Deus e a Desigualdade Social

Se Deus existe e é amor, por que eu ganho salário mínimo? Se Ele é justo, por que consente que meu patrão lucre tanto e eu receba tão pouco? Estaria me castigando? Por quê? Essas perguntas já não passam pela mente de milhares de trabalhadores brasileiros, porque, após sofrerem tanta injustiça e exploração, deixaram de acreditar na existência de Deus. Milhões, porém, ainda conservam a fé mas anseiam por respostas a essa questão: Qual a posição de Deus em relação à gritante desigualdade sócio-econômica existente no País?

Nós temos a resposta: "Deus jamais desejou que existissem o sofrimento e a miséria. Nunca foi de Sua vontade que uma pes-soa tivesse abundância de luxos na vida enquanto os filhos de outros clamassem por pão." - Beneficência Social, pág. 15. As repetidas advertências e repreensões proferidas pelos profetas menores aos líderes de Israel e de outras nações são provas inegáveis da desaprovação divina à injustiça social. "Toda injustiça é pecado." 1 João 5:17.

É nosso dever anunciar isso ao povo. Se nos calarmos, nosso silêncio será interpretado como silêncio e indiferença de Deus. E os trabalhadores explorados jamais conseguirão acreditar que Deus os amou tanto no passado, providenciando-lhes a salvação por Jesus Cristo, uma vez que não há evidências de que Se interessa por eles no presente.

Aos ricos e poderosos, responsáveis por essa injusta realidade, devemos falar do perigo que correm por estar agindo em oposição à vontade de Deus. E não podemos temer-lhes as reações.

Embora estivesse arriscando a própria vida, João Batista - que dizemos representar-nos como precursores da segunda vinda de Cristo - não temeu repreender a Herodes por seus pecados "e por todas as maldades que havia feito" (S. Luc. 3:19). Do mesmo modo agiu Jesus (ver 5. Luc. 14:31 e 33). Ele ordenou aos ricos que partilhassem seus bens com os pobres e condenou os poderosos porque dominavam e exploravam o povo. Disse que a maneira correta de exercer o poder era aquela ensinada e vivida por Ele: o serviço desinteressado. (Ver 5. Mat. 20:25-28.)

"Nos reinos do mundo, a posição implicava em engrandecimento próprio. Supunha-se que o povo existia para benefício das classes dominantes. Influência, fortuna, educação eram outros tantos meios de empolgar as massas para proveito dos dirigentes. As classes mais altas deviam pensar, decidir, gozar e dominar; às mais humildes cumpria obedecer e servir... Cristo estava estabelecendo um reino sobre princípios diversos. Chamava os homens, não à autoridade, mas ao serviço, os fortes a sofrer as fraquezas dos fracos. Poder, posição, talento e educação colocavam seus possuidores sob maior dever de servir aos semelhantes." - O Desejado de Todas as Nações, pág. 524. E foi por essa mensagem "revolucionária" que Ele, como João Batista, foi morto. Estaríamos nós dispostos a pagar esse preço? 

- Robson Ramos, texto publicado na Revista Adventista, no mês de novembro 87, pág. 2.


 

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