uma
audiência com uma fita gravada para mim. Uma secretária respondeu:
"Com referência a uma gravação em fita da reunião, sou
instruída a dizer que nossa correspondência não revela nenhuma promessa
de uma fita gravada para ti. Se desejado, uma gravação pode ser feita,
mas será mantida neste escritório para um registro permanente como
previamente declarado."
Isto me deixou livre. Exauri todos os meios de correspondência com os
homens a quem havia de me dirigir. Posso agora falar à igreja, como
CRISTO disse que deveria ser feito se os outros meios falhassem. Isto
farei. Mas ainda estou pronto para uma audiência ou julgamento,
apropriadamente conduzido e devidamente gravado. Deixa a luz entrar.
Paixões Herdadas
Na página 383 do livro Questions on Doctrine ocorre a declaração que
CRISTO "estava isento [imune] das paixões herdadas e das poluições
que corrompem os descendentes naturais de Adão."
Essa não é citação do Espírito de Profecia. É uma nova doutrina
que jamais apareceu em qualquer das Declarações de Crenças da
denominação adventista do sétimo dia, e está em conflito direto com
nossas anteriores declarações de doutrina. Não foi "adotada pela
Associação Geral numa sessão quadrienal, quando delegados credenciados
de todo campo estão presentes", como Questions on Doctrine diz que
precisa ser feito para a declaração ser oficial. Ver página 9. É
portanto uma doutrina não aceita nem aprovada.
Duas Declarações
Há duas afirmações nos Testemunhos que são referidas para provar
que CRISTO era isento [imune] de paixões herdadas. A primeira diz que
CRISTO "é nosso exemplo em todas as coisas. Ele é um irmão em
nossas enfermidades, mas não em possuir paixões semelhantes." Testimonies, vol. 2, pág. 202. A outra declara, "JESUS era um poderoso
suplicante, não possuindo as paixões de nossas humanas naturezas
caídas, mas cercado com enfermidades semelhantes, tentado em todos os
pontos mesmo como somos." Testimonies, vol. 2, pág. 509. Ambas essas
declarações mencionam "paixões", nenhuma delas menciona
"poluições". A palavra isento [exempt em inglês também
significa imune] não é encontrada.
Porventura a declaração da Irmã White de que CRISTO não tinha ou
possuía paixões significa que Ele era imune a elas? Não, pois não ter
paixões não é equivalente a ser isento delas [ou estar imune a elas].
São dois conceitos inteiramente diferentes. Isento é definido
"estar livre e excusado de uma obrigação opressiva; tirar,
libertar, liberar como de um regulamento que os outros devem observar, que
obriga os outros; estar imune de."
Foi CRISTO excusado de "uma
regra que os outros precisam observar, que obriga os outros"? Não,
"DEUS permitiu Seu Filho vir, um indefeso bebê, sujeito à (não
imune à) fraqueza da humanidade. Ele Lhe permitiu enfrentar os perigos da
vida em comum com toda alma humana, lutar a batalha como cada filho da
humanidade precisa combatê-la, ao risco de fracasso e perda eterna."
Desire of Ages [O Desejado de Todas as Nações], pág. 49.
"Enquanto
Ele era uma criança, Ele pensava e falava como criança, mas nenhum
traço de pecado desfigurava a imagem de DEUS dentro Dele. Não obstante
Ele não estava isento da tentação. Ele estava sujeito (não imune) a
todos os conflitos que temos de enfrentar." Ibidem, pág. 71.
"DEUS
não poupou Seu próprio Filho." Romanos 8:32. "Nenhum filho da
humanidade jamais será chamado a viver uma vida santa em meio a tão
feroz conflito com a tentação como foi nosso Salvador." Desire of
Ages, pág. 71.
"Era necessário para JESUS estar constantemente em
guarda para preservar Sua pureza." Ibidem. Um homem pode não ter
câncer, mas significa isto que ele está imune, isento de pegar câncer?
Não absolutamente. No ano seguinte ele por ser afligido pelo câncer. A
Irmã White não diz que CRISTO era isento de paixões. Ela diz que Ele
não tinha paixões, não possuía paixões, não que ele era imune a elas.
Por que CRISTO não tinha paixões? Porque "a alma precisa
propor-se ao ato pecaminoso antes que a paixão possa ter domínio sobre a
razão, ou a iniquidade triunfar sobre a consciência." Testimonies,
vol. 5, pág. 177. E CRISTO não se propunha a nenhum ato pecaminoso. Nem por
um momento havia Nele uma propensão pecaminosa.
"Era necessário
para JESUS estar constantemente em guarda para preservar Sua pureza."
O Desejado, 71. Ele era puro, santo, impoluto. Mas isto não significa que
JESUS era imune à tentação ou ao pecado. "Ele poderia ter pecado,
Ele poderia ter caído." SDABC, vol. 5, pág. 1128. Ainda estou perplexo
como pode alguém fazer a Irmã White dizer que CRISTO era isento, quando
ela diz exatamente o oposto, e não utiliza a palavra isento.
É a Tentação Pecado?
Tentação não é pecado; mas pode tornar-se se nos rendermos a ela.
"Quando pensamentos impuros são acariciados, eles não precisam ser
expressos em palavras ou atos para consumar o pecado e levar a alma à
condenação." Testimonies, vol. 4, pág. 623. "Um pensamento
impuro tolerado, um desejo não santo acariciado, e a alma está
contaminada... Todo pensamento mau deve ser imediatamente repelido." Testimonies, vol. 5, pág. 177.
Satanás nos tenta a pecar. DEUS utiliza tentação controlada para nos
fortalecer e ensinar a resistir. Satanás tentou Adão no Éden; ele
tentou Abraão e todos os profetas; ele tentou CRISTO; ele tenta todo
homem, mas DEUS "não nos deixará ser tentados além do que podemos
suportar." I Coríntios 10: 13.
"CRISTO foi um agente moral livre que podia ter pecado se assim
desejasse. Ele estava em liberdade de render-Se às tentações de
Satanás e de agir em oposição a DEUS. Se assim não fosse, se não Lhe
fosse possível cair, Ele não poderia ser tentado em todos os pontos como
a família humana é tentada." Youths' Instructor, 26 de outubro de
1899.
A Grande Lei da Hereditariedade
Questions on Doctrine diz na página 383, que CRISTO foi "isento
das paixões herdadas e das poluicões que corrompem os descendentes
naturais de Adão." Toda criança que é nascida neste mundo, herda
diversos traços de seus ancestrais. Herdou CRISTO semelhantes traços? Ou
foi ele isento? Eis a resposta:
"Como todo filho de Adão, JESUS aceitou os resultados da
operação da grande lei da hereditariedade." O Desejado, pág. 48.
"O resultado disso é mostrado na história de Seus ancestrais
terrestres." Ibidem. Alguns desses ancestrais eram gente boa; alguns
não tanto; alguns eram maus; alguns eram muito maus. Havia ladrões,
assassinos, adúlteros, enganadores, entre eles. JESUS tinha os mesmos
ancestrais que todos nós temos. "Ele veio com tal hereditariedade
para compartilhar nossas tristezas e tentações." Ibidem.
"JESUS aceitou a humanidade quando a raça tinha sido enfraquecida
por quatro mil anos de pecado." Ibidem.
Em vista dessas e de muitas outras declarações, como pode alguém
dizer que JESUS era imune? Longe de estar isento ou relutantemente
submisso a essas condições, Ele aceitou-as. Duas vezes isto é declarado
nas citações aqui feitas. Ele aceitou os resultados da operação da
grande lei da hereditariedade, e com "tal hereditariedade Ele veio
para compartilhar de nossas tristezas e tentações."
A escolha do devoto adventista é portanto entre Questions on Doctrine
e Desire of Ages, entre a falsidade e a verdade. "DEUS permitiu Seu
Filho vir, um bebê indefeso, sujeito às fraquezas da humanidade. Ele Lhe
permitiu enfrentar os perigos da vida em comum com toda alma humana, a
lutar as batalhas como cada filhos da humanidade precisa lutá-la, ao
risco de fracasso e perda eterna." O Desejado, pág. 49.
"CRISTO
sabia que o inimigo viria a todo ser humano para tomar vantagem da
fraqueza hereditária... e ao passar pelo caminho que o homem deve
percorrer, nosso SENHOR nos preparou o caminho para vencermos." O
Desejado, pág. 122-123. "Sobre Ele que depôs Sua glória, e aceitou a
fraqueza da humanidade, a redenção do mundo deve repousar." Ibidem,
pág. 11.
Poucos, mesmo de nossos ministros, conhecem algo do que a Irmã White
chama de a grande lei da hereditariedade. Não obstante esta é a lei que
tornou a encarnação efetiva e fez de CRISTO um homem real, como um de
nós em todas as coisas. Que CRISTO devesse ser como um de nós em todas
as coisas, Paulo considerava uma necessidade moral da parte de DEUS, e
torna evidente ao assim afirmar. Diz ele: "Em todas as coisas
convinha que Ele Se tornasse como Seus irmãos, para que Ele pudesse ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas pertinentes a DEUS para
fazer reconciliação pelos pecados do povo; pois naquilo que Ele mesmo
sofreu, sendo tentado, é capaz de socorrer os que são tentados."
Hebreus 2:17-18. Convinha aqui significa "devia", um dever moral
recaído sobre DEUS.
A grande lei da hereditariedade foi decretada por DEUS para tornar a
salvação possível, e é uma das leis elementares que nunca foi abolida.
Eliminada essa lei, e não temos Salvador que possa ser de ajuda ou
exemplo para nós. Graciosamente CRISTO aceitou esta lei, e assim tornou a
salvação possível. Ensinar que CRISTO era imune a esta lei nega o
cristianismo e torna a encarnação um logro piedoso. Queira DEUS libertar
os adventistas do sétimo dia de tais ensinos e ensinadores!
Poluição
Não toquei no assunto da poluição, embora ele é mencionado em
Questions on Doctrine em conexão com paixões. CRISTO estava sujeito à
grande lei da hereditariedade, mas isto nada tem a ver com poluição.
Pensamentos impuros tolerados, desejos ímpios acariciados, más paixões
favorecidas, terminarão em contaminação, poluição, e pecado franco.
Mas CRISTO não foi afetado por nada disso. Ele "não recebeu nenhum
aviltamento;" "JESUS, vindo habitar com a humanidade, não
recebeu nenhuma poluição." O Desejado, pág. 266.
Paixão e poluição são duas coisas diferentes, e não devem ser
colocadas juntas como são em Questions on Doctrine. Paixão pode
geralmente ser igualada com tentação, e como tal não é pecado. Um
pensamento impuro pode vir espontâneo mesmo numa ocasião sagrada, mas
ele não corrompe; não é pecado, a não ser que seja acariciado e
tolerado. Um desejo não santo pode de repente refletir na mente sob
instigação de Satanás; mas não é pecado a não ser que seja
acariciado.
A lei da hereditariedade se aplica a paixões e não a poluições. Se
a poluição é hereditária, então CRISTO teria sido poluído quando
veio a este mundo, e não poderia ser, portanto, "aquela coisa
santa." Lucas 1:35. Mesmo os filhos de um marido descrente são
chamados santos, uma declaração que deve ser um conforto às esposas de
tais maridos. I Coríntios 7:14. Como adventistas, contudo, não cremos no
pecado original.
Sobre esse assunto de poluição há muito a dizer. Mas como o problema
que estamos enfrentando trata somente com paixões, não discutiremos
poluição adiante. Na ocasião, posso ter mais a dizer sobre paixões,
pois considero a declaração em Questions on Doctrine heresia mortal,
destrutiva da expiação.
Minha próxima carta será
a última desta série. Mas se o leitor consultar a lista dos dez assuntos
que enumerei nesta carta, verá que ainda há muito a ser feito. E aquela
lista não é exaustiva. Contudo, darei tempo para o que tenho dito
penetrar, pois corpos grandes são vagarosos, e toma tempo para
"levedar toda massa". Mas o fermento está operando, e no devido
tempo os resultados esperados virão. Mas não tenho pressa. O tempo está
com a verdade, e a verdade fará seu curso, e não é dependente de nenhum
instrumento humano.
Tenho recebido muitas cartas encorajadoras, e sou
grato por elas, e só lamento que preciso deixar muitas sem responder. Um
homem proeminente de Washington escreveu-me sobre a confusão existente
lá, e declarou: "Estamos observando os eventos, e quando o tempo
vier, estaremos prontos para agir. Pessoalmente, não creio que o tempo
esteja maduro, mas está perto. Estamos contigo, e podes depender de
nós."
Estou contente de relatar que minha saúde está boa, e que estou
desfrutando a vida no limite [O Pr. Andreasen faleceu em 1962, aos 86
anos]. É maravilhoso viver num tal tempo como este. "Sou imortal
até que minha obra seja feita." Isto pode ser amanhã, mas se assim
for, estou satisfeito e preparado.
Saudações a todos os meus amigos com I Tessalonicenses 5: 25:
"Irmãos, orai por nós."
(Assinado) M. L. Andreasen.