Foi CRISTO Imune?
A palavra encarnação deriva de duas palavras latinas, in carnis, que
significa "em carne" ou "na carne". Como um termo
teológico, denota "o assumir a forma e natureza humana por JESUS,
concebido como Filho de DEUS. Nesse sentido João usa a palavra quando
diz, "Nisto conheceis o ESPÍRITO de DEUS: todo espírito que
confessa que JESUS CRISTO veio em carne é de DEUS; e todo espírito que
não confessa que JESUS CRISTO veio em carne não é de DEUS." I
João 4:2,3. Isto torna a crença na encarnação um teste de discipulado,
embora sem dúvida signifique mais que a mera crença na aparência
histórica de CRISTO.
A vinda ao mundo de uma nova vida - o nascimento de um bebê - é em si
mesma um milagre. Infinitamente mais que isto deve ser a encarnação do
próprio Filho de DEUS. Sempre permanecerá um mistério além da
compreensão humana. Tudo que o homem pode fazer é aceitá-la como uma
parte do plano da redenção que tem sido gradualmente revelado desde a
queda do homem no jardim.
Por razões que não podemos completamente compreender, DEUS permitiu o
pecado. Ao assim fazer, contudo, Ele também proveu um remédio. Esse
remédio compreende o plano da redenção e está estreitamente ligado com
a encarnação, a morte e a ressurreição do Filho de DEUS. Não pode ser
concebido que DEUS não soubesse o que a criação Lhe custaria; e o
"conselho de paz" que decidiu o assunto, deve ter incluído
provisões para toda contingência prevista. Paulo chama esse plano de
"sabedoria de DEUS oculta em mistério, a qual DEUS ordenou antes dos
mundos para nossa glória." I Coríntios 2:7.
A frase "antes dos mundos" significa antes que houvesse
criação de qualquer espécie. Assim, o plano da salvação não foi um
pensamento posterior. Ele foi "pré-ordenado". Mesmo quando
Lúcifer pecou, o plano não estava completamente revelado, mas foi
"mantido em silêncio através dos tempos eternos." Romanos
16:25. Para isto DEUS não dá razão. Paulo informa-nos "que pela
revelação DEUS me tornou conhecido o mistério... o mistério de CRISTO
que em outras eras não foi tornado conhecido aos filhos dos homens, como
é agora revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo
ESPÍRITO." Efésios 3: 3-5.
Tornou-Se
Há duas palavras na epístola aos Hebreus que são de interesse nesta
ligação. São elas "tornou-se", no verso dez do capítulo
dois, e "convinha", no verso 17 do mesmo capítulo.
A palavra grega para tornou-se é prepo, e é definida como
"conveniente, apropriado, adequado, adaptado, bem-parecido."
Paulo, que cremos ser o autor de Hebreus, é muito corajoso quando assim
presume atribuir motivo a DEUS e declara que foi conveniente e direito
para DEUS tornar CRISTO "perfeito através do sofrimento."
Hebreus 2:10. Ele considera gracioso a DEUS assim fazer; isto é, DEUS o
aprova. Em julgar a DEUS, Paulo emula Abraão que foi mais corajoso que
Paulo. Entendendo mal o que DEUS intentava fazer, Abraão aconselhou DEUS
a não fazer aquilo. Disse ele, "Também destruirás o justo com o
ímpio?... Longe de Ti tal coisa, de destruir o justo com o ímpio...
Longe de Ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra? Gênesis
18:23,25.
Moisés também ensaiou admoestar a DEUS e instruí-Lo. Quando Israel
dançou ao redor do bezerro de ouro, DEUS disse a Moisés, "Agora,
pois, deixa-Me, que o Meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e Eu
farei de ti uma grande nação." sxodo 32:10. Moisés tentou
pacificar a DEUS e disse, "SENHOR, por que se acende o Teu furor
contra o Teu povo?... Torna-Te da ira do Teu furor e arrepende-Te deste
mal contra o Teu povo." Êxodo 32:11,12. "E o SENHOR
arrependeu-Se do mal que dissera que havia de fazer ao Seu povo."
Verso 14.
Prontamente vemos que nesse interessante episódio DEUS meramente
estava testando Moisés, e dando-lhe uma oportunidade de pleitear pelo
povo. Mas também notamos que isto ilustra a vontade de DEUS de falar
sobre assuntos com Seus santos; sim, e com aqueles que não são santos.
Seu convite à humanidade é, "Vinde então, e argüi-Me, diz o
SENHOR;" Isaías 1:18. DEUS está ansioso para comunicar-Se com Seu
povo. Nem Abraão nem Moisés foram reprovados pela coragem deles.
Convinha
A outra palavra à qual queremos chamar atenção é convinha. Falando
de CRISTO, Paulo diz, "Em todas as coisas convinha a Ele ser feito
igual a Seus irmãos, para que pudesse ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas pertinentes a DEUS, para fazer expiação pelos
pecados do povo."Hebreus 2:17.
Enquanto tornou-se, no verso dez, é uma palavra branda, convinha, no
verso 17 (ophilo em grego), é uma palavra forte e é definida "sob
obrigação", "deve", "precisa",
"necessita", "obrigado", "devedor". Se
CRISTO deve ser misericordioso e fiel sumo sacerdote, Paulo diz que
cumpria a Ele "em todas as coisas" ser como Seus irmãos. Isto
é obrigatório. E um dever que JESUS tem e não pode ser evitado. CRISTO
não podia fazer reconciliação (expiação) pelo homem a não ser que
tomasse Seu lugar com eles e em todas as coisas Se tornasse como eles.
Não foi uma questão de escolha. JESUS devia, precisava, estava sob obrigação de. A não ser que CRISTO tivesse de lutar com as mesmas
tentações que os homens enfrentam, Ele não poderia simpatizar-Se com
eles. Uma pessoa que nunca esteve faminta, que nunca esteve fraca e
doente, que nunca lutou com as tentações, é incapaz completamente de
simpatizar-se com os que são assim afligidos.
Por esta razão foi necessário para CRISTO em todas as coisas
tornar-Se como Seus irmãos. Se JESUS tem de ser tocado com os sentimentos
de nossas enfermidades, Ele próprio deve ser "rodeado de
fraqueza". Hebreus 4:15; 5:2. Portanto, se os homens são afligidos,
JESUS também deve ser afligido "em todas as aflições deles."
Isaías 63:9. O próprio CRISTO testifica: "Não fui rebelde; nem
voltei atrás. As costas dou aos que Me ferem e a face, aos que Me
arrancam os cabelos; não escondo a face dos que Me afrontam e Me
cospem."Isaías 50:5,6. JESUS "próprio tomou nossas
enfermidades, e levou as nossas doenças." Mateus 8:17. Em nada
CRISTO Se poupou. Ele não pediu para ser isento, imune de qualquer
provação ou sofrimento humano; e DEUS não O imunizou (isentou).
Essas experiências eram todas necessárias se CRISTO tivesse de ser um
sumo sacerdote misericordioso. Ora, Ele pode simpatizar-Se, pois JESUS
conhece a fome por experiência real e a doença e a fraqueza e a
tentação e tristeza e aflição e a dor e o sentir-Se abandonado por
DEUS e pelo homem. JESUS foi "tentado em todos os pontos como nós
somos, embora sem pecado." Hebreus 4:15. É a participação de
CRISTO nas aflições e fraquezas dos homens que O capacita a ser um
simpático Salvador como é JESUS.
Foi CRISTO Isento/Imune?
Com essas reflexões em mente, lemos com espanto e perplexidade,
mesclado com tristeza, a falsa declaração em Questions on Doctrine,
pág.
383 de que CRISTO foi "isento das paixões herdadas e das poluições
que corrompem os descendentes naturais de Adão." Para apreciar a importância dessa afirmação, precisamos
definir "isento/imune" e "paixões".
O College Standard Dictionary, define isento: "liberar ou excusar
de alguma obrigação pesada; libertar, desembaraçar ou dispensar de
alguma restrição ou carga." O Webster's New World Dictionary define
isento: "tirar, libertar, livrar como de um regulamento que os outros
devem observar; excusado, liberado... isenção implica uma dispensa de
alguma obrigação ou exigência legal, especialmente quando outros não
são liberados."
Paixão é definida: "originalmente sofrimento ou agonia...
qualquer das emoções como ódio, tristeza, amor, medo, alegria; a agonia
e sofrimento de JESUS durante a crucifixão ou durante o período após a
ú
ltima Ceia. Paixão usualmente implica uma forte emoção que tem um
efeito compelente ou irresistível." Paixão é uma palavra
inclusiva. Conquanto originalmente ela tenha referência à tristeza,
sofrimento, agonia, ela não se confina a esses significados nem às
paixões da carne somente, mas inclui todas as emoções humanas como
mencionado acima, tanto quanto a ira, tristeza, fome, piedade; inclui, de
fato, todas as tentações que incitam os homens à ação. Tirar essas
emoções do homem, isentá-lo de todas as tentações, resulta numa
criatura menos que humana, uma espécie de não-homem, um homem sombra,
uma não-entidade, à qual Markhan chama "um irmão do boi." As
tentações são os ingredientes da construção do caráter da vida para
o bem ou o mal, conforme o homem reaja a elas.
Se CRISTO fosse isento/imune das paixões da humanidade, Ele seria
diferente dos outros homens, nenhum dos quais é assim imune. Tal ensino
é trágico, e completamente contrário ao que os ASDs têm sempre
ensinado e crido. CRISTO veio como um homem entre homens, não pedindo
nenhum favor nem recebendo nenhuma consideração especial. De acordo com
os termos do concerto, JESUS não deveria receber nenhuma ajuda de DEUS
que não estivesse disponível a qualquer outro homem. Esta era uma
condição necessária se Sua demonstração tivesse de ser de algum valor
e Sua obra aceitável. O menor desvio dessa regra invalidaria o
experimento, tornaria nulo o acordo, falto o concerto, e efetivamente
destruiria toda esperança para o homem.
A acusação de Satanás tem sempre sido que DEUS é injusto ao
requerer que os homens guardem a lei, e duplamente injusto em puni-los por
não fazer o que não pode ser feito, e o que ninguém jamais fez. Sua
reivindicação é que DEUS deve ao menos fazer uma demonstração para
mostrar que pode ser feito, e feito sob as mesmas condições às quais os
homens estão sujeitos. Noé, Jó, Abraão, Davi - todos foram bons
homens, mas todos falharam em subir ao elevado padrão de DEUS.
"Todos os homens pecaram", diz Paulo. Romanos 3:23.
DEUS não foi movido pelo desafio de Satanás; pois muito tempo antes,
mesmo na eternidade, DEUS decidira sobre Seu curso de ação. De acordo,
quando chegou a tempo, DEUS enviou Seu próprio Filho, na semelhança de
carne pecaminosa, pelo pecado condenou o pecado na carne." Romanos
8:3. CRISTO não tolerou o pecado na carne; Ele condenou-o, e ao assim
fazer, JESUS, além disso, reforçou a lei ao pagar a pena requerida pela
transgressão dela, e suportou a inflição de sua pena ao pagar sua
exigência; CRISTO estava então na posição de perdoar sem ser acusado
de ignorar a lei ou de colocá-la de lado.
Quanto tornou-se evidente que DEUS intentava enviar Seu Filho e Nele
demonstrar que o homem pode guardar a lei, Satanás sabia que isso
constituiria a crise, e que ele precisava vencer a CRISTO ou perecer. Uma
coisa grandemente o preocupava: Haveria de CRISTO vir a esta terra como um
homem, com as limitações, fraquezas e enfermidades que os homens têm
trazido sobre eles devido aos excessos? Se assim fosse, Satanás cria que
ele poderia vencer a JESUS. Se DEUS devesse isentá-Lo das paixões que
corrompem os descendentes naturais de Adão, Satanás poderia reclamar que
DEUS estava fazendo favoritismo, e que o teste era inválido. Nas
seguintes citações do Espírito de Profecia temos a resposta de DEUS:
"DEUS permitiu a Seu Filho vir, como um bebê carente, sujeito às
fraquezas da humanidade. Ele Lhe permitiu enfrentar os perigos da vida em
comum com cada alma humana, lutar a batalha que todo filho da humanidade
deve lutar, ao risco de falha e perda eterna." O Desejado, 49.
"Muitos reclamam que era impossível para CRISTO ser vencido pela
tentação. Então Ele não poderia ter sido colocado na posição de
Adão... nosso Salvador tomou a humanidade com todas as suas
responsabilidades. Ele tomou a natureza de Adão com a possibilidade de
ceder à tentação." O Desejado, 117.
"As tentações às quais CRISTO estava sujeito eram uma terrível
realidade. Como um agente livre JESUS foi colocado em provação com a
liberdade de ceder às tentações de Satanás e operar em oposição a
DEUS. Se assim não fosse, se não fosse possível que CRISTO caísse, Ele
não poderia ter sido tentado em todos os pontos como a família humana é
tentada." The Youth's Instructor, 26-10-1899.
"Quando Adão foi assaltado pelo tentador, nenhum dos efeitos do
pecado estavam sobre ele. Adão permaneceu na força da perfeita
varonilidade, possuindo o pleno vigor de mente e corpo... Não foi assim
com JESUS quando entrou no deserto para lutar com Satanás. Por quatro mil
anos a raça humana tinha estado decrescendo em força física, em poder
mental, em valor moral; e CRISTO tomou sobre Si as enfermidades da
humanidade degenerada. Somente assim poderia JESUS resgatar o homem das
mais baixas profundezas de sua degradação." O Desejado, 117.
"CRISTO venceu a Satanás na mesma natureza sobre a qual Satanás
obteve a vitória sobre o homem. O inimigo foi vencido por CRISTO em Sua
natureza humana. O poder da divindade do Salvador foi escondido. Ele
venceu na natureza humana, dependendo de DEUS para ter força. Este é o
privilégio de todos." The Youth's Instructor, 25-04-1901.
"Cartas têm-me chegado, afirmando que CRISTO não podia ter tido
a mesma natureza como o homem, pois se o tivesse, JESUS teria caído sob
tentações similares. Se JESUS não tivesse a natureza do homem, Ele não
poderia ser nosso exemplo. Se JESUS não fosse participante de nossa
natureza, Ele não poderia ser tentado como tem sido o homem. Se não
fosse possível JESUS ceder às tentações, Ele não poderia ser nosso
ajudador. Foi uma solene realidade que CRISTO veio para lutar a batalha
como o homem, em favor do homem. Sua tentação e vitória nos dizem que a
humanidade precisa copiar o Padrão; os homens devem tornar-se
participantes da natureza divina." R&H, 18-02-1890.
"CRISTO portou os pecados e enfermidades da raça como ela existia
quanto Ele veio à terra para ajudar o homem... JESUS tomou a natureza
humana, e suportou as enfermidades da raça degenerada." As
Tentações de CRISTO, 30,31.
Se CRISTO fosse isento de paixões, Ele seria incapaz de entender ou de
ajudar a humanidade. Portanto, cumpria-Lhe "em todas as coisas ser
feito como Seus irmãos, para que pudesse ser um misericordioso e fiel
sumo sacerdote... pois naquilo que Ele mesmo sofreu, sendo tentado, é
capaz de socorrer os que são tentados." Hebreus 2:17,18.
Um Salvador que nunca foi tentado, que nunca teve de batalhar com as
paixões, que nunca "ofereceu orações e súplicas com fortes brados
e lágrimas a DEUS que era capaz de salvá-Lo da morte", que
"embora fosse um Filho" nunca aprendeu a obediência pelas
coisas que sofreu, mas que foi "isento" das próprias coisas que
um verdadeiro Salvador deve experimentar: tal Salvador é o que essa nova
teologia nos oferece. Não é o tipo de Salvador que eu preciso, nem o
mundo. Um que nunca lutou com as paixões não pode ter conhecimento do
poder delas, nem nunca teve a alegria de sobrepujá-las.
Se DEUS estendesse favores especiais e isenções a CRISTO, neste
próprio ato DEUS O desqualificaria para Sua obra. Não pode haver heresia
mais prejudicial do que esta aqui discutida. Ela afasta o Salvador que
tenho conhecido e substitui por Ele uma personalidade fraca, não
considerada por DEUS capaz de resistir e conquistar as paixões que DEUS
pede ao homem para vencer.
É, de certo, patente para todos, que ninguém pode reivindicar crer
nos Testemunhos e também crer na nova teologia de que CRISTO foi imune
às paixões humanas. É uma coisa ou outra. A denominação adventista é
agora chamada a decidir. Aceitar os ensinos do livro Questions on Doctrine
necessita abdicar da fé do dom de profecia que DEUS tem dado a este povo.
Alguma História
Pode interessar ao leitor conhecer como essas novas doutrinas vieram a
ser aceitas pelos líderes da IASD, e como foram incluídas no livro
Questions on Doctrine, e assim receberam posição oficial.
A questão da natureza de CRISTO enquanto em carne é um dos pilares
fundamentais do cristianismo. Nessa doutrina se apóia a salvação do
homem. O apóstolo João a torna um fator decisivo ao dizer, "Todo
espírito que confessa que JESUS CRISTO veio em carne, é de DEUS. E todo
espírito que não confessa que JESUS CRISTO veio em carne, não é de
DEUS."I João 4: 2,3.
Em que tipo de carne veio JESUS a esta terra? Repetimos uma citação
dada acima: "CRISTO tomou sobre Si as enfermidades da humanidade
degenerada. Somente assim poderia Ele resgatar o homem das mais baixas
profundezas da degradação humana." O Desejado, 117.
Somente enquanto CRISTO colocou-Se no nível da humanidade que Ele
tinha vindo salvar, podia JESUS demonstrar ao homem como vencer suas
paixões e debilidades. Se os homens com os quais Ele se associou tivessem
entendido que JESUS era isento das paixões com as quais eles tinham de
lutar, Sua influência teria sido destruída e Ele seria considerado como
um enganador. Sua declaração, "Eu venci o mundo,"(João 16:33)
seria aceita como uma jactância desonesta; pois sem paixões JESUS nada
tinha a vencer. Sua promessa "ao que vencer, lhe concederei que se
assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai
no Seu trono" (Apocalipse 3:21), enfrentaria a reivindicação de que
se DEUS os isentasse das paixões, eles também poderiam fazer o que
CRISTO fez.
Que DEUS isentou a CRISTO das paixões que corrompem os homens, é o
auge da heresia. É a destruição de toda verdadeira religião e nulifica
completamente o plano da redenção, e torna DEUS um enganador e CRISTO
Seu cúmplice. Grande responsabilidade repousa sobre os que ensinam tais
falsas doutrinas para destruição das almas. A verdade, evidentemente, é
que DEUS, "não poupou Seu próprio Filho, mas no-Lo entregou"
(Romanos 8:32); além disso, porque a natureza de CRISTO era sensível à
menor desconsideração ou desrespeito ou desdém, Suas provas eram mais
árduas e Suas tentações mais fortes do que qualquer um tem de suportar.
JESUS resistiu "mesmo até o sangue." Não, DEUS não O poupou
ou O isentou. Em Sua agonia JESUS "ofereceu orações e súplicas com
fortes clamores e lágrimas para DEUS que era capaz de salvá-Lo da morte,
e foi ouvido naquilo que temia."Hebreus 5:7. "Embora fosse o
Filho, ainda aprendeu Ele a obediência pelas coisas que sofreu."
Verso 8.
Em vista de tudo isso, repetimos a pergunta: Como essa doutrina que
desonra a DEUS teve seu curso dentro desta organização adventista? Foi
ela o resultado de íntimo e fervoroso estudo por homens competentes
durante uma série de anos, e foram as conclusões finais submetidas à
denominação em reunião pública representativa, anunciada de antemão
na Review, dando os detalhes de que mudanças eram contempladas, como a
denominação votou, de acordo com o procedimento apropriado? Nenhuma
dessas coisas foi feita. Um livro anônimo apareceu, e os homens foram
julgados e os freios foram aplicados sobre qualquer um que objetasse.
Eis aqui a história de como essas novas doutrinas acharam seu caminho
para dentro da denominação adventista, conforme relatado pelo Dr. Donald
Grey Barnhouse, editor da revista religiosa Eternity, em setembro de 1956,
no artigo entitulado "São os Adventistas do Sétimo Dia Cristãos?
Com permissão citamos desse artigo. Podemos dizer que o Dr. Barnhouse nos
adverte que o conteúdo inteiro do artigo foi submetido aos líderes
adventistas da Conferência Geral para aprovação antes da publicação.
O fato que esse relatório foi publicado há três anos [1956 para 1959],
e nenhuma correção ou protesto foi exarado por nossos líderes,
fortemente mostra que eles aceitam a veracidade do artigo.
O Dr. Barnhouse relata que "há pouco menos de dois anos foi
decidido que o Dr. Martin deveria realizar pesquisa em relação ao
adventismo do sétimo dia." O Dr. Walter R. Martin era na ocasião um
candidato ao grau de Doutor de Filosofia na Universidade de Nova Iorque e
estava ligado também ao conselho editorial da revista Ministry. Desejando
conseguir informação de primeira mão e confiável, o Sr. Martin foi a
Washington à sede dos adventistas onde ele contatou com alguns líderes.
"A resposta foi imediata e entusiástica."
O Sr. Martin "imediatamente... percebeu que os adventistas estavam
energicamente negando certas posições doutrinárias que antes eram-lhes
atribuída. Principalmente entre essas estavam a questão da marca da
besta, e da natureza de CRISTO enquanto em carne." O Sr. Martin
apontou-lhes que na livraria adventista anexa ao edifício em que essas
reuniões estavam ocorrendo, um certo volume publicado por eles e escrito
por um de seus ministros categoricamente afirmava o contrário do que eles
estavam agora declarando. Os líderes mandaram buscar o livro e
descobriram que o Sr. Martin estava correto, e imediatamente levaram esse
fato à atenção dos oficiais da Conferência Geral, que a situação
tinha de ser remediada e que tais publicações tinham de ser
corrigidas."
Aquilo era concernente particularmente sobre a doutrina da marca da
besta, uma das doutrinas fundamentais da igreja adventista mantida desde
os seus primórdios. Quando os líderes descobriram que o Sr. Martin
estava certo, eles sugeriram aos oficiais que a situação fosse
"remediada e tais publicações corrigidas." Isso foi feito.
Não fomos informados sobre quais publicações foram assim
"remediadas e corrigidas", nem se os autores foram notificados
antes de as mudanças serem feitas; nem se o comitê editorial devidamente
apontado fora consultado; nem se os editores do livro ou se a casa de
publicação estavam concordes com as mudanças.
Sabemos, contudo, que na Lição da Escola Sabatina do segundo
trimestre de 1958, que trata do livro do Apocalipse, capítulo após
capítulo, o 13º capítulo que discute a marca da besta foi inteiramente
omitido. O capítulo 12 estava lá, assim como o 14, mas não havia o
capítulo 13. As licões da Escola Sabatina haviam sido evidentemente
"remediadas e corrigidas."
É certamente incômodo quando um ministro de outra denominação tem
bastante influência com nossos líderes para fazê-los corrigir nossa
teologia, e efetuar uma mudança nos ensinos da denominação, numa
doutrina mais vital da igreja, e mesmo invadir as lições da Escola
Sabatina do mundo e retirar dela importantes lições do Apocalipse 13.
Para nossos líderes aceitarem isto é equivalente a uma abdicação de
sua liderança.
O mesmo Procedimento
Mas isto não é tudo. O Dr. Barnhouse relata que o mesmo procedimento
foi repetido com relação à natureza de CRISTO enquanto na carne,
assunto com o qual estivemos tratando. Nossos líderes asseguraram ao Sr.
Martin que "a maioria da denominação tem sempre mantido que a
natureza de CRISTO enquanto em carne era sem pecado, santa, e perfeita, a
despeito do fato de alguns dos escritores adventistas terem ocasionalmente
publicado pontos de vistas contrários completamente repugnantes à igreja
como um todo."
Se nossos líderes falaram isso ao Sr. Martin, eles disseram a maior
inverdade possível. Pois a denominação jamais manteve qualquer outro
ponto de vista que o expresso pela Sra. White nas citações usadas neste
artigo. Desafiamos nossos líderes, ou qualquer pessoa, a apresentar prova
da afirmação deles. Quão grosseiramente inverídica é a declaração
de que certos escritores adventistas publicam pontos de vista
"completamente repugnantes à igreja como um todo." A Sra. White
foi uma dessas escritoras que "publicou." Ouvi também o que
nosso livro padrão, Bible Readings for the Home Circle [Estudos
Bíblicos, em português], vendido ao público aos milhões, tem a dizer
sobre o assunto. Tenho diante de mim duas cópias, uma da Pacific Press,
de 1916, a outra da Southern Publishing House, de 1944. Ambas dizem o
mesmo. Eis o ensino aceito pela denominação:
"Em Sua humanidade CRISTO participou de nossa pecaminosa natureza
caída. Se assim não fosse, então, Ele não teria sido feito 'como Seus
irmãos', não fora 'em todos os pontos tentado como nós somos,' não
vencera como temos de vencer, e não é, portanto, o completo e perfeito
Salvador que o homem precisa e deve ter para ser salvo. A idéia de que
CRISTO foi nascido de uma mãe imaculada e sem pecado (os protestantes
não reivindicam isto para a virgem Maria, [mas os católicos sim]), que
não herdou tendências para o pecado, e que por isto não pecou, remove
JESUS do mundo caído, e do próprio lugar onde a ajuda é necessária. Em
Seu lado humano, CRISTO herdou exatamente o que todo filho de Adão herda
- uma natureza pecaminosa, caída. Do lado divino, desde a Sua própria
concepção JESUS foi gerado e nascido do ESPÍRITO. E isto foi feito para
colocar a humanidade em posição vantajosa, e para demonstrar que do
mesmo modo que todos os que são 'nascidos do ESPÍRITO' podem ganhar
semelhante vitória sobre o pecado em sua própria carne pecaminosa. Assim
cada um deve vencer como CRISTO venceu (Apocalipse 3:21). Sem este
nascimento não pode haver vitória sobre a tentação, e nenhuma
salvação do pecado (João 3:3-7)." Bible Readings, pág. 21.
Em explanação de como há escritores adventistas que publicam seus
pontos de vista, nossos líderes disseram ao Sr. Martin que "eles
tinham entre seu número certos membros de sua 'margem lunática', tanto
como há similares excêntricos irresponsáveis em todo campo do
cristianismo fundamental." Penso que isto é ir muito longe. A Sra.
White não pertence a essa "orla lunática" que publica, nem os
autores de Bible Readings. Nossos líderes precisam pedir a mais humilde
desculpa à denominação por tal calúnia sobre seus membros. É quase
inaceitável que eles tivessem feito tais declarações. Mas a acusação
tem estado publicada há aproximadamente três anos, e não houve nenhum
protesto de qualquer tipo. Estou humilhado de que tais acusações tenham
sido feitas, e mesmo mais assim que nossos líderes estejam completamente
endurecidos em sua atitude para com elas.
Para que o leitor possa ver por si mesmo o relatório original do Dr.
Barnhouse, eu anexo uma cópia da reimpressão, "São os Adventistas
do Sétimo Dia Cristãos?" Este não é o relatório completo, mas
apenas aquela parte que se relaciona às questões aqui discutidas. Mais
tarde apresentaremos outros extratos.
"Pouco menos de dois anos atrás foi decidido que o Sr. Martin
devia realizar pesquisa em relação ao adventista do sétimo dia.
Contatamos com os adventistas, dizendo que desejávamos tratá-los com
justiça e apreciaríamos a oportunidade de entrevistar alguns de seus
líderes. A resposta foi imediata e entusiástica.
"O Sr. Martin foi a Takoma Park, Washington, D.C., na direção do
movimento adventista do sétimo dia. De início os dois grupos olharam-se
com grande suspeita. O Sr. Martin tinha lido uma vasta quantidade de
literatura adventista e os apresentou uma série de aproximadamente 40
perguntas concernentes à posição teológica dos adventistas. Numa
segunda visita foi-lhe apresentado várias páginas de detalhadas
respostas teológicas àquelas perguntas. Imediatamente foi percebido que
os adventistas estavam ardorosamente negando certas posições
doutrinárias que lhes haviam sido previamente atribuídas. Conforme o Sr.
Martin lia suas respostas ele chegou, por exemplo, na declaração que
eles repudiavam absolutamente o pensamento que a guarda do sábado do
sétimo dia fosse uma base para salvação e uma negação de qualquer
ensino que a guarda do primeiro dia da semana (domingo) fosse considerada
ser o recebimento da anti-cristã 'marca da besta'. Ele lhes assinalou que
na livraria anexa ao prédio onde se realizava as reuniões, um certo
livro publicado por eles e escrito por seus ministros, categoricamente
declarava o contrário do que estavam afirmando. Os líderes mandaram
buscar o livro, descobriram que o Sr. Martin estava certo, e imediatamente
levaram este fato à atenção dos oficiais da Conferência Geral, que
essa situação tinha de ser remediada e tais publicações corrigidas.
Este mesmo procedimento foi repetido com relação à natureza de CRISTO
enquanto em carne, que a maioria da denominação tem sempre mantido ser
sem pecado, santa, e perfeita, a despeito do fato de que certos de seus
escritores terem ocasionamente publicado pontos de vista contrários,
completamente repugnantes para a igreja como um todo. Eles além disso
explicaram ao Sr. Martin que tinham entre eles certos membros de sua 'orla
lunática', assim como há excêntricos irresponsáveis em todo campo do
cristianismo fundamental. Essa ação dos ASD foi indicativa de passos
similares que foram tomados, subseqüentemente.
"O livro do Sr. Martin sobre o adventismo do sétimo dia
aparecerá na imprensa em poucos meses. Ele terá um prefácio dos
líderes responsáveis da IASD para o efeito de que não sejam mal citados
no volume e que as áreas de acordo e desacordo, como expostas pelo Sr.
Martin, sejam acuradas do ponto de vista deles, tanto quanto de nosso
ponto de vista evangélico. Todas as referências do Sr. Martin a um novo
livro adventista sobre suas crenças serão da prova de página do livro
deles (Questions on Doctrine), que aparecerá publicado simultaneamente
com o livro do Sr. Martin. Doravante qualquer crítica justa do movimento
adventista deve referir-se a essas publicações simultâneas."
"A posição dos adventistas parece a alguns de nós em certos
casos ser uma nova posição; aos ASD poder ser meramente a posição do
grupo majoritário da sã liderança que está determinada a colocar um
freio em qualquer membro que busque manter velhos pontos de vista
divergentes daqueles da liderança responsável da denominação
adventista.
"Para evitar acusações que contra eles foram apresentadas pelos
evangélicos, os adventistas já tinham feito arranjos para que o programa
da Voz da Profecia e a revista Signs of the Times, seu maior periódico,
fossem identificados como apresentações da IASD."
Ao encerrar este artigo, quero reenfatizar certos fatos salientes:
1 - Questions on Doctrine, pág. 383, declara que CRISTO foi isento. O
Espírito de Profecia torna claro que CRISTO não foi isento das
tentações e paixões que afligem os homens. Qualquer um que aceite a
nova teologia deve rejeitar os Testemunhos. Não há outra escolha.
2 - O Sr. Martin foi o instrumento em ter mudado nossos ensinos sobre a
natureza de CRISTO na carne e a marca da besta. Mudanças similares foram
feitas em outros livros, mas não estamos informados que mudanças são.
3 - Nossos líderes prometeram não fazer proselitismo. Isto
efetivamente interromperá nossa obra para o mundo. E prometeram relatar
ao Sr. Martin aqueles que transgredirem.
4 - Fomos ameaçados de ter freios aplicados aos que deixarem de
crer e seguir os líderes. Tais pessoas são caracterizadas como
"excêntricos irresponsáveis e são ditas constituírem a
"margem lunática".
5 - Estamos estarrecidos ao saber que de algum modo esses clérigos
evangélicos têm tido influência bastante com nossos líderes para fazer
que a Voz da Profecia e Signs of the Times aprestem suas velas para
"evitar as acusações que têm sido trazidas contra elas pelos
evangélicos." Isto é notícia terrificante. Esses órgãos são
instrumentos de DEUS, e é inacreditável que os líderes devam permitir
qualquer influência externa afete esses veículos. Nisto um grande pecado
contra a denominação adventista foi cometido que só pode ser apagado
mediante profundo arrependimento das partes culpadas, ou em vez disso, que
tais líderes envolvidos