Leitor Contesta Idéias de Azenilto

Estimado irmão e professor Azenilto G. Brito!

Sou um membro leigo dentro desse hoje grande movimento adventista do setimo dia. Confesso minha ignorancia quanto aos excessos de palavras e colocações intelectuais a que somos, os membros leigos, expostos diariamente. Mas fico triste ao ver uma pessoa do seu gabarito questionando a palavra do Senhor.

Veja, espero nao estar ofendendo sua pessoa, pois refiro-me as ideias colocadas como ha pouco nesse site. Entendo, portanto, a biblia com simplicidade e o irmao a coloca como, querendo nos dar a entender, que ela propria se contradiz, como se Deus fosse homem e que o que diz seja como uma fantasia de uma mentalidade doentia. Ou melhor que da um conselho e posteriormente diz que seu conselho esta anulado. Isso foi o que entendi nas entrelinhas do que escreveu.

Sei que na verdade existe hoje uma forte nova teologia, sendo ensinada dentro do nosso movimento. Nao quero dizer e nao estou falando que tenho condições de refutar suas ponderações, mas gostaria que tentasse, com coração humilde, que deve ser uma de suas caracteristicas, pedir a Deus que manifeste mais uma vez o seu grande poder de sabedoria e nos ilumine tanto ao senhor quanto a mim para que de maneira simples e sem muita discussão intelectual possamos enxergar a sua orientação e po-la em pratica em nossa vida.

Observe que o que estou sugerindo nao é impossivel, pois, quando Jesus chamou a Nicodemos para conversar, ele sabia que o mesmo era um intelectual da palavra, mas foi desprovido de sua capacidade até o Mestre e esse o fez entender claramente sua atual situação. Portanto, é possivel ao mais nobre mortal se prostrar de joelhos diante do humilde, mas, mais nobre ser, que esse mundo ja conheceu, a saber nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e Pai de todos os mortais.

Nao vou entrar no merito de discutir com todo o seu conhecimento em exegese, hermeneutica etc etc, sabendo e conhecendo que Deus dotou pessoas de todos os tipos na terra e até mesmo em nivel de hierarquia que eu deva respeitar, mas ponderemos nestes textos da sua palavra.

A alma que pecar essa morrera. Ezequiel 18; 4,20

Essa sua sugestão que podemos ser salvos com os nossos pecados, para mim é uma sugestão satanica. Tenho entendido ao longo do movimento adventista que a base para a salvação se encontra somente nos meritos de Cristo e a condição necessária é a guarda dos mandamentos de Deus. A crença que a obediencia a lei de Deus não é condição para a salvação esta rapidamente ganhando terreno dentro do movimento adventista, mas a inspiração declara que a obediencia é uma importante condição para a salvação. Observe:

Nem todo aquele que me diz: senhor, entrará no reino do céus,mas aquele que faz a vontade de meu pai,que esta nos céus. Mateus. 7: 21

Dessa maneira, entendo que a condição necessária para se obter a vida eterna é Obediencia.

Entao, sua questao como professor e minha como leigo é saber ….É possivel obedecer? Ou melhor, pode o homem deixar de pecar?

Antigamente o nosso povo nao tinha duvida de responder essas questoes, mas hoje com as novas teologias, teólogos e teologandos, realmente esta um pouco mais dificil para responder. Até ja falei para outros pastores que lamentavelmente temos comido de outras mesas, o nosso pao da vida. 

E o Senhor sabe que o que digo é verdade pois temos muitos teologos que saem do Brasil e veem pra América e se formam nas mais diversas faculdades de teologia e depois até mesmo inconscientemente passam para a igreja falsos pensamentos das verdades biblicas. Mas deixa-me continuar.

Desde o genesis até apocalipse são apresentadas de uma maneira clara as condições necessárias para obtermos a vida eterna…..Guardarei os meus mandamentos,e vivei.

Temos o direito de perguntar …se eu matar ou roubar,perderei a vida eterna.Nao devemos confundir isto com o fato de os pecadores arrependidos poderem ter ascesso a salvação,independentemente da profundidade a que tenham caido.A confissão e o arrependimento são condições essenciais para a salvação.

Se confessarmos os nosso pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça 1 joao 1: 9

Promover a ideia de que o homem pode ser salvo, sendo culpado de um pecado acariciado, é, na verdade, um procedimento perigoso. Na palavra de Deus, nao existe apoio para isso. Não servimos a um Pai que castiga quando um filho peca, esperando que o tempo produza arrependimento. Servimos a um Pai caridoso que nao quer... Que ninguem se perca,senão que todos venham a arrepender-se. 2 Pedro 3: 9.

É na verdade o diabo que Diz que não é possivel arrepender-se. Que fique claro que em nenhum ponto das escrituras se apoia esse tipo de afirmação, vindo da parte de satanás. A vida eterna, a graça de Deus e a sua misericordia só nos estão prometidas sob a condição de obedecermos pelo poder do Espirito Santo. A Biblia fala de obediencia como condição necessaria para a salvaçao, nunca afirmando que o homem jamais poderá obedecer a Lei de Deus.

As mensagens do apostolo Paulo estao repletas de conselhos a que obedeçamos sob o poder de Deus.Negar essa possibilidade de se nascer de novo, como um cristão obediente, é destruir os principios basicos do novo testamento e tornar impotente a morte de Cristo.

Derrubando raciocinios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus ,e levando cativo todo pensamento a obediencia a Cristo. 2 Cor. 10:5. No mesmo livro, Paulo encoraja os irmaos: Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemos de toda imundicia da carne e do espirito,aperfeicoando a santidade no temor de Deus. 2 Cor. 7: 1.

Paulo fala claramente que uma pessoa nao poderá ser justificada enquanto desobedecer, Mas se, procurando ser justificados em Cristo,fomos nós mesmos tambem achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum. Porque, se torno a edificar aquilo que destrui, constituo-me a mim mesmo transgressor. Gal.2: 17,18. Esta passagem das escrituras deveria ser lida por todo Adventista do setimo dia. Nela está contida uma verdade de proporção inimaginavel, e realça a questão: "Se alguem desobedece, poderá, mesmo assim, ser justificado?

Paulo acreditava: O senhor me livrará de toda má obra. 2 Tim. 4:18. Dessa maneira, posso acreditar que: Posso todas as coisas naquele que me fortalece. E preciso aceitar o ensino biblico que me aconselha: Acordai para a justiça e nao pequeis mais. 1 Cor. 15:34.

Não vos sobreveio nenhuma tentação, senao humana; mas fiel é Deus,o qual nao deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir,antes com a tentação dará tambem o meio de saida, para que possais suportar.

Ou podemos confiar nas promessas de Deus, ou elas nao tem qualquer valor. Irmao Azenilto, não é essa uma promessa sublime? Por que duvidar de que Deus tem poder suficiente para nos dar vitória sobre o pecado? Não desejemos ser salvos nos nossos pecados mas, sim, dos nossos pecados, nem ignoremos promessas tao positivas.

Que o Senhor Jesus nos abençoe.

Tony, de Los Angeles


Resposta de Azenilto

Caro irmão Tony

Que bom que está aí entre "los angeles" (os anjos. . .).  Quem dera que só anjos do bem habitassem essa cidade, onde Hollywood com toda a sua violência e sex appeal, faz seus bilhões de dólares explorando a cupidez humana.

Meu irmão, eu fico muito brabo com aqueles que escrevem contra nós sempre batendo na tecla da lei X graça, e insinuando que os adventistas, por destacarem a importância de observar a lei, são legalistas e pregadores de salvação pelas obras. Claro que isto é uma distorção e sabemos bem que a IASD ensina que só nos salvamos pela graça, mas que Efés. 2:8 e 9 deve ser interpretado sem esquecer o que diz o vs. 10.

Também reparo haver uma constante distorção da parte daqueles que julgam que quem ressalta a importância de entender devidamente justificação pela fé é um "liberal" que defende salvação com tolerância ao pecado. Meu irmão, ninguém está dizendo isso. Eu jamais defenderia tal conceito e no meu Estudo Bíblico não creio haver margem para se tirar tal conclusão. Releia-o com atenção e verá que é como digo.

Quando eu aponto ao que os Reformadores diziam, que o cristão convertido é "simul justus et peccator", não é no sentido de que o pecado seja tolerável, ou que Deus salvará pecadores não arrependidos. Veja Romanos 7:24 em diante como o próprio Paulo falava da luta íntima de um cristão contra o pecado. Também Gálatas 5:17 mostra que essa é uma luta vitalícia. Ellen White confirma isto, que essa luta contra o mal e o pecado prosseguirá até que nosso corpo mortal seja revestido da imortalidade.

Eu sei que há esse ideal de "não pecar", que pode parecer elogiável, mas o que me preocupa é o que eu chamo "Agenda Perfeccionista" de alguns que não conhecem bem os fatos históricos sobre o que realmente se passou em 1888, imaginam que Waggoner e Jones são uma espécie de "santos padroeiros" que ensinavam tudo certinho mas adotaram, por fim, conceitos heréticos por revolta contra os administradores adventistas que rejeitaram sua "correta" visão de justificação/santificação.  Daí buscam fazer um paralelo com o presente, e vai daí. . .  Enfim, as coisas não são tão simples assim, meu caro.

Também essa tendência de falar em "nova teologia" que estaria afetando os teólogos que vêm estudar na América, e coisas semelhantes, e que os "humildezinhos"  que nada sabem sobre Teologia (e eu sei muito pouco, não me julgo nenhum teólogo) é que têm a verdade e a correta compreensão da Bíblia ao apegarem-se a uma "velha teologia", etc. me parece uma visão muito ingênua da realidade.

Houve um bom artigo publicado na Revista Adventista de abril de 1979 pelo Dr. Endruweit, intitulado "O Remanescente Sem Pecado, Quando?" muito esclarecedor sobre muito dessas coisas. Também o Ministry abordou esta questão do "perfeccionismo" com excelentes matérias por teólogos adventistas, professores de Teologia e autores nossos, que não poderiam ser considerados "liberais" ou introdutores de novas idéias "perigosas", a não ser que esteja tudo realmente perdido nas altas cúpulas de nossos seminários e tenhamos que renovar tudo voltando a ensinar o que os pioneiros da Teologia adventista ensinavam.

Lembre-se, porém, que entre o que se ensinou no passado havia: que a porta da graça estava fechada para quem não participara do movimento milerita, que Jesus não é igual a Deus, mas um Ser inferior, que justificação é tornar justo (em harmonia com a Teologia católica e não protestante),  que é possível guardar perfeitamente a lei de Deus atingindo-se perfeição ontológica (em harmonia com o Canon 18 do Concílio de Trento da contra-Reforma).

Muito mais eu poderia dizer, pois a discussão é profunda e envolve muitos aspectos, mas aqui apenas quero deixar claro que não há nenhuma intenção "liberalizante" nem tolerância com o pecado no que expus. Como eu disse, releia com atenção o Estudo Bíblico e veja que o próprio título do tópico apresentado está equivocado. Não são as idéias do Azenilto, mas da Bíblia que estão apresentadas.

Concluo reafirmando-lhe o desejo de que haja um reavivamento em nosso meio em torno do tema da justificação pela fé. Mas não recuando-se a um período de pouca ou inadequada compreensão do tema, inclusive com tantos conceitos católicos romanos, como Waggoner e Jones mantinham, por incrível que lhe possa parecer.

Lembre-se também que Teologia é uma ciência, e como tal ela também tem evoluído. Ficar fixo em noções antigas pode representar "perder o trem da história". Sejamos cuidadosos para não avançar mais do que Deus deseja que o façamos, nem ficar para trás embaraçados em tradições bem-intencionadas, mas que a nada levaram no passado, no presente têm produzido divisão, confusão e fanatismo, e nem oferece boas perspectivas a que podem levar no futuro.

Deus o abençoe e boas festas
Prof. Azenilto G. Brito

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