"Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perde-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guarda-la-á para a vida eterna." S. João 12:24-25.

DITADURA RELIGIOSA
Terrorismo Espiritual da IA$D Faz Mais Uma Vítima

Depois da irmã Nildes e o Luciano Carvalho, de Goiânia, Ricardo Nicotra é o terceiro adventista brasileiro punido em 99 por discordar da Organização Papa-Dízimo. Leia seu depoimento:

Olá, irmãos! (Acredito que ainda posso chamá-los de irmãos...)

Esta é uma longa mensagem contando como aconteceu minha exclusão da IASD neste fim de semana. Vocês devem estar lembrados de duas mensagens que divulguei pela internet.

(1) Quem Está Roubando a Deus? 
(2) Lavagem Cerebral

O primeiro artigo foi copiado pelo Sr. Ennis Meier e colocado em sua página (www.adventistas.net) e o segundo foi colocado pelo Sr. Robson Ramos em sua página (www.adventistas.com). Ambos se sentiram no direito de divulgar meus artigos pois não se tratava de material confidencial.

Estes e outros artigos sobre o emprego do dízimo foram distribuídos em minha região (Ipiranga - São Paulo) e em várias partes do Brasil. Muitos irmãos que leram os artigos já suspeitavam há anos que havia algo errado com a administração e concordaram plenamente com tudo que foi escrito. Por que a igreja envia uma grande remessa mensal para a Associação e a única coisa que recebe em troca é a visita do pastor uma vez por mês para pregar? Por que os pastores não visitam mais os membros? Por que não temos o direito de saber onde, de fato, o dizimo é empregado? Por que os relatórios financeiros detalhados das Associações são confidenciais?

A leitura dos artigos juntamente com a convicção individual de alguns membros motivou a criação de um Ministério de Apoio ao Evangelismo. Chamamos de MOVA - Ministério dos Obreiros Voluntários Adventistas. O MOVA contratou 6 obreiros que estão dando estudos bíblicos para mais de 120 pessoas. O MOVA tem distribuído Bíblias, folhetos, revistas e livros denominacionais grátis. O MOVA tem dado treinamento aos obreiros bíblicos e obreiros voluntários. Tudo isto é feito com parte do dízimo destes irmãos. O MOVA tem feito o que a Associação deveria fazer mas não faz.

No domingo, 05 de dezembro, a grande comissão ou comissão especial se reuniu para escolher a comissão de nomeações da igreja de São João Clímaco, igreja em que sou (ou era até sábado) ancião. O pastor distrital, Valter da Silva Araújo, pediu a gentileza dos membros desta comissão para que não indicassem pessoas relacionadas ao MOVA para compor a comissão de nomeações. Isto porque estes membros estariam em uma situação irregular uma vez que não devolvem 100% do dízimo para a associação. Cerca de 30% dos membros da igreja estão enviando parte dos seus dízimos para o MOVA.

Os membros da comissão grande (a maioria NÃO pertencendo ao MOVA) entenderam que este ministério tem sido uma bênção para a igreja. Os membros tem sido visitados e a igreja esta lotada, inclusive às quartas-feiras. O MOVA não foi considerado um grupo separatista, pelo contrário, um grupo que unia as pessoas no trabalho missionário. A maioria absoluta votou contra a proposta do pastor, permitindo, desta forma, que pessoas relacionadas ao MOVA fossem indicadas para a comissão de nomeações. O pastor, ao ver sua proposta recusada, não aceitou o voto da maioria e decidiu suspender a comissão prometendo aconselhar-se com os pastores do Conselho Ministerial da Associação Paulistana.

Na terca-feira, 07 de dezembro, 23 pastores do Conselho Ministerial da AP se reuniram para discutir o caso MOVA, ministerio que usa parte dos dizimos para pregar o evangelho. Eu fui convidado para ser ouvido neste conselho, mas não pude ir. Poderiam os membros do MOVA fazer parte da comissão? Poderiam ter cargos? Como os bons frutos do MOVA influenciariam as igreja vizinhas? Os frutos do MOVA são evidentes: Na igreja de São João Clímaco há batismos todos os meses. Hhá duas semanas tivemos um batismo e no próximo domingo, 19/12 teremos outro. Dois batismos em menos de um mês! 

A igreja tem crescido como nunca, gracas a Deus, aos irmãos missionários e aos obreiros do MOVA que se dedicam integralmente. Mas este ministério cometeu um pecado mortal contra a administração: usa parte do dízimo e isto constitui uma ameaça financeira para eles. Principalmente se se tornar um exemplo para as outras igrejas, o que não seria difícil considerando-se os frutos deste ministerio. Todas as igrejas, observando os frutos, desejariam ter um MOVA. O problema da administração era: Como fazer com que as pessoas não apóiem o MOVA?

O conselho ministerial da Associação Paulistana decidiu propor a exclusão do irmão Ricardo Nicotra na tentativa de enfraquecer o ministério. Mas o que poderiam alegar? Os membros da Igreja de São Joao Clímaco apoiam o MOVA e estão sendo beneficiados por este ministério, portanto não poderiam condenar o Ricardo por causa do MOVA. Eles já sabiam dos artigos que haviam sido distribuídos pela internet. Abriram o Manual da Igreja na página 169 para escolher as razões de exclusão do irmão Ricardo. Encontraram três razoes, todas relacionadas aos artigos publicados na internet:

(6) Procedimento desordenado que traga opróbrio sobre a Causa.

(7) Adesão ou participação num movimento ou organização separatista ou desleal.

(8) Persistente negativa quanto a reconhecer as autoridades da Igreja devidamente constituídas, ou por não querer submeter-se é e ordem e à disciplina da Igreja.

Como não poderiam me excluir por causa do MOVA, eles encontraram chifre em cabeça de cavalo, ou melhor, desenterraram os artigos que eu havia publicado nesta lista há vários meses atrás. (Na verdade, o artigo 'Lavagem Cerebral' ainda está neste site do Robson Ramos).

A igreja foi convocada para estar na sexta à noite para uma reunião preliminar. Oito pastores estiveram presentes nesta reunião. Depois das 22:00h, quando a igreja já estava quase vazia, o Pr. Heber Mascarenhas, secretário da Associação Paulistana, disse aos poucos membros remanescentes que o conselho ministerial da Paulistana havia recomendado uma disciplina para o irmão Ricardo Nicotra.

Eles foram muito cordiais e pediram que eu me retratasse de tudo o que escrevi. Pediram tambem que a retratação fosse publica, inclusive na Internet. Não pude atender este pedido. Tenho convicção de tudo o que escrevi e ninguém até agora conseguiu me provar que estou errado.

No sábado pela manhã, o Pr. Acílio, presidente da Ass. Paulistana, pregou e convocou a comissão da igreja para se reunir logo após o culto. Convocou também a igreja para estar presente às 15:30h. A comissão teve início ao meio dia e foi-me dada a oportunidade de apresentar minha defesa livremente. O próprio presidente da Associação presidiu esta comissão ladeado pelo secretário, Pr. Heber Mascarenhas, e pelo Pr. Valter Araújo (distrital). Após apresentar minha defesa, foi solicitado que eu saísse da igreja. Enquanto faziam observações a meu respeito eu esperava lá fora. Acho que bati o recorde de espera: Fiquei três horas fora da igreja esperando a decisão da comissão!

Os membros da comissão estavam cansados, foram dormir tarde na noite anterior e também estavam sem almoçar. As acusações se concentravam na questão dos artigos divulgados na Internet. O fato de meus artigos estarem em sites considerados "menos dignos"  (www.adventistas.com e www.adventistas.net) e estarem à disposição de qualquer pessoa, no mundo todo, foi a argumentação forte da administração. 

A maioria dos membros da comissão é gente humilde (a igreja fica a 50 metros da favela). Nenhum deles tem acesso à internet. Não sabem a diferenca entre uma homepage e um endereço e-mail. Mesmo assim resistiram à proposta de exclusão pois conheciam meu comportamento e sabiam que eu seria incapaz de fazer uma coisa tão errada assim? Foram necessárias 3 votações. A comissão não queria excluir, então foi feita uma proposta de disciplina por 3 meses. Disciplina por eu ter trazido oprobrio à igreja por conta dos artigos publicados na MAB e posteriormente nesses sites.

Após três horas de espera, fui convidado para entrar e fui comunicado de que havia uma proposta de censura de 3 meses. Eu disse que não havia meio termo. Não havia cometido um pecado para ser censurado, mas tinha uma convicção muito forte contra as práticas de emprego do dízimo adotadas pela organização e descritas no livro de praxes. Minhas convicções não se alterariam em 3 meses. Alem disso não seria interessante uma negociação entre os interesses da Associação e da comissão local: A Associação propôs exclusão, a comissão não queria excluir, então entram em um acordo e cada um cede um pouco: Vamos fazer meio a meio, vamos propor uma censura de 3 meses.

Disse aos pastores e à comissão da igreja que minha convicção foi fortalecida após um estudo minucioso da Biblia e dos escritos de Ellen White sobre o emprego do dizimo. Não pude apoiar as regras humanas e desprezar as claras orientações do Espirito de Profecia. Na reunião de sexta feira à noite, um pastor mostrou o livro de praxes e deixou claro que as regras da igreja são estas (balançou o livro), ninguem é obrigado a aceitar e quem não aceita tem a liberdade de cair fora. Não foi esse o termo que ele usou, mas a idéia ficou implícita em uma declaração mais polida.

Os administradores disseram que as praxes representam um consenso mundial da IASD, representa a vontade da igreja unida, portanto se eu não aceito as regras da Associação Geral, então estou contra a unidade da igreja, tenho, portanto, um problema moral.

Pedi a esta comissão que julgasse meu caso da seguinte forma: ou tudo ou nada. Ou nenhum tipo de disciplina ou exclusão. Novamente sai da igreja. Eram 15:30h e os membros da igreja que não pertenciam à comissão já estavam lá fora aguardado o fim da comissão para entrarem na igreja. Praticamente todos os membros da igreja estavam ao meu lado. Poucos estavam cientes do problema. Meia hora se passou e me chamaram novamente para dentro da igreja. Fui comunicado da seguinte forma: Como você mesmo sugeriu, a comissão vai propor sua exclusão para a igreja, ok?. Respondi: Ok.

A igreja se reuniu aproximadamente às 16:00h. A igreja já entrou decidida a não me excluir. Mas eu sabia tambem que os administradores estavam decididos a me disciplinar ou excluir custasse o que custasse. Vieram para isto. O presidente da associação deixou de assistir a formatura dos teologandos no IAE-2 para cumprir esta importante missão! Eu poderia ter feito um apelo para que a igreja votasse contra a exclusão, mas se isso acontecesse sei que os administradores ficariam uma, duas, três horas ou mais para convence-los a me excluir. Assim como fizeram com a comissão. Estavamos cansados e com fome.

Não quis submeter a igreja a uma dose extra de lavagem cerebral. Eles não sabem o que é internet, não sabem o que e' uma lista de discussão, um site, um mouse. Qualquer coisa que o presidente dissesse a eles sobre internet na minha ausência, eles iriam acreditar. Portanto a minha defesa perante a igreja foi curtíssima, disse que não concordava com a forma de emprego do dízimo adotada pela organização. Disse que estava me sentindo aliviado e contente por poder agora destinar 100% do meu dízimo para a pregação do evangelho sem sofrer pressões. 

Pedi à igreja que aprovasse minha exclusão sem comentários adicionais. Pediram para que eu aguardasse fora da igreja para que as observações fossem feitas. Fui para fora e após 15 minutos de espera as pessoas começaram a sair. A reunião havia acabado e eu nem fui comunicado oficialmente. Alguns votaram contra a exclusão, mas a maioria votou conforme a proposta do conselho ministerial da associação e conforme a minha vontade.

Quase todos estavam muito tristes, muitos choravam. Muitos novos na fé estavam em dúvidas (pessoas que foram meus alunos da classe bíblica). Quem estaria com a razão? A associação ou o irmão Ricardo? As pessoas não entendiam o que estava acontecendo, tudo aconteceu muito rápido e a maioria não tinha lido os artigos. Foram 3 reuniões em menos de 24 horas, duas delas com aproximadamente três horas de duração. Todas no recinto sagrado e no período sagrado. Outros tinham dúvidas mais triviais: Quem vai tocar na apresentação do coral amanhã? Quem vai dirigir a classe bíblica nos domingos à tarde?

Eu me senti bastante aliviado apos a exclusão, pois como ancião estava sofrendo muita pressão por estar destinando apenas pequena parte do meu dizimo para a Associação. Estava agindo contra o Manual da Igreja. Hoje me sinto mais feliz e aliviado das pressoes. Hoje tenho o dever de obedecer apenas a Biblia e o Espirito de Profecia, posso destinar 100% do meu dizimo para a pregação do evangelho e só tenho que prestar contas com Deus e mais ninguem. Além disso, posso me expressar mais livremente aqui na internet. Estive fora  por algum tempo com medo de que os administradores pegassem alguma palavra publicada na internet e me acusassem perante os humildes irmãos que não sabem o que é uma lista de discussão. O que estava querendo evitar acabou acontecendo, então agora não tenho mais medo de expressar livremente minha opinião aos irmãos.

Não fui excluido do rol de membros por manter a convicção de que o dízimo deve ser empregado na pregação do evangelho (sei que muitos ou a maioria tem esta convicção). Fui excluído porque eu estava fazendo com que outras pessoas adotassem o mesmo ponto de vista e a mesma prática (o que a longo prazo representaria prejuízo financeiro para a administração). Em novembro, 24 pessoas devolveram parte do seu dízimo para o MOVA. Tenho absolutíssima certeza de que o MOVA vai sobreviver a este ataque. As 120 pessoas que estão recebendo estudos continuarão aprendendo o caminho da salvação. Bíblias continuaram sendo distribuídas, treinamento continuará sendo ministrado e os obreiros continuarão sendo mantidos. Deus proverá recursos.

Quero pedir desculpas aos administradores que, acompanhados de suas esposas, irao para o Canadá assistir á proxima assembleia da Conferência Geral. As passagens de avião, as despesas com hospedagem, turismo e compras não vão ser custeadas com o meu dizimo. Creio que está na hora de vocês, que ainda estão vinculados à organização, exigirem que seus líderes aprendam lições de abnegação com Aquele que não tinha onde reclinar a cabeca.

Não deixei de ser um "Adventista", pois ninguém poderá tirar do meu coração a esperança da breve volta de Cristo. Também não deixei de ser "do Sétimo Dia" pois considero a lei de Deus o reflexo do Seu caráter perfeito e continuarei a obedecer a vontade de Deus por amor, inclusive o quarto mandamento. Continuarei sendo fiel na devolução dos dizimos e das ofertas, só que obviamente não sustentarei mais a administração, sustentarei apenas a pregação do evangelho.

Se alguém desejar receber cópias dos artigos que, segundo a administração, constituiram o motivo de minha exclusão, basta solicitar que eu os enviarei por e-mail.

Que Deus abençoe a todos os irmãos.

Um forte abraço do (ainda) irmão

Ricardo Nicotra


Leia também:


Esclarecimento:

O artigo "Lavagem Cerebral" e outros de que disposmos foram anteriormente liberados para a publicação pelo próprio irmão Ricardo Nicotra, em e-mail para o webmaster deste site:

Olá, Robson.

Fique à vontade para utilizar o material e/ou suas informações da maneira que
julgar adequada.
Estou bastante empenhado na criação de um ministério independente para apoiar as igrejas da região. No último domingo contratamos um obreiro e já estamos planejando os projetos missionários. Acho que vou começar a emitir informações periódicas sobre o andamento dos trabalhos.

Um abraço,
Ricardo Nicotra

 

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com