Arcebispo Defende Perdão da "Dívida Externa"

Dom Cláudio Hummes lembra o Antigo Testamento e diz que os
empréstimos podem ser legais, mas são injustos

JOSÉ MARIA MAYRINK

Foto de Helvio Romero
[Dom Cláudio Hummes]

SÃO PAULO - O arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, defendeu ontem o perdão da dívida externa dos países mais pobres ou em desenvolvimento, incluindo o Brasil, na comemoração do Grande Jubileu do ano 2000. No Antigo Testamento, lembrou o arcebispo, o jubileu incluía não apenas o perdão dos pecados e das ofensas pessoais, mas também o esquecimento das dívidas públicas e até a devolução de terras dadas em pagamento de dívidas.

"O Brasil desembolsa bilhões de dólares por ano para pagar os serviços da dívida, enquanto o principal continua o mesmo", disse Dom Cláudio, observando que essa é a situação da maioria dos países endividados. "Os contratos de empréstimos podem ser legais, mas não são justos, porque o povo vem sofrendo muito em conseqüência das dívidas", acrescentou o arcebispo.

Perdão - Ao divulgar para imprensa uma Mensagem de Natal e ano 2000, Dom Cláudio lembrou que o papa João Paulo II também tem pregado o perdão da dívida externa por ocasião do Ano Santo ou Ano Jubilar, no qual os católicos comemoram o segundo milênio do nascimento de Jesus Cristo. "O papa tem insistido que a dívida externa deve ser reavaliada e recalculada, porque os países pobres não têm condições de pagar", disse o arcebispo.

Em sua mensagem, Dom Cláudio adverte que, embora o nascimento de Jesus traga uma resposta para a carência espiritual do povo, ao mostrar que prevalece o mistério de Deus que envolve e salva as pessoas, o Natal e o Jubileu devem lembrar também realidades materiais que devem ser ressaltadas. "Nascendo pobre, Jesus chamava a atenção para os pobres, que são as vítimas mais freqüentes das violações da dignidade humana", observou.

"A pobreza, a fome, a miséria, o desemprego, a violência, o desrespeito dos direitos humanos e toda injustiça social são contra a vontade de Deus e devem ser combatidos por todos, indo-se até as suas causas", disse Dom Cláudio, chamando a atenção, em particular, para a situação das crianças pobres ou abandonadas e daquelas que são submetidas à violência ou ao trabalho precoce. "No Brasil, são 21 milhões", afirmou.

Colaboração - Nesse quadro, Dom Cláudio citou ainda "a situação pavorosa em que são jogadas as crianças e adolescentes infratores nas Febens", advertindo que, por mais que se tenha feito, essa situação está longe de ser resolvida. A Igreja, lembrou o arcebispo, está disposta a colaborar com o governo em São Paulo para reformular a educação dos menores infratores. "Nós insistimos que as unidades da Febem devem ter um perfil educativo e não prisional ou punitivo", disse o arcebispo.

Referindo-se à iniciativa do cardeal-arcebispo Dom Eugenio Sales, que aconselhou os padres do Rio de Janeiro a tirar os mendigos das ruas neste Natal, Dom Cláudio disse que esta é também a preocupação da arquidiocese de São Paulo. "Como bem observou Dom Eugênio, temos de acolher pelo menos aqueles que querem sair da rua, pois há muitos que não querem", ressalvou o arcebispo.

"A situação da população de rua de nossa querida São Paulo é outro problema que choca a todos e exige mais atenção e caridade, bem como políticas públicas mais adequadas", disse Dom Cláudio, insistindo na palavra caridade, "que pode ser sinônimo de solidariedade, mas na verdade tem um significado mais profundo para os cristãos".

Em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, Dom Cláudio anunciou que fará um grande encontro arquidiocesano sobre a caridade, no próximo ano, para analisar o que a Igreja pode realizar nas grandes cidades.

Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/99


O Novo Papamóvel é da Fiat

Ano Novo, carro novo. Pelo menos para o papa. O presidente da Fiat, Paolo Cantarella, deu de presente, ontem, a João Paulo II um Lancia Jubileu (em homenagem à data sagrada da Igreja Católica) avaliado em 1,5 milhão de dólares. Todo em preto, o carrão tem motor de seis cilindros e traz nas laterais o escudo papal em ouro. Como é blindado, pesa cerca de duas tonelas. O carro vem equipado com computador e alto-falante, para que o papa possa se dirigir ao público.

Papa Convida Mendigo para a Missa de Natal

O papa João Paulo II convidou um mendigo para uma das cerimônias mais importantes da Igreja Católica. Di Giorgi, de 34 anos, um ex-policial e ex-restaurador de móveis antigos, vai assistir à missa de Natal, no dia 24, na Basílica de São Pedro, quando será aberta a Porta Santa e inaugurado o Jubileu do ano 2000.

O Vaticano distribuiu 7.000 convites a personalidades, autoridades políticas internacionais, diplomatas e religiosos para a cerimônia. Cerca de 15.000 pessoas também vão acompanhar a missa, do lado de fora da basílica, através de telões.

Di Giorgi tinha feito o pedido para assistir à missa de Natal aos guardas suíços (guarda oficial do papa). Mas, como não esperava ser atendido, não deu seu endereço – ele dorme cada dia numa rua de Roma, coberto por jornais. Só ontem, o Vaticano conseguiu localizar Di Giorgi e dar-lhe o convite.

Fonte: O Dia, 23/12/99


Última Lua Cheia

A lua cheia iluminou a cidade de San Jose, na Costa Rica, embelezando a paisagem. É a última lua cheia desse milênio, e ela apareceu 14% maior que o habitual por estar muito próxima à Terra.

Fonte: Gazeta do Povo, 23/12/99


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