Papai Noel e a Justificação pelas Obras
A leitura do artigo abaixo, que encontrei
no site de outro ex-redator da Casa Publicadora Brasileira, Ivo Santos
Cardoso, proprietário e editor do jornal Vida
Integral, fez-me pensar pela primeira vez numa possível intenção
maligna por trás da figura do Papai Noel. Estaria o diabo, com a nossa ajuda,
denegrindo a imagem do Pai Celestial, através do exigente velhinho que
presenteia apenas as crianças boazinhas? Reforçaria o mito do Papai Noel o
engano da justificação pelas obras? Pareceu-me que sim. Leia o artigo e depois
nos escreva, emitindo sua opinião. - Robson Ramos
Papai Noel Existe?
Regiane De Girolamo Moysés
Chegou dezembro de mais um ano. Este, bastante folclórico, com muita expectativa e
cheio de muita esperança. Com ele, chega também, o Papai Noel...
Mas, quem é essa figura de barba branca, quase sempre gordinho e de olhos claros?
Fascínio e encanto das crianças ou grande temor? Observar a reação das crianças frente
ao Papai Noel é significativo, já que ele reflete uma história para a criança e uma história
para adulto nenhum desprezar.
Como todo conto de fadas, as estórias abarcam um moral, um conteúdo, formas de
superar conflitos, valores de bem e de mal, que encontram ressonância ou ecoam na vida
de qualquer pessoa, até dos adultos.
Pois bem, para muitas crianças, o Papai Noel representa mais um pai, dentre tantos que
conhecemos: autoritário, punitivo, arbitrário, que ressalta culpas, que censura, que
confisca. Muitas crianças têm pavor dele, uma vez que sentem-se muito ameaçadas. E
não é para menos. O Papai Noel vê tudo: se não comer, não ganha presente; o Papai Noel
não gosta de criança mal educada, o Papai Noel não quer criança que rói unhas, que
chupa chupeta etc.
Certamente, esta figura dos contos, que é tão real que encontramos nas ruas, deve ser
tudo isso e muito mais. Qual é a aprendizagem que vamos instalando na criança? O medo,
a necessidade de corresponder a certos padrões, para ser amado e aceito. A troca de
favores: eu faço que entendi, fico bonzinho uns minutos e talvez consiga driblar o Papai
Noel. E quantas duplas mensagens chegam, mas de repente, que não é tão de repente;
sabe-se lá quantos arranjos aconteceram... para as crianças abastadas, tudo acaba em
panetone. Para outras, mais um ano de ilusão, de espera e de sonhos a serem realizados e
a vontade de ter um Papai Noel em suas vidas.
O Papai Noel que deveria ter preenchido a vida de todas as crianças é o Papai Noel
generoso, que acolhe, que valida, que dá parâmetros (é preciso até escrever uma cartinha
e a decisão será dele, se poderá ou não trazer o presente), alguém que decide comigo, que
avalia comigo, é até um gesto de proteção. Aí, sim, temos um Papai Noel saudável e que
todos queremos, não só as crianças.
Nesse sentido, quem não precisa cultivar a garantia que em alguns momentos, podemos
ser criança e, então, podemos sonhar, fantasiar e brincar, além de contar com o
acolhimento de um pai?
Papai Noel, sempre existirá enquanto existir a criança real e enquanto acreditarmos que
dentro de cada adulto existe uma criança que, na medida certa, precisa sobreviver em
meio a tanta " adultice".
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