Entenda o Que é o "Secamento do Eufrates" na 6ª Praga do Apocalipse (Interpretação Cristocêntrica)

Por João Ferreira Marques

Ao procurardes interpretar a Bíblia, “deveis depor à porta da investigação as opiniões preconcebidas, as idéias herdadas e cultivadas. Se examinais as escrituras para vindicar vossas opiniões próprias, nunca alcançareis a verdade. Investigai para aprender o que o Senhor diz. Se vos vier a convicção ao investigardes, se virdes que vossas opiniões acariciadas não estão em harmonia com a verdade, não mal interpreteis a verdade para acomodá-la à vossa própria crença, antes aceitai  a luz concedida. Abri a mente e o coração para que possais contemplar as maravilhas da Palavra de Deus”1.  E atenção! Não criemos nossa babilônia particular.

O texto para investigação está em Apocalipse 16:12-21.

A sexta praga é derramada sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram para dar passagem aos reis que vêm do oriente. Na sétima praga, ocorre a queda de babilônia (verso 19). Salve o esboço na sua memória e tente responder às seguintes indagações:

a) O que é o rio Eufrates?

b) O que significa o seu secamento?

c) Quem são os reis que vêm do oriente?

d) O que é a Babilônia ?

e) Em que consiste a sua queda?

Lembrete: Um versículo deve ser interpretado levando em consideração o capítulo e o livro no qual está inserido, bem como, os dados históricos e a sua harmonia com os outros livros da Bíblia. No Apocalipse, a regra não muda. Quando nos deparamos com citações como “doutrina de Jezabel, doutrina de Balaão, o rio Eufrates, Babilônia e outras” devemos buscar o contexto histórico no Velho Testamento como primeiro passo para compreensão das mesmas. O que João viu na sexta e sétima pragas – o secamento do rio Eufrates associado à vinda dos reis orientais e à queda de babilônia – foram acontecimentos que também se sucederam com a Babilônia do Velho Testamento. Então, a prudência nos convida a retornar ao Antigo Testamento, estudar o contexto histórico – a queda da antiga Babilônia – e só depois tirar as conclusões do Novo Testamento. Além da Bíblia, transcreverei preciosas informações registradas por Heródoto – o pai da história – que atestam a veracidade da profecia bíblica.

I. A BABILÔNIA DO VELHO TESTAMENTO.

O que era a Babilônia antiga?

?   Babilônia era a “jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Isaías 13:19).

?   Babilônia era um copo de ouro na mão do Senhor, o qual embriagava a toda terra; do seu vinho beberam as nações, por isso se enlouqueceram” (Jeremias 51:7; 25:9).

?   Tu, Babilônia, eras o meu martelo e minhas armas de guerra, por meio de ti despedacei nações e destruí reis...” (Jeremias 51:20).

Era a inexpugnável capital do império caldeu, um reino de efêmera duração, que conquistou o reino de Judá (tribos de Benjamin e Judá - II Crônicas 36:20) e os manteve sob seu domínio por setenta anos. Antes disso, em coligação com os medos, venceram aos assírios (612 a.C.), a mesma Assíria que conquistara o reino de Israel (dez outras tribos – II Reis 17:7, 18, 23) desde 722a.C.. E, assim, as doze tribos de Israel se reencontraram no cativeiro babilônico. Conheçamos, então, o cativeiro do povo de Deus.

A.  A cidade de Babilônia.

Os profetas descrevem Babilônia como uma cidade com características peculiares:

·  possuía muros largos (Jeremias 51:58).

·  habitava sobre muitas águas – o Eufrates – (Jeremias 51:13 e 63).

·  dada aos prazeres e que habitava em segurança (Isaías 47:8).

Heródoto faz uma descrição detalhada da cidade em seu livro HISTÓRIA: “A cidade, situada numa  grande planície... é de uma tal magnificência, que não conhecemos outra capaz de com ela comparar-se. Um fosso  largo, profundo e cheio de água circunda-a, erguendo-se adiante uma muralha de cinqüenta ‘côvados de rei’ de espessura... No alto e nas bordas da muralha ergueram-se torres de um único andar, uma diante das outras, entre as quais havia espaço suficiente para dar passagem a um carro puxado por quatro cavalos. Cem portas de bronze maciço completavam a monumental obra”2.

 

O pai da história conta em detalhes o relacionamento entre Babilônia e o Eufrates: “O Eufrates corta a cidade pelo meio, dividindo-a em dois quarteirões... Alguma das muralhas formam verdadeiros cotovelos sobre o rio, e é desse ponto que parte um muro de tijolos , bordejando o Eufrates. As casas são de três a quatro andares e as ruas retas e cortadas por outras que vão ter ao rio. Frente a estas últimas abriram-se no muro que corre ao longo do rio, pequenas portas, por onde se desce até as margens. Há tantas portas quanto as ruas transversais”3.

Essa era a grande Babilônia que mantinha sob opressão e cativeiro o povo israelita. Diz-nos o profeta:

?   JEREMIAS 50:17 = “Cordeiro desgarrado é Israel: os leões o afugentaram; primeiro devorou-o o rei da Assíria, e por fim Nabucodonozor o desossou”.

?   JEREMIAS 51:34 = “Nabucodonozor, rei de Babilônia, nos devorou , esmagou-nos e fez de nós um objeto inútil...

O povo de Deus estava num beco sem saída. O inimigo era poderoso e bem preparado. Somente uma intervenção divina poderia livrá-los daquela cidade fortificada. Entretanto, o Deus que os havia tirado do Egito estava atento a incapacidade dos filhos:

?   JEREMIAS 27:6 e 7 = “Agora, eu entregarei todas estas terras ao poder de Nabucodonozor, rei de Babilônia, meu servo... Todas as nações o servirão a ele, a seu filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez de sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis o farão seu escravo”.

?   JEREMIAS 50:18 e 19 = “Portanto, assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que castigarei o rei de Babilônia , e a sua terra, como castiguei o rei da Assíria. Farei tornar a Israel para a sua morada...

?   JEREMIAS 50:33-35 = “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judá sofrem opressão juntamente; todos os que os levaram cativos os retêm; recusam deixá-los ir; mas o seu Redentor é forte; Senhor dos Exércitos é o seu nome; certamente, pleiteará a causa deles, para aquietar a terra e inquietar os moradores de Babilônia. A espada virá sobre os caldeus...”.

?   JEREMIAS 51:53 = “Ainda que Babilônia subisse aos céus, e ainda que fortificasse no alto a sua fortaleza, de mim viriam destruidores contra ela, diz o Senhor”.

 

B. A queda de Babilônia.

Aqueles “profetas que anunciaram o cativeiro de Judá e então a sua libertação, anunciaram também a queda de Babilônia, o secamento do Eufrates e a vinda dos reis do oriente”4. Como se daria a queda de Babilônia?

² Os conquistadores = os medos (Isaías 13:17; Jeremias 51:11 e 28).

² De onde viriam = do Oriente (Isaías 41:2 e 25).

² Nome do comandante das tropas = Ciro (Isaías 45:1).

² O que aconteceria com o rio Eufrates? Secariam as suas águas (Jeremias 50:38; 51:36).

² O que aconteceria com os muros largos? Seriam derribados (Jeremias 51:58).

² Ocasião em que se daria a queda = durante um banquete (Jeremias 51:39 e 57).

² Subitamente Babilônia seria arruinada (Isaías 47:9 e11; Jeremias 50:44, 51:8 e 41).

² Que conselho Deus deu ao seu povo? Fugi do meio de Babilônia (Jeremias 51:6). Sai do meio dela, ó povo meu (Jeremias 51:45).

² Conseqüências da queda de Babilônia = Ciro libertaria o povo de Deus e ajudaria na reconstrução de Jerusalém (Isaías 45:13).

 

Vejamos como a história narrada por Heródoto comprova as predições bíblicas acerca da queda de Babilônia:

“Tendo notado que os Medos, tornando-se poderosos, não podiam permanecer inativos e iam conquistando cidades após cidades, inclusive Nínive, resolveu fortificar, tanto quanto possível, seu reino, prevenindo-se contra qualquer ataque. Foi assim que, como primeira medida de defesa, mandou abrir canais ao norte de Babilônia, de que resultou tornar-se o Eufrates, que atravessa a cidade pelo meio, oblíquo e tortuoso, a ponto de passar três vezes por Arderica, burgo da Assíria... Mais distante, ao norte de Babilônia, a pequena distância do rio, mandou cavar um lago destinado a receber o excesso das águas do Eufrates na cheias. A terra retirada serviu para elevar as ribanceiras do rio... Essas duas obras tinham por fim tornar mais lento o curso do rio, quebrando-lhe o ímpeto por um grande número de sinuosidades, e obrigar os que se dirigiam a Babilônia  por via fluvial, a fazer várias voltas, forçando-os ainda, no fim do trajeto, a seguir o vasto contorno do reservatório...

“Concluídas essa obras, atirou-se a rainha a nova iniciativa... Nos reinados anteriores, quando se queria ir de um lado para o  outro da cidade era atravessar o rio de barca, o que não deixava de ser muito incômodo. Atendendo a isso, Nitócris, terminada a construção do lago, empreendeu uma obra digna de admiração. Fez talhar grandes pedras e, quando estas estavam prontas, desviou as águas do Eufrates para o lago. Enquanto este enchia, o rio secava. Mandou então revestir as margens de tijolos, assim como as rampas que iam das pequenas portas ao rio... Mandou erguer também, no centro da cidade, uma ponte de pedras ligadas com ferro e chumbo. Durante o dia, passava-se sobre as peças de madeira quadradas, que eram retiradas à noite, para evitar que os habitantes, andando na escuridão, roubassem uns aos outros...”5.

Ainda assim, Ciro não desistiu do seu intento e avançou em direção a Babilônia. “Os babilônios, pondo suas tropas em campo, esperaram de pé firme. Mal o inimigo apareceu nas vizinhanças da cidade, deram-lhe batalha, mas, batidos, encerraram-se atrás das muralhas. Como sabiam, de longa data,  que Ciro não ficaria sossegado e que atacaria igualmente todas nações, os babilônios haviam reunido de antemão provisões para muitos anos. Por conseguinte, o cerco não os inquietava de maneira alguma”6.

Passados alguns dias, Ciro preparou um ataque fulminante para aquela grande e fortificada cidade. “Colocou o exército, parte no ponto onde o Eufrates penetra na Babilônia, parte no local onde o rio deixa o país, com ordem de invadir a cidade pelo leito do mesmo, logo que se tornasse vadeável. Com o exército assim distribuído, dirigiu-se para o lago, com algumas tropas menos aguerridas. Ali chegando, a exemplo do que fizera a rainha Nitócris, desviou as águas do rio para o lago pelo canal de comunicação. As águas se escoaram, e o leito do rio facilitou a passagem. Sem perda de tempo, os persas postados nas margens entraram na cidade, com as águas dando apenas pelas coxas... No momento em que se deu a invasão, os Babilônios estavam realizando um festim, e, longe de imaginar que um perigo iminente os ameaçava, entregavam-se aos prazeres e às danças. Quando se inteiraram da situação, era demasiado tarde. Assim Babilônia foi tomada pela primeira vez”7. Naquela mesma noite, morreu Belsazar, o rei dos Caldeus, e Dario, o medo, se apoderou do reino (Daniel 5:22).

Em suma, Ciro veio do oriente acompanhado por reis da Média e da Pérsia e cercaram a cidade de Babilônia. Após desviarem as águas do rio Eufrates para um lago artificial, o rio secou-se e os reis orientais entraram naquela cidade fortificada e libertaram o povo de Deus (II Crônicas 36:22 e 23; Esdras 1:1-3).

Imagino que agora somos obrigados a admitir que “as figuras do capítulo dezesseis concernentes  ao secamento do rio Eufrates, a queda de Babilônia e os reis que vieram do oriente [para tomar Babilônia] foram tiradas dos acontecimentos que marcaram a queda literal da antiga Babilônia”8. Daí deduzimos que existem semelhanças entre a queda futura da Babilônia do Apocalipse e a queda da Babilônia de Nabucodonozor.

 

II. A BABILÔNIA DO APOCALIPSE.

1) O que é a Babilônia do Apocalipse?

Aprendemos que Babilônia era inimiga de Deus, de seu povo e das verdades eternas. Durante setenta anos, o povo de Deus foi mantido em cativeiro e, neste período, Nabucodonozor “celebrou sua supremacia mediante um decreto impondo adoração idólatra. E vinculado ao decreto havia a ameaça de morte a  qualquer que decidisse adorar de outro modo”9. Naquela grande reunião ecumênica, em Babilônia (Daniel 3), o povo de Deus foi convocado para adorar um outro Senhor que não era o Deus de Israel.

No Novo Testamento, a Babilônia continua sendo inimiga de Deus, do seu povo e da sua verdade. Também construirá e exigirá a adoração de uma imagem, durante celebração ecumênica. O povo de Deus, que venera somente o criador de todas as coisas, sofrerá um boicote universal – não poderá comprar e nem vender – e, por fim, será condenado de morte.(Apocalipse 13).

Portanto, se quisermos identificar a Babilônia do Apocalipse precisamos primeiro identificar corretamente quem é o povo de Deus dos fins dos tempos. Qual é a igreja de Cristo? Este é o grande problema da atualidade, pois a cada dia surge mais um movimento religioso proclamando que é o verdadeiro representante de Cristo aqui na terra. Os adventistas, os católicos, os evangélicos, todos estão pregando que possuem a mensagem verdadeira. Mas, o Apocalipse nos revela que o povo perseguido pela Babilônia é que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé em Jesus (Apocalipse 14:12). Babilônia é, pois, símbolo de todas as religiões e filosofias que não preenchem dos critérios de verdadeiro povo de Deus. “Babilônia é um termo abarcante que João emprega para descrever todas as corporações e movimentos religiosos que se têm desviado da verdade”10, a saber:

§ Aquelas filosofias e religiões totalmente contrárias à salvação pela fé em Cristo e à guarda dos mandamentos de Deus – ocultismo, paganismo, espiritismo, espiritualismo, religiões orientais etc.

§ Aquela religião que alterou os mandamentos de Deus e desviou a fé de Cristo para os sacerdotes e os santos – o catolicismo.

§ Aquelas religiões que convidam o mundo a aceitar a Jesus como Salvador pessoal (têm a fé em Jesus), mas desprezam os mandamentos da lei de Deus e obedecem aos mandamentos de um outro Senhor: os mandamentos da besta – o protestantismo.

 

2) O que é o rio Eufrates?

Nos dias de Ciro, Babilônia era dividida ao meio pelo grande rio Eufrates. A cidade, literalmente, assentava-se sobre o grande rio. Toda água necessária para o bom funcionamento da cidade provinha daquela fonte que era essencial à vida em Babilônia. No dia em que o rio secou, a cidade foi conquistada.

No Apocalipse, a grande Babilônia se acha assentada sobre muitas águas – o grande rio Eufrates (Apocalipse 17:1 e 5). “As águas que vistes, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas” (Apocalipse 17:15). Ou seja, o rio Eufrates simboliza todos  habitantes do planeta terra que apoiarão a Babilônia na sua luta final contra Deus, contra seu povo e contra as verdades eternas. Uns apoiarão por imaginar que Babilônia estará com a razão. Outros não suportarão as ameaças contra aqueles que deixarem de participar da adoração a besta e  a sua imagem.

“Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificado pela obediência à verdade, abandona sua posição, passando para as fileiras do adversário. Unindo-se ao mundo e participando de seu espírito, chegaram a ver as coisas quase sob a mesma luz; e, em vindo a prova, estão prontos a escolher o lado fácil, popular. Homens de talento e maneiras agradáveis,  que se haviam já regozijado na verdade, empregam sua capacidade em enganar e transviar as almas. Tornam-se os piores inimigos de seus antigos irmãos”11.

O apoio das multidões é essencial para que Babilônia cumpra o seu propósito de unificar a adoração em todo o mundo. E, para que isto aconteça, a Babilônia religiosa fará uso do poder dos reis da terra para controlar os habitantes da terra que se recusarem obedecê-la.

 

É justamente este o quadro pintado em Apocalipse 16:12-16. O que João viu?

Ä João viu a Babilônia, a globalização religiosa representada pelo dragão, besta e falso profeta.

Ä João viu os reis de toda terra unidos e não em guerra entre si e, também, apoiando a Babilônia. Além do amparo legal e dos recursos humanos, a economia globalizada financiará os projetos de Babilônia.

Ä João viu todos os habitantes da terra seguindo seus governantes (Apocalipse 19:19) na tentativa de massacrar o povo de Deus. O grande rio Eufrates estará transbordando, invadindo e quase afogando os filhos de  Deus, à semelhança de Isaías 8:7 e 8.

No Apocalipse dezessete, João descreve a mesma cena em uma outra linguagem. O que João viu?

ø  João viu a Babilônia, sistema religioso representado pela meretriz e suas filhas (Apocalipse 17:1 e 5).

ø João viu a besta. “A principal diferença entre a besta do capítulo treze e a do capítulo dezessete, é que na primeira , que é identificada como o papado, nenhuma distinção é feita entre os aspectos religiosos e os políticos do poder papal, enquanto que na última os dois são distintos – a besta representando o poderio político, e a mulher o poder religioso”12.

ø João viu os reis da terra, aqui representados pelos chifres da besta (Apocalipse 17:12), que se unem à besta oferecendo-lhe o seu poder e autoridade (Verso 13), a fim de que Babilônia obtenha o controle da terra.

ø  João viu todos os habitantes da terra simbolizados pelas águas do grande rio Eufrates (Apocalipse 17:1 e 15). Estes são os que carregam prazerosamente; ou seja apóiam a grande Babilônia no conflito dos séculos. “A Babilônia moderna confia tão ingenuamente em seu ‘Eufrates’ (o apoio da população mundial), quanto a Babilônia antiga confiava no seu (o rio literal)”13.

ø João viu uma guerra onde a besta e os reis da terra duelam contra Cristo e os seus eleitos e fiéis (Apocalipse 17:14). Como estrangeiros e peregrinos neste mundo, os filhos de Deus serão humilhados, perseguidos, caçados, impedidos de comprar ou vender e, finalmente, serão julgados e condenados à morte. Entretanto, João viu que Jesus Cristo e os seus amigos serão os vencedores deste confronto no Armagedom. Como Cristo solucionará este problema? Como Deus salvará ao seu povo deste cativeiro na Babilônia espiritual? Da mesma forma que Ele libertou o seu povo do cativeiro na Babilônia antiga, Cristo libertará o seu povo da Babilônia espiritual; isto é, secando o rio Eufrates.

 

3)  O que significa o secamento do rio Eufrates (Apocalipse 17:16)?

Faço questão de que leiamos este texto: “E os dez chifres que vistes na besta estes, aborrecerão a meretriz e a tornarão desolada e nua e comerão as suas carnes, e queimá-la-ão com fogo” (Apocalipse 17:16 – versão católica). O secamento do rio Eufrates pode ser considerado como uma mudança de atitude por parte dos povos que até o último momento admiraram e sustentaram a Babilônia espiritual. Aqueles que anteriormente haviam até mesmo adorado a imagem voltam-se contra a meretriz. “Primeiro, os reis da terra estavam unidos à meretriz e agora passam a odiá-la. O amor torna-se ódio”14. O Eufrates que era vital para a sobrevivência de Babilônia secou-se para dar passagem aos reis que vêm do oriente. Você pode se perguntar, por que ocorre essa mudança de opinião? Por que acabará o apoio popular?

Porque Deus mesmo fará aparecer no céu “uma mão segurando as duas tábuas dobradas uma sobre a outra... A mão abre as tábuas, e vêem-se os preceitos do decálogo, como que traçados com pena de fogo. As palavras são tão claras que todos as podem ler. Desperta-se a memória, varrem-se de todas as mentes as trevas da superstição e heresia, e os dez preceitos divinos, breves, compreensivos e autorizados, apresentam-se à vista de todos os habitantes da terra.

É impossível descrever o horror e desespero dos que pisaram os santos mandamentos de Deus. O Senhor lhes deu sua lei; eles poderiam haver aferido seu caráter por ela, e conhecido seus defeitos enquanto ainda havia oportunidade para arrependimento e correção, mas afim de conseguir o favor do mundo, puseram de parte seus preceitos e ensinaram outros a transgredir. Esforçaram-se por compelir o povo de Deus a profanar o seu sábado. Agora são condenados por aquela lei que desprezaram. Com terrível clareza vêem que se acham sem desculpas. Escolheram a quem servir e adorar... Os inimigos da lei de Deus, desde o ministro até ao menor dentre eles, têm uma nova concepção da verdade e do dever. Demasiado tarde vêem que o sábado é o selo do Deus vivo. Tarde demais vêem a verdadeira natureza desse sábado espúrio, e o fundamento arenoso sobre o qual estiveram a construir. Acham que estiveram a combater contra Deus. Ensinadores religiosos conduziram almas à perdição, ao mesmo tempo que professavam guiá-las às portas do paraíso”15.

“O povo vê que foi iludido. Um acusa ao outro de o ter levado à destruição; todos, porém, se unem em acumular suas mais amargas condenações contra os ministros. Pastores infiéis profetizaram coisas agradáveis, levaram os ouvintes a anular a lei de Deus e a perseguir os que a queriam santificar. Agora, em seu desespero, esses ensinadores confessam perante o mundo a sua obra de engano. As multidões estão cheias de furor. ‘Estamos perdidos!’ exclamam; ‘e vós sois a causa de nossa ruína’; e voltam-se contra os falsos pastores. Aqueles mesmos que mais os admiravam, pronunciarão as mais terríveis maldições sobre eles. As mesmas mãos que os coroavam de lauréis, levantar-se-ão para destruí-los. As espadas que deveriam matar o povo de Deus, são agora empregadas par exterminar os seus inimigos. Por toda parte há contenda e morticínio... A obra de destruição se inicia entre os que professaram ser os guardas espirituais do povo. Os falso atalaias são os primeiros a cair”16.

A grande Babilônia – o dragão, a besta e o falso profeta – agora divide –se em três partes (Apocalipse 16:19). O Eufrates que estava quase afogando o povo de Deus, secou-se para dar passagem aos reis que vêm do oriente.

 

4) Quem são os reis que vêm do oriente?

Surge logo no oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mão de um homem... Jesus avança na nuvem como poderoso vencedor... E ‘seguiram-nO os exércitos no céu’ (Apocalipse 19:11 e 14). Com antífonas de melodia celestial, os santos anjos, em vasta  e inumerável multidão, acompanham-nO em seu avanço. O firmamento parece repleto de formas radiantes - milhares de milhares, milhões de milhões. Nenhuma pena humana pode descrever esta cena, mente alguma mortal é apta para conceber o seu resplendor”17. São os reis que vêm do oriente a fim de libertar o povo de Deus.

 

5) Em que consiste a destruição final de Babilônia?

APOCALIPSE 17:1 = “E veio um dos sete anjos que têm as sete taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei  julgamento da grande meretriz... com quem se prostituíram os reis da terra; e com o vinho de sua devassidão foi que se embebedaram os que habitam na terra”. A leitura dos capítulos seguintes nos revela a execução desse julgamento:

A besta será lançada no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 19:20).

 O falso profeta será lançado no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 19:20)

 O dragão será preso por mil anos (Apocalipse 20:2) e, finalmente, será lançado no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20:10).

 Os reis da terra e seus exércitos serão mortos com a vinda de Cristo (Apocalipse 19:21) e, depois do milênio, ressuscitarão para também serem lançados no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20:5, 11-14).

 

6) O que acontecerá com o povo de Deus?

APOCALIPSE 21:9 e 10 = “Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do cordeiro... e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus...

 Eles serão juízes no céu por mil anos (Apocalipse 20:4; I Coríntios 6:2 e 3).

 Eles viverão eternamente com Cristo no novo céu e na nova terra (Apocalipse 21:9 a 22:4).

 

III. CONCLUSÃO.

Vivemos numa época em que os assuntos espirituais são facilmente relegados ao esquecimento. Mesmo com a cabeça a prêmio, os partidários de Babilônia têm se recusado a ouvir o “sai dela, povo meu” (Apocalipse 18:4). Portanto, não foi por acaso que, antes de concluir este relato de uma guerra pelas vidas humanas, o profeta João registrou as paternais palavras de Cristo aos seus filhos (Apocalipse 16:15):

Q Eis que venho como ladrão...

Q Bem-aventurados os vigilantes...

Q Bem-aventurados os que guardam as suas vestes...

Q Estes não serão envergonhados no dia da sua vinda.

Todos os que hoje se esquecem dos compromissos espirituais serão surpreendidos com a vitoriosa vinda de Cristo. Tristes, angustiados e decepcionados dirão naquele dia: “Passou a sega, findou o verão e nós não estamos salvos” (Jeremias 8:20). -- João Ferreira Marques

 

Referências Bibliográficas

1. PARÁBOLAS DE JESUS, 7ª edição, página 112 – Ellen G. White – Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP/1987.

2. HISTÓRIA, Ediouro/30469, página 78 e 79 – Heródoto – Editora Tecnoprint S.A, Rio de Janeiro-RJ.

3. Idem, página 79.

4. INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DA SEXTA E SÉTIMA PRAGAS E DO ARMAGEDOM – I, Revista O Ministério Adventista, Jan/Fev/1975, página 12 – Walter Cameron – Casa Publicadora Brasileira, Santo André-SP/1975.

5. HISTÓRIA, Ediouro/30469, página 80 – Heródoto – Editora Tecnoprint S.A., Rio de Janeiro-RJ.

6. Idem, página 81.

7. Idem, página 81 e 82.

8. INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DA SEXTA E SÉTIMA PRAGAS E DO ARMAGEDOM – I, página 12.

9. OS EVENTOS FINAIS, o Atalaia, Jan/77, página 14 – Desmond Ford – Casa Publicadora Brasileira, Santo André-SP/ 1977.

10. COMENTÁRIOS SOBRE O APOCALIPSE, volume II, página 257 – SDABC – Seminário Adventista Latino Americano de Teologia, São Paulo-SP/1984.

11. O GRANDE CONFLITO, 32ª edição, página 614 – Ellen G. White – Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP/1987.

12.  COMENTÁRIOS SOBRE O APOCALIPSE, volume III, página 311 – SDABC – Seminário Adventista Latino Americano de Teologia, São Paulo-SP/1984.

13. UMA NOVA ERA SEGUNDO AS PROFECIAS DO APOCALIPSE, página 458 – C. Mervyn Maxwell – Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP/1998.

14.  UMA LUZ MAIOR SOBRE O ARMAGEDOM, página 111 –Hans K. LaRondelle – Apostila.

15. O GRANDE CONFLITO, página 645.

16. Idem, página 661 e 662.

17. Idem, página 646.

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