Bode Azazel: Símbolo de Satanás ou de Cristo? (Parte 5)

 

VERSO 17:

Nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel”. (ARA – grifos acrescentados).

Nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar “... שדקב רפכל” – “para fazer expiação pelo (no) Santuário”... “ודעב רפכו” – “então, fará expiação por ele” e por sua casa, e por toda a congregação de Israel.

Ao retomar Levítico 16:17, temos por objetivo, destacar mais alguns detalhes desse verso. O destaque diz respeito aos acontecimentos especificados para o Yom Kippur.

O objetivo deste comentário, é ratificar o que já afirmamos sobre o momento histórico na vida do Messias, em que se cumpriu o principal evento profético referente ao verso 17 de Levítico 16. Bem como, analisarmos mais alguns detalhes proféticos relacionados à profecia de Dan. 9:24-25, alguns versos da Carta aos Hebreus e, também, citações do Espírito de Profecia.

 

NENHUM HOMEM

O que significa a expressão “nenhum homem”? Alguns poderão pensar na expressão literal, existente na raça humana, o sexo masculino – o varão. Outros poderão dizer, generalizando, que se trata da raça humana. Por outro lado, pode-se perfeitamente entender, neste caso, especificamente, uma referência aos ministros que auxiliam o sumo sacerdote, ou seja, os sacerdotes. Incluindo, portanto, naturalmente, os anjos celestiais. Porque, em primeiro lugar, os anjos são seres ministradores (Heb. 1:14). Em vários lugares, os anjos são chamados de homens ou varões: Dan. 3:24-25; 8:16-17; 9:21; 10:5, 16; 12:6 e7; Mar. 16:4-5; Lucas 24: 4-5 e Atos 1:10-11.

Em segundo lugar, os ministros e sacerdotes são os seres humanos, salvos; conforme está  relatado em 1Pedro 2:9; Apoc. 1:6;  5:10 e 14:4.

Agora, podemos entender a expressão que diz: “a expiação por si mesmo, e pela sua casa”. A primeira parte do texto está bem explicita: “por si mesmo” (João 17:19). A segunda parte (“pela sua casa”), porém, não está tão clara. Contudo, pode-se perfeitamente entender que é uma referência ao Céu. Sendo, então, a casa do Sumo Sacerdote celestial (Sacerdócio de Melquisedeque). O que não deixa de ser, também, uma alusão (aplicação) ao sacerdócio Levítico (à casa de Arão – sumo sacerdote e sacerdotes).

A referência de Dan. 7:9-14, não se harmoniza totalmente com a de Levítico 16:17; embora sejam textos paralelos.

Por isso, duas são as observações que destacaremos nesses versos. Primeira: “Nenhum homem estará na tenda da congregação”. Segunda: “... O Ancião de dias se assentou... milhares de milhares o serviam e miríades de miríades assistiam diante dele. ... E eis que vinha com as Nuvens do céu um como Filho do Homem; e dirigiu-se ao Ancião de dias, e foi apresentado diante dele”. (Dan. 7:9-10 e 13).

A expressão “nenhum homem estará na tenda da congregação”, literalmente, diz respeito ao ser humano. As pessoas que seriam e serão, bem como as que estão salvas pelo Messias. Este verso, Lev. 16:17, afirma que nenhuma pessoa que fora salva estaria com o Sumo Sacerdote – o Messias, no dia da Sua ascensão, logo após a Sua ressurreição, quando Ele se apresentou ao Pai, para receber a confirmação dEle, de que fora aceito, plenamente, o Seu sacrifício.

Portanto, essa expressão não pode ser aplicada aos anjos.

 

A NUVEM OU AS NUVENS

A expressão “Nuvens do céu”, diz respeito aos anjos que acompanham o Filho do Homem.

No livro de Números, temos uma referência a esta Nuvem:

No dia em que foi erigido o tabernáculo, a nuvem o cobriu, a saber, a tenda do Testemunho; e, à tarde, estava sobre o tabernáculo uma aparência de fogo até à manhã. Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo. Quando a nuvem se erguia de sobre a tenda, os filhos de Israel se punham em marcha; e, no lugar onde a nuvem parava, aí os filhos de Israel se acampavam. Segundo o mandado do SENHOR, os filhos de Israel partiam e, segundo o mandado do SENHOR, se acampavam; por todo o tempo em que a nuvem pairava sobre o tabernáculo, permaneciam acampados. Quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernáculo, então, os filhos de Israel cumpriam a ordem do SENHOR e não partiam. Às vezes, a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo; então, segundo o mandado do SENHOR, permaneciam e, segundo a ordem do SENHOR, partiam. Às vezes, a nuvem ficava desde a tarde até à manhã; quando, pela manhã, a nuvem se erguia, punham-se em marcha; quer de dia, quer de noite, erguendo-se a nuvem, partiam. Se a nuvem se detinha sobre o tabernáculo por dois dias, ou um mês, ou por mais tempo, enquanto pairava sobre ele, os filhos de Israel permaneciam acampados e não se punham em marcha; mas, erguendo-se ela, partiam. Segundo o mandado do SENHOR, se acampavam e, segundo o mandado do SENHOR, se punham em marcha; cumpriam o seu dever para com o SENHOR, segundo a ordem do SENHOR por intermédio de Moisés”. (Num. 9:16-23 – ARA).

Percebemos claramente que Yahweh deu as orientações, no que diz respeito à permanência do Tabernáculo, em determinado lugar, e sobre o deslocamento do Tabernáculo e conseqüentemente do Seu povo. Eles eram orientados por meio da Nuvem de anjos que lhes acompanhava.

No Novo Testamento, também existem outras referências sobre a Nuvem.

Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi”. (Mat. 17:5 – ARA).

Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória”. (Mat. 24:30 – ARA).

Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu”. (Mat. 26:64 – ARA).

Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos”. “...Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (Atos 1:9 e 11 – ARA).

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!”. (Apoc. 1:7 – ARA).

Outras duas referências importantes são:

Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a MoisésTodos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”. (1Cor. 10:1-4 – RA).

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”. (1Cor. 12:1-2 - ARA).

Confira outras referências, no Novo Testamento, nas seguintes livros: Mar. 9:7; 13:26-27; 14:62; Luc. 9:34-35; 21:27; 1Cor. 10:1-4; Apoc. 10:1 e 14:14-16.

Poderiam ser apresentadas muitas outras passagens da Escritura Sagrada. No entanto, serão apresentadas, agora, algumas citações dos escritos de Ellen G. White, no que diz respeito à Nuvem, citada em Atos 1:9-11:

Esse anjos eram do grupo que estivera esperando numa nuvem brilhante, para acompanharam Jesus à morada celestial. Os mais exaltados, dentre a multidão angélica, eram os dois que foram ao sepulcro na ressurreição de Cristo e com Ele estiveram durante Sua vida na Terra. – O Desejado de Todas as Nações, págs. 831 e 832.”. (A Verdade Sobre os Anjos. 3ª ed. 2001. p. 221.).

Anjos assemelhando-se a uma nuvem, rodearam o Filho de Deus, e ordenaram que as portas eternas se levantassem, para que o Rei da glória entrasse. Vi que enquanto Jesus estava com aquele brilhante exército celestial, na presença de Deus, e cercado de glória, não Se esquecera dos discípulos sobre a Terra, mas de Seu Pai recebeu poder, a fim de que pudesse voltar e comunicá-lo a eles. No mesmo dia Ele voltou e mostrou-Se a Seus discípulos. Permitiu-lhes então que Lhe tocassem, pois tinha ascendido ao Pai e recebera poder”. (Primeiros Escritos. 5ª ed. 1995. pp. 187-188.).

Esta última citação, faz parte do contexto da ressurreição do Messias e a ascensão dEle, no mesmo dia da ressurreição, bem como do seu retorno ao encontro dos Seus discípulos.

“... Jesus falou-lhe com Sua própria voz celestial, dizendo: ‘Maria!’ Ela estava familiarizada com as inflexões daquela voz querida, e prontamente respondeu: ‘Mestre!’ e, em sua alegria, ia abraçá-Lo; Jesus, porém, disse: ‘Não Me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai ter com os Meus irmãos, e dize-lhes... Alegremente ela se dirigiu, à pressa, aos discípulos, com as boas novas. Jesus rapidamente ascendeu a Seu Pai para ouvir de Seus lábios que Ele aceitara o sacrifício e para receber todo o poder no Céu e na Terra”. (Ibidem. p. 187.).

O objetivo de destacar a Nuvem, é entender o paralelismo entre o dia da expiação (Yom Kippur – 10º dia, do 7º mês) e o Juízo Investigativo – 10º dia, 7º mês, a partir do outono de 1844. Portanto, ao se estudar os símbolos e figuras do Santuário, percebemos que os anjos (Nuvens) estão intimamente relacionados a todas as fases do ministério do nosso Grande Sumo Sacerdote, ou seja, tanto no lugar Santo quanto no Santo dos Santos. Os sacerdotes do ministério levítico, tinham livre acesso, apenas ao lugar Santo; no entanto, o homem comum não tinha esse mesmo privilégio, para entrar no lugar Santo, conseqüentemente, nem ao Santo dos Santos.

 

A UNÇÃO DO SANTO DOS SANTOS

A profecia das Setenta Semanas, em Daniel 9:24, especifica claramente o que iria ocorrer durante essas semanas de anos profetizadas. Não irei entrar em detalhes em alguns pontos do verso que será citado abaixo, principalmente por ele ser bem explicito.

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos”. (Dan. 9:24 – ARA).

Em primeiro lugar, destacaremos as “Setenta Semanas”. Estas correspondem 07 (sete) dias (uma semana de dias) X 70 (setenta) semanas de dias => 490 dias = 490 anos proféticos. Caso alguém não creia nessa profecia e no princípio dia-ano, não serei eu que irei fazê-lo crê. Isto é uma questão de estudo e coerência dentro do estudo.

Em segundo lugar, destacaremos que a profecia das “Setenta Semanas” estava determinada sobre o povo de Daniel – a nação de Israel (mas precisamente, o Reino do Sul), e, especialmente, sobre a cidade de Jerusalém. Portanto, esta profecia, das “Setenta Semanas”, em nenhum lugar ela está dizendo que o povo de Daniel deixaria de ser o povo de Yahweh, ao final de tal profecia, como alguns ensinam e defendem. Ela diz sim, que a profecia estava determinada ou separada, para o povo de Daniel. Ou seja, era um período de pregação exclusiva à nação de Daniel.

Esta profecia das “Setenta Semanas” é parte da grande profecia das “Duas mil e trezentas tardes e manhãs”. Se 490, dos 2.300 anos estavam separados para o povo de Daniel e para Jerusalém, então, os 1.810 anos restantes, estavam determinados para os gentios. Por isso, a partir do ano 34, o Evangelho começou a ser pregado em Samaria (Atos 8) e demais cidades (Cesaréia) dos povos gentios.

Um detalhe importante, é que o apóstolo Paulo, enquanto Saulo, é citado em Atos 7:60; 8:1-3 e capítulo 9 em diante, quando após a sua conversão, passou a ser chamado de Paulo. Ele foi escolhido para:

“... Vai porque este é para Mim um vaso escolhido, para levar o Meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel”. (Atos 9:15).

Em terceiro lugar, destacaremos que todos os detalhes da profecia do verso 24, acima citado, cumpriu-se no Messias e com o Messias e por meio dEle.

A profecia de Dan. 9:24 diz: “Para ungir o Santo dos Santos”. Quando ocorreu isso na vida do Messias? Antes de ser respondida esta pergunta, por meio da própria Escritura Sagrada, é importante que se entenda que essa parte da profecia tem duplo cumprimento. Abaixo especificaremos os dois cumprimentos dela: O primeiro foi no batismo. O segundo foi no dia que o Messias ascendeu ao Céu, no dia que Ele ressuscitou. Não confunda a ascensão que ocorreu no dia  da ressurreição, com a ascensão ocorrida após os 40 (quarenta) dias – Atos 1:9-11.

Portanto, a primeira unção diz respeito ao Messias (Luc. 4:18 e Atos 10:38). Enquanto a segunda unção diz respeito ao Santuário Celestial (Heb. 9:20-28).

Na próxima parte retomaremos o assunto da unção. – josielteli@bol.com.br

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