Desde suas origens como denominação, os adventistas do sétimo dia têm se
caracterizado por ser um povo de forte expectativa escatológica. A própria
origem do movimento está em um contexto de expectativa quanto à iminente volta de Jesus, o que se reflete no próprio nome "Adventista", que
constitui-se em alusão à crença e expectativa no segundo advento de Cristo.
A compreensão dos adventistas quanto às últimas coisas é derivada das
Escrituras e de forma especial dos dois livros apocalípticos do cânon
judeu-cristão: Daniel e Apocalipse. Este é entendido como um desenvolvimento
e ampliação dos conceitos básicos apresentados naquele.
Na interpretação das profecias de Daniel e Apocalipse, os adventistas
utilizam o método histórico-contínuo de interpretação profética, o qual
enfoca as profecias como se cumprindo no transcurso da história da igreja.
Um exemplo de tal compreensão pode ser a interpretação das cartas às sete
igrejas de Apocalipse 2-3. Não obstante estas igrejas terem sido
congregações existentes nos dias do autor do livro, no contexto das
profecias apocalípticas passam a tipificar sete diferentes fases da igreja
cristã, do tempo dos apóstolos até a segunda vinda de Jesus.
Às profecias de tempo (Dn 7.24-27; 8.14; 9.24-27; Ap 12.6) é aplicado o
princípio dia/ano, segundo o qual um dia profético é igual a um ano literal
(Nm 14.34; Ez 4.5-7). Com base neste princípio interpretativo, os 1.260 dias
do Apocalipse (12.6) são entendidos como 1.260 anos. De igual modo, as 70
semanas de Daniel (9.24-27) referem-se a 490 anos.
O quarto animal e o pequeno chifre de Daniel 7, o pequeno chifre de Daniel 8
e a besta que emerge do mar em Apocalipse (13.1-10) são interpretados como
referindo-se a um poder civil e religioso que mudaria a lei de Deus
(Dn
7.25) e perseguiria os fiéis durante a Idade Média para ressurgir com vigor
nos últimos dias e se opor aos seguidores de Jesus. Apocalipse 13.11-18 fala
da besta que emerge da terra para exercer o poder da primeira besta, cuja
ferida mortal fora curada. Esta segunda besta, cujo número é 666, vai impor
aos que a ela se submeterem o seu sinal.
Os adventistas interpretam estas profecias como se referindo a uma instituição religiosa, de crescente
prestígio, que, com o apoio do poder civil, vai suprimir a liberdade religiosa e tentará impor seus métodos de adoração a todas as pessoas. Todos
terão de decidir entre render lealdade a Deus e seus mandamentos e render
lealdade à besta e sua imagem (Ap 14.6-12).
É convicção dos adventistas o fato de que terremotos, desastres naturais,
guerras, fome, aumento da criminalidade, imoralidade e corrupção vistos no
mundo de hoje são o cumprimento dos sinais preditos pela Bíblia para marcar
a proximidade da segunda vinda de Jesus (Mt 24; 2 Tm 3.1-6). A pregação do evangelho em todo o mundo é também festejada como anunciando o breve
regresso do Senhor (Mt 24.14).
Embora este final de milênio crie um clima propício para especulações quanto à data desse evento religioso, os
adventistas rejeitam qualquer especulação neste sentido, pois "daquele
dia e
hora, porém, ninguém sabe" (Mt 24.36), e "não vos compete conhecer
os tempos
ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade" (At 1.7).
Um pouco antes da segunda vinda serão derramadas sobre a terra as sete
últimas pragas da ira de Deus contra os impenitentes (Ap 16). Só subsistirão
aqueles que forem salvos pela graça e aceitarem Cristo pela
fé, produzindo
em sua vida os frutos da experiência cristã (Ap 14.12).
A volta de Jesus marca a ressurreição dos justos mortos e a trasladação dos
vivos que ascenderão aos céus para reinarem com Cristo durante 1.000 anos (1
Ts 4.15-17; Ap 20). Nesse intervalo Satanás estará nesta terra
"preso" por
uma cadeia de circunstâncias, pois não terá a quem tentar. Os salvos estarão
no Céu e os ímpios estarão mortos, dessa maneira Satanás não terá nada
para fazer.
No final dos 1.000 anos, descerá do Céu a Nova Jerusalém com Cristo e os
remidos. Ocorrerá então a ressurreição dos ímpios, que serão arregimentados
por Satanás para batalhar contra a cidade santa. Quando as forças do mal
estiverem cercando a santa cidade, descerá fogo do Céu e destruirá Satanás e
seu exército.
Esta terra será de todo purificada para ser a eterna morada dos remidos,
tendo a Nova Jerusalém como sua capital. Não existirão mais pecado nem morte para macular a felicidade dos remidos; pela eternidade afora viverão em
comunhão com Aquele que os salvou e serão felizes pelos séculos dos séculos
(Ap 21-22). -
Elias Brasil de Souza |