Ricardo Nicotra Desmente Versão Oficial sobre sua Exclusão

Prezados irmãos,

Em primeiro lugar quero manifestar minha gratidão pelo apoio, solidariedade e orações por mim e por minha igreja. Recebi várias mensagens particulares as quais estou respondendo na medida do possível.

Embora muitos possam imaginar que estamos diante de uma crise, creio que a mão de Deus está guiando Sua Igreja para que seja restabelecido o Seu plano original com relação à administração. O que aparenta ser uma maldição, Deus transformará em bênçãos. Em breve vamos olhar para trás e perceber que toda esta discussão, feita no devido espírito cristão, redundou em mudanças benéficas para a Igreja de Deus.

Estava aguardando com ansiedade a manifestação oficial por parte da Associação Paulistana. Levou mais de uma semana para ficar pronta, mas finalmente aí está, um texto muito bem elaborado, com palavras e adjetivos muito bem escolhidos, um relatório que se propõe ser "desapaixonado que se atém apenas aos fatos".

Para os irmãos e amigos que não acompanharam in loco o desenrolar dos fatos que antecederam minha exclusão da IASD, o relatório do Pr. Heber parece convincente, mas a quantidade de adjetivos e pressuposições contidas no texto, revela que o relatório não é tão desapaixonado assim, muito menos está baseado em fatos. Pelo contrário, é um relatório tendencioso e que, em muitos pontos, falta com a verdade. Vamos mencionar alguns detalhes que não foram citados pelo pastor Heber e que podem ser comprovados por qualquer um que tenha testemunhado de perto a evolução dos fatos.

FALTA DE ÉTICA E SIGILO EM COMISSÕES

Após apresentar um breve histórico de sua experiência no ministério, o Pr. Heber diz que "por razões éticas, o jovem Ricardo não deveria publicar assuntos tratados numa comissão de igreja, nem assuntos de uma reunião de assembléia de igreja".

Provavelmente o Pr. Heber está se referindo aos acontecimentos da comissão grande que foram relatados por mim de forma bastante resumida quando discorri sobre o processo de minha exclusão. Há alguns aspectos que devo salientar sobre o sigilo nesta comissão:

  1. Os novatos que participaram desta comissão não foram alertados sobre a necessidade de sigilo. Conseqüência: Algumas horas após o término da comissão, recebi o telefonema de uma pessoa que, embora não havia participado da comissão, já sabia de tudo o que ocorrera lá. No domingo à noite praticamente toda a igreja já estava sabendo e comentando o fato. Após uma semana, as igrejas vizinhas já sabiam do ocorrido.

  2. O próprio pastor distrital, no dia seguinte, relatou para a administração da Paulistana o que ocorrera na comissão.

O sigilo de uma comissão é como um balão de gás. Se alguém fura, o ar vaza. Depois que o balão perdeu o ar, um segundo ou terceiro furo no balão não fará muita diferença. Os novatos furaram para a igreja no mesmo dia, em seguida o pastor distrital furou para a administração, durante a semana a igreja furou para as igrejas vizinhas e após dez dias eu furei o balão de gás pela quarta vez. Uma semana depois vem o Pr. Heber e faz o quinto furo no balão.

REUNIÕES ADMINISTRATIVAS NA ASSOCIAÇÃO

Eu gostaria muito de ter discorrido sobre as três reuniões que participei com os administradores do campo no prédio da Paulistana. Não o fiz porque não costumo ser o primeiro a furar o balão, mas já que o Pr. Heber fez o primeiro furo e o gás já vazou, então vou relatar aos senhores o que, de fato, foi tratado nestas três reuniões.

PRIMEIRA REUNIÃO (01/07/99)

Nesta reunião eu pude expressar minha preocupação com a forma de administração financeira adotada pela organização. Questionei as praxes que beneficiam a "Igreja-Instituição", quando deveriam beneficiar a "Igreja-Pessoas". Os três pastores que me receberam (e me receberam muito bem por sinal, aliás sempre fui muito bem recebido e respeitado, inclusive pelo presidente), demonstravam em sua aparência uma preocupação muito grande enquanto me ouviam.

Eles me explicaram como as mudanças se processam na IASD. Deve-se formalizar as sugestões por escrito, enviá-las à mesa do campo que estuda o caso e, se for aprovado, envia para a União. Esta fará o mesmo e passará para a Divisão e assim por diante. Eles pediram para que eu formalizasse estas sugestões e as entregasse na sede do Campo. Disse àqueles pastores que iria formalizar estas sugestões, mas para tanto me aconselharia com outros líderes leigos durante a elaboração do documento.

O QUE SOLICITAMOS?

Antes de formalizar as solicitações, conversei informalmente com alguns líderes leigos do nosso distrito. Eles, que já haviam lido o meu primeiro artigo, manifestaram o desejo de receber informações sobre como o dízimo vinha sendo, de fato, aplicado. Eu os informei que o dízimo era aplicado conforme as diretrizes do Livro de Praxes. A maioria desconhecia o referido livro. Decidimos, então, não sugerir mudanças na estrutura ou na forma de aplicação dos dízimos. Fizemos um documento com apenas duas solicitações. Veja o que foi solicitado:

  1. Um relatório, o mais detalhado possível, das entradas e saídas de dízimos nesta Associação e nesta União. Isto deveria incluir os salários e benefícios dos obreiros, repasses para as instituições, troca de dízimos com outros fundos e outros lançamentos.

  2. Consulta livre e irrestrita do livro de praxes para que as informações do relatório detalhado fossem devidamente compreendidas pelos leigos.

Vinte líderes do distrito assinaram a solicitação (inclusive TODOS os 10 anciãos do distrito). Todos os que assinaram a referida solicitação estavam imaginando que, como membros contribuintes, teriam o direito de saber como, de fato, está sendo aplicado o dízimo.

SEGUNDA REUNIÃO (27/07/99)

Nesta oportunidade pude entregar ao presidente as solicitações dos 20 líderes do distrito. O Pr. Acílio me informou que infelizmente não seria possível atender à primeira solicitação pois os salários e benefícios dos obreiros é algo confidencial. Como vocês podem perceber o Pr. Heber comete um pequeno equívoco quando diz que a segunda reunião transcorreu "num ambiente de completa transparência".

TERCEIRA REUNIÃO (20/08/99)

Aqui o Pr. Heber comete outro equívoco. A terceira reunião não ocorreu no dia 18/08/99, mas sim em 20/08/99, uma sexta-feira a noite (na verdade já era sábado). A data foi escolhida pela Associação que convidou os líderes leigos que haviam assinado a solicitação. Outros líderes leigos foram convidados.

Segundo o Pr. Heber "inicialmente predominou um clima de inquisição, instalado pelo Ricardo, e por alguns dos irmãos, que repetiam fiel e ardorosamente as suas idéias". Aqui está outra inverdade que pode ser facilmente desmentida por qualquer irmão que participou desta reunião (posso fornecer os nomes a todos que desejarem). A participação dos líderes leigos foi mínima. Falamos aproximadamente 5% do tempo. Os outros 95% foram tomados pela administração. Eu, em particular, falei bem pouco uma vez que muita gente queria falar e o assunto principal foi desviado inúmeras vezes. Quem já participou de reuniões com departamentais e muitos membros sabe exatamente do que estou falando.

Quem bateu o recorde de tempo falando foi o tesoureiro da Paulistana, Pr. Domingos. Dentre outras pérolas, afirmou que o dízimo pode ser usado para a construção de igrejas, mas não de qualquer igreja, só de "igrejas missionárias". Testemunhou que Deus o tem abençoado grandemente pois mora em uma casa com sala grande e ar-condicionado.

Li alguns trechos do Espírito de Profecia onde Ellen White recomenda que os dízimos sejam utilizados para o sustento de obreiros que trabalham no ministério da palavra. A desculpa da administração é que se colocarmos obreiros, a igreja vai se acomodar.

Não chegamos a conclusão nenhuma. (Isto também pode ser comprovado ao se conversar com qualquer irmão que participou desta reunião), portanto o Pr. Heber se equivoca novamente quando diz que "a administração da AP foi ali colocada em cheque e crivada de perguntas, mas nenhuma das dúvidas levantadas ficou sem resposta. Nenhuma acusação foi comprovada, pois todas elas não procediam ou baseavam-se em boatos e suspeitas." Não fomos para acusar, fomos para receber a informação que solicitamos, no entanto, ela nos foi negada.

 

AULA DE INTERNET PARA LEIGOS

No final da reunião, o Pr. Acílio convidou os líderes para se aproximarem do computador, abriu um browser e digitou: www.adventistas.net. Clicou em alguns links e finalmente clicou no link "O Testemunho de um Jovem Ancião". Ali estava o artigo "Quem está roubando a Deus?" que havia sido escrito em Maio/99 e enviado para os líderes da Associação Paulistana, União Central Brasileira e Divisão Sul Americana. Segundo o Pr. Heber, "vários irmãos que o acompanhavam e que não conheciam os seus artigos na Internet se chocaram, e à saída pediram desculpas aos membros da administração". Outro equívoco, ou melhor, equívocos:

  1. Todos, ou pelo menos a absoluta maioria, já conhecia e já havia lido o meu artigo e sabiam que estava na internet e que não tinha sido eu que tinha colocado lá. Sugerir que vários irmãos tenham se chocado com o artigo não corresponde à verdade. Talvez tenham se chocado com o contexto do site www.adventistas.net, administrado pelo Sr. Ennis Meier: A figura de um lobo se transformava em Mr. Folkenberg e outros ilustres personagens da administração da IASD.

  2. Não fiquei sabendo de nenhum membro que tenha pedido desculpas à administração. Desculpas por quê? Que mal os irmãos causaram à administração? Pedir desculpas por solicitar transparência? A administração é que deveria pedir desculpas por negar as informações que temos o direito de saber. Os comentários do dia seguinte (um sábado) eram, mais ou menos, os seguintes: "Que enrolação! Perdemos o nosso tempo. Falaram, falaram e não disseram nada!"

CRÍTICAS GENÉRICAS A PASTORES

O Pr. Heber escreveu o seguinte: "Foi-lhe dito que, ao fazer acusações genéricas e irresponsáveis contra pastores, ele estava cometendo uma grande injustiça aos milhares de pastores que lideram valorosamente o Movimento Adventista ao redor do mundo!"

De fato, havia trechos no artigo em que eu usava palavras fortes e fazia críticas genéricas aos pastores administradores. Note: Pastores Administradores! Sempre coloquei os distritais como vítimas do sistema. De qualquer forma prometi que iria reparar o excesso com relação às palavras duras. Entrei em contado com o Sr. Ennis Meier e solicitei a retirada do meu testemunho do ar. Ele argumentou dizendo que o artigo não havia sido enviado por mim, portanto não poderia removê-lo, mas se prontificou a colocar uma nova versão onde as palavras fortes haviam sido retiradas. Imediatamente lhe enviei uma nova versão que substituiu a anterior. Quando reconheci que usei termos fortes e decidi reparar, isto não significou que eu estava abrindo mão dos conceitos expostos nos artigos. Foi uma mudança na forma e não no conteúdo. A essência do artigo permaneceu intacta.

CONSEQÜÊNCIAS DA TERCEIRA REUNIÃO

Esta reunião da administração com a liderança leiga foi decisiva para o estabelecimento do MOVA. A partir desta data, muitos irmãos, insatisfeitos com a postura fechada e obscura da Associação decidiram enviar contribuições sistemáticas para o Ministério dos Obreiros Voluntários Adventistas.

MANUAL DA IGREJA E LIVRO DE PRAXES

O Pr. Heber diz que "o irmão Ricardo e alguns outros irmãos não concordavam com o Manual da Igreja e os Regulamentos Eclesiásticos e Administrativos (Livro de Praxes)".

Outra inverdade. Deixei isto bem claro na comissão de exclusão. Todos os membros da comissão de São João Clímaco se lembram, mas parece que o Pr. Heber se esqueceu. Então vou repetir a minha opinião sobre o Manual da Igreja: Concordo com o Manual, mas discordo de sua aplicação distorcida e unilateral que geralmente é feita quando o assunto é dízimo.

Hoje o Manual da Igreja é utilizado pela administração apenas para reivindicar o seu direito em receber 100% dos dízimos das igrejas. Esquece-se, portanto, que os direitos e deveres andam juntos. O dever da administração ao receber o dízimo deveria ser aplicá-lo imediatamente na pregação do evangelho e colocação de obreiros no campo conforme recomenda o Espírito de Profecia:

"O dízimo é sagrado, reservado por Deus para Si mesmo. Tem de ser trazido ao Seu tesouro, para ser empregado em manter os obreiros evangélicos em seu labor" - Ellen G. White - Eventos Finais, 69 - Compilado de Obreiros Evangélicos, 226 e 227

"Um raciocina que o dízimo pode ser aplicado para fins escolares. Outros argumentam ainda que os colportores devem ser sustentados com o dízimo. Comete-se grande erro quando se retira o dízimo do fim em que deve ser empregado - o sustento dos ministros. Deveria haver hoje no campo uma centena de obreiros bem habilitados, onde existe unicamente um". - Ellen G. White - Obreiros Evangélicos, pág. 226.

"O dízimo deveria ir para aqueles que labutam na palavra e doutrina, sejam eles homens ou mulheres." - Ellen White - Manuscript Releases. Vol. 18, pág. 67.

Tenho certeza absoluta que o pessoal da "Moreira & Associados – Auditores" desconhecem estas recomendações do Espírito de Profecia. Se conhecessem, o parecer deles sobre a contabilidade da Paulistana seria de total reprovação. Onde estão os obreiros? Se o dízimo não é utilizado para pagar obreiros, é utilizado para que então?

Embora eu concorde com o Manual da Igreja, não posso concordar com o Livro de Praxes, pois ele vai contra as recomendações do Espírito de Profecia. Por exemplo:

  • Não posso concordar que os obreiros da organização tenham seus dízimos retidos na fonte. Esta praxe, cujo código é V 05 17 S, vai contra o que Ellen White diz em Conselhos Sobre Mordomia, 65. (Neste capítulo o dízimo é apresentado como uma prova de fidelidade)

  • Não posso concordar que os pastores que tenham casa própria possam alugá-la para si mesmos. O aluguel destes pastores é pago para eles mesmos com o dízimo dos irmãos (muitos dos quais não têm casa própria e pagam seus próprios aluguéis). Esta praxe, cujo código é Y 20 10 S, vai contra o bom senso.

  • Não posso concordar que uma parcela significativa do dízimo seja utilizada para fins escolares (não estou me referindo ao pagamento de professores de Bíblia, mas à subvenção a escolas deficitárias, aquisição de equipamento, auxílio para compra de propriedades para escolas, reformas de prédios escolares, etc...). Esta praxe, cujo código é U 05, vai contra o que Ellen White diz em Obreiros Evangélicos, 226.

  • Não posso concordar com a praxe que dá abertura para que as Associações troquem 25% do dízimo (dinheiro sagrado) por outros fundos (menos sagrados) com a Divisão. Esta praxe, cujo código é V 10 25 S, na minha opinião, veja bem, na minha opinião, é lavagem de dinheiro, pois quando a Associação dá o dinheiro sagrado (dízimo) para a Divisão e recebe um dinheiro menos sagrado (outros fundos) se acha no direito de usar como bem entender.

Como posso concordar com uma administração que tem a Bíblia como regra de fé (apenas de fé) e o Livro de Praxes como regra de prática?

PALAVRAS DURAS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO

Várias vezes fui repreendido por usar palavras duras contra o atual estado de coisas que é tolerado pela administração da IASD. Nunca neguei que o tenha feito, sempre admiti que usei palavras duras mesmo e talvez, em algum momento, tenha até exagerado (nestes casos procurei reparar a falha).

O Pr. Heber, com relação às minhas palavras, escreveu: "Foi-lhe mostrado que sua atitude não foi cristã".

O que é uma atitude cristã? O que Cristo falaria se vivesse hoje e visse o dízimo, que deveria ser destinado à pregação do evangelho, sendo utilizado como manda a praxe? Como Cristo tratou os líderes espirituais de sua época ao condenar as regras feitas por homens? Como João Batista se referiu a eles? A maioria das palavras duras que publiquei na verdade não são de minha autoria. São palavras dos profetas que, na opinião da administração, estão sendo usadas fora do contexto. (A desculpa é sempre esta quando um trecho inspirado não lhes agrada).

Passo a mencionar um trecho que foi compilado em meu primeiro artigo e que foi usado pela administração para me constranger perante a liderança leiga na terceira reunião com a AP:

"No centro da obra, estão as questões sendo amoldadas de tal maneira que todas as instituições estão seguindo o mesmo rumo. E a própria Associação Geral se está corrompendo com sentimentos e princípios errôneos. . . . Foi-me mostrado que a nação judaica não foi levada repentinamente à sua condição de pensamentos e práticas. De geração em geração forjavam falsas teorias, seguiam princípios opostos à verdade e combinavam com sua religião, pensamentos e planos que eram o produto de espíritos humanos. As invenções humanas tornaram-se supremas. . . . Planos contrários à verdade e à justiça são introduzidos de maneira sutil, sob a alegação de que isto deve ser feito, ‘porque é para o avanço da causa de Deus’. Mas são as invenções dos homens que levam à opressão, injustiça e impiedade. A causa de Deus está livre de toda mancha de injustiça. Não pode ela obter vantagem roubando aos membros da família de Deus sua individualidade ou seus direitos." Testemunho para Ministros, pág. 359.

Note que quem está usando palavras fortes agora é a irmã White. Será que ela não poderia usar termos mais cristãos do que "corrompendo" e "roubando"? Será que Cristo não poderia ter usado termos mais cristãos para se referir aos líderes espirituais de sua época? Por que referiu-se a eles como "hipócritas" e "raça de víboras"? Quando menciono estes trechos a administração fica indignada: "O Ricardo está sugerindo que estamos nos corrompendo, está nos chamando de corruptos. Ele está dizendo que estamos roubando, então está nos chamando de ladrões". Digo e repito. Hoje a igreja não está sendo roubada apenas financeiramente, mas espiritualmente na medida em que é privada da assistência pastoral.

Mas Cristo não foi morto porque repreendia duramente os líderes espirituais de sua época. Ele foi morto porque através de suas boas obras, testificava que a obra dos fariseus eram más:

"O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más" S. João 7:7.

Críticas muitos fazem, mas críticas bem fundamentadas e acompanhadas de obras causaram a fúria dos fariseus e sacerdotes que acabaram matando a Cristo.

A perseguição em suas várias modalidades é o desenvolvimento de um princípio que subsistirá enquanto existir Satanás e tiver o cristianismo poder vital. Ninguém poderá servir a Deus sem atrair contra si a oposição das hostes das trevas. Anjos maus o assaltarão, alarmados de que a sua influência lhes esteja arrebatando a presa. Homens maus, reprovados pelo seu exemplo, unir-se-ão àqueles, procurando separar de Deus tal pessoa, por meio de sedutoras tentações. Quando estas não surtem o efeito esperado, recorre-se ao poder compulsório para forçar a consciência." - O Grande Conflito, pág. 610.

CRITICAS AO PASTOR DISTRITAL

Sobre o pastor distrital de São João Clímaco (Valter da Silva Araújo) o Pr. Heber escreveu que na comissão grande de São João Clímaco "o Ricardo criticou sua atuação pastoral naquele distrito (antes, só falava bem do pastor distrital para a Associação), e foi seguido fiel e calorosamente por seus liderados em seus ataques ao pastor e à organização da IASD"

Nunca critiquei o pastor distrital para a Associação. Sempre procurei deixar bem claro (isto nas três reuniões) que minha insatisfação era contra o sistema e não contra o pastor distrital. Nunca falei mal do distrital para qualquer membro em sua ausência. Quando tive que fazê-lo, fi-lo na frente dele para mostrar como o sistema acaba inibindo a eficiência pastoral.

Quando o pastor distrital propôs o "boicote" aos irmãos que financiam o Ministério dos Obreiros, reagi de forma enfática. Disse ao pastor e à comissão grande que o MOVA está fazendo aquilo que a Associação e o pastor deveriam fazer, mas não fazem. Disse que nossa igreja tem batizado, tem enviado remessas para a Associação, tem mobilizado uma grande parte dos irmãos no trabalho missionário. E a Associação e o pastor, o que tem feito por nós? Nada! A Associação e o pastor estão em dívida com a igreja, disse eu. A igreja não deve nada para a Associação portanto não vamos aceitar cobranças, principalmente de caráter financeiro. Vários irmãos fizeram observações semelhantes e concordaram plenamente comigo. Finalmente a comissão entendeu que o trabalho do MOVA tem sido benéfico para a Igreja. Decidiu-se, então, votar contra o "boicote". O pastor desconsiderou o voto da comissão e suspendeu a reunião. Dizem que a Igreja Local é soberana, mas quando se trata de dinheiro então não há autonomia (dinheiro é a única exceção).

ATITUDE DA ADMINISTRAÇÃO PARA COM OS LÍDERES LEIGOS

Fiquei surpreso quando li as contradições do Pr. Heber sobre os líderes leigos de minha região. Quando estes questionaram os procedimentos administrativos da organização, então foram considerados "liderados do Ricardo", "repetidores fiéis e ardorosos de suas idéias". Note esta frase enriquecida com adjetivos sobre a comissão grande de São João Clímaco: "...percebendo o grave espírito separatista nas agressivas posições do Ricardo, e de seus seguidores..."

Quando não concordamos com a administração ou questionamos suas posições somos considerados separatistas, agressivos, inimigos da unidade pela qual Cristo orou, instrumentos nas mãos do inimigo e outros adjetivos. Na realidade, o Pr. Heber não economizou adjetivos para me qualificar de forma negativa juntamente com os irmãos que questionam as práticas da administração.

Mas e se os líderes leigos decidem concordar com a posição da administração? Então os mesmos irmãos que há uma semana atrás eram os "seguidores do Ricardo" e manifestavam um "grave espírito separatista", agora, após três horas de comissão com o Pr. Acílio e Pr. Heber, decidem propor para a igreja a exclusão de Ricardo Nicotra. Estes irmãos imediatamente se transformam em "pessoas muito inteligentes, maduras na fé, e bastante cristãs". Pessoas que "exerceram o juízo próprio e o livre arbítrio no mais estrito sentido da palavra". Tantos elogios para a comissão de São João Clímaco. Por quê? Simplesmente porque agora eles fizeram a vontade da administração. Cabe lembrar que estamos falando das mesmas pessoas que há uma semana atrás foram consideradas pelo pastor como tendo um "grave espírito separatista".

Perceba como as qualidades são atribuídas quando melhor lhe convêm. Esta técnica de chamar os que estão em busca da verdade de separatistas não é nova. O Pr. Heber não foi o primeiro nem será o último a utilizá-la. Veja (só não vale dizer que este trecho está fora do contexto):

"Hoje, como nos séculos anteriores, a apresentação de qualquer verdade que reprove os pecados e erros dos tempos, suscitará oposição... É o mesmo expediente que tem sido adotado em todos os tempos. Elias foi acusado de ser o perturbador de Israel, Jeremias de traidor, Paulo de profanador do templo. Desde aquele tempo até hoje, os que desejam ser fiéis à verdade têm sido denunciados como sediciosos, hereges ou facciosos." - O Grande Conflito, págs. 458 e 459.

QUAL O REAL MOTIVO DA EXCLUSÃO?

Segundo o Pr. Heber, o Ricardo "não foi disciplinado por não devolver o dízimo integralmente à Associação". Posteriormente ele diz que o Ricardo foi disciplinado por "adesão ou participação num movimento ou organização separatista desleal". Em seguida cita o MOVA, Ministério dos Obreiros Voluntários Adventistas, um ministério que usa parte dos dízimos para colocar obreiros no campo. Interessante! Não fui disciplinado por "reter" o dízimo da Associação, mas fui disciplinado por usá-lo no sustento de obreiros. Essa eu não entendi? Se tivesse apenas retido o dízimo da Associação e não aplicasse em obreiros, então não seria disciplinado?

Aliás, se fui excluído por participar do MOVA, por que o conselho ministerial da Associação não propôs a disciplina de todos os participantes conhecidos do MOVA? (Digo "participantes conhecidos" pois os contribuintes nem sempre são conhecidos, os que desejam são mantidos no anonimato).

O MOVA continua funcionando e após minha exclusão a arrecadação tem aumentado significativamente. Isto vai possibilitar a colocação de mais obreiros no campo (aliás no último sábado conversei com um possível novo obreiro, vamos ainda acertar alguns detalhes).

Pergunto ao Pr. Heber: Se o MOVA é considerado um "movimento separatista desleal", as aproximadamente 30 pessoas envolvidas que contribuem financeiramente serão também disciplinadas? Os obreiros também serão disciplinados? As pessoas que ofereceram ajuda financeira via Internet (até agora 5) também serão disciplinadas? As 120 pessoas que estão recebendo estudos bíblicos poderão se batizar e, em seguida, serão disciplinadas?

O MOVA CONTRARIA O ESPÍRITO DE PROFECIA?

Sobre o MOVA, o Pr. Heber diz que a "equipe é assalariada com o dízimo, o que contraria as orientações do Espírito de Profecia".

Será que o MOVA contraria o Espírito de Profecia? Ellen White sempre afirmou que o dízimo deveria ser utilizado para sustentar os ministros e os obreiros que trabalham no campo. Ela mesmo destinava seus dízimos para determinadas regiões que estavam sendo roubadas dos seus direitos. (Nota: A expressão "roubadas" é dela, "robbed" em inglês. Perdoem-me se estou sendo duro ao transcrever as expressões originais). Ela não foi disciplinada porque não existia Manual da Igreja naquela época, mesmo assim, a Mensageira do Senhor levou uma bronca do Pr. Watson, presidente da Associação do Colorado. Ela simplesmente respondeu que ele deveria ficar quieto e ficar em paz. Portanto o MOVA não contraria as orientações do Espírito de Profecia, como afirmou o Pr. Heber. Ellen White fundou e administrou um MOVA por volta de 1905 e "durante anos", segundo ela, continuou procedendo desta forma.

Agora eu pergunto:

  • Quem contraria as orientações do Espírito de Profecia? Quem usa o dízimo para pagar obreiros bíblicos ou quem usa o dízimo para acampamentos de verão e programas de promoção de colportagem?

  • Quem contraria as orientações do Espírito de Profecia? Quem usa o dízimo para comprar Bíblias e outros materiais evangelísticos ou quem usa o dízimo para construir suntuosos prédios de Associações?

  • Quem contraria as orientações do Espírito de Profecia? Quem usa o dízimo para treinamento de obreiros voluntários ou quem usa o dízimo para reformar prédios de escolas?

  • Quem contraria as orientações do Espírito de Profecia? O MOVA ou o Livro de Praxes?

"Não se tem repetido o mesmo caso em quase todas as igrejas que se intitulam protestantes? Com o desaparecimento dos fundadores, dos que possuíam o verdadeiro espírito de reforma, seus descendentes põem-se na dianteira e 'dão novo molde à causa'. Embora se apeguem cegamente ao credo dos pais, e se recusem a aceitar qualquer verdade além da que lhes foi dada conhecer, os filhos dos reformadores se afastam grandemente do exemplo paterno de humildade, abnegação e renúncia do mundo. Assim, 'a primitiva simplicidade desaparece'. Um dilúvio de mundanismo invade a igreja e 'leva consigo seus costumes, práticas e ídolos'." - O Grande Conflito, pág. 385.

MÁ INTERPRETAÇÃO

Pr. Heber escreveu: "O irmão Ricardo manifestou grande alegria por ser excluído da IASD.... Ele, na realidade, não escondia sua euforia pelo que estava acontecendo".

O pastor está sugerindo que eu fiquei muito feliz por estar sendo excluído. Jamais ficaria feliz por ser excluído da IASD. Quando disse que pedi para a igreja que votasse minha exclusão e não tentasse resistir com observações, estava apenas tentando poupá-la de ouvir, na minha ausência (pois tive que sair na hora das observações) estas inverdades que foram colocadas no documento do Pr. Heber e desmentidas neste documento que você está lendo.

A alegria que manifestei publicamente foi devido ao fato de não ter mais que me submeter às regras de homens feitas e impostas pela administração. Alegria por não mais sofrer pressões de ordem financeira. Não me alegraria por ter que me desligar da Igreja que amo. Fico feliz também pois tenho certeza que Deus tem um plano para mim e ele pode transformar um aparente fracasso em uma grande bênção. Aliás já está fazendo!

"Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna." S. João 12:24-25.

O QUE A IGREJA PERCEBEU?

Segundo o Pr. Heber "a igreja de São João Clímaco finalmente percebeu o sério problema ali instalado".

Só agora, depois de duas semanas, os membros de São João Clímaco estão começando a compreender o que aconteceu em nossa igreja. As percepções da igreja ficarão evidenciadas nas próximas remessas de dízimo para a Associação, aguarde! Sermões enlatados de mordomia só vão piorar a situação. Os membros também já estão vacinados contra a ilusão advinda da concessão de benefícios temporários. (Como, por exemplo, a concessão feita na semana passada: um pastor exclusivo para São João Clímaco por tempo indeterminado).

OFENSA AOS MISSIONÁRIOS VOLUNTÁRIOS

Segundo o Pr. Heber, "o MOVA ofende aos numerosos irmãos missionários voluntários, que dão estudos bíblicos sem nenhum tipo de remuneração".

A maioria dos obreiros do MOVA dedica-se integralmente para a pregação do evangelho. Quem prega o evangelho deve viver do evangelho. Isto é bíblico! Hoje temos 6 obreiros remunerados pelo MOVA, mas temos também outros obreiros apoiados pelo MOVA com materiais e treinamento, sem remuneração.

Ofensa aos irmãos missionários voluntários é querer trabalhar para Jesus e não receber treinamento. Ofensa aos irmãos missionários é precisar de material evangelístico e ter que comprar com dinheiro do próprio bolso. Ofensa aos irmãos missionários é precisar de ajuda da associação e ter que implorar. Devolvemos fielmente os dízimos para a administração e o que temos de volta? A visita do pastor uma vez por mês para pregar. Isto é sim, é uma verdadeira "ofensa aos numerosos missionários voluntários".

O TRABALHO DO MOVA

O Pr. Heber afirma que o MOVA não tem contribuído de forma significativa para os batismos em nossa região. Alguns fatos a respeito do MOVA devem ser destacados aqui:

  1. O MOVA não atua apenas em São João Clímaco. Atua também nas regiões de Rudge Ramos, Ipiranga e Moinho Velho. A intenção é expandir a atuação e com a clara indicação de aumento na arrecadação esta expansão se dará em breve.

  2. O MOVA existe há apenas 4 meses. (O ministério dos obreiros foi consolidado após àquela frustrante reunião de 20/08/99 quando nada foi esclarecido pela administração). Todas as séries de estudos bíblicos que utilizamos têm mais de 20 estudos. Estes são ministrados semanalmente, ou seja, uma pessoa que iniciou os estudos há 4 meses, deve estar no estudo 16 ou 17, faltando portanto alguns até que possa ser batizada. Isto significa que o MOVA é novo demais para ser avaliado em termos de batismos já realizados.

  3. No sábado, 18/12/99 estive na igreja de Moinho Velho e assisti ao batismo de um casal que recebeu estudos do nosso obreiro. Trata-se daquele policial militar que conseguiu vários interessados no quartel. Os estudos estão sendo ministrados por este obreiro, irmão Luis Pereira. Até as esposas dos policiais estão estudando com este obreiro e com sua esposa (também obreira). Poucos destes estarão se batizando em São João Clímaco. Estarão sendo encaminhados para a igreja mais próxima de sua residência.

  4. O referido jovem missionário responsável pelo último batismo de S.J.C. também recebe apoio do MOVA em termos de material. Na última semana foi-lhe fornecido 6 séries de estudos bíblicos, duas bíblias e um livro o terceiro milênio. Este jovem tem o seu trabalho secular e contribui financeiramente com o MOVA, assim como muitos outros obreiros não remunerados têm feito. Este outros obreiros não remunerados tem recebido material e treinamento do MOVA.

  5. O objetivo dos obreiros do MOVA não é simplesmente dar estudos bíblicos e batizar. Um projeto de visitação regular aos membros da igreja foi desenvolvido e tem sido colocado em prática por eles. Pessoas que há anos não recebem a visita de um pastor podem receber em seus lares um obreiro que vem para orar com eles e por eles.

  6. O MOVA não tem alvo de batismos. Temos alvo de trabalho: Procuramos trabalhar muito e trabalhar bem. Quantidade de batismos é conseqüência. A obra de pregação é nossa, a obra de conversão é do Espírito. Procuramos trabalhar em cooperação com Ele.

Números não são importantes para o MOVA, mas a transparência é muito importante! Segue alguns números sobre o MOVA:

 

Quantidade de

Colaboradores

Valor Arrecadado

(em reais)

Agosto

9

848

Setembro

9

1.258

Outubro

17

1.563

Novembro

24

2.013

"Assim será proclamada a mensagem do terceiro anjo. Ao chegar o tempo para que ela seja dada com o máximo poder, o Senhor operará por meio de humildes instrumentos, dirigindo a mente dos que se consagram ao Seu serviço. Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá." - Ellen G. White - O Grande Conflito pág. 606

TEXTO FORA DO CONTEXTO É UM PRETEXTO

Todas as vezes que mencionamos um trecho da Bíblia ou do Espírito de Profecia que vai contra os interesses da administração, eles prontamente retrucam: Este trecho está fora do contexto original.

Saber o contexto exato de um trecho da Bíblia ou do Espírito de Profecia não é algo simples, mas na maioria das vezes é possível ter-se uma idéia. Já vi muitas pessoas usarem textos fora do contexto, mas parece que o Pr. Heber bateu o recorde neste trecho. Veja:

"O erguimento desta estrutura custou-nos muito estudo e orações em que rogávamos sabedoria, e as quais sabemos que Deus ouviu. Ela foi edificada por Sua direção, por meio de muito sacrifício e lutas. Nenhum de nossos irmãos esteja tão iludido que tente derribá-la, pois acarretaria um estado de coisas que nem é possível imaginar-se. Em nome do Senhor declaro-vos que ela há de ser firmemente estabelecida, robustecida e consolidada. Ao mando de Deus: ‘Ide’, avançamos, quando as dificuldades a serem superadas faziam com que o avanço parecesse impossível. Sabemos quanto nos custou no passado executar os planos de Deus, que fizeram de nós o povo que somos. Portanto, cada um tenha o máximo cuidado para não conturbar a mente no tocante a estas coisas que Deus ordenou para nossa prosperidade e êxito no avançamento de Sua causa." A Igreja Remanescente, pp. 23 e 24.

O Pr. Heber sugere que "esta estrutura", mencionada por Ellen G. White é a mesma estrutura que temos hoje. Este trecho é o último parágrafo de uma carta escrita por Ellen White em 1892. Nesta carta, Ellen White adverte a liderança com relação ao excesso de burocracia das Associações (Conferences), estimula a simplicidade e orienta os líderes a andarem de forma cuidadosa e em espírito de oração. (Nesta época Ellen White estava na Austrália e provavelmente ainda mandava o dízimo para a Associação). Mal sabia ela que esta estrutura administrativa iria se transformar num monstro devorador de dízimos que acabaria privando o campo dos seus obreiros, atrasando desta forma a pregação do evangelho.

Quem conhece a história da evolução (ou involução) da estrutura administrativa da IASD, sabe que nesta época ainda não existiam as Uniões. As Uniões só surgiriam na reorganização de 1901. (Nesta época Ellen White estava voltando para a América). As Divisões só surgiram em 1913, deixaram de existir em 1918 por causa da guerra e voltaram em 1922. Desde 1922 nossa estrutura não evoluiu (mas o mundo evoluiu um pouquinho de lá prá cá).

O avanço tecnológico e das telecomunicações permitiu às empresas seculares eliminar a gordura administrativa extinguindo níveis na pirâmide hierárquica. Elas foram obrigadas a fazer reestruturações para ganhar competitividade frente à concorrência através do corte de custos. Mas e na igreja, temos concorrência? Não. Então podemos gastar à vontade pois no próximo sábado vai entrar mais dízimo.

Como vocês podem perceber a estrutura que Ellen White fala é bem diferente da estrutura que temos hoje (ao contrário do que o Pr. Heber tentou sugerir). Quais as conseqüências desta estrutura inchada? O dinheiro vai todo embora e não sobra nada para a igreja local.

Outro texto mencionado pelo Pr. Heber que vos convido à reflexão:

"Têm ultimamente surgido entre nós homens que professam ser servos de Cristo, mas cuja obra se opõe àquela unidade que nosso Senhor estabeleceu na igreja. Têm métodos e planos de trabalho originais. Desejam introduzir mudanças na igreja, segundo suas idéias de progresso, e imaginam que desse modo se obtenham grandes resultados. Esses homens precisam ser discípulos em vez de mestres na escola de Cristo. Estão sempre desassossegados, aspirando realizar alguma grande obra, fazer algo que lhes traga honra a si mesmos. Precisam aprender aquela mais proveitosa de todas as lições: a humildade e fé em Jesus." Test. Seletos, Vol. 2, p. 79.

Este trecho fala sobre "métodos e planos originais" idealizados por homens. O Pr. Heber ao mencionar este trecho certamente está sugerindo que o método do MOVA é um "plano original" idealizado por homens. Agora eu pergunto: Qual era o plano original idealizado por Deus para a sua igreja? Como Deus gostaria que os dízimos fossem empregados? Pregação do evangelho e salvação de almas é a resposta! É exatamente isto que o MOVA está conseguindo resgatar: O propósito original de Deus para com o dízimo.

Será que o plano original de Deus para nossa organização era que o dízimo fosse utilizado para estabelecer um império de instituições e empresas, administradas por pastores, cujos salários são pagos com o dízimo?

MUDANÇA DE MÉTODOS

O Pr. Heber escreveu que quando a comissão de São João Clímaco sugeriu uma censura de três meses, o irmão Ricardo "afirmou que estava bem seguro de suas posições, e que não mudaria a sua opinião e nem seus métodos nos próximos três meses".

Aqui temos um caso de meia-verdade. Afirmei que não mudaria minha opinião, mas quanto aos métodos, disse que já os havia mudado. Disse que evitaria usar palavras duras, mas continuaria admoestando a administração e, principalmente, levando adiante o ministério dos obreiros voluntários adventistas. Os obreiros não serão retirados do campo. Continuarão desenvolvendo o trabalho evangelístico dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

REVELAÇÕES DO LUCIANO

Ao mencionar o periódico MOVA NEWS, o Pr. Heber diz que o Ricardo "publica as 'revelações' do Luciano de Goiânia, que contêm dados modificados e comprovadamente incorretos"

Há mais de um mês, escrevi para a Associação Brasil Central (ABC) inquirindo sobre a veracidade dos dados publicados pelo Luciano. Até agora não recebi nenhuma resposta desta Associação. Não me contive e continuei em busca da verdade. Aguardei uma semana e escrevi para a União Central Brasileira. Um administrador atencioso me respondeu educadamente dizendo que os dados estão "provavelmente incorretos ou foram, no mínimo, mal interpretados". Se os dados divulgados estivessem incorretos, o administrador da União não diria que estão "provavelmente" incorretos. Eu garanto que as informações deste administrador da União são mais confiáveis que as do Pr. Heber pelo cargo que ele ocupa. (Não posso revelar o nome pois ele me solicitou sigilo)

Vou fazer um desafio ao Pr. Heber. Se os dados divulgados pelo Luciano estão incorretos, então mostrem os dados verdadeiros e mostre o que está incorreto.

CÃES GULOSOS

O Pr. Heber escreveu: "ao se solidarizar com o Luciano, o Ricardo chega ao absurdo de aplicar o texto de Isaías 56:11, completamente isolado de seu contexto original, promovendo uma verdadeira aberração de exegese bíblica, onde insinua que os pastores da IASD são "cães gulosos e que não se fartam", demonstrando, desse modo, um completo desprezo pela liderança da IASD".

Vamos fazer uma breve análise do capítulo 56 de Isaías. Este capítulo, já no verso 1, diz: "Mantende o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e minha justiça prestes a manifestar-se". Em seguida, bênçãos são prometidas àquele que "se guarda de profanar o Sábado, e guarda a sua mão de cometer algum mal." Isto inclui os eunucos e estrangeiros. Estes não deveriam pensar "o Senhor me separará do seu povo" (vs. 4), pois se fosse obedientes, Deus lhes daria em Sua casa "um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas" (vs. 5). No final do verso 7 está escrito: "Porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos".

A mensagem de Deus não é uma mensagem de exclusão, mas de inclusão. No verso 8 o Senhor promete congregar em sua casa os dispersos de Israel. Uma mensagem semelhante está escrita em Ezequiel 34, em particular no verso 11: "Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas, e as buscarei". O capítulo 56 de Isaías termina mostrando a razão das ovelhas estarem dispersas e da necessidade do próprio Deus ir congregá-las: "Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir. Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção".

Eu pergunto: Será que a mensagem de Isaías 56 se aplica apenas à época de Israel? Ellen White, no capítulo 26 do Grande Conflito, logo no primeiro parágrafo, refere-se a Isaías 56 como prefigurando uma obra de reforma, relacionada ao Sábado, que se realizaria nos últimos tempos.

Citando Isaías 56:1, 2, 6 e 7 ela diz no início do segundo parágrafo: "Estas palavras se aplicam à era cristã, como se vê pelo contexto". Em seguida cita o verso em que Deus promete ajuntar os dispersos de Israel.

O fato de Isaías 56 referir-se aos "últimos tempos", significa que todos os pastores, sem exceção, são cães gulosos que não querem largar o osso? Sabemos que há pastores sinceros em nosso meio, pastores que "suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem" em Jerusalém (Ezequiel 9:4). Estes pastores não suportarão permanecer vinculados a esta estrutura organizacional por muito tempo. Alguns sairão por conta própria. Outros serão excluídos da sinagoga. A seguinte profecia se cumprirá:

"Segundo o que Deus me mostrou, é preciso haver uma sacudidura entre os ministros, a fim de serem eliminados os negligentes, preguiçosos e comodistas e permanecer um grupo fiel, puro e abnegado, que não busque bem-estar pessoal, mas administre fielmente na palavra e na doutrina dispondo-se a sofrer e suportar todas as coisas por amor de Cristo, e salvar aqueles por quem Ele morreu." - Ellen G. White - Vida e Ensinos, pág. 160.

Quando houver esta sacudidura entre os ministros então poderemos dizer que Isaías 56:11 cumpriu-se plenamente. Os pastores e membros excluídos da organização irão fazer, à semelhança do bom samaritano, a obra que os sacerdotes e levitas não fizeram pois eram impedidos pelas praxes da época.

Como pudemos perceber, o Pr. Heber é quem comete uma aberração exegética ignorando princípios básicos de interpretação profética como o princípio apotelesmático (princípio adotado por EGW na interpretação de Isaías 56).

"A mesma desobediência e o mesmo fracasso observados na igreja judaica, têm caracterizado em maior grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu nas últimas mensagens de advertência . Deixaremos nós que a história de Israel se repita em nossa experiência?" Testemunhos Seletos, Vol. 2, pág. 157.

QUEM ADMINISTRA AS FINANÇAS DA IGREJA?

Quase no final do documento o Pr. Heber escreve o seguinte: "quase que podemos visualizar o dia em que nem a administração da IASD e nem o Ricardo irão administrar as finanças da igreja".

Neste trecho ele insinua que eu esteja administrando as finanças da igreja. Se é isto que o pastor insinua, então está enganado. O MOVA tem uma tesoureira e vice-tesoureira. Esta tesoureira faz o mesmo trabalho que Ellen White fez. Recebe os donativos, faz um recibo para cada doador, paga os obreiros, paga os materiais, faz um relatório mensal de prestação de contas detalhado e entrega este relatório aos doadores. Este é o melhor método pois além de ser transparente, preserva a identidade do doador (cada doador é identificado por um código que só ele conhece). Ellen White fez assim quando recebia os dízimos das irmãs que não confiavam na administração. "Tenho recebido o dinheiro, dado um recibo por ele, e dito a eles como foi aplicado.", escreveu ela. A tesoureira do MOVA procede da mesma forma. Espero que um dia a IASD adote este procedimento transparente e nos revele como o dízimo tem sido empregado de fato.

FATOS ÍNTEGROS E VERDADEIROS

O Pr. Heber termina sua versão, chamada de oficial, com a seguinte afirmação: "Esses são os fatos, íntegros e verdadeiros". E, no último parágrafo, exclama: "Que o Senhor nos guarde dos perigos e enganos desses últimos dias".

Eu convido a você, que leu a versão oficial do Pr. Heber e também leu esta versão, para que visite a igreja de São João Clímaco ou qualquer outra igreja do distrito (Ipiranga, Moinho Velho e Vila Livieiro). Procure conversar com os líderes que acompanharam o desenrolar dos fatos. Procure principalmente aqueles que participaram da terceira reunião na sexta-feira a noite (20/08/99) na Associação Paulistana. Uma breve conversa com estes líderes leigos demonstrará que os fatos, como descritos pelo Pr. Heber, não são tão íntegros e verdadeiros como ele afirma.

PERGUNTAS AO PASTOR HEBER

Finalizando quero fazer duas perguntas ao Pr. Heber:

  • Por que não foi dado à igreja uma semana para analisar o caso e os artigos e, após este período, em uma segunda leitura, poderiam então votar minha exclusão?

  • Por que se a igreja não votasse minha exclusão ou censura a igreja teria de ser dissolvida, ou seja, excluída do rol de igrejas da Associação?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Creio que a sacudidura já está começando na IASD. Como já era previsto, ela será motivada pelo Testemunho da Testemunha Verdadeira. A Verdade não tem hora e nem lugar. Vamos obedecer às ordens de Deus ou às tradições humanas? A escolha é de cada um.

Um forte abraço do irmão

Ricardo Nicotra


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