Exclusão de Ricardo Nicotra Pode Ter Sido Sugerida pela DSA 

A exclusão do ancião Ricardo Nicotra, que liderava a Igreja de São João Clímaco, em São Paulo, pode ter sido sugerida pelo departamento de mordomia da Divisão Sul-Americana. O objetivo provavelmente foi impedir que o idealizador do Movimento de Obreiros Voluntários Adventistas participasse no domingo, 12 de dezembro, do encontro de líderes de Mordomia Cristã das Igrejas e Grupos da Associação Paulistana. O noticiário oficial informa que "eles estiveram reunidos na Igreja Central Paulistana onde receberam orientações sobre o programa do departamento de Mordomia para o ano 2000."

Segundo o departamento de mordomia cristã da Associação Paulistana, no próximo ano o lema será: “Tu és Deus... e eu sou Teu servo”. O assunto está sendo considerado "uma proposta para que o povo reconheça a soberania de Deus em sua vida e que isto se manifeste em todos os seus aspectos", embora no Novo Testamento Jesus Cristo tenha recomendado que reconheçamos a amorosa paternidade de Deus. "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer." João 15:15.

O encontro teve a participação especial do Pr. Arnaldo Enriquez, departamental de Mordomia Cristã da Divisão Sul Americana, que apresentou um estudo sobre “A Casa do Tesouro”. E a direção da Associação Paulistana já avisou que esse artigo será oportunamente disponibilizado através da Internet, no setor de Mordomia Cristã do site www.adventista.org.

Entrevista reveladora

Enquanto a divulgação do artigo não acontece, o leitor do www.adventistas.com pode ir se familiarizando com as idéias do Pastor Enriquez, através desta seleção de alguns dos "melhores momentos" de uma entrevista que deu em 1998 à Revista Ministério. O texto foi publicado na edição 4, de julho/agosto e pode ser acessado na íntegra neste endereço: http://www.chave.com/cgi-bin/mineach?19980402.mim.

O Pastor Arnaldo Enriquez tem 40 anos de pastorado, exercido como distrital, diretor de Mordomia, presidente de Campo, e está na Divisão Sul-Americana, desde julho de 1995, depois de liderar a Mordomia Cristã na União Peruana. Durante uma semana de oração, realizada na Casa Publicadora Brasileira, ele concedeu à revista Ministério a seguinte entrevista.

Pr. Enriquez: Vou lhe dizer uma coisa: existem duas classes de membros na igreja. A primeira é composta por membros revoltados, aqueles cuja fé foi enfraquecida e por alguma razão estão revoltados. Ainda não saíram da igreja, mas vivem amargurados, falam contra o dízimo, desconfiam de tudo e de todos. Parecem que estão em rebelião contra Deus e projetam isso contra a liderança. Esses não serão dizimistas, a menos que sejam convertidos novamente. A outra classe é um grupo muito grande de irmãos que estão acomodados porque não receberam a instrução correta, prática, antes do batismo. Pecam por ignorância. Necessitam de educação, instrução. De forma que, ao mundo materialista como é o nosso hoje, nada é mais poderoso que a apresentação de Cristo e o Espírito Santo, para que convertam os corações. Em seguida, devemos ensinar claramente, com base espiritual, os requerimentos divinos. Esse enfoque não dispensa a ênfase nas áreas do tempo, talento, templo e tesouros. A elas acrescentamos a ênfase no senhorio de Cristo na submissão ao Espírito Santo.

Ministério: O senhor acha que deve ser sugerido um percentual para as ofertas, ou isso deve ser deixado a critério do doador?

Pr. Enriquez: Bem, isso faz parte do antigo sistema de pacto, que não pretendemos descartar. Se falarmos contra ele, acabaremos confundindo tudo. Os irmãos que o praticam devem continuar a fazê-lo. Outros que dão suas ofertas e não sentem necessidade de se ajustarem a um percentual, também não devem se preocupar em fazer o contrário. Uma coisa, entretanto, deve estar clara: o conceito de pacto tem origem no Antigo Testamento, com as ofertas proporcionais, e também é mencionado nos escritos de Ellen White. Portanto, não estamos contra esse sistema; damos completa liberdade aos irmãos. Mas, acredito que chegará o tempo em que a Igreja deverá pronunciar-se quanto a um percentual unificado.

(Portanto, prepare-se que vem aí um percentual fixo para as ofertas!)

Ministério: Há pessoas que aplicam o dízimo por sua própria conta, pagando, por exemplo, obreiros bíblicos voluntários.

Pr. Enriquez: Isso é uma deformação, um desvio que não pode ser aceito pela Igreja. Há, sim, quem faça isso. Alguns irmãos de uma determinada região enviam os dízimos para outras a fim de manter obreiros.

(Viu só, de onde deve ter partido a idéia da exclusão do Ricardo?)

Ministério: Campos mais pobres deveriam recusar dízimos que recebem de irmãos que moram em Campos mais abastados?

Pr. Enriquez: Eu acho que eles nunca vão fazer isso. O que a Igreja deve fazer é continuar recomendando e aconselhando a que devolvam seus dízimos em sua própria igreja. Mas ninguém pode fiscalizar.

Ministério: Há aqueles que não devolvem dízimos nem participam com ofertas, argumentando que os administradores da Igreja fazem muitos gastos supérfluos, como construção de edifícios suntuosos, ao passo que certas regiões não têm um pastor distrital.

Pr. Enriquez: Esses irmãos estão errados. Ellen White assegura que ninguém pode desviar o dízimo do princípio para o qual foi estabelecido. Nossa responsabilidade, como pastores e líderes, é não dar lugar para suspeitas, nem deixar que o desvio aconteça. O conselho é que mesmo que alguém tenha desconfiança sobre a aplicação do dízimo, deve chegar ao líder e falar de maneira clara, cristã, amadurecida, adulta, sobre o assunto. O que não deve é encontrar nisso uma justificativa para desviar o dízimo noutras direções.

Ministério: O Manual da Igreja menciona que o dízimo não é prova de discipulado. Como devemos entender isso, sendo que um dos requerimentos do novo membro adventista é que seja dizimista?

Pr. Enriquez: Em algum tempo, alguns membros da igreja começaram a deformar o conceito de fidelidade, transformando-o num negócio, sem levar em conta a conversão da pessoa. A declaração, lamentavelmente, tem sido usada para que alguns se acomodem à condição de não dizimistas, ou descuidem na instrução aos interessados que chegam para a igreja, o que é bastante perigoso. Infelizmente, tenho encontrado também muitos casos de pessoas ocupando cargos nas igrejas sem serem dizimistas. E nos seminários que dirijo tenho sido tão claro e enfático, que alguns pastores têm reconhecido humildemente a necessidade de mais firmeza nessa questão. O princípio do dízimo está bem claro na Bíblia, que é nossa principal regra de fé e prática. Eu creio que em algum momento a Igreja deverá definir mais amplamente esta expressão do nosso Manual.

Ministério: Segundo o antigo sistema de implantação da Mordomia, quando uma igreja entrava no plano, estavam eliminadas as campanhas especiais de arrecadação de fundos para qualquer coisa. Que acha disso?

Pr. Enriquez: Arrecadações especiais de fundos sempre existiram. Compra de equipamentos e instrumentos para a igreja local deve estar incluída no orçamento. Mas campanhas em favor das necessidades do Campo tendo em vista, por exemplo, construção de capelas, ou algo semelhante, são válidas. O que sugerimos é que um irmão, à parte das ofertas regulares e sistemáticas mensais ou semanais, separe algo para o projeto especial do Campo também. Veja bem, é algo especial, não comum, assim como aconteceu nos dias do Antigo Testamento. O povo de Israel já dava um segundo dízimo, mas quando foi construído o santuário, Deus pediu uma oferta especial. E o povo deu.

(Depois do segundo dízimo já anunciado, virá um terceiro!)

Ministério: Como o senhor avalia seu trabalho desevolvido até aqui, à frente do Departamento de Mordomia, em relação às metas propostas?

Pr. Enriquez: Nossa primeira meta foi reavivar a Mordomia nas igrejas. Nós a encontramos forte em algumas Uniões brasileiras, mas nas hispanas estava esquecida. Com a ajuda de Deus, depois de realizar 24 seminários, cada um assistido por aproximadamente 40 pastores, podemos dizer que a situação mudou consideravelmente. São seminários que unem teoria e prática. Reunimos os pastores de um Campo numa cidade, durante nove dias. Pela manhã, ministramos aulas para eles. À tarde, saímos para o trabalho de visitação pastoral; e, à noite, acontecem as reuniões na igreja. Se a cidade tiver mais de uma igreja, todas elas receberão um pastor que pregará à noite e fará o trabalho de visitação. Tanto o povo aprecia, como o pastor também é beneficiado, especialmente porque muitos, lamentavelmente, perderam o costume de visitar os membros. Então esse hábito é resgatado. Acredito que, durante esses seminários todos, chegamos a visitar entre sete e oito mil famílias.

Ministério: Como tem sido a resposta a esse processo?

Pr. Enriquez: Tanto faz se uma região é abastada ou carente, a resposta é uma só: positiva. Aceitação total. Mas algumas coisas realmente marcam. A primeira delas é a empolgação dos pastores. Para mim, isso é gratificante, porque no início a posição é de desconfiança. Depois, há o testemunho dos oficiais e membros das igrejas. Eles se revelam beneficiados, e mostram disposição e decisão para envolvimento no processo. Tornam-se fiéis na devolução do dízimo e na guarda do sábado, e participativos com seus talentos. Nenhuma igreja que foi envolvida na programação permaneceu a mesma. Em Guaiaquil, Equador, um economista não dava dízimo, havia dez anos. E tinha cargo na igreja. Depois de uma semana, resolveu dar dois dízimos; um deles para ressarcir a falha anterior. Finalmente, há conversões de não-adventistas também. Em Ribeirão Preto, SP, um médico assistiu às programações, examinou a literatura utilizada e, no último dia, deu o seguinte testemunho: "Visitei a igreja adventista pela primeira vez, nesta semana. Encontrei aqui duas coisas: uma mensagem de Cristo para o meu coração, e uma mensagem para o meu bolso. Aceito a Cristo como meu Salvador e Seu plano para minha vida material. Daqui para frente darei os dízimos nesta igreja."

(Você prestou atenção nessa frase lapidar destacada aí em cima? Leia de novo, decore, espalhe pelos quatro cantos do planeta...)


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