Quem Crê na Trindade, Aceita a Imortalidade da Alma

Você adoraria a um deus chamado Vento Santo, ou Sopro Santo? Se ainda não se convenceu de que a doutrina da trindade não é bíblica, com certeza adoraria. Adoraria, não. Adora! Pois "vento santo", "fôlego santo", "hálito santo", "sopro santo", etc, seriam as traduções mais precisas para a expressão hebraica (ruach kodesh) e a grega (pneuma hagios) traduzida em português como "espírito santo".

Se em lugar de Espírito Santo, as traduções bíblicas fossem mais fiéis ao sentido original e dissessem Vento, Sopro, Hálito ou Fôlego Santo, não aceitaríamos tão facilmente a idéia de que a expressão se refira a um outro ser separado de Deus, o Pai e de Jesus Cristo. Ora, se fomos feitos à imagem e semelhança dEles e não temos dentro de nós um ser imortal que habita temporariamente este corpo mortal, mas apenas somos movidos pela força do oxigênio em nossos pulmões, também Eles não possuem um Espírito separado de Si mesmos.

Mesmo assim, milhares de adventistas como você (e eu fiz o mesmo por muito tempo!) adoram a um Vento ou Sopro Santo como pessoa divina sem se dar conta, porque a palavra "espírito" sozinha ou adjetivada como "espírito santo" carrega em si o conceito da mentalidade católico-protestante que a entende como designação para uma entidade extracorpórea, imaterial, mas pessoal. Para nós, embora adventistas, um espírito é, no mínimo, um fantasma, um demônio ou, no caso do Espírito Santo, uma terceira pessoa divina.

Perceba, portanto, que assumir a tradução da palavra hebraica ruach e do vocábulo grego pneuma como "espírito", significando um ser espiritual com individualidade ou personalidade, é assumir também a crença católico-protestante de que existe uma entidade inteligente, consciente e imortal, que habita o corpo humano, embora saibamos e até ensinemos que se trata simplesmente do fôlego de vida, ou respiração, que nos mantém vivos.

Não há escapatória. Se a expressão bíblica "Espírito Santo" refere-se a uma pessoa, entidade ou ser divino, o "espírito" que existe em cada ser humano é também uma entidade imaterial, que sobrevive à morte. Por isso, em inglês, além de Holy Spirit (Espírito Santo), usa-se também a expressão Holy Ghost (Fantasma Santo).

Tal crença contraria a doutrina básica adventista de que o homem não tem uma alma. Ele é uma alma vivente, composta pela somatória de seu corpo + o fôlego de vida. Por isso, cremos que, quando deixamos de respirar, morremos e deixamos de existir até a ressurreição. Ou você acredita que o espírito sobrevive e sobe direto ao Céu, ou desce para o Inferno, quando não fica vagando por aí?

Essa incoerente posição adventista, que faz com que, em relação à humanidade, a expressão "espírito" (ruach no AT e pneuma no NT) tenha um sentido, mas, em relação à divindade, adquira inexplicavelmente um outro significado completamente diverso, pode ser observada com muita clareza no Dicionário Bíblico Adventista, da coleção do Comentário Bíblico Adventista, quando enfoca os termos "espírito" e "Espírito Santo". Veja:

Espírito

(Heb. e aram. ruach, "fôlego", "vento", "elemento vital", "mente"; gr. pneuma [do verbo pneo, "sopro", "respirar"], "fôlego", "vento", "espírito").

Energia divina ou princípio de vida que anima aos seres humanos. Enquanto a palavra heb. nefesh, "alma", denota individualidade ou personalidade, ruach, "espírito", refere-se à centelha de energia vital que é essencial para a existência individual. Ruach aparece 377 vezes no AT, e na maioria dos casos se traduz como "espírito", "vento" ou "fôlego" (Gn. 8:1; etc.). Também é usado para indicar vitalidade (Ju. 15:19), valor (Jos. 2:11), mau gênio ou ira (Ju. 8:3), Disposição (Is. 54:6), caráter moral (Ez. 11:19) e o assento das emoções (1 Sm 1:15). No sentido de fôlego, o ruach dos homens é idêntico ao dos animais (Ec. 3:19). O ruach dos homens deixa o corpo em ocasião da morte (Sal. 146:4) e volta para Deus (Ec. 12:7; cf Jó 34:14). Com freqüência ruach se usa para designar ao Espírito de Deus (Is. 63:10). Mas com referência ao homem, nunca se usa para denotar uma entidade inteligente e consciente capaz de existir separada de um corpo físico.

O equivalente de ruach no NT é pneuma. Como ocorre com ruach, não há nada inerente à palavra pneuma que indique uma entidade no homem que possa ter uma existência consciente fora do corpo, nem que o uso do NT com respeito ao homem de algum jeito implique tal conceito. Em passagens como Ro. 8:15, 1 Co. 4:21, 2 Tm. 1:7 e 1 Jo. 4:6, pneuma descreve "atitude", "disposição de ânimo" ou "estado de sentimentos". Também se usa para vários aspectos da personalidade (Gl. 6:1; Ro. 12:11; etc.). Como ocorre com ruach, o pneuma volta para Senhor ao morrer (Lc. 23:46; At. 7:59). Como ruach, pneuma também se usa para designar ao Espírito de Deus (1 Co. 2:11, 14; Ef. 4:30; Heb. 2:4; 1 Pe 1:12; 2 Pe. 1:21; etc.). De Mt. 14:26 e Mr. 6:49 costuma-se extrair o conceito errôneo de ser espiritual, quando em realidade o vocábulo gr. Fantasma, "fantasma", "espectro", claramente se refere ao que se crê ver -- sonhando ou acordado -- quer seja real ou imaginário.

Espírito Santo

(Heb. ruach kodesh; gr. pneuma hagios [Lc. 11:13; Ef. 1:13; 4:30; 1 Ts. 4:8]; freqüentemente a palavra pneuma se usa sem o adjetivo hagios, mas o contexto com freqüência indica que se fala do Espírito Santo [Ro. 8:26; 1 CO. 2:10; 12:4]).

Terceira pessoa da Deidade (Mt. 28:19). As ações do Espírito de Deus são evidentes através de toda a história sagrada. Quando o homem se tornou irrecuperavelmente ímpio, Deus disse: "O meu Espírito não agirá para sempre no homem" (Gn. 6:3). Informa-se que sobre vários homens "veio o Espírito de Deus" (1 Sm. 11:6; 19:23; Mc. 12:36; 2 Cr. 15:1; 20:14; etc.). O salmista reconheceu a importância do Espírito de Deus na experiência espiritual (Sal. 51:11); também afirmou sua onipresença (Sal. 139:7-12). Joel profetizou que o Espírito de Deus seria derramado sobre toda carne (Jl. 2:28, 29), uma promessa que Pedro citou quando o Espírito Santo foi derramado no dia do Pentecostes (Hch. 2:17-21). Em geral, os escritores do AT compreenderam que o Espírito de Deus é uma força vitalizadora, sustentadora, estimuladora e capacitadora, identificada com Deus. Entretanto, a partir dos tempos do NT se observa um quadro mais claro da obra e a personalidade do Espírito Santo. Cristo ensinou a seus discípulos que o Espírito Santo lhes ensinaria e lhes ajudaria a recordar as coisas que lhes havia dito (Jo. 14:26), atestaria dele e o glorificaria (15:26; 16:14), convenceria aos homens de pecado e de sua necessidade de justiça (16: 8), e os guiaria a toda a verdade (v 13). Paulo revelou que o Espírito intercede por nós (Ro. 8:26), mora em nós (v 9), capacita-nos com diversos dons espirituais (1 Co. 12:4, 8-11, 28; Ef. 4:11) e produz frutos na vida dos cristãos (Gl. 5:22, 23). Falou do corpo como o templo do Espírito Santo (1 Co. 6:19), e advertiu contra entristecer ao Espírito Santo com o qual estamos selados para o dia da redenção (Ef. 4:30).

Existiu e existe muita especulação com respeito à natureza do Espírito Santo, mas a revelação manteve o necessário silêncio sobre o tema. Fica implícita sua personalidade, porque o apresenta realizando atos como os de uma pessoa: esquadrinha, conhece, intercede, ajuda, guia, convence. Pode ser entristecido, e pode-se mentir-lhe e resistir-lhe. É enumerado com as outras pessoas: Deus, o Pai, e Jesus Cristo, o Filho, de tal modo que fica implícito que ele também é uma pessoa. Mas com respeito a sua natureza essencial, o silêncio é ouro.

O Espírito Santo teve uma parte, misteriosa para nós, na concepção do Jesus (MT. 1:18, 20). Isabel (Lc. 1:41), Zacarias (v 67) e Simeão (2:25, 26) atuaram sob a influência do Espírito Santo. O Espírito desceu com a forma de uma pomba sobre Jesus por ocasião de seu batismo (Mc. 1:10), e o mesmo Espírito o conduziu ao deserto da tentação (v 12). Diz-se que Jesus foi "cheio do Espírito Santo" (Lc. 4:1), e João Batista predisse que seria batizado com o Espírito Santo (Mt. 3:11). Jesus advertiu os dirigentes judeus acerca do perigo de blasfemar contra o Espírito Santo (MT. 12:32; Mr. 3:29; Lc. 12:10).

Durante sua última noite com seus discípulos, Jesus prometeu que "outro Consolador" estaria com seus seguidores para sempre (Jn. 14:16). O término parakletos, traduzido "Consolador", significa literalmente "chamado para estar junto a". O Espírito Santo prometido devia continuar com as funções do Jesus em todo mundo através dos séculos.

O cumprimento da promessa que fez Jesus sobre o Espírito Santo começou a ocorrer pouco depois de sua ascensão, como revela o livro de Atos. O livro se abre com as instruções do Jesus a seus discípulos para testemunhar dele a todo o mundo depois do descida do Espírito Santo sobre eles (At. 1:8; cf Mt. 3:11), o que aconteceu no Pentecostes e produziu muitas conversões (cap. 2). Sete diáconos "cheios do Espírito Santo" (6:3) foram escolhidos para cuidar de certos interesses da igreja nascente. Um deles, Estêvão, foi usado pelo Espírito para fazer uma obra poderosa (v 8). Barnabé foi cheio do Espírito Santo (11:24).

É curioso que, enquanto o Dicionário Bíblico Adventista interpreta tendenciosa e incoerentemente a palavra "espírito" (ruach no AT) como vimos acima, a Bíblia Sagrada Edição Pastoral, impressa pela Sociedade Bíblica Católica Internacional e Edições Paulinas, em 1990, traduz com fidelidade Gênesis 1:2 e 6:3:

"A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas."

"Javé disse: Meu sopro de vida não permanecerá para sempre no homem, pois ele é carne, e não viverá mais do que cento e vinte anos."

A Bíblia de Jerusalém, Nova Edição, Revista e Ampliada, lançada em agosto de 2002, pela Editora Paulus, traduz Gênesis 1:2 do seguinte modo:

"Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas."

E essa mesma versão da Bíblia traz ainda esta notas complementares acerca da palavra huah ou ruach:

"Poder-se-ia traduzir por 'grande vento'. Não é preciso ver aí uma afirmação do papel criador do espírito de Deus. A idéia não aparece muito no Antigo Testamento. Aqui ela quebraria a descrição do caos e tiraria toda a novidade da intervenção de Deus." -- Comentário sobre Gênesis 1:2, "sopro de Deus".

"A palavra ruah designa o ar em movimento, seja o sopro do vento (Ex 10,13; Jó 21,18), seja o que sai das narinas (7,15.22 etc.)..." -- Comentário de Gênesis 6:17, "fôlego de vida".

Em relação ao batismo "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", a Bíblia de Jerusalém, Nova Edição, Revista e Ampliada, admite:

"É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar "no nome de Jesus" (cf At 1,5+;2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade..."

Como se pode ver, nesses trechos citados, os tradutores católicos se mostram mais fiéis à verdade bíblica que os teólogos do outrora "povo da Bíblia", os adventistas do sétimo dia. Isso é realmente incrível!

Para encerrar, acompanhe o roteiro de estudo bíblico abaixo, o qual confirma através de perguntas e respostas que a expressão Espírito Santo (pneuma hagios no NT) designa um poder capacitador que procede da boca de Deus e nos faz renascer, como Adão ao receber o sopro divino em suas narinas:

1. Que tipo de batismo João Batista anunciou que seria realizado por Jesus Cristo? Mateus 3:11

Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

R. Batismo com Espírito (ou Vento) Santo e fogo.

Ora, se a expressão "Vento Santo" designasse uma terceira pessoa divina, o fogo deveria apontar uma quarta. Mas, como veremos adiante, João Batista se referia unicamente à capacitação especial para a pregação do Evangelho, concedida aos discípulos por ocasião do Pentecostes.

2. Jesus Cristo comparou a ação do espírito de Deus à ação do vento em algum momento de Seu ministério? João 3:5-8

Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.

R. Sim. Nessa conversa com Nicodemos sobre o novo nascimento, a palavra traduzida ora por vento, ora por Espírito é a mesma (pneuma).

3. Em que outra ocasião, essa identificação do "Espírito Santo" com o sopro vivificador de Deus ficou ainda mais clara? João 20:21-22

Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.

R. Quando Jesus soprou sobre os discípulos e lhes antecipou assim uma pequena porção do "Vento Santo" que sobre eles iria derramar após Sua ascensão.

4. Que outros termos usou Jesus para referir-se ao Espírito de Deus?

    Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. Lucas 24:49

    E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Atos 1:4-8

    R. "Promessa do Pai" e "poder", ou seja, Jesus claramente define o "Espírito Santo" como o poder prometido pelo Pai a Seu povo. E essa foi exatamente a compreensão dos apóstolos, como veremos a seguir.

5. O relato bíblico do Pentecostes descreve o "Espírito Santo" como uma terceira pessoa da trindade, que desceu até onde estavam os discípulos, ou como um "vento poderoso" vindo da parte de Deus? Atos 2:1-4

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.

R. Com o envio desse "vento santo" e de fogo capacitador sobre os discípulos, cumpriu Jesus Cristo a profecia feita por João Batista e a promessa de Seu Pai de derramar o Seu Espírito sobre a raça humana!

6. De que maneira os discípulos interpretaram o ocorrido no dia do Pentecostes? Atos 2:16-18

Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.

R. Pedro o descreveu como o cumprimento da promessa do Pai de que derramaria o Seu poder capacitador sobre os homens. Nada foi dito sobre a vinda de uma terceira pessoa da trindade haver descido para ficar entre eles a partir de então.

Está você disposto a abandonar essa crença incoerente e insustentável de que existe uma terceira pessoa divina, pois não é isto o que a Bíblia realmente ensina? Compreende você que a fé na trindade está intimamente ligada à crença na imortalidade da alma? Gostaria você de pedir a Deus que o perdoe por deixar-se levar por argumentos humanos e rogar-lhe que sopre sobre você uma porção dobrada de Seu espírito? Bem, daqui para frente é com você! -- Robson Ramos

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