Chega de Omissão! (Editorial censurado na RA)

Ellen G. White parece ter visitado em visão o Brasil de hoje, pois o descreve com admirável precisão de detalhes em alguns de seus textos. "Por toda parte em nosso redor, vemos miséria e sofrimento; famílias com falta do necessário, crianças a pedirem pão. A casa do pobre ressente-se, muitas vezes, da falta de móveis indispensáveis, e de colchões e de roupa de cama. Muitos vivem em simples choças, destituídas de todo conforto", diz ela. - Beneficência Social, pág. 188.

Noutro lugar, aparentemente descreve a injusta desigualdade social aqui reinante: "Há nas grandes cidades multidões que vivem em pobreza e miséria, quase sem ter alimento, abrigo e roupa, enquanto que nas mesmas cidades há os que possuem mais do que o coração poderia desejar, vivendo no luxo e despendendo os seus recursos em casas ricamente mobiliadas, em adornos pessoais, ou pior ainda, na satisfação de apetites sensuais..." - Idem, pág. 173.

Até a incapacidade dos governantes para solucionar nossos problemas sócio-econômicos, ela parece ter visto! "Os que detêm as rédeas do governo não são capazes de solver o problema da corrupção moral, da pobreza, do pauperismo e da criminalidade crescente. Estão lutando em vão para colocar as operações comerciais em bases mais seguras." - Idem.

Nós que aqui vivemos, porém, parecemos desconhecer esses fatos. Em nossos púlpitos e publicações, muito raramente fazemos referência a aspectos negativos da realidade brasileira. Quem ouve nossos sermões ou lê nossas revistas, tem a impressão de que esses problemas não nos comovem. E é vergonhoso, mas temos de admitir que estão certos.

A grave crise sócio-econômica que o País atravessa não nos comove nem nos move à ação. Há exceções, mas, de modo geral, preferimos ignorá-la. E essa nossa indiferença e insensibilidade fazem com que não-adventistas concluam que a religião que professamos não é a da cruz, mas a da estaca. Vertical apenas, que só se preocupa com o relacionamento entre o ser humano e Deus, esquecendo-se das relações entre os homens - o sentido horizontal da religião. Cristianismo incompleto. Religião descomprometida. Alienada como o sal no saleiro. Inoperante como o fermento fora da massa.

Amamos a Deus como a nós mesmos. E só. Precisamos mudar nossa maneira de pensar e agir. "Arrependei-vos", diria um profeta ou apóstolo. Não podemos continuar passando de largo por esses problemas, à semelhança do sacerdote e do levita. Os samaritanos de hoje já estão em atividade. Permitiremos que a parábola dos maus religiosos se repita, tendo-nos como personagens principais?

Enquanto nos omitimos, outras denominações trabalham nesse sentido, atraindo para si a simpatia do povo. Enquanto nos omitimos, nossa mensagem perde sua força. Enquanto nos omitimos, representamos incorretamente a Deus, que se interessa pelo bem-estar integral de Seus filhos, bons ou maus. Enquanto nos omitimos, estamos sob a condenação de Cristo, que Se identifica com os pobres e oprimidos.

Deus nos dê sensibilidade suficiente para compreendermos isso. Ellen G. White sugere: "Orai para que Ele vos dê um coração de carne, um coração que sinta as tristezas dos outros, que possa ser tocado com os ais humanos. Orai para que Ele vos dê um coração que não vos permita fazer ouvidos moucos para com as viúvas e órfãos. Orai para que tenhais entranhas de misericórdia para com os pobres, os enfermos e os opressos. Orai para que possais amar a justiça e odiar o roubo..." Idem, pág. 83. -- Ermelino Robson L. Ramos, 1987.

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