CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIVINDADE

A. Balbach

Publicada por Northwestern Publishing Association

5770 Martin Luther King Jr. Blvd., Sacramento, CA 95820

 

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ………………………………………………………….                         

Capítulo I - A CONTROVÉRSIA ARIANA ……………………………..                     

1. Arianismo …………………………………………….…………………….                 

2. Trinitarianismo……………………………………………………………...                 

3. Pontos de Vista Católicos Modernos.……………….……………………..                   

4. Idéias teológicas recentes ………………………………………………….                 

5. Sumário ..………………………………………………………………….                    

Capítulo II - A DIVINDADE NO ADVENTISMO HISTÓRICO………                      

1. A Igreja Adventista define sua posição......……………………………….                     

2. A IASD da Reforma define sua posição …..............................…………..                     

Capítulo III - CONCEITOS CONFLITANTES…..…………………….                       

Capítulo IV - MAIS LUZ DESDE 1888 …….……………………………                     

1. Completa Divindade e eterna pré-existência de Cristo ….....…………….                     

2. A personalidade do Espírito Santo………………………………………..                    

3. Advertência contra especulação ….………………………………………                    

Capítulo V - A DIVINDADE NO PLANO DE SALVAÇÃO…...........…                      

1. Três Seres divinos ou Dignitários, ou Pessoas……….......…………….                       

2. Os três Seres celestiais operam juntos ……….……………………………..                 

Capítulo VI - O QUE SABEMOS SOBRE O ESPÍRITO SANTO….........                  

Capítulo VII - MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO…..........……                  

1. Ações conscientes e inteligentes ……………………………………............                

2. Participação do Espírito Santo na obra da salvação ..........................……….               

Capítulo VIII - ORIGEM PAGÃ? ……....………………………………….                  

Capítulo IX - A RELAÇÃO ENTRE … ……………………...………….. 

1.  Perguntas comuns……...………………………………………………….                  

2. Passagens difíceis ……….…………………………………………………                

CONCLUSÃO…………………………………………………………………               

 

INTRODUÇÃO

Um verdadeiro conhecimento teórico e prático de Deus é essencial para nossa salvação. Pouco antes de ir para o Jardim do Getsêmani Jesus disse em Sua última oração intercessória: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste”. João 17:3.

A Bíblia, especialmente no Novo Testamento, nos diz que devemos conhecer a respeito do Pai, Filho e Espírito Santo. Sobre este tema, a informação contida na Palavra de Deus é suficiente para nossa salvação. Temos que nos precaver de especulação. Contentemo-nos com o que está escrito e não vamos além do “Assim diz o Senhor”.

Neste livreto nos absteremos de dar nossa interpretação a textos difíceis: apenas apresentaremos o que está escrito na Bíblia e Espírito de Profecia, e esperamos que nossos leitores concordem ser perigoso rejeitar, ignorar ou buscar explicações para aquilo que a mente finita não pode compreender.

“Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e sereis bem sucedidos” 2 Crônicas 20:20.

“Nestes últimos dias de perigo não devemos aceitar tudo que os homens apresentem como verdade. Ao nos virem mestres da parte de Deus declarando que têm uma mensagem de Deus, é próprio inquirir cuidadosamente. Como sabe se é verdade? Jesus nos disse que ‘falsos profetas se levantariam e enganariam a muitos’. Mas não precisamos ser enganados; pois a Palavra de Deus nos dá um teste pelo qual podemos saber o que é a verdade. O profeta declara: ‘A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva’. . . . Não teremos segurança em nenhum outro curso de ação”. -- 7 BC 951, 952.

Onde utilizamos pequenas citações ou elipses, por favor leiam o contexto inteiro em seus próprios livros para obter esclarecimento adicional.

Fico grato pelas sugestões dadas por vários irmãos no preparo deste livreto.

A. Balbach

 

Capítulo I

A CONTROVÉRSIA ARIANA

As informações contidas abaixo são transcritas de várias fontes.

Para quem lê a história da Igreja entre os anos 300 e 450 pode parecer que toda a energia dos cristãos deve ter sido absorvida em disputas doutrinárias. . . . Houve quatro controvérsias nesses anos. . . . A primeira das quatro foi a ariana. Surgiu em Alexandria em torno do ano 318 AD. Um presbítero da igreja alexandrina, chamado Ário, estava ensinando publicamente doutrinas que o bispo desaprovava. Quando, após a reprimenda do bispo, ele persistiu em seu ensino, foi excomungado. Então apelou a outros bispos, declarando que sua condenação havia sido injusta. Entre esses outros bispos ele encontrou alguns seguidores, e a heresia se propagou para além de Alexandria, chegando à Síria. Logo, toda a porção oriental da Igreja estava envolvida numa amarga disputa, e o último imperador Constantino interveio. Ele convocou os bispos do Império para um grande concílio em Nicéia em 325 AD. Nesse concílio, os ensinos de Ário foram condenados, e um credo foi adotado, declarando a doutrina oficial da Igreja. Houve, contudo, muitos na Igreja que, embora não concordando com Ário, criam que o concílio havia ido longe demais. O resultado foi que vários partidos se formaram, e por mais de cinqüenta anos esses partidos se engajaram numa violenta controvérsia. Os imperadores eram cristãos, e por essa época a Igreja havia se tornado uma parte do Estado Romano. Todos os partidos, portanto, tentavam obter o favor do imperador reinante. Destarte, a luta toda adquiriu cores políticas, o que amiúde obscurecia o real sentido da controvérsia. Em 381 um segundo Concílio Geral, em Constantinopla, afirmou a ação do Concílio de Nicéia, e o Imperador Teodósio reprimiu à força a doutrina ariana e todas as outras doutrinas que se conflitavam com o credo de Constantinopla.

A questão que Ário levantava era a velha pergunta: “Quem é e o que é Cristo?” . . . Cristo, nos ensinos de Ário, é um tipo de semideus, a meio caminho entre nós e o Pai; como nós, porque foi criado; como Deus, porque veio diretamente Dele antes que o mundo começasse. A resposta dele era a pior possível para a questão suscitada.

O grande oponente de Ário foi Atanásio. . . . Nos primeiros anos da controvérsia ele era o conselheiro teológico de seu bispo, e quando o bispo (Alexandre) morreu, foi eleito para sucedê-lo (328). Por quarenta e cinco anos ele foi o bispo de Alexandria. Aqueles foram anos em que a luta ariana estava no ponto mais agudo e os arianos o puseram no exílio não menos do que cinco vezes. Ao todo, ele esteve fora de seu bispado por mais de dezessete, mas após cada exílio, retornava. A razão para seus problemas estava em sua integral devoção à teologia nicena, com sua insistência na plena e completa divindade de Cristo. Em sua atitude para com o arianismo ele não fazia concessões. . . .

Antes das dificuldades arianas chegarem a um fim, novas disputas doutrinárias haviam sido suscitadas na Igreja Oriental. Admitindo-se que Jesus fosse divino, “gerado por Seu Pai antes de todos os mundos”, como explicaremos a Jesus de Nazaré? Como podemos pensar Nele como um homem, sem deixar de pensar Nele como Deus? Como podemos pensar Nele como Deus, sem deixar de pensar Nele como homem? Estas eram as perguntas que formavam o enfoque das Controvérsias Cristológicas. -- Fonte: Charles M. Jacobs, The Story of the Church (1925), pp. 52-55.

 

1. Arianismo

Como definido em história eclesiástica, o Arianismo é, substancialmente, como se segue:

O Pai somente é Deus; portanto ele somente é não gerado, eterno, sábio, bom e imutável, e separado por um infinito abismo do mundo. Ele não pode criar o mundo diretamente, mas somente mediante um agente, o Logos. O Filho de Deus é pré-existente, anterior a todas as criaturas, e acima de todas as criaturas, um ser intermediário entre Deus e o mundo, o criador do mundo, a perfeita imagem do Pai, e o executor de Seus pensamentos, e assim capaz de ser chamado num sentido metafórico Deus, e Logos, e Sabedoria. Mas por outro lado, Ele próprio é uma criatura, ou seja, a primeira criação de Deus, mediante o qual o Pai chamou todas as criaturas à existência; ele foi criado do nada (não da essência de Deus) pela vontade do Pai antes de todos os tempos concebíveis; portanto Ele não é eterno, mas teve um começo, e houve um tempo em que não existiu.

O arianismo assim ergue-se muito acima do ebionismo, socianismo, deísmo e racionalismo ao manter a pré-existência pessoal do Filho antes de todos os mundos, que foram sua criação: mas concorda com aqueles sistemas em rebaixar o Filho à esfera do criado, o que, logicamente, inclui a idéia de temporalidade e finitude. A princípio atribui-lhe o predicado de imutabilidade também, mas posteriormente sujeita-o às vicissitudes do ser criado. -- Fonte: Philip Schaff, History of the Christian Church, Vol. 3 (1902), p. 645.

 

2. Trinitarianismo

Três pontos cardeais foram estabelecidos com referência a Cristo: igualdade de essência, distinção pessoal, geração eterna.

O que ainda faltava era uma expressão aproximadamente adequada combinando esses principais pontos. O predicado homoousios foi adotado pelo Concílio de Nicéia como abrangendo tanto a idéia de unidade quanto de distinção, e toda a Igreja Cristã desde então se manteve unida em declarar sua fé no “Filho Único de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz de Luz, Verdadeiro Deus e o próprio Deus, Gerado, não criado, Ser de uma substância com o Pai”.

As mesmas premissas que resultaram nesse arranjo da relação do Filho com o Pai finalmente e por conseqüência provocou conclusão semelhante com respeito ao Espírito Santo: o Símbolo da Igreja expandindo-se no Concílio de Constantinopla, 381 AD, pela adição do terceiro artigo: “o Senhor e Doador da Vida, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho são juntos adorados e glorificados”, a Igreja assim afirmando a absoluta divindade semelhante do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, atribuindo a cada as designações e perfeições da deidade, conquanto sempre, por outro lado, mantendo que há só um Deus, que a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma absoluta unidade. Não pode ser reivindicado que todas as dificuldades foram superadas. Longas disputas se seguiram, mesmo após a Igreja, em sucessivos Concílios, ter definido a doutrina; mas a formulação no Credo Atanasiano da Fé Católica, “Que adoramos um Deus na Trindade, e Trindade em Unidade, nem confundindo as pessoas, nem dividindo a substância”, apresenta este mistério de tal maneira que, como declara Hagenbach, “todos os esforços posteriores do engenho humano para resolver suas aparentes contradições numa forma dialética devem quebrar-se contra esse baluarte da fé, como as ondas se quebram sobre uma rocha inflexível”. . . . Cada “pessoa” possui sua própria última forma de subsistência. O Pai difere do Filho, o Espírito Santo difere de ambos. O Pai é não-gerado, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede do Pai e (segundo a Igreja Ocidental) do Filho. Contudo, nenhum é Deus sem o outro; nem opera independentemente do outro; os Três são Um”. -- Fonte: E. B. Sanford, A Concise Cyclopedia of Religious Knowledge (1890), pp. 922, 923.

 

3. Pontos de Vista Católicos Modernos

É da própria natureza de Deus existir. Não há outra maneira de pensar corretamente sobre Deus, exceto pensando Nele como o Ser Que nunca teve um começo, o Ser Que sempre foi e sempre será. A única definição real que podemos dar de Deus é dizer: “Ele é Quem é”. Essa é a maneira, lembrar-vos-ei, em que Deus descreveu-Se a Moisés: “Eu sou o que sou”. . . .

Se o pensamento que Deus tem de Si próprio, então, é ser um pensamento infinitamente completo e perfeito, deve incluir existência, uma vez que existir é da própria natureza de Deus. A imagem que Deus tem de Si mesmo, a Palavra silente que Ele eternamente profere sobre Si mesmo, a Palavra Viva pela qual Ele se expressa a Si mesmo, a Quem chamamos Deus e Filho. Deus o Pai é Deus, que Se conhece a Si mesmo; Deus o Filho é a expressão do conhecimento que Deus tem de Si mesmo. Assim, a segunda pessoa da bendita Trindade é chamada o Filho precisamente porque, desde a eternidade, Ele é concebido, gerado, na divina mente do Pai. Ele também é chamado a Palavra de Deus, porque é a “palavra mental” em que a divina mente expressa o pensamento de Si próprio.

Suponha que se veja num espelho em tamanho pleno. Verá ali uma imagem de si próprio que é perfeita, exceto por uma coisa: não é uma imagem viva; é somente um reflexo sobre o vidro. Mas se essa imagem deixasse o espelho e ficasse em pé ao seu lado, vivendo e respirando como você--então seria uma imagem perfeita de fato. Não haveria dois de sua pessoa. Haveria apenas VOCÊ, uma natureza humana. Haveria duas ‘pessoas’, mas somente uma mente e uma vontade, compartilhando o mesmo conhecimento e os mesmos pensamentos. . . .

Portanto, uma vez que o amor-próprio (o correto tipo de amor-próprio) é natural a um ser inteligente, fluiria entre você e sua imagem um amor ardente, de um pelo outro. Agora dê a sua imaginação livre curso, e pense nesse amor como sendo parte de si próprio, tão profundamente arraigado em sua própria natureza, ao ponto de ser uma reprodução sua que respira. Esse amor seria uma “terceira pessoa” (mas ainda, lembre-se, havendo um VOCÊ, somente uma natureza humana), uma terceira pessoa que se posta entre você e sua imagem, e três de vocês de mãos dadas, três pessoas, uma natureza humana. -- Fonte: Leo J. Trese, The Creed-Summary of the Faith (1963), pp. 44-46.

 

4. Idéias Teológicas Recentes

Ao tentar definir mais precisamente o que se entende por uma unidade tríplice de Deus, a Igreja tem falado de Deus “em três Pessoas”, uma prática que remonta ao terceiro século. A tradução da palavra latina persona como “pessoa” pode ser desorientadora, contudo, dado que o significado do terceiro século é bem diferente do significado de hoje. A palavra originalmente referia-se à máscara que os atores utilizavam numa peça, então para papéis dramáticos na peça, e somente mais tarde para o eu ou ego consciente, a “pessoa” individual. O uso do termo hoje em ligação com a Trindade deixa implícito que há três seres divinos pessoais num Deus, uma forma definida de triteísmo. Em contraste com isto, a doutrina da Trindade tem a intenção de afirmar a unidade tríplice de Deus.

Por tal razão, Karl Barth e outros teólogos contemporâneos persuasivamente alegam que o atributo de personalidade devia aplicar-se somente a Deus em sua unidade. Em nossa comunhão com Ele somos confrontados por um “Tu”, um Deus que Se faz conhecido em três formas de ser. Temos conhecido esse um Deus como o Pai, gracioso Criador e Sustenedor da vida. Nós O temos conhecido como o Filho, manifestando-Se a nós redentoramente em Jesus, o Cristo. Nós O temos conhecido como o Espírito Santo, a contínua presença viva Dele próprio conosco, chamando-nos à reconciliação com Ele mediante Cristo e capacitando-nos a viver nesse relacionamento positivo. Essas três formas de ser não são a obra de três “indivíduos” distintos, mas de um Deus. Cada um é uma verdadeira expressão de Sua natureza íntima, de Quem Ele realmente é. Mas os cristãos não podem dizer Quem é Ele realmente em Sua plenitude sem referir-se a seu poder criador, Sua encarnação redentora em Cristo, e Sua contínua iluminação como o Espírito Santo.

Esse modo de descrever o Espírito Santo apela a muitas pessoas como a forma mais precisa de declarar a crença cristã sobre a tríplice unidade de Deus” -- Fonte: Edward W. Bauman, Beyond Belief (citado no livro Faith in Search of Understanding, by João B. Magee).

 

5. Sumário

a) Arianismo

“Ário (280-336), presbítero de Alexandria, ensinava . . . que o Filho não era igual ao Pai; que não era da mesma essência; que não era nem infinito nem eterno; que Ele era uma criatura, ou seja, a mais perfeita criatura, pelo Qual todos os outros seres foram criados, uma criatura que foi exaltada a tal condição de unidade com Deus que, em certo sentido, pôde ser chamado de Deus mas, definitivamente, era uma criatura”. - A. Boulenger, Histoire de L’Eglise, p. 111.

b) Trinitarianismo

“Foi decidido [no primeiro concílio ecumênico da igreja, em Nicéia, em 325], como um credo geral da Igreja, que Jesus Cristo é verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, de uma substância com o Pai, e gerado do Pai desde a eternidade”. - Nils Lovgren, A Church History, p. 72.

O credo chamado “Credo Niceno”, elaborado após o Concílio Niceno, reza (segundo o Book of Common Prayer):

“Creio num Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da Terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis;

“E [creio] num Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus; gerado de Seu Pai antes de todos os mundos; Deus de Deus; Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus;

“Creio no Espírito Santo, o Senhor e Doador da Vida, que procede do Pai e do Filho. . ., que com o Pai e o Filho juntos  é adorado e glorificado . . “. - Roland H. Bainton, The Church of Our Fathers, p. 44.

Uma doutrina que não pode ser totalmente certa pode não estar totalmente errada. Antes que alguém possa atacar uma crença doutrinária, deve ser capaz de defini-la corretamente e assinalar seus aspectos heréticos. Nossos amigos antitrinitarianos têm falhado em fazê-lo. Em vez disso, dão-nos uma lista de distinções entre o ensino de “Jesus Cristo e Seus apóstolos” e a crença dos “trinitarianos”. Mas muitas delas são distinções artificiais, que não resistiriam a um confronto com esses irmãos, à luz da Bíblia e do Espírito de Profecia. Rejeitam o trinitarianismo sobretudo porque ensina uma Divindade em três pessoas, que não podem aceitar, conquanto esse ponto esteja em perfeita harmonia com um “Assim diz o Senhor”. Penso que fariam muito melhor obra se dirigissem sua ênfase somente aos aspectos errôneos do dogma, tais como estes dois:

 “Desde toda a eternidade [o filho] é gerado; Ele é gerado na divina mente do Pai”.

“A doutrina da Trindade tem a intenção de afirmar a unidade tríplice de Deus. . . . um Deus que Se faz conhecido em três formas de ser”.

Logicamente, precisamos rejeitar as idéias erradas de uma doutrina; alguns, contudo, vão além: rejeitam as idéias erradas junto com as idéias corretas. Parece-nos, em outras palavras, que estão lançando fora o bebê com a água do banho.

 

Capítulo II

A DIVINDADE NO ADVENTISMO HISTÓRICO

Os pioneiros adventistas não possuíam toda a verdade. Muitos deles, embora rejeitando a doutrina católica da Trindade, revelaram uma forte inclinação ao arianismo. Eis aqui um exemplo:

Como erros fundamentais, precisamos classificar com o sábado falso outros erros que os protestantes trouxeram da Igreja Católica, tais como o batismo por aspersão, a trindade, a consciência dos mortos e a vida eterna em miséria. As massas que têm mantido esses erros fundamentais, têm-no feito sem dúvida em ignorância; mas pode-se supor que a igreja de Cristo prosseguirá com esses erros, até as cenas do juízo se revelaram perante o mundo? Julgamos que não. “Aqui estão  [no período de uma mensagem dada pouco antes que o Filho do homem tome o Seu lugar sobre a nuvem branca, Apo. 14:14] os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”. Esta classe, que vive antes do segundo advento, não estará conservando as tradições dos homens, nem apegando-se a erros fundamentais relativos ao plano de salvação mediante Jesus Cristo.

 E segundo a luz brilhe sobre estes assuntos, e é rejeitado pela massa, então a condenação virá sobre eles. Quando o verdadeiro sábado é apresentado aos homens, e as reivindicações do quarto mandamento lhes forem instadas, e rejeitarem esta santa instituição do Deus do céu, e escolherem em seu lugar uma instituição da besta, pode então ser dito, no sentido mais pleno, que esses adoram a besta. A mensagem de advertência do terceiro anjo é dada em referência a esse período, quando a marca da besta será recebida, em lugar do selo do Deus vivo. Solene e terrivelmente se aproxima rápido essa hora! -- Fonte: James White, Review and Herald, 12 de setembro de 1854.

O “mistério da iniqüidade” começou a operar na Igreja nos dias de Paulo. Finalmente suplantou a simplicidade do evangelho, e corrompeu a doutrina de Cristo, e a Igreja foi para o deserto. Martinho Lutero, e outros Reformadores, levantaram-se na força de Deus, e com a Palavra e Espírito, lograram poderosos avanços na Reforma. A maior falta que podemos encontrar na Reforma é que os Reformadores pararam de reformar. Tivessem ele prosseguido e avançado, até terem deixado todo vestígio do papado para trás, como a imortalidade natural, a aspersão, a trindade, e a guarda do domingo, a Igreja agora estaria livre de seus erros antibíblicos. -- Fonte: James White, Review and Herald, 7 fevereiro de 1856.

Somos devedores ao Instituto de Pesquisa Bíblica, de Silver Spring, MD, pela informação seguinte:

“A evidência de um estudo da história adventista indica que desde os primeiros anos de nossa Igreja até os anos da década de 1890 uma inteira corrente de escritores tomaram uma posição ariana ou semi-ariana. O entendimento sobre Cristo apresentado naqueles anos pelos autores adventistas era de ter havido um tempo em que Cristo não existia, que Sua divindade é uma divindade delegada, e que, portanto, Ele é inferior ao Pai. Com respeito ao Espírito Santo, a posição deles era de que não seria o terceiro membro da Divindade, apenas o poder de Deus”. -- Gerhard Pfandl, The Doctrine of the Trinity Among Adventists, p. 1.

Essa posição foi mantida “até a década de 1890”; daí--desejamos realçar--o Senhor enviou luz a Seu povo, mediante o ministério de  E. G. White, para corrigir seus errôneos pontos de vista quanto a esta importante doutrina.

LeRoy E. Froom, num livro interessante publicado pela Review and Herald Publishing Association (1949), informa como o arianismo tentou  penetrar a Igreja Adventista nos dias dos pioneiros.

“No terceiro século”, diz ele, “esse tempo de desenvolvimento de apostasia, Paulo de Samosater levantou uma teoria negando a personalidade do Espírito Santo, considerando o Espírito meramente uma influência, um exercer da energia e poder divinos, uma influência que procedia de Deus e era exercida sobre os homens. Então, ao tempo da Reforma Protestante, dois homens, Laelus Socino e seu sobrinho, Fausto Socino, passaram em revista a teoria, e muitos a aceitaram.

“A desanimadora influência desse conceito recaiu sobre muitas igrejas protestantes. . . . É significativo que as declarações do Espírito de Profecia iam diretamente contra sentimentos prevalecentes da parte de alguns dos pioneiros do movimento adventista, que se inclinavam a essa idéia impessoal de uma influência. . . “. -- LeRoy E. Froom, The Coming Comforter, p. 56.

Nas páginas seguintes veremos quão vigorosamente o Espírito de Profecia se opunha à idéia de que o Espírito Santo é somente uma influência impessoal que emana do Pai (ou do Pai e do Filho), e que Cristo é um ser criado e que Ele não é Deus no sentido mais pleno, e que a Divindade é composta de somente duas pessoas, etc.

 

1.  A Igreja Adventista define sua posição

Se alguns dos pioneiros escreveram artigos rejeitando a doutrina católica da Trindade, fizeram uma boa obra. Mas devemos ter em mente que seus escritos não estavam isentos de erro doutrinário. Portanto, não podemos acatar todos os seus pontos de vista como verdade evangélica. Os antitrinitarianos entre os adventistas do sétimo dia não devem esquecer que a posição oficial  da Igreja Adventista, nos dias pioneiros, foi definida em sua declaração de crenças intitulada Princípios Fundamentais dos ASD em 1872. Era isto o que criam e ensinavam com referência à Divindade:

1. Que há somente um Deus, um ser pessoal, espiritual, o criador de todas as coisas, onipotente, onisciente e eterno, infinito em sabedoria, santidade, justiça, bondade, verdade, e misericórdia, imutável, e em toda parte apresentado por seu representante, o Espírito Santo. Sal. 139:7.

2.Que há um Senhor Jesus Cristo, o Filho do Eterno Pai, aquele por quem Deus criou todas as coisas, e por quem elas subsistem; que Ele assumiu a natureza da semente de Abraão para a redenção de nossa raça caída; que habitou entre os homens cheio de graça e verdade, viveu nosso exemplo, morreu nosso sacrifício, foi ressuscitado para nossa justificação, ascendeu ao alto para ser nosso único mediador no santuário celestial, onde, com seu próprio sangue, faz expiação por nossos pecados, cuja expiação, longe de ter sido feita na cruz, onde se deu somente a oferta do sacrifício, é a última porção de sua obra como sacerdote segundo o exemplo do sacerdócio levítico, que prenunciava e prefigurava o ministério do Senhor no céu. Ver Lev. 16; Heb. 8:4, 5; 9:6, 7: &c.

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16. Que o Espírito de Deus foi prometido para manifestar-se na Igreja mediante certos dons, enumerados especialmente em 1 Cor. 12 e Efé. 4; que esses dons não têm desígnio de superar, ou tomar o lugar, da Bíblia, que é suficiente para fazer-nos sábios para a salvação, mais do que a Bíblia pode tomar o lugar do Espírito Santo; que, ao especificar os vários canais de sua operação, o Espírito tem simplesmente feito provisão para sua própria existência e presença com o povo de Deus até o fim do tempo, para conduzir a um entendimento dessa palavra que inspirou, para convencer do pecado, e operar uma transformação no coração e vida; e que aqueles que negam ao Espírito o seu lugar e operação, negam de fato plenamente essa parte da Bíblia que lhe atribui esta obra e posição.

Nesses Princípios Fundamentais (1872), nem o arianismo nem o trinitarianismo são mencionados entre as crenças adventistas fundamentais. Nem é o antitrinitarianismo alistado em outras declarações do que era entendido como verdade presente. J. N. Loughborough, em The Great Second Advent Movement [O grande movimento do segundo advento], cuidadosamente traça o desenvolvimento de toda doutrina importante e verdade definidora do adventismo dos primeiros tempos. Ele silencia sobre o antitrinitarianismo como um ponto da verdade presente. O livro, Synopsis of Present Truth [Sumário da verdade presente], que se baseava nas conferência de Tiago White e Urias Smith do Instituto Bíblico, não se refere ao antitrinitarianismo como uma doutrina entre os adventistas do sétimo dia. Esse silêncio é significativo, pois essas conferências foram apresentadas para o propósito mesmo de guiar o ministério adventista à unidade em toda a verdade presente. E o que é mais informativo é que a Irmã White não inclui idéias arianas entre os “pilares” da fé adventista.

 

2. O Movimento ASD da Reforma define sua posição

No que concerne ao entendimento da Divindade, o Movimento ASD de Reforma herdou a posição histórica da IASD (1872). Com referência à Divindade, nossos Princípios de Fé (1925) rezam:

a) Deus - Cremos que há somente um Deus, que mediante a Sua infinita sabedoria e poder todo-poderoso criou o céu e a Terra (Êxo. 20:2,3; Isa. 45:5,6,18): Deus é um ser espiritual (João 4:24), eterno, sem princípio e sem fim (Apo. 21:6), presente em toda parte (Sal. 139: 1, 2), entronizado nos céus, e não pode ser visto pelo homem em seu presente estado pecaminoso (1 Tim. 6:16; Isa. 59:2; João 1:18; Êxo. 33:20). Somente mediante fé podemos ir a Deus (Heb. 11:6).

b) Jesus Cristo - Cremos que Jesus Cristo é o Filho de Deus vivo e que Ele é um em natureza com o Pai (Heb. 1:1-3, 5). Desde a eternidade todas as coisas no céu e na Terra foram criadas mediante Ele (Col. 1:15-17). Portanto, somente Ele pode ser Mediador entre Deus e o homem (1 Tim. 2:5). Em harmonia com o testemunho dos profetas Ele foi nascido como um ser humano sobre a Terra em Belém da Judéia, da virgem Maria, concebido pelo Espírito de Deus (Mat. 1:18-23). Somente mediante Sua morte e pela fé em Sua graça livremente concedida podemos ser salvos (Lucas 1:77-79; Atos 4:12; João 14:15; 1 João 2:3-6.

c) O Espírito Santo - Cremos que o Espírito Santo é o representante de Cristo sobre a Terra (João 14:16). Sem Ele é impossível compreender e viver segundo a vontade de Deus. Também, é impossível interpretar corretamente a Palavra divina sem a ajuda do Espírito Santo (João 14:26; 1 Cor. 2:11). O Seu poder deriva do Pai e do Filho, e é ativo também mediante os seres humanos (2 Ped. 1:21; 1 Ped. 1:11). O Espírito Santo é um com o Pai e o Filho, portanto, os crentes são batizados não somente nesses nomes, mas também no nome do Espírito Santo após tornarem-se relacionados com o mesmo (Mat. 28:19; 1 João 5:7; 2 Cor. 13:14).

À luz de nossos Princípios de Fé (1925), como pode ser visto, não ensinamos a doutrina católica da Trindade. Em 1925 herdamos a crença de que a IASD incorporou em seus Princípios Fundamentais (1872), ou seja, que o Espírito Santo é o “representante” de Deus. Com referência à Divindade, devemos repetir, a posição adotada pelos Reformadores ASD (1925) não difere da posição definida pelos pioneiros adventistas (1872).

Não omitimos qualquer parte da verdade sagrada considerada como pilares da fé adventista. Conquanto vários pioneiros mantivessem que a rejeição da trindade papal era importante, nenhuma declaração específica em apoio do arianismo ou semi-arianismo jamais tornou-se parte da verdade presente. Não devemos confundir o que vários indivíduos escreveram com o que a Igreja entendia como verdade presente que lhes foi revelada por Deus, confirmada pela miraculosa liderança de Seu Espírito, e testificada por Seu profeta. Não podemos edificar uma doutrina sobre idéias em que os pioneiros não eram unidos e que o Espírito Santo não confirmou como verdade presente. Esses fatos não devem ser ignorados por nossos amigos antitrinitarianos ou por quem quer que deseje envolver o Movimento ASD da Reforma em sua discussão sobre esse assunto. 

Nossas crenças baseiam-se na Bíblia (CS 595), que tentamos entender sob a guia do Espírito Santo e com a ajuda dos escritos do Espírito de Profecia. E não cremos que a porta se fechou contra luz adicional em 1850, ou 1872, ou 1888. Ellen G. White escreveu:

“Irmãos, necessitamos de luz, de mais luz. Tocai a buzina em Sião; fazei soar o alarme no monte santo. Ajuntai as hostes do senhor, com coração santificado, para que ouçam o que o Senhor vai dizer a Seu povo; pois Ele tem crescente luz para todos que quiserem ouvir. TM 410.

“Não podemos por um só momento pensar que não existe mais luz, que não haverá mais verdade a ser dada.” GW 310.

“Não podemos manter a opinião de que uma posição uma vez assumida, uma vez advogada a ideia, não deve, sob qualquer circunstância ser abandonada. Há apenas Um que é infalível: Aquele que é o caminho, a Verdade e a Vida. TM 150 (1803).

Portanto, não temos desculpas para ignorar a luz adicional que Deus enviou a Seu povo durante os últimos anos do ministério de E. G. White. Um bom número de declarações veio de sua pena após 1888, em harmonia com o Novo Testamento, para corrigir idéias errôneas prevalecentes entre os pioneiros com respeito à Divindade.

 

Capítulo III

CONCEITOS CONFLITANTES

É verdade que os pioneiros ASD rejeitaram a doutrina católica da Trindade, e assim se dá com o Movimento ASD de Reforma. Nem nas Escrituras nem nos Testemunhos encontramos apoio para esse dogma. Mas a mesma coisa é verdadeira quanto ao arianismo e a doutrina de que o Espírito Santo é somente uma influência impessoal. Na medida em que os advogados dessas idéias são incapazes de produzir uma evidência convincente de apoio a suas conclusões a partir da Bíblia e do Espírito de Profecia, suas opiniões humanas são-nos inaceitáveis.

No que concerne à verdade doutrinária, não temos dúvida de que precisamos ficar do lado dos pioneiros--mas somente na medida em que estiveram firmados na verdade. Nem tudo em que criam era correto. Eis um exemplo: “Por algum tempo depois da decepção de 1844,…. (eles acreditavam) que a porta da graça estava para sempre fechada para o mundo.” I ME 63. Essa posição foi mantida até que o Senhor enviou luz sobre o assunto.

E. G. White escreveu: “Foi a luz a mim concedida por Deus que corrigiu nosso erro, e habilitou-nos a ver a verdadeira attitude.” Idem.

Deus não empregou os pioneiros para corrigir a profetisa; pelo contrário, Ele corrigiu os pioneiros mediante a profetisa. Portanto, apresentamos uma pergunta a nossos amigos antitrinitarianos:

 

Que posição tomam quando vêem uma discordância entre a opinião de alguns dos pioneiros e os escritos da Irmã White?

Eis a seguir alguns exemplos adicionais de tais discordâncias:

Em seu livro Thoughts on Revelation [Reflexões sobre o Apocalipse], p. 59 (edição de 1867), Urias Smith escreveu que Cristo era “o primeiro ser criado”. Sendo que esse conceito errôneo foi publicado num livro, isto é indicativo de que, entre os respeitados pioneiros, ele não era o único a manter essa crença.  Prescott admitiu: “Por muito tempo acreditamos que Cristo foi um ser criado”. -- W. W. Prescott, Transcrição da Conferência Bíblica de 1919, 6 de julho de 1919, p. 62. Essa idéia foi mantida por um longo tempo.

“Por volta de 1880 a idéia de Cristo como um ser criado diminuiu e o conceito de Cristo como o ‘gerado’ foi assumido literalmente, o que significa que Cristo em algum ponto da eternidade procedeu do Pai e era, portanto, a Ele subordinado. . . . Não só Urias Smith, editor da Review and Herald, creu até sua morte em 1903 que Cristo tivera um início, mas durante as primeiras décadas do século [vinte] havia muitos que mantinham o ponto de vista de que Cristo de algum modo procedera do Pai, ou seja, tivera um começo e era, portanto, inferior a Ele”. -- Gerhard Pfandl, The Doctrine of the Trinity Among Adventists, pp. 3, 4.

Havia muitos que se apegavam à idéia de que Cristo tivera um começo, em oposição à luz que Deus enviara ao povo adventista mediante E. G. White, durante as duas últimas décadas de seu ministério. Lerão as declarações correspondentes do Espírito de Profecia nas páginas seguintes.

Urias Smith também mantinha que tanto a natureza humana quanto a divina de Cristo morreram na cruz. Ele rejeitava a crença de que somente a humanidade morrera. E, novamente, não estava só em apoio a essa posição doutrinária. Eis o que ele escreveu:

“O ponto a realçar levantado pela IASD [é] que a natureza [de Cristo] pode ser separada entre humana e divina, e somente a parte humana morreu, então o mundo é servido somente com um sacrifício humano, não um sacrifício divino, como defendemos”. RH 27 de março de 1888.

J. H. Waggoner (pai de E. J. Waggoner) era da mesma opinião. Em seu livro The Atonement [A expiação] ele escreveu:

“Não importa quão exaltado foi o preexistente Filho; não importa quão glorioso, quão poderoso, ou mesmo eterno; se a humanidade somente morreu, o sacrifício foi unicamente humano. E no que respeita à morte vicária de Cristo, isso é socianismo”. -- The Atonement in the Light of Nature and Revelation [A expiação à luz da natureza e revelação], pp. 164-166 (edição de1884).

O socianismo é o nome dado a uma doutrina introduzida por Fausto Socino, um adepto do movimento teológico dos séculos 16 e 17 professando crença em Deus e adesão às Santas Escrituras, mas negando a divindade de Cristo.

O ensino de que ambas as naturezas de Cristo, humanidade e divindade, morreram na cruz estava também em conflito com a luz que adveio à Igreja mediante o ministério de E. G. White. Ela escreveu:

“Aquele que disse, ‘dou a minha vida para a retomar’. ‘Derribai este santuário, e em três dias o levantarei’, saiu da sepultura para a vida que estava em Si próprio. A Divindade não morreu. A humanidade morreu. . . . Em Sua divindade Cristo possuía o poder para despedaçar as cadeias da morte”. 5BC 1113 (1SM 301).

A discordância entre G. I. Butler, presidente da Associação Geral, e E. J. Waggoner, editor de Signs of the Times, revela que os pioneiros não eram claros sobre a natureza humana de Cristo e sobre outros pontos. Antes da conferência de 1888,  Waggoner preparou um pequeno tratado,  The Gospel in Galatians [O evangelho em Gálatas], como resposta ao livro de Butler,  The Law in Galatians [A lei em Gálatas]. O ponto de vista seguinte advogado por Waggoner suscitou uma controvérsia entre alguns dos pioneiros:

“Estes textos (Gál. 4:4; Rom. 8:3; Fil. 2:5-7; Heb. 2:9) mostram que Cristo assumiu a natureza do homem, e que como conseqüência ficou sujeito à morte. Ele veio ao mundo com o propósito de morrer; e assim desde o princípio de Sua vida terrena Ele estava na mesma condição em que se acham os homens e nos quais morreu para salvar. . . .(Rom. 1:3) . . . Qual era a natureza de Davi ‘segundo a carne’? Pecaminosa, não era? . . . Não comecem a ficar horrorizados; não estou insinuando que Cristo fosse um pecador. . . . Se Cristo não tivesse sido em tudo igual a Seus irmãos, Sua vida sem pecado não serviria de animação a nós”. -- The Gospel in Galatians, p. 61.

O Pr. Robert J. Wieland comentou esta questão como segue:

“Verdadeiramente essa posição deve ter sido chocante para o Pastor Butler, ou não teria telegrafado aos delegados em Mineápolis [1888] para ‘permanecerem firmes pelos velhos marcos’ e assim rejeita a mensagem de Waggoner”. -- The Broken Link [O elo partido], p. 12.

A Irmã White recebeu muitas queixas sobre a “nova luz” apresentada pelo Pastor Waggoner, mas ela a endossou, ao contrário da opinião de outros pioneiros. Escreveu ela:

“Tenho recebido cartas, afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso, teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador. Era uma solene realidade esta de que Cristo veio para ferir as batalhas como homem, em favor do homem. Sua tentação e vitória nos dizem que a humanidade deve copiar o Modelo; deve o homem tornar-se participante da natureza divina.” I ME 408.

“Ao assumir a natureza do homem em sua condição caída, Cristo não participou no mínimo de seu pecado. . . . Ele foi tocado com o sentimento de nossas enfermidades, e em todos os pontos foi tentado como nós. Contudo, Ele ‘não conheceu pecado`. . . . Não devemos ter reservas quanto à perfeita isenção da natureza humana de Cristo”. ST 9 de junho de 1898.

Neste caso, novamente, colocamos os escritos do Espírito de Profecia acima das idéias mantidas por alguns dos pioneiros.

Em 1888, Deus usou dois dos pioneiros, Waggoner e Jones, para apresentar a mensagem Christ our Righteousness [Cristo nossa justiça] para os líderes e delegados reunidos na Assembléia da Associação Geral, em Mineápolis, Minesota. Havia pioneiros altamente considerados entre eles. Qual foi a reação deles à mensagem trazida por aqueles dois homens? Rejeitaram a luz do céu como sendo incompatível com os velhos marcos.

“De seu leito moral em Battle Creek, o presidente da Associação Geral telegrafou a seus principais apoiadores, homens como Urias Smith e J. H. Morrison, presidente da velha Associação de Iowa, das origens de Butler, para permanecerem ‘pelos velhos marcos’“.-- R. W. Schwarz, Light Bearers to the Remnant [Portadores de luz para o Remanescente], p. 187.

“Irmãos mais velhos e experimentados sentiram-se melindrados com o decidido apoio da Sra. White a dois homens comparativamente jovens e obscuros contra praticamente toda a assembléia de obreiros. O Pastor A. G. Danniells mais tarde disse que ela havia permanecido ‘quase sozinha’ contra a inteira Assembléia da Associação Geral (The Abiding Gift of Prophecy [O permanente dom de profecia], p. 369)”. -- Robert J. Wieland e Donald K. Short, 1888 Re-Examined, p. 19.

“Em Mineápolis… Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecostes. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo.” I ME 234, 235.

Certamente respeitamos os pontos de vista dos pioneiros adventistas, mas somente na medida em que estavam em harmonia com a Bíblia e o Espírito de Profecia. Nem tudo quanto eles ensinavam foi mais tarde aceito como verdade, mesmo quando a Irmã White, no princípio, nada dissesse para contradizê-los. Não foram poucos os pontos de vista errados que terminaram sendo introduzidos em publicações.

Um exemplo adicional do que estamos dizendo pode ser encontrado no entendimento de Urias Smith sobre “a terça parte das estrelas do céu” que Satanás, o dragão, atraiu após si quando caiu do céu  (Apo. 12:4). Ele explicava este verso como se segue:

“O dragão, sendo um símbolo, podia somente tratar com estrelas simbólicas; e a cronologia do ato aqui mencionado o limitaria ao povo judeu. A Judéia tornou-se uma província romana sessenta e três anos antes do nascimento do Messias. Os judeus tinham três classes de governantes--reis, sacerdotes e o Sinédrio. Um terço desses, os reis, foram levados pelo poder romano”.--The Revelation [O Apocalipse]  pp. 510, 511.

A guerra no céu (Apo. 12:7), de acordo com Urias Smith, teve lugar “nos dias do primeiro advento” de Cristo. -- Ibid., p. 513.

Sendo que o livro do Pastor Smith foi publicado pela Igreja, muitos outros pioneiros devem ter compartilhados suas idéias, que nunca foram endossadas por E. G. White.

Com referência ao entendimento da Divindade, alguns dos pioneiros também mantinham pontos de vista errados, e, portanto, tiveram sérias discordâncias na Assembléia de Mineápolis em 1888. Informa Froom:

“Como repetidamente declarado, chegamos a 1888 com pontos de vista divididos sobre as Três Pessoas da Divindade; a existência eterna, a Divindade, e a pré-encarnação e igualdade de Cristo com o Pai, . . . juntamente com a personalidade e operação do Espírito Santo”. -- LeRoy E. Froom, Movement of Destiny [Movimento predestinado], p. 314.

Dois anos após a assembléia de Mineápolis, um dos pioneiros escreveu:

“Conquanto reivindicamos ser crentes de somente um Deus, e Seus adoradores, creio haver tantos deuses entre nós quanto há conceitos da Divindade. E quantos há desses, e quão limitados são a maior parte deles!” -- D.T. Bourdeau, RH 18 de novembro de 1890.

“De fato, parece ter havido tantas idéias sobre Deus entre os adventistas durante esse tempo [em torno de 1888]”-- Russel Holt, The Doctrine of the Trinity in the Seventh-day Adventist Denomination: Its Rejection and Acceptance [A doutrina da Trindade na denominação adventista do sétimo dia: Sua rejeição e aceitação]

Enquanto a divisão de opinião concernente à Divindade durava entre os pioneiros, a Pacific Press, onde E. J. Waggoner era editor até maio de 1891, publicava um tratado estabelecendo a doutrina da Trindade. Citamos desse tratado:

“Os arianos, que consideram a Cristo como mais do que humano, porém menos do que divino, e também o socianiano, que O considera como simplesmente humano, estão igualmente em falta ao raciocinarem a partir daquelas passagens que estabelecem Sua subordinação ao Pai e em omitir dar apropriada força àquelas que ensinam Sua absoluta divindade. Nem um deles aceita o pleno testemunho da Bíblia com respeito a Cristo. Isso leva ambos a conclusões falsas, conquanto não idênticas”. -- Samuel T. Spear, The Bible Doctrine of the Trinity [A doutrina bíblica da Trindade] (impresso em l889 e reeditado em 1892).

Outro sério problema doutrinário relacionado com a Divindade foi a promoção de idéias panteísticas, que criaram divisão adicional de opinião entre os pioneiros nos dias da Irmã White. Ela advertiu a igreja:

“A ponderosa força que opera em toda a Natureza e a todas as coisas sustém, não é, como alguns homens de ciência pretendem, meramente um princípio que tudo invade, ou uma energia a atuar. Deus é espírito; não obstante é Ele um ser pessoal, visto que o homem foi feito à Sua imagem.” Ed. 131, 132.

“Sentimentos científicos, espiritualistas, representando o Criador como uma essência que permeia toda a natureza, tinham sido dados ao nosso povo, e têm sido recebidos por alguns que tiveram uma longa experiência como mestres da Palavra de Deus. Os resultados desse artifício insidioso se levantará vez após vez. Há muitos para quem esforços especiais terão que ser exercidos para livrá-los desse engano especioso.

“Estou agora autorizada a dizer que é chegado o tempo para se tomar decidida ação. Os acontecimentos vistos na causa de Deus assemelham-se aos vistos quando Balaão levou Israel ao pecado pouco antes de entrarem na terra prometida. Quão perigoso é exaltar tanto qualquer homem que ele se torna confuso, e confunde as mentes de outros com respeito às verdades que pelos últimos cinqüenta anos o Senhor tem dado a seu povo.

“Poucos podem ver o significado da presente apostasia. Mas o Senhor tem erguida a cortina, e tem me mostrado o seu significado, e o resultado que se terá se permitido a continuar. Agora precisamos erguer nossas vozes de advertência. Irá nosso povo reconhecer a Deus como o supremo Governante, ou escolherá os argumentos e pontos de vista desnorteadores que, quando plenamente desenvolvidos, O tornam, nas mentes daqueles que os aceitam, como nada?” SpT, Série B, No. 7, pp. 36, 37.

Froom fornece mais detalhes sobre esse novo problema doutrinário entre os adventistas do sétimo dia:

“A questão do panteísmo veio à linha de frente no final dos anos noventa e persistiu por alguns anos. Aparecendo como um tipo de pretenso ‘anjo de luz’, com fascinantes novos termos e conceitos, o germe da idéia havia aparecido no primeiro livro do Dr. Kellog, Harmony of Science and the Bible [Harmonia da ciência com a Bíblia] (1879)… Em 1897 Dr. Kellogg fez uma conferência na Assembléia da Associação Geral . . . que suscitou a vinda à tona da questão. Aqui idéias panteísticas agora apareciam em declarações expressas. Estas foram então amplificadas em seu Living Temple [O templo vivo] (1903). E alguns em ambos os lados do Atlântico foram apanhados por essas sutilezas. . . . Os desvios de Kellogg estavam revestidos de linguagem apelativa. Seu ensino esotérico deixava implícito que Deus estava em tudo como na vida real, de modo que quando nós ‘comemos’ ou ‘bebemos’ recebemos a Deus. E isso começou a ser ensinado no Colégio do Sanatório de Battle Creek (GC Bulletin, 1899, p. 58 ss.)”. -- LeRoy E. Froom, Movement of Destiny, p. 349.

“Enquanto a Sra. White estava na Austrália, as idéias de imanência de Deus em todas as criaturas vivas começaram a vir à tona em círculos adventistas. Kellogg não era o único a propor tais teorias, conquanto ele o fizesse tão freqüentemente na sessão da Associação Geral de 1897. Homens como Prescott e E. J. Waggoner promoviam idéias semelhantes. De fato, anos mais tarde, A. G. Daniells via o Dr. Waggoner como o principal agressor nessa matéria. . . . [Finalmente] Kellogg lançou dúvida sobre a crença de que todos os escritos da Sra. White podiam ser considerados inspirados por Deus”. -- R.W. Schwarz, Light Bearers to the Remnant, pp. 288, 290.

É desnecessário repetir que houve idéias conflitantes entre os pioneiros sobre importantes aspectos de doutrina até que luz sobre essas questões doutrinárias veio à Igreja mediante o ministério de E. G. White.

 

Capítulo IV

MAIS LUZ DESDE 1888

O Espírito de Deus usou a pena da Irmã White para expor a verdade--somente a verdade--que havia sido revelada aos pioneiros. Portanto, sob a guia do Espírito Santo, ela foi muito seletiva no que tinha de escrever. Em seus escritos, nunca endossou os erros mantidos por alguns dos pioneiros. Ela nos advertiu:

“Sou instruída de que o Senhor, por Seu infinito poder, tem preservado a mão direita de Seu mensageiro por mais de meio século, a fim de que a verdade possa ser exposta ao Ele ordenar-me escrevê-la para publicação, nos periódicos e livros. Por quê? -- Porque se não fosse assim escrita, quando os pioneiros na fé morrerem,  haveria tantos, novos na fé, que às vezes aceitam como mensagens de verdade ensinos que contêm sentimentos errôneos e falácias perigosas. Às vezes aquilo que os homens ensinam como ‘luz especial’ é na realidade erro especioso, que, como joio semeado em meio ao trigo, se espalhará e produzirá uma colheita danosa. . . . Há alguns, que ao aceitarem teorias errôneas, lutam por estabelecê-las coligindo de meus escritos declarações de verdade, que empregam, separando de sua apropriada contextuação e pervertendo por associação com o erro”. -- Carta 136, 27 de abril de 1906 (This Day With God [Este dia com Deus], p. 126).

“Os pontos básicos de nossa fé como os mantemos hoje foram firmemente estabelecidos. Ponto após ponto foi claramente definido, e todos os irmãos chegaram à harmonia. . . . Nossa experiência foi maravilhosamente estabelecida pela revelação do Espírito Santo”. MS 135, 1903 (The Early Years [Os anos pioneiros], vol. 1, p. 145.)

De acordo com essa advertência, a serva do Senhor foi especialmente dirigida pelo Espírito Santo durante os últimos anos de seu ministério. Ela sabia o que escrever e o que não escrever no que dizia respeito à verdade. Ela não endossava as idéias arianas mantidas por alguns dos pioneiros. Nem acolheu as “representações espiritualistas” (SpT, Série B, No 7, pp. 62, 63) contidas nos pontos de vista trinitarianos que alguns estavam inclinados a aceitar no virar do século. Portanto, a idéia de que toda a luz havia já sido dada aos pioneiros antes de 1888, e que estavam certos e unidos em todos os pontos, é completamente infundada. E. G. White escreveu:

“Não há desculpas para ninguém assumir a posição de que não há mais verdades a serem reveladas e que todas as nossas exposições da Escrituras estão isentas de erro. O fato de que certas doutrinas foram mantidas como verdade por muitos anos por nosso povo não é prova de que nossas idéias sejam infalíveis”.--RH 20 de dezembro de 1892.

Que este ponto seja bem compreendido. Devemos ater-nos à luz acumulada que recebemos até o princípio do século vinte. Isso significa que “certas doutrinas que temos mantido como verdade por muitos anos” podem ter que ser descartadas. Não se pode manter que “todas as nossas exposições [prévias] das Escrituras estão isentas de erro”. A luz adicional que Deus enviou a Seu povo, mediante o ministério de E. G. White, especialmente após 1888, para confirmar “os principais pontos de nossa fé como as mantemos hoje”,  em 1903, é especialmente importante. O Espírito de Deus empregou a pena da Irmã White para expor a verdade--somente a verdade--que havia sido revelada aos pioneiros, como mencionamos antes.

Numa confusão de crenças concernentes à Divindade, a Igreja Adventista estava rumando para uma grande crise. Ajuda veio à Igreja no tempo certo, mediante o ministério de E. G. White, cujos escritos mais recentes (produzidos após 1888) esclareceram os pontos sob discussão. Mas o diabo tentou deter a luz enviada do céu ao buscar pôr dúvidas nas mentes de alguns dos atalaias sobre os muros de Sião com referência à validade do Espírito de Profecia. Não estaria ele fazendo a mesma coisa hoje?

Para corrigir os conceitos errados mantidos por alguns dos primeiros líderes, Deus enviou luz à Igreja sobre os seguintes pontos:

 

1. A completa deidade e eterna pré-existência de Cristo

“Jeová, o Se eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos.” PP 305 (DTN 469, 470) Ler Lucas 4:8; Filipenses 2:9; Hebreus 1:5.

“Jeová é o nome dado a Cristo”. ST 3 de maio de 1899.

“Cristo foi essencialmente Deus, e no mais elevado sentido. Ele estava com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre”. RH 5 de abril de 1906 (ST 2 de agosto de 1905).

“Cristo . . . nos assegura que nunca houve um tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus”. ST 29 de agosto de 1900.

“Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.” DTN 572 (Edição Portugal)

“Cristo é o Filho de Deus pré-existente, com existência própria”. ST 29 de agosto de 1900.

“Ele era igual a Deus, infinito e onipotente”. Ms 101, 1897.

“Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. São recipientes da vida do Filho de Deus. Por hábeis e talentosos que sejam, e grandes suas capacidades, são providos de vida da Fonte de toda a vida. É Ele a fonte, o manancial da vida. Unicamente aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e habita na luz e vida, poderia dizer: ‘Tenho poder para dar (a vida), e poder para tornar a tomá-la.” I ME 301 – João 10:18.

“Essa doutrina que nega a absoluta Deidade de Jesus Cristo nega também a Deidade do Pai”. ST June 27, 1895.

“Se os homens rejeitam o testemunho das Escrituras inspiradas concernente à divindade de Jesus Cristo, é inútil arguir com eles sobre este ponto; pois nenhum argumento, por mais concludente, poderia convencê-los.” GC 422 (Edição Portugal)

 

2. A personalidade do Espírito Santo

“O Espírito Santo . . . personifica a Cristo, contudo é uma personalidade distinta”. 20MR 324.

“O Espírito Santo é uma agência livre, operante, independente”. RH 5 de maio de 1896.

“O príncipe da potestade do mal pode somente ser mantido sob controle através do poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo.” EV. 617. Sp T Séries A, Nº 10, p. 37. (1897) (DTN 671)

“O Espírito Santo …é uma pessoa como Deus é uma pessoa”. Ms 66, 1899 (Ev 616).

“Tenho me sentido oprimida, temendo que a obra de confissão e arrependimento não ocorra de modo tão profundo e completo como devia, a fim de encontrar a mente do Espírito de Deus”. RH 12 de março de 1889.

Se o Espírito Santo tem uma mente, Ele é mais do que uma influência impessoal.

 

3. Advertência contra especulações a respeito das “três pessoas viventes do trio celestial”

Deus enviou instruções mediante Sua serva à Igreja:

“Sou instruída a dizer que os sentimentos daqueles que estão em busca de idéias científicas avançadas não são dignos de confiança. Tais representações como a seguinte são feitas: ‘O Pai é como a luz invisível: o Filho é como a luz incorporada; o Espírito é a luz lançada ao redor’. ‘O Pai é como o orvalho, vapor invisível; o Filho é como o orvalho reunido numa bela forma; o Espírito é como o orvalho caído na sede da vida’. Outra representação: ‘O Pai é como o vapor invisível; o Filho como a nuvem plúmbea; o Espírito é a chuva caída e operando em poder refrigerante’.

“Todas essas representações espiritualísticas são simplesmente vãs. São imperfeitas, inverídicas. Elas enfraquecem e reduzem a Majestade a que nenhuma semelhança terrena pode comparar-se. Deus não pode ser comparado com coisas que Suas mãos fizeram. Estas são meras coisas terrenas, sofrendo sob a maldição de Deus por causa dos pecados do homem. O Pai não pode ser descrito pelas coisas da Terra. O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e é invisível à vista mortal.

“O Filho é toda a plenitude da Divindade manifesta. A Palavra de Deus O declara como ‘a expressa imagem de Sua pessoa’. ‘Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’. Aqui é mostrada a personalidade do Pai.

“O Confortador que Cristo prometeu enviar após ter ascendido ao céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da divina graça a todos quantos recebem a Cristo e crêem Nele como um Salvador pessoal. Há três pessoas viventes no trio celestial”. SpT, Série B, No. 7, pp. 62, 63 (1905).

Uma errada interpretação de João 17:3 tem levado muitas almas sinceras a desviar-se para longe no caminho do erro. Conhecer “o único Deus e a Jesus Cristo” não significa “especular nos mistérios da Divindade”. Como meros mortais, não devemos presumir formar conjecturas sobre a majestade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A natureza dos “três dignitários e potestades do céu” (6BC 1075) não nos foi revelada ou a qualquer ser humano. A relação entre o Pai e o Filho não está dentro do domínio de nosso conhecimento especulativo.  Devemos nos abster de pressuposição e nunca reivindicar conhecer mais do que o que está escrito e nunca forçar a Bíblia ou o Espírito de Profecia a dizer o que não dizem.

 “Assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas”. João 10:15.

“Ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Mateus 11:27.

“A revelação de Si mesmo que Deus concede em Sua Palavra é para o nosso estudo. Isto podemos buscar compreender. Mas além disso não devemos penetrar. O mais elevado intelecto pode empenhar-se até estar exaurido em conjecturas com respeito à natureza de Deus; mas o esforço será infrutífero. Este problema não nos foi dado resolver. Nenhuma mente humana pode compreender a Deus. Que o homem finito não tente interpretá-Lo. Que ninguém se empenhe em especulação concernente a Sua natureza. Aqui o silêncio é eloqüência”. 8T 279.

“Mas ao mesmo tempo que a palavra de Deus fala da humanidade de Cristo quando aqui na terra, também fala ela positivamente em Sua preexistência. A palavra existiu como ser divino, a saber, o eterno Filho de Deus, em união e unidade com Seu Pai. Desde a eternidade era Ele o mediador do concerto, Aquele em quem todas as nações da terra, tanto judeus como gentios, se O aceitassem, seriam benditos. "O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." João 1:1. Antes de serem criados homens ou anjos, a Palavra (ou Verbo) estava com Deus e era Deus. O mundo foi feito por Ele, "e sem Ele nada do que foi feito se fez." João 1:3. Se Cristo fez todas as coisas, existiu Ele antes de todas as coisas. As palavras faladas com respeito a isso são tão positivas que ninguém precisa deixar-se ficar em dúvida. Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre. O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai.” ME I 247

Há luz e glória na verdade de que Cristo era um com Seu Pai antes de terem sido lançados os fundamentos do mundo. Esta é a luz que brilhava em lugar escuro, fazendo-o resplandecer com a divina glória original. Esta verdade, infinitamente misteriosa em si, explica outros mistérios e verdades de outro modo inexplicáveis, ao mesmo tempo que se reveste de luz inacessível e incompreensível... "Nós pregamos a Cristo crucificado", declarou Paulo, "que é escândalo para os Judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus." I Coríntios 1:23,24. Que Deus assim Se manifestasse na carne é na verdade um mistério; e sem o auxilio do Espírito Santo não podemos esperar compreender este assunto. ME I 248, 249.

“A limitada capacidade do homem não pode definir esse maravilhoso mistério--a fusão das duas naturezas [em Cristo], a divina e a humana. Nunca pode ser explicada. O homem deve maravilhar-se e guardar silêncio”. -- The Ellen G. White 1888 Materials [Materiais de Ellen G. White de 1888], p. 332.

"Não é essencial que sejamos capazes de definir exactamente o que seja o Espírito Santo. Cristo nos diz que o Espírito é o Consolador... A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem reunir-se passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a tais mistérios - demasiado profundos para o entendimento humano - o silêncio é ouro."  AA 51, 52.

“O Espírito de Deus tem o alcance ilimitado do universo celestial; e não é do âmbito da mente humana finita limitar o seu poder ou prescrever suas operações. Que ninguém pronuncie julgamento sobre o Espírito Santo, pois ele pronunciará juízo sobre os que fazem isso”. RH 25 de agosto de 1896.

Ao lermos essas declarações devemos nos maravilhar por que algumas pessoas estão ainda se aventurando nesse terreno proibido e perigoso. Todas as nossas especulações humanas nesta área, todos os nossos julgamentos, com todas as explicações fantasiosas que possamos tentar dar, são meras imaginações falaciosas.

“O plano de redenção é-nos exposto, de modo que toda alma possa ver os passos que deve dar em arrependimento perante Deus e fé para com nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de ser salvo na maneira designada por Deus; contudo abaixo dessas verdades, tão facilmente compreendidas, jazem mistérios que são o esconderijo de Sua glória--mistérios que sobrepassam a mente em sua pesquisa , contudo inspiram o sincero buscador da verdade com reverência e fé. . . . Os que se dispõem assim a aceitar os oráculos vivos sobre a autoridade de Deus são abençoados com mais clara luz. Se solicitados a explicar certas declarações, podem somente responder: ‘É apresentado assim nas Escrituras’. São obrigados a reconhecer que não podem explicar a operação do divino poder ou a manifestação da sabedoria divina”. 5T 700, 701.

"Ao invés das especulações do homem, deixe que a palavra de Deus seja pregada." DA 827.

"No que diz respeito à personalidade e prerrogativas de Deus, onde Ele está, e o que Ele é, este é um assunto no qual não devemos ousar tocar. Sobre este tema o silêncio é eloquência. São aqueles que nenhum conhecimento experimental têm de Deus, que se aventuram a especular a Seu respeito. Conhecessem mais dEle, teriam eles mesmos o que dizer acerca do que Ele é... É infinito e omnipresente... Devemos aferir a nossa fé por um claro "Assim diz o Senhor"... O homem cego espiritualmente é facilmente levado por aqueles que aproveitam toda a oportunidade para desenvolver teorias e conjecturas com respeito a Deus. A pessoa enganada por Satanás comunica ao semelhante a nova luz que supõe ter recebido, da mesma forma que Eva pôs o fruto proibido na mão de Adão... Deus não desculpa homens por ensinarem teorias que Cristo não ensinou. Ele pede ao Seu exército de obreiros que entre em fila, tomando sua posição sob o estandarte da verdade. Ele os adverte a se precaverem de ocupar o tempo na discussão de assuntos que Deus não autorizou ser humano algum a discutir." Medicina e Salvação p. 92 e 93.

Em vista das repetidas advertências de Deus, permaneçamos firmados no fundamento sobre o qual ele colocou o Movimento ASD de Reforma--a infalível Palavra de Deus--e sejamos cuidadosos para não irmos além de um repetido “Está escrito”.

 

Capítulo V

A DIVINDADE NO PLANO DE SALVAÇÃO

O plano de salvação foi fundado sobre “o princípio de restaurar na raça caída à divina imagem por uma constante manifestação de benevolência”.

"Essa obra começou nas cortes celestiais. Aí Deus resolveu dar aos seres humanos inconfundível demonstração do amor com o qual Ele os considerava. Ele 2amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Jo 3:16. Conselhos Sobre Saúde p. 222.

“Mediante Cristo a obra sobre a qual o cumprimento do propósito de Deus repousa foi cumprida. Este foi o acordo nos concílios da Divindade”. Carta 126, 1890 (21MR 54).

"A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si mesmos ao estabelecer o plano da redenção."  Conselhos Sobre Saúde p. 222.

Alguns professos crentes na tríplice mensagem lêem que “mesmo os anjos não tiveram permissão de compartilhar os conselhos entre o Pai e o Filho quando o plano de redenção foi traçado” (8T 279; PP 34; GC 493), e proclamam que, uma vez que o Espírito Santo não é mencionado nessas declarações, Ele não estava presente. Contrariamente ao que consta de CH 222, vêem a Divindade composta somente de dois Dignitários Celestiais. A evidência não nos permite aceitar essa idéia. Não há coisa tal como uma Divindade em duas pessoas.

 

1. Três Seres divinos, ou Dignitários, ou Pessoas

Disse Jesus: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada”. João 14:23. Estas palavras não sugerem que, uma vez que o Espírito Santo não é mencionado, Ele está excluído. Não! O Espírito Santo está sempre presente com o Pai e o Filho. E. G.White explica este verso (João 14:23) como segue: “Nós, ou seja, o Pai, Filho, e o Espírito Santo, [virão] e faremos nossa morada nele”. Carta 43, 1893 (8MR 408). Ler Salmo 139:7-10.

Em 1 João 1:3 lemos: “nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo”. O Espírito Santo não é mencionado. Significa isso que não devemos ter comunhão com Ele? Se seguíssemos o método de interpretação adotada por alguns antitrinitarianos, deveríamos dizer: O Espírito Santo está fora, porque não há referência a uma terceira Pessoa. Mas tal conclusão nos poria em conflito com outro verso. Paulo escreve: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. 2 Coríntios 13:13. Assim, na interpretação da Bíblia e nos escritos de E. G. White, sejamos cuidadosos para não sermos seletivamente unilaterais.

“Há três pessoas vivas no trio celestial”. SpT, Série B, No. 7, p. 62.

“A eterna Divindade--o Pai, o Filho e o Espírito Santo--está envolvida na ação requerida para dar garantia ao agente humano. . . “. Ms 45, 14 de maio de 1904 (UL 148).

“O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão comprometidos a cooperar com instrumentalidades humanas santificadas”. RH, 17 de maio de 1906 (6 BC 1075).

“O Pai, Cristo, e o Espírito Santo--os três dignitários e poderes do céu--comprometem-se a que toda faculdade nos será dada ao exercermos os nossos votos batismais. . . “. Ms 85, 1901 (6BC 1075).

“Sois nascido para Deus, e permaneceis sob a sanção e poder dos três seres mais santos do céu, que são capazes de guardar-vos de cair”. 7MR 480.

“Os três grandes e gloriosos personagens celestiais estão presente na ocasião do batismo. . . . Todo o céu é representado por esses três em relacionamento de concerto com a nova vida”. Ms 45, 1904 (6MR 389).

“Os grandes poderes do céu são testemunhas. Eles estão invisíveis, mas presentes”. Ms 57, 1900 (6BC 1074).

“Os três grandes poderes da Divindade têm comprometido o seu poder para levar avante o propósito que Deus tinha em mente quando deu ao mundo o inexprimível dom de Seu Filho. . . . O Espírito Santo se une com os poderes de graça que Deus propiciou para conduzir almas a Cristo”. RH 18 de julho de 1907.

"Existe um Deus pessoal, o Pai; existe um Cristo pessoal, o Filho". 6BC 1068.

E sobre o Espírito Santo? "O Espírito Santo é uma pessoa... O Espírito Santo tem personalidade... *Tem de ser uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente humana de Deus. EV 617.  [*A CPB traduziu deve ser, mas no original must be, literalmente quer dizer, tem de ser]

“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo . . . é tanto uma pessoa quanto Deus é uma pessoa. . . “. Ms 66, 1899 (Ev 616).

“Cristo declarou que, após Sua ascensão, Ele enviaria a Sua Igreja, como Sua dádiva coroadora, o Confortador, que devia tomar o Seu lugar. Esse Confortador é o Espírito Santo. . . . Com seu Espírito Cristo envia uma influência reconciliadora e um poder que remove o pecado. . . . O Espírito foi dado como uma agência regeneradora. . . . O pecado só poderia ser resistido e vencido mediante a poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, que viria com energia não modificada, mas na plenitude do poder divino”. RH 19 de maio de 1904 (Ver também DTN 671).

“O Espírito Santo é o Confortador, em nome de Cristo. Ele personifica a Cristo, contudo é uma personalidade distinta”. 20MR 324.

“O Espírito Santo é uma agência livre, operante, independente”. RH 5 de maio de 1896; ST 8 de março de 1910.

 

2. Os Seres celestiais intimamente associados entre si

Desde a queda de nossos primeiros pais, tanto agências humanas quanto divinas foram alistadas para a obra da salvação, em cooperação com o Espírito Santo.

Aqueles que se consagram de coração a Deus, trabalhando pela salvação de pecadores, recebem uma nova dotação do poder físico e mental da Divindade toda manhã.

"A vida, a morte e a mediação do Salvador, o ministério dos anjos, os apelos do Espírito, o Pai operando acima de todos e por meio de todos, o interesse incessante dos seres celestiais, tudo se empenha em favor da redenção do homem." Aos Pés de Cristo p. 18. Edição Portugal (Caminho a Cristo 21).

"Cristo lhes dá o alento de Seu próprio espírito, a vida de Sua própria vida. O Espírito Santo desenvolve Suas mais elevadas energias para operarem no coração e na mente. A graça divina amplia-lhes e multiplica-lhes as faculdades, e toda perfeição da divina natureza lhes acode em auxílio na obra de salvar almas." DTN 827.

"(Os seguidores de Cristo) Têm de contender contra forças sobrenaturais, mas é-lhes assegurado sobrenatural auxílio. Todos os espíritos celestes se acham nesse exército. E mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha. Muitas podem ser nossas fraquezas, pecados e erros graves; mas a graça de Deus é para todos quantos a buscam em contrição. O poder da Onipotência acha-se empenhado em favor dos que confiam em Deus." DTN 352.

“Cristãos deve unir-se a cristão, igreja a igreja, a instrumentalidade humana cooperando com a divina, toda agência subordinada ao Espírito Santo, e todos combinados em dar ao mundo as boas novas da graça de Deus”. ChS 14.

O Espírito Santo é evidentemente mais do que uma influência impessoal. Ele é o “representante do Capitão do exército do Senhor”. Entre as “inteligências” celestiais, Ele é Aquele que é “mais do que anjos”. Ele é a terceira “pessoa viva” na “eterna Divindade”. Ele foi comissionado a “descer para dirigir a batalha”. Portanto, devemos estar a Ele “subordinados”.

 

Capítulo VI

O QUE SABEMOS A RESPEITO DO ESPÍRITO SANTO?

A palavra espírito é geralmente empregada para traduzir o termo hebraico ruach no Velho Testamento, e o termo grego pneuma, no Novo Testamento. Semelhantemente a ruach e pneuma, espírito tem diferentes conotações que revelam amplas distinções.          A menos que se tenham em mente essas distinções, pode haver confusão no apropriado entendimento da palavra “espírito” quando o sentido é o Espírito Santo

1. O fôlego de vida unido ao princípio de vida, que está presente no homem e nos animais. Gênesis 7:15; Salmo 104:29, 30; Salmo 146:4; Isaías 2:22; Apocalipse 11:11.

2. Força, energia, coragem, entusiasmo. Juízes 15:19; 1 Samuel 30:12; 1 Reis 10:5; Salmo 76:12.

3. A mente, faculdades intelectuais, pensamentos, hábitos, etc. Deuteronômio 2:30; Mateus 5:3; Marcos 2:8; Atos 17:16; 1 Coríntios 5:3; 6:20; Colossenses 2:5.

4. Atitude, mentalidade. Provérbios 14:29; 16:18

a) Disposição moral e intelectual, sob a influência do Espírito Santo, inteiramente orientada para Deus. 2 Coríntios 4:13; 2 Coríntios 12:18; Gálatas 5:16.

b) Disposição moral e intelectual, sob a influência de Satanás, orientado para o mundo. 1 Coríntios 2:12; 2 Coríntios 7:1.

5. Personalidade, individualidade, caráter. Romanos 8:16; Eclesiastes 12:7; Atos 7:59; 1 Coríntios 5:5; 1 João 4:2, 3.

“Nossa identidade pessoal é preservada na ressurreição, conquanto não as mesmas partículas de matéria ou substância material como depositadas na sepultura. As maravilhosas obras de Deus são um mistério ao homem. O espírito, o caráter do homem, retorna para Deus, para ali serem preservados. Na ressurreição todo homem terá o seu próprio caráter. Deus em Seu próprio tempo chamará os mortos, dando-lhes novamente o fôlego de vida, e ordenando aos ossos secos que vivam. A mesmo forma sairá, mas estará livre de doença e todo defeito. Vive novamente trazendo a mesma individualidade de feições, de modo que amigo reconhecerá a amigo. Não há lei de Deus na natureza, que revele que Deus retorna as mesmas partículas idênticas de matéria que compuseram o corpo antes da morte. Deus dará aos justos mortos um corpo que O compraza (MS 76, 1900)”. 6BC 1093.

6. Um mensageiro de Deus ou Satanás (anjos bons ou maus). Jó 4:15-17; Mateus 12:43; Marcos 9:20; Atos 23:8, 9; Hebreus 1:7,13,14.

As descrições bíblicas do Espírito Santo se harmonizam com a idéia de uma personalidade ou individualidade, como veremos neste e outro capítulo.

No Velho Testamento, o Espírito Santo é mencionado 88 vezes; no Novo Testamento, 262 vezes.

“A natureza do Espírito Santo é um mistério não claramente revelado, e nunca sereis capazes de explicá-lo a outros porque o Senhor não o revelou a vós. Podeis reunir passagens e colocar vossa construção das mesmas, mas a aplicação não é correta. . . . Podeis levar alguns a aceitarem vossas explicações, mas não lhes prestai nenhum bem. . . . Não nos é essencial ser capazes de definir exatamente o que é o Espírito Santo. . . . Há muitos mistérios que não busco compreender ou explicar; são-me muito elevados, e são-vos muito elevados. Em alguns desses pontos, o silêncio é de ouro”. Ms 1107.

Algumas pessoas crêem que o Espírito Santo é somente uma essência divina que emana do Pai e do Filho, um poder desvestido de inteligência, uma influência impessoal destituída de individualidade. Muitos versos da Bíblia e declarações do Espírito de Profecia mostram que tal conceito é insustentável.

 

1. O Espírito Santo é o representante de Cristo sobre a Terra, como Cristo foi o representante do Pai.

“Ele [Cristo] postou-se perante a raça humana como o representante do Pai”. RH 30 de setembro de 1909.

"O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e dela independente." DTN 669.

“Que dádiva poderia Ele [Cristo] conceder que fosse suficientemente rica para assinalar e agraciar Sua ascensão ao trono mediatório? Deve ser digna de Sua grandeza e realeza. Ele determinou conceder o Seu representante, a terceira pessoa da Divindade. Essa dádiva não podia ser superada. Ele daria todos os dons em um, e portanto o Espírito Santo, esse poder convertedor, iluminador e santificador, seria a Sua doação”. ST 1 de dezembro de 1898.

“Quando o povo de Deus buscar nas Escrituras com um desejo de conhecer o que é verdade, Jesus estará presente na pessoa de Seu representante, o Espírito Santo…” 12MR 145.

 

2. O Espírito Santo é o Confortador.

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre”. João 14:16.

“O Ajudador. . . vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”. João 14:26.

“O Confortador é o Espírito Santo--a alma de Sua vida, a eficácia de sua Igreja, a luz e vida do mundo”. RH 19 de maio de 1904.

“O Espírito Santo é o Confortador, como a presença pessoal de Cristo para a alma”. RH 29 de novembro de 1892.

 

3. O Espírito Santo é o sucessor de Cristo.

Mas enquanto Cristo estava na Terra, os discípulos não tinham desejado nenhum outro auxiliador... Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra." DTN 669.

 

4. O Espírito Santo é a presença interior de Cristo

“Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós”. João 14:18.

“O Espírito divino que o Redentor do mundo prometeu enviar é a presença e poder de Deus”. ST 16 de novembro de 1891.

“O Espírito Santo [é] o próprio Cristo habitando no interior. . “. NL 79.

“Ora, o Senhor é o Espírito”. 2 Coríntios 3:17.

“Que Cristo devesse manifestar-Se a eles, contudo permanecer invisível ao mundo, era-lhes um mistério. . . . Eles não podiam assumir o fato de que podiam ter a presença de Cristo com eles, sendo, contudo, invisível para o mundo”. ST 18 de novembro de 1897.

“Nenhum legado mais valioso podia Ele ter-lhes deixado do que a promessa de Sua permanente presença”. Ms 24, 1903.

“Embaraçado com a humanidade, Cristo não poderia estar em todo lugar pessoalmente; portanto . . . enviaria o Espírito Santo para ser o Seu sucessor sobre a Terra. O Espírito Santo é Ele próprio desvestido da personalidade humana e dela independente. Ele Se representaria como presente em todos os lugares por Seu Santo Espírito, como o Onipresente”. 14MR 23.

Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto. DTN 669

Assim como “o próprio Deus [o Pai] , em Seu Filho unigênito, assumiu a natureza humana” (ST 8 de abril de 1897), assim o Filho “Se manifestaria a Si próprio” (ST Nov. 18, 1897) a Seus seguidores mediante o Espírito Santo.

“Deus enviou o Espírito de Seu Filho aos vossos corações”. Gálatas 4:6.

“Enquanto Cristo está habitando no coração pelo Seu Espírito, é impossível que a luz de sua presença seja ocultada ou diminua”. ST. 20 de outubro de 1897.

Se essa é a nossa experiência, podemos dizer com o apóstolo Paulo, “Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. Gálatas 2:20.

 

5. O Espírito Santo é a Mente Divina.

“Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.”. 1 Coríntios 2:16.

"Essas instituições devem estar sob a direção do Espírito Santo de Deus; em nehuma isntituição deve  homem algum ser a única cabeça. A Mente Divina tem homens para cada lugar." CSS 524.

 

6. O Espírito Santo é a influência vital de Cristo.

“Jesus deseja soprar sobre todos os Seus discípulos, e dar-lhes a inspiração de Seu Espírito santificador, e infundir a influência vital Dele sobre o Seu povo”. ST 3 de outubro de 1892.

 

7. O Espírito Santo é uma agência regeneradora.

“E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”. 1 Coríntios 6:11.

“O Espírito foi dado como uma agência regeneradora, e sem isto o sacrifício de Cristo teria sido em vão. . . . O pecado podia ser resistido e vencido somente mediante a poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, que viria sem energia modificada, mas na plenitude do poder divino. . . . Cristo concedeu o Seu Espírito como um divino poder para vencer todas as tendências hereditárias e cultivadas para o mal, e para impressionar o seu próprio caráter sobre a Igreja”. RH 19 de maio de 1904.

As palavras “agente” e “agência” são usadas intercambiavelmente. Ver exemplo em DTN 671

 

8. O Espírito Santo é o único mestre eficaz da verdade divina.

“Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”. João 16:13.

"Jesus viu que não (os discipulos)  apreendiam o verdadeiro sentido de Suas palavras. Prometeu compassivamente que o Espírito Santo lhes havia de trazer essas palavras à memória. E deixara por dizer muitas coisas que os discípulos não compreendiam. A essas também o Espírito lhes abriria o entendimento, para que apreciassem as coisas celestiais..."

"O Consolador é chamado “o Espírito de verdade”. Sua obra é definir e manter a verdade... Por intermédio das Escrituras o Espírito Santo fala à mente, e grava a verdade no coração. Assim expõe o erro, expelindo-o da alma..."

"A pregação da Palavra não será de nenhum proveito sem a contínua presença e ajuda do Espírito Santo. Este é o único Mestre eficaz da verdade divina. Unicamente quando a verdade chega ao coração acompanhada pelo Espírito, vivificará a consciência e transformará a vida." DTN 670-672.

 

9. O Espírito Santo é o grande ajudador.

"O Espírito Santo seria o grande Ajudador... ME III 137.

"Há os que dizem: 'Alguém manipula seus escritos.' Reconheço a procedência da acusação. É alguém que é poderoso em conselho, Alguém que me apresenta a condição das coisas. ME III 64.

 

10. O Espírito Santo é um Vigilante celestial.

""Enaquanto escrevia sobre o décimo quinto capitulo de João, de repente me sobreveio maravilhosa paz. O quarto todo parecia estar repleto da atmosfera do Céu. Parecia haver no quarto uma santa e sagrada presença. Depus a pena e fiquei em atitude de expectativa, para ver o que o Espírito iria dizer-me. Não ouvi nenhuma voz audível, mas um observador celestial parecia estar bem perto de mim; percebi que me encontrava na presença de Jesus." 3ME 35.

"O santo Vigia do Céu acha-Se presente nesses períodos para torná-los uma ocasião de exame de consciência, de convicção de pecado, e de bendita segurança de pecados perdoados. Cristo, na plenitude de Sua graça, acha-Se aí para mudar a corrente dos pensamentos que têm seguido direções egoístas. O Espírito Santo aviva as sensibilidades dos que seguem o exemplo de seu Senhor." DTN 650.

 

11. O Espírito Santo é nosso intercessor sobre a Terra.

Enquanto Jesus é nosso Parakletos (Advogado) na presença do Pai no céu (1 João 2:1), o Espírito Santo é nosso Parakletos (Advogado) bem ao nosso lado sobre a Terra (João 14:16; Romanos 8:26,27). A mesma palavra grega,  parakletos, é traduzida como “confortador” em João 14:16 e como “advogado” em 1 João 2:1.

"Precisamos não só pedir em nome de Cristo, mas também pela inspiração do Espírito Santo. Isto explica o que significa o dito de que: 'O mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimiveis." Rom. 8:26. Tais orações Deus Se deleita em atender." PJ 147.

"Cristo, nosso Mediador, e o Espírito Santo estão constantemente intercedendo em favor do homem, mas o Espírito não pleiteia por nós como faz Cristo, que apresenta Seu sangue, derramando desde a fundação do mundo; o Espírito opera em nosso coração, extraindo dele orações e penitência, louvor e ações de graças."  1ME 344.

“Jesus disse que iria nos dar o Confortador. O que é o Confortador? É o Espírito Santo de Deus. O que é o Espírito Santo? É o representante de Jesus Cristo, é nosso Advogado que se posta ao nosso lado e apresenta nossas petições perante o Pai com toda fragrância com os Seus méritos [de Cristo]”. Ms 43, 1894 (RC 285).

“O Espírito Santo, enviado em nome de Cristo, devia ensiná-los [os discípulos] todas as coisas, e trazer-lhes todas as coisas à lembrança. O Espírito Santo devia ser o representante de Cristo, o Advogado que está constantemente pleiteando pela raça caída. . . . Ele [Cristo] assegura-vos que o Espírito Santo foi dado para habitar convosco para sempre, ser vosso pleiteador e vosso guia. Ele pede que confieis Nele, e que vos confieis a Sua guarda. O Espírito Santo está constantemente em operação, ensinando, recordando, testificando, vindo à alma como um confortador divino, e convencendo do pecado como um juiz designado e guia”. Ms 44, 1897 (RC 129).

 

12. O Espírito Santo é nosso Conselheiro.

“Todo indivíduo que recebe a Jesus como seu Salvador pessoal, tão certamente recebe o Espírito Santo para ser o seu Consolador, Santificador, Guia e Testemunha”. Ms 1, 5 de janeiro de 1894 (UL 19).

 

Capítulo VII

MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

Cristo disse: “Aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”. João 14:21. Cristo Se manifesta a nós mediante o Confortador, o Espírito Santo. E o Espírito Santo realiza ações atribuíveis somente a um ser inteligente. É aí onde algumas pessoas se metem em desnecessária dificuldade quando pensam que a inteligência pertence somente a uma pessoa com uma forma corporal. Daí, perguntam como o Espírito Santo, sem um corpo tangível, sem uma aparência física, poderia ser tratado como uma individualidade consciente. Não há dúvida de que o Pai e o Filho falam e agem mediante o Espírito Santo. Mas um bom número de passagens mostra que o próprio Espírito Santo faz a mesma coisa. Ele também fala e age como “uma agência independente”. Isto mostra uma vez mais que a mente humana finita não deve especular quanto aos mistérios do Deus Infinito. Aceitemos pela fé o que está além de nosso entendimento.

 

1. Ações conscientes e inteligentes

Como explicado na seção prévia, uma quantidade de versos da Bíblia e declarações do Espírito de Profecia representam o Espírito Santo como uma personalidade distinta. Aqui estão uns poucos exemplos das Escrituras:

a) O Senhor tem uma mente (Romanos 11:34; I Coríntios 2:16), e o mesmo se dá com o Espírito Santo.

Paulo escreve: “E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito”. Romanos 8:27. “Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está?”, “pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus”. 1 Coríntios 2:11, 10

“O Espírito Santo é uma pessoa; pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. Uma vez dado este testemunho, traz consigo mesmo sua própria evidência... O Espírito Santo tem uma personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve também ser uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus. 1906. Evangelismo págs. 616, 617.

Segundo estas passagens, ambos devem ter uma personalidade distinta, porque Deus pode ler a mente do Espírito e o Espírito pode ler a mente de Deus.

“O Espírito, sendo Deus, conhece a mente de Deus”. ST 3 de outubro de 1892.

 

b) O Espírito Santo tem uma mente, que o capacitaria a falar por Sua autoridade, mas Ele fala somente aquilo que ouve Daquele que O enviou.

O Espírito Santo ouve (João 16:13); fala (Ezequiel 2:2; 3:24; 11:5; Atos 2:4; 8:29, 39; 10:19; 11:12, 28;16:7; 28:25); luta com os pecadores (Gênesis 6:3); apela-lhes (RH 12 de maio de 1896); reprova e os convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8); ensina os discípulos e traz as palavras de Cristo a sua lembrança (João 14:26); revela o que lhes é desconhecido (Lucas 2:26); anuncia eventos futuros (João 16:13); adverte-os de provas e aflições vindouras (Atos 20:23; 21:11); proíbe-lhes certas coisas (Atos 16:6); faz intercessão por eles (Romanos 8:26); apresenta mensagens às pessoas mediante os profetas (2 Pedro 1:21); envia mensageiros para o campo de trabalho (Atos 13:4); etc.

“Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras”. João 16:13.

"Declara-se positivamente, a respeito do Espírito Santo, que, em Sua obra de guiar os homens em toda a verdade, 'não falará de Si mesmo'". AA 51.

“O Espírito de Deus está apelando aos homens, apresentando-lhes sua obrigação moral de amá-Lo e servi-Lo . . “. RH 12 de maio de 1896.

“Que ninguém pronuncie julgamento sobre o Espírito Santo; pois Ele pronunciará juízo sobre os que isso fizerem”. RH 25 de agosto de 1896.

Se o Espírito Santo pode realizar todas essas coisas, não há dúvida de que Ele é mais do que uma influência impessoal.

 

c) O Espírito Santo tem uma mente: Ele aprova as coisas que Lhe parecem boas.

“Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas necessárias”. Atos 15:28.

 

d) O Espírito Santo tem uma vontade.

“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, . . . a profecia; . . . a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer”. 1 Coríntios 12:7-11.

 

e) O Espírito Santo tem uma capacidade para amar.

A Bíblia fala do amor de Deus (1 João 2:5, 15; 3:16, 17) e do amor do Espírito (Romanos 15:30).

 

f) O Espírito Santo é susceptível de ser ofendido, insultado, tentado e objeto de mentira. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus”. Efésios 4:30.

“Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor?” Atos 5:9.

“Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo?” Atos 5:3.

 

g) O Espírito Santo dá ordens e refere-se a Si mesmo como uma individualidade, empregando os pronomes pessoais “eu” e “me”.

“Enquanto eles [certos profetas e mestres] ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Atos 13:2.

 

h) O Espírito Santo glorifica a Cristo como Cristo glorifica ao Pai.

Ler João 16:14; 17:1.

“Do Espírito Santo Jesus disse: ‘Ele Me glorificará’. O Salvador veio para glorificar o Pai pela demonstração de Seu amor; assim o Espírito devia glorificar a Cristo pela revelação de Sua graça ao mundo”. RH 9 de novembro de 1908.

 

i) Assim como Cristo é nosso Parakletos no céu (1 João 2:1), o Espírito Santo é nosso Parakletos sobre a Terra (João 14:16, 26). Parakletos significa advogado, defensor, confortador. Em ambos os casos o mesmo título aponta a uma personalidade. Este título não se ajusta a um poder inanimado, inconsciente, sem inteligência.

 

j) Uma vez que o Espírito Santo é referido como uma personalidade consciente e inteligente, em íntima associação com dois outros Seres celestes conscientes e inteligentes, quais seja, o Pai e o Filho, não podemos pensar Nele como sendo somente uma força inanimada. Considerem estes versos bíblicos:

“Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito”. Isaías 48:16.

“ E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador [no grego Parakletos], para que fique convosco para sempre. . . . Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu [o Filho] tenho dito”. João 14:16, 26.

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. 2 Coríntios 13:13.

É nosso privilégio ter a comunhão “comunhão do Espírito” (Filipenses 2:1).

Os conversos devem ser batizados “no nome do Pai, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Mateus 28:19).

Recebemos bênçãos, não só do Pai e do Filho, mas também do O Espírito Santo. João escreveu:

“Graça a vós e paz da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos [isto é, da sétupla manifestação do Espírito Santo] que estão diante do seu trono. . “.  Apocalipse 1:4, 5.

Os comentaristas adventistas mantêm o seguinte ponto de vista: “A associação aqui dos ‘sete espíritos’ com o Pai e com Cristo, como igualmente a fonte da graça e paz cristãs, deixa implícito que representam o Espírito Santo”. -- Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 7, p. 733.

Tal linguagem deve ser entendida como reza. Ler todos os versos citados neste capítulo e dizer que representam o Espírito Santo como uma influência impessoal ou um poder sem inteligência, e nada além disso, é um exercício muito esquisito em semântica. É uma inútil tentativa de apego a impossibilidades. É como tentar forçar um grande pino quadrado dentro de um pequeno orifício redondo. Se não tivéssemos o Espírito de Profecia, então esses versos bíblicos não seriam suficientes. Mas uma vez que temos o Espírito de Profecia, esperamos que os escritos da pena inspirada estejam em perfeita harmonia com as Escrituras. E estão. Ficaríamos chocados e desapontados se a serva do Senhor, E. G. White, tivesse falado do Espírito Santo, não como uma personalidade inteligente, mas somente como uma influência impessoal.

Portanto, nenhuma evidência adicional, seja bíblica ou do Espírito de Profecia, se faz necessária para convencer-nos de que o Espírito Santo é uma “pessoa viva” (SpT, B 7, 62), um dos três “seres santíssimos” (7MR 480), uma “agência independente” (RH 5 de maio de 1896), um dos três “caracteres celestiais” (6MR 389), um “dignitário pessoal” (7BC 959), um dos três poderes “infinitos e oniscientes” (6BC 1075), “uma personalidade distinta” (20MR 324), um dos “três grandes dignitários” (7MR 267) exercendo ações conscientes e inteligentes.

 

2. Participação do Espírito Santo na obra de salvação

Sob o título anterior vimos que o Espírito Santo está constantemente em ação, pleiteando em nosso benefício, guiando-nos em toda a verdade, lembrando, testificando, confortando, convencendo do pecado, etc.

Eis aqui mais evidência:

 

a) Temos acesso ao Pai mediante Cristo pelo Espírito Santo.

Ler João 14:6.

“Porque por ele ambos [judeus e gentios] temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito”.

Efésios 2:18.

“O Pai concedeu o Seu Filho por nós para que mediante o Filho o Espírito Santo pudesse vir a nós e conduzir-nos ao Pai”. ST e de outubro de 1892.

 

b) Cristo prometeu habitar conosco mediante o Espírito Santo.

Ler João 14:18-21, 23; 1 Coríntios 3:16; Gálatas 4:6.

A promessa de Cristo será cumprida sob uma condição -- obediência. João 14:15, 23; Atos 5:32; 1 João 3:24.

“‘ Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada’. (João 14:23). Nós, ou seja, o Pai, Filho e o Espírito Santo, [viremos] para ele e faremos nele morada”. Carta 43, 1893 (8MR 408).

 

c) O Espírito Santo está presente quando o pecador arrependido faz um concerto com Deus mediante o batismo.

Ler Mateus 28:19.

“Cristo tornou o batismo a entrada para o Seu reino espiritual. Ele tornou isto uma condição positiva que todos devem acatar se desejam ser reconhecidos como estando sob a autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. 6BC 1075.

“Após a alma crente ter recebido a ordenança do batismo, deve ter em mente que é dedicado a Deus, a Cristo e ao Espírito Santo. Estes três cooperam todos na grande obra do concerto cumprida pelo batismo à vista do universo celestial. O pai, o Filho, o Espírito Santo recebem a alma crente num relacionamento de concerto com Deus”. Ms 56, 1900 (6MR 163).

“A obra é apresentada perante toda alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo e se torna um recebedor do compromisso das três pessoas -- o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. Ms 57, 1900 (6 BC 959).

“Quando vos destes a Cristo, assumistes um compromisso na presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo--os três grandes dignitários pessoais do céu”. Ms 92, 1901 (7BC 959).

“Há três pessoas vivas no trio celestial. No nome desses três poderes--o Pai, o Filho e o Espírito Santo--os que recebem a Cristo pela fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os obedientes súditos do céu em seus esforços por viver uma nova vida em Cristo”. SpT, Série B, No. 7, p. 63 (Bible Training School, March 1, 1906).

“Aqui é onde a obra do Espírito Santo entra, após o seu batismo. Sois batizados no nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Sois levantados das águas para viverdes daí em diante em novidade de vida. Sois nascidos para Deus, e permaneceis sob a sanção e poder dos três santíssimos seres do céu, que são capazes de guardar-vos de cair. . . . Quando me sinto oprimida, e mal sei como relacionar-me com a obra que Deus me deu para cumprir, apenas recorro aos três grandes dignitários e digo: Sabeis que eu não posso realizar esta obra por minhas próprias forças. Deveis operar em mim, e por mim, e por meu intermédio, santificando a minha língua, santificando o meu espírito, santificando as minhas palavras . . “. Ms 95, 1906 (7 MR 267).

Um dignitário é uma “pessoa de eminente valor, mérito ou posição” (dicionário).

“Após termos formado uma união com o grande poder tríplice, consideraremos nosso dever para com os membros da família de Deus com respeito muito mais sagrado do que jamais fizemos antes”. Ms 11, 1901 (6BC 1102).

 

d) Somos santificados por ter comunhão com os Três Seres Santíssimos.

Ler 2 Coríntios 13:14; 2 Tessalonicenses 2:13.

“Nossa santificação é obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É o cumprimento do concerto que Deus fez com aqueles que se ligam a Ele, para permanecerem em pé com Ele, com o Seu Filho e com o Seu Espírito em comunhão”. Ms 11, 1901 (ST 19 de junho de 1901; 7BC 908).

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. 2 Coríntios 13:13 (RSV).

“O Pai, o Filho e o Espírito Santo, os três santos dignitários do céu, têm declarado que fortalecerão os homens a vencerem os poderes das trevas”. Ms 92, 1901 (5BC 1110).

Não carecemos de evidência adicional para nos convencer de que o Espírito Santo é “uma personalidade distinta”.

 

e) O fruto do Espírito

Numa reunião com Seus discípulos, após a Ressurreição, Cristo soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo”. João 20:22. Cristo está tão disposto a conceder-nos o Seu Espírito Santo hoje:

"Recebei o Espírito Santo, e vossos esforços serão bem-sucedidos. A presença de Cristo, eis o que dá poder." 1ME  85.

“Oh, que os débeis homens reconhecessem que é o General dos exércitos celestes que está conduzindo e dirigindo os movimentos de seus aliados sobre a Terra. O próprio Cristo é o poder renovador, operando em e mediante todo soldado pela agência do Espírito Santo”. RH 16 de julho de 1895.

“E ele [o Senhor] me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo”. 2 Coríntios 12:9.

“A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo na alma.Não vemos a Cristo nem falamos com  Ele, mas o Seu Espírito Santo  está tão próximo num lugar como em outro. Ele opera em e mediante cada um que recebe a Cristo. Aqueles que conhecem o Espírito Santo que no íntimo habita revelam os frutos do Espírito--amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fé”. Ms 41, 1897 (6BC 1112).

Ler Gálatas 6:7, 8.

 

f) Participantes da natureza divina

No processo de salvação, ao permitirmos que o Espírito Santo nos guie a toda a verdade (João 16:13), tornamo-nos “participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”. (2 Pedro 1:4).

“Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele”. 1 Coríntios 6:17 (RSV).

“Se por Seu Espírito Santo Cristo habita na alma, nossas afeições, atitudes e palavras O revelarão ao mundo”. ST 6 de janeiro de 1898.

"A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Reveste o que O recebe com os atributos de Cristo." DTN 805.

"Toda cultura e educação que o mundo pode oferecer, fracassarão em fazer de um degradado filho do pecado, um filho do céu. A energia renovadora precisa vir de Deus. A mudança só pode ser efetuada pelo Espírito Santo. Todos que quiserem ser salvos, nobres ou humildes, ricos ou pobres, precisam submeter-se à atuação deste poder. PJ 96, 97.

"Ao sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida." PJ 312.

“Temos a mente de Cristo”. 2 Coríntios 2:16.

 

g) O anseio de nossa ressurreição e salvação

“Em Cristo; . . . também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da sua glória”. Efésios 1:12-14.

“E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”. Romanos 8:11.

"Cristo tornou-Se uma mesma carne conosco, a fim de nos podermos tornar um espírito com Ele. É em virtude dessa união que havemos de ressurgir do sepulcro – não somente como manifestação do poder de Cristo, mas porque, mediante a fé, Sua vida se tornou nossa. Os que vêem a Cristo em Seu verdadeiro caráter, e O recebem no coração, têm vida eterna. É por meio do Espírito que Cristo habita em nós; e o Espírito de Deus, recebido no coração pela fé, é o princípio da vida eterna." DTN 388.

“[O crente] pode morrer, como Cristo morreu, mas a vida do Salvador está Nele. Sua vida está oculta com Cristo em Deus’.Vim para que tenham vida’, disse Jesus, ‘e vida mais abundante’. Ele leva avante o grande processo pelo qual os crentes se tornam um com Ele nesta vida presente, para serem um com Ele por toda a eternidade. . . . No último dia, Ele os ressuscitará como parte de Si mesmo. . . . Cristo tornou-se um conosco a fim de que pudéssemos tornar-nos um com Ele na eternidade”. Mar 301.

 

Capítulo VIII

ORIGEM PAGÃ?

Os antitrinitarianos alegam que o conceito de Trindade caracterizava virtualmente todas as religiões pagãs do mundo. Portanto, dizem, a crença de que “há três pessoas vivas no trio celestial” (SpT, Série B, p. 63) derivou do paganismo. Esses irmãos têm um sério problema com a Bíblia e o Espírito de Profecia. Não aceitam o que está escrito. Deviam ser francos e admitir que estão em conflito com um “Assim diz o Senhor”, porque não crêem que “os três poderes da Divindade--o Pai, o Filho e o Espírito Santo”-- são “os eternos dignitários celestiais” (Australasian Union Conference Record, 7 de outubro de 1907; Manuscript 145, 1901).

O paganismo é basicamente uma contrafação satânica da religião verdadeira. Em muitos pontos há um paralelo mas em cada caso as religiões pagãs captaram suas idéias e práticas dos verdadeiros adoradores de Deus, não o contrário. Consideremos estes exemplos:

 O conceito babilônico da criação

“A narrativa de Gênesis 1 e 2 têm pontos em comum com várias cosmogonias antigas. . . . Não foi senão até 1875 que fragmentos de um relato cuneiforme da criação [na forma de um poema épico] foram descobertos em Nínive por George Smith…. O estudo do épico inteiro revela muitos impressionantes paralelos entre as narrativas dos hebreus e dos babilônios. . . . Em cada narrativa o ato culminante é a criação do homem”. -- A Standard Bible Dictionary, pp. 153, 154.

Irão os mencionados irmãos dizer que a crença no relato da criação, segundo Gênesis 1, é de origem pagã somente porque é encontrada também nas narrativas babilônicas?

Paralelos pagãos concernentes à queda de Lúcifer

“A doutrina de Satanás tem seus paralelos nas mitologias das nações pagãs”. -- Ibid., p. 773.

A história do Dilúvio

“A maioria dos povos da antigüidade tinham uma lenda de dilúvio. . . . A história do dilúvio babilônico . . . se parece muito de perto com o relato bíblico. . . . Que os hebreus tomaram por empréstimo dos babilônios é somente a opinião dos extremistas”. -- Ibid., p. 263.

Templos, altares, sacerdotes, sacrifícios, etc.

“Os templos como moradas dos deuses eram comuns entre os semitas e outros povos e terras antigas”. -- Ibid., p. 848.

“Sob Acabe e sua esposa Jezabel, a relação com Tiro era praticamente de vassalagem, e o culto do [deus de Tiro] tornou-se a religião da corte, com centenas de sacerdotes e profetas e cerimônias imponentes”. -- Ibid., p. 785.

A crença na vinda de um Redentor

“Não eram só os judeus que esperavam o nascimento de um grande rei, um Homem Sábio e o Salvador, mas Platão também falava do Logos; Sócrates, do Homem Sábio Universal ‘ainda vindouro’; Confúcio, do ‘Santo’; as Sibilas [profetisas gregas e romanas] de um ‘Rei Universal’; os gregos dramatistas, de um Salvador e Redentor para libertar a ‘mais antiga maldição primal’“-- Fulton J. Sheen, The Life of Christ, p. 15.

Os antitrinitarianos não se consideram como mantendo pontos de vista pagãos conquanto aceitem pontos paralelos que são encontrados na religião da Bíblia, bem como em alguns sistemas pagãos. Então, por que dizem que a crença a respeito das “três pessoas vivas do trio celestial” é de origem pagã? Por que não pronunciam o mesmo julgamento sobre os outros conceitos paralelos igualmente? Onde está a coerência?

 

Capítulo IX

O RELACIONAMENTO ENTRE O PAI E O FILHO

“As Escrituras claramente indicam a relação entre Deus e Cristo, e eles trazem a lume a personalidade e individualidade de cada um” MH 421.

A controvérsia cristológica que começou no quarto século não teve fim. Amiúde temos que responder a indagações feitas por sérios estudantes da Bíblia com uma formação adventista. Algumas perguntas têm que ser deixadas irrespondidas, e algumas podem ser respondidas apenas tentativamente, porque muitas passagens pertinentes são difíceis de entender, especialmente quando parecem apontar em duas direções diferentes.

Abaixo estão algumas das perguntas mais comuns que podem ser respondidas com a Bíblia e o Espírito de Profecia.

 

1. Perguntas Comuns

 

a) Qual é a distinção básica entre Jesus e os anjos?

Jesus é o Filho unigênito de Deus--gerado na expressa imagem do Pai: João 3:16-18; Hebreus 1:2; Mateus 3:17. Os anjos foram criados: Colossenses 1:16; Hebreus 1:5.

“Uma oferta completa fora feita; pois ‘Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito’--não um filho por criação, como foram os anjos, nem um filho por adoção, como é o pecador perdoado, mas um Filho geral na expressa imagem da pessoa do Pai, e em todo o brilho de Sua majestade e glória, um igual a Deus em autoridade, dignidade, e perfeição divina”. ST 30 de maio de 1895.

 

b) O que está escrito sobre a vida que está em Jesus? Cuja vida também é Sua vida? Como é nossa vida diferente da Dele?

“ Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos”. João 5:26.

“Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim”. João 6:57.

“ Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”. João 10: 17,18.

Cristo declarou: “Eu e o Pai somos um”. João 10:30. “O Pai está em Mim, e Eu estou no Pai”. João 10:38.

“Ele [Jesus] declarou que não tinha existência separada do Pai”. 5BC 1142.

“Enquanto Ele assumia sobre Si a humanidade, era uma vida tomada em união com a Deidade. Ele podia entregar a Sua vida como sacerdote e também vítima. Ele possuía em Si mesmo poder para depô-la e reassumi-la”. 7BC 933.

"'NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens.' (João 1:4). Não é a vida física que é aqui especificada, mas a imortalidade, a vida que é exclusivamente propriedade de Deus. O Verbo, que estava com Deus e era Deus, possuía essa vida. A vida física é algo que todo indivíduo recebe. Não é eterna ou imortal; pois Deus, o doador da vida, toma-a outra vez. O homem não tem domínio sobre a vida. A vida de Cristo, porém, não era de empréstimo. Ninguém pode arrebatar-lhe essa vida. 'Eu de Mim mesmo a dou' (João 10:18), disse Ele, NEle havia vida original, não tomada por empréstimo, não derivada. Essa vida não é inerente ao homem. Ele só a pode possuir mediante Cristo. 1 ME 296.

 

c) Desde quando Cristo tem estado com o Pai?

Ler Provérbios 8:22-30; Miquéias 5:2.

“A Palavra existia como um ser divino, mesmo como o eterno Filho de Deus, em união e unidade com o Pai. Desde sempre Ele era o Mediador do concerto, Aquele em quem todas as nações da Terra, tanto judeus quanto gentios, se O aceitavam, eram abençoadas. . . . Cristo foi Deus essencialmente e no mais elevado sentido. Ele estava com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para sempre.

"O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta, mas um com o Pai... 'O Senhor Me possuiu no princípio de Seus caminhos', declara Ele, 'e antes de Suas obras mais antigas. (Original: Eu fui estabelecido desde a eternidade, desde o princípio) Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio...' Esta verdade, infinitamente misteriosa em si, explica outros mistérios e verdades de outro modo inexplicáveis, ao mesmo tempo que se reveste de luz inacessível e incompreensível." 1ME 247, 248. ST April 26, 1899.

“A existência de Cristo antes de Sua encarnação não é medida por numerais”. ST 3 de maio de 1899.

“Ao falar de Sua pré-existência, Cristo faz a mente remontar a eras remotíssimas. Ele nos assegura que nunca houve um tempo em que não estivesse em íntima comunhão com o Deus eterno”. ST 29 de agosto de 1900.

“Desde toda eternidade Cristo esteve unido com o Pai”. ST 2 de agosto de 1905.

 

d) O que queria Cristo dizer quando declarou, “Eu e o Pai somos um” (João 10:30)?

"Desde os dias da eternidade o Senhor Jesus era um com o Pai." DTN 19.

"O Soberano do Universo não estava só em Sua obra de beneficência. Tinha um companheiro – um cooperador que poderia apreciar Seus propósitos, e participar de Sua alegria ao dar felicidade aos seres criados. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.” João 1:1 e 2. Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai – um em natureza, caráter, propósito – o único ser que poderia penetrar em todos os conselhos e propósitos de Deus. “O Seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz.” Isa. 9:6. Suas “saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Miq. 5:2. E o Filho de Deus declara a respeito de Si mesmo: “O Senhor Me possuiu no princípio de Seus caminhos, e antes de Suas obras mais antigas. … Quando compunha os fundamentos da Terra, então Eu estava com Ele e era Seu aluno; e era cada dia as Suas delícias, folgando perante Ele em todo o tempo”. Prov. 8:22-30. PP 34.

e) Em que sentido o Pai compartilha títulos e igualdade com o Filho? Que distinção é revelada entre ambos?

 

e.a) Igualdade:

“Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar”. Filipenses 2:5, 6.

“Pois Nele [Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”. Colossenses 2:9.

“[Deus O fez] sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas”. Efésios 1:20-23.

“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra”. Mateus 28:18.

“Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer”. João 5:21.

“Tudo quanto o Pai tem é meu . . “. João 16:15.

“Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse”. João 17:5

“Deus é o Pai de Cristo; Cristo é o Filho de Deus. A Cristo foi dada uma exaltada posição. Ele foi feito igual ao Pai. Todos os conselhos de Deus estão abertos a Seu Filho”. 8T 268, 269.

“O Pai . . . tornou conhecido que foi ordenado por Ele próprio que Cristo, Seu Filho, devia ser igual a Ele”--”igual a Deus em autoridade, dignidade, e divina perfeição”--”um em natureza, caráter e propósito”. 1 SP 17, 18; ST 30 de maio de 1895; PP 34.

"Não tinha havido mudança alguma na posição ou autoridade de Cristo. A inveja e falsa representação de Lúcifer, bem como sua pretensão à igualdade com Cristo, tornaram necessária uma declaração a respeito da verdadeira posição do Filho de Deus; mas esta havia sido a mesma desde o princípio." PP 38.

 

e.b) Títulos são compartilhados

- Verdadeiro Deus -- Pai: João 17:3; Filho: 1 João 5:20

- Senhor -- Pai: Judas 4; Filho: 1 Coríntios 8:6; Efésios 4:5

- O Todo-Poderoso -- Pai: Apocalipse 21:22; Filho: Apocalipse 1:7, 8, 12, 13

- O Existente por Si Mesmo -- Pai: PP 36; Filho: Ev 615.

- Jeová (original hebraico) -- Pai: Salmo 2:7; 110:l; Filho: Isaías 40:3 (cf. Mateus 3:3); Êxodo 6:3. O Pai não apareceu a Abraão, Isaque, e Jacó (João 1:18; 1 Timóteo 6:16). Foi o Filho que a eles veio.

“Jeová é o nome dado a Cristo”. ST 3 de maio de 1899.

 

e.c)  Adoração

Cristo deve ser adorado: Filipenses 2:9; Hebreus 1:5. Comparar com Lucas 4:8.

 

e.d) Subordinação

Jesus disse: “Meu Pai é maior do que Eu”. João 14:28. E a Irmã White escreveu: “O Filho de Deus era o próximo em autoridade ao grande Legislador”. RH 17 de dezembro de 1872. Paulo declarou que Jesus “não julgou ser usurpação ser igual a Deus” (Filipenses 2:6). E, novamente, a serva do Senhor escreveu: " O Filho... fosse tão grande como o Pai sobre o trono do Céu..." (3ME 128).  Não obstante, o Filho é subordinado ao Pai: João 5:19, 30; 8:29 (cf 13:16); João 14:28 (cf. Mateus 11:27); 1 Coríntios 3:23; 8:6; 11:3; 15:27, 28; Efésios 4:6. Este é um dos pontos que devem ser deixados em aberto para estudo posterior.

 

f) Desde quando é Jesus portador do título “Filho de Deus”?

Desde a fundação do mundo, Cristo foi chamado, profeticamente, “o Cordeiro que foi morto” em vista de um evento futuro. Ler João 1:29; 1 Pedro 1:19, 20; Apocalipse 13:8. Ele é também chamado “o Leão da tribo de Judá” (Apocalipse 5:5) em antecipação de Sua futura intervenção nos negócios deste mundo (6T 404; PP 236). De modo semelhante, os adventistas do sétimo dia acreditam que Cristo levou o título de “Filho de Deus” em vista de um evento profético no plano de salvação (Salmo 2:7; Isaías 7:14; Lucas 1:35; Atos 13:30-33; Romanos 1:3, 4).

Outro exemplo: Cristo foi chamado “o Filho do homem” (Daniel 7:13) antes do Seu nascimento em Belém. E algumas pessoas indagam: Se na época do Velho Testamento, Cristo foi profeticamente chamado “o Filho do homem” com respeito a Seu futuro nascimento sobre esta Terra, por que devia o Seu outro título, o de “Filho de Deus” (Daniel 3:25), ser tomado no mesmo sentido, quando mesmo a Bíblia faz a ligação deste título com o Seu nascimento desde a semente de Davi e com Sua ressurreição dentre os mortos? Considerem estes versos:

“Respondeu-lhe o anjo [a Maria]: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Lucas 1:35.

“Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, e que com poder foi declarado Filho de Deus segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos . . . “ Romanos 1:3, 4.

“ Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?” Hebreus 1:5.

Nestas passagens, o título “Filho de Deus” que Cristo levou profeticamente, desde a eternidade, relaciona-se com seu nascimento mediante a semente de Davi. Em Hebreus 1:5, Paulo explica a profecia no Salmo 2:7 (“Tu és meu Filho, hoje te gerei”) em ligação com a promessa de Deus a Davi (1 Crônicas 22:10), de que um de seus descendentes seria chamado o Filho de Deus. Nenhum desses textos refere-se a um suposto nascimento de Cristo no céu. A profecia no Salmo 2:7, como mencionado antes, também refere-se à ressurreição de Cristo.

“E nós vos anunciamos as boas novas da promessa, feita aos pais, a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos deles, levantando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje te gerei”. Atos 13:32, 33.

Por essas passagens entendemos que, antes da primeira vinda de Cristo, ambos os títulos (Filho de Deus e Filho do homem) eram empregados num sentido profético e que, após a Sua vinda ao mundo, esses títulos adquiriram um novo sentido (como cumprimento de profecia). “Esta declaração [Salmo 2:7] não deve ser entendida como deixando implícita uma geração original do Filho. ‘Em Cristo há vida, original, não emprestada, não derivada’ (DA 530). A ‘Bíblia é sua própria melhor intérprete. Deve-se dar aos autores inspirados a aplicação precisa de profecias do VT. Todas as outras aplicações são opinião humana, e como tal carecem de um claro ‘Assim diz o Senhor’“. -- Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 3, p. 634.

O título “Filho de Deus” foi confirmado em várias ocasiões.

 

f.a) Jesus foi chamado “o Filho de Deus” antes do começo das obras da criação.

"O Pai operou por Seu Filho na criação de todos os seres celestiais." PP 34.

“Satanás em sua rebelião levou um terço dos anjos. Eles deram costas ao Pai e a Seu Filho, e uniram-se com o instigador . . “. 3T 115. Ler também PP 37; EW 151.

 

f.b) Por ocasião de Sua encarnação: Lucas 1:35; João 1:14; Romanos 1:3; Hebreus 1:5.

“Em Sua encarnação Ele [Jesus] adquiriu num novo sentido o título de Filho de Deus. Disse o anjo a Maria: ‘Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus’. (Lucas 1:35). Conquanto filho de um ser humano, Ele se tornou Filho de Deus num novo sentido”. ST 2 de agosto de 1905 (1 SM 226).

 

f.c) Por ocasião de Seu batismo: Mateus 3:17

 

f.d) Por ocasião de Sua transfiguração: Mateus 17:5

 

f.e) Por ocasião de Sua ressurreição: Atos 13:30, 33; Romanos 1:4

 

g) Em que sentido era Jesus a Palavra de Deus quando esteve sobre esta Terra? Ler João 1:1

"Ele era a Palavra de Deus, o pensamento de Deus tornado audível." DTN 19.

“Ele postou-se perante a raça humana como um representante do Pai”. RH 30 de setembro de 1909.

 

h) O que está escrito a respeito da dupla natureza de Jesus?

“Conquanto a divina glória de Cristo fosse por um tempo velada e eclipsada por ter assumido a humanidade, contudo Ele não deixou de ser Deus quando tornou-Se homem. O humano não tomou o lugar do divino, nem o divino do humano. Este é o mistério da santidade. As duas expressões humana e divina eram, em Cristo íntima e inseparavelmente uma, e contudo tinham uma individualidade distinta. Conquanto Cristo Se humilhasse para fazer-Se homem, a Divindade ainda era a Sua própria. Sua Deidade não podia ser perdida enquanto permanecia fiel e verdadeiro a Sua lealdade”. ST 10 de maio de 1899.

“A divindade e a humanidade estavam misteriosamente combinadas, e o homem e Deus tornaram-se um. É nessa união que encontramos a esperança de nossa raça caída”. ST 30 de julho de 1896.

"NEle Deus e o homem passaram a ser um..." 3 ME 128.

"Por Sua humanidade, Cristo estava em contato com a humanidade; por Sua divindade, firma-Se no trono de Deus. Como Filho do homem, deu-nos um exemplo de obediência; como Filho de Deus, dá-nos poder para obedecer." DTN 24.

 

h.a) A divindade de Cristo

Ler Mateus 1:23; João 1:1; Romanos 9:5; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:8; 1 João 5:20.

“Ele [Cristo] velou Sua divindade com a veste da humanidade, mas não dispensou Sua divindade. Um Salvador divino-humano, Ele veio postar-se à cabeça da raça caída…” RH 15 de junho de 1905.

“A divindade não foi degradada com a humanidade; a divindade manteve o seu lugar, mas a humanidade, por estar unida à divindade, resistiu ao mais severo teste da tentação no deserto”. RH 18 de fevereiro de 1890.

“Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. São recebedores da vida do Filho de Deus. Conquanto capazes e talentosos, embora grandes suas capacidades, são cheios com vida da Fonte de toda a vida. Ele é a fonte, origem da vida. Somente Aquele que possui Ele só a imortalidade, habitando em luz e vida, poderia dizer,  ‘Tenho poder para depô-la (a minha vida) e tornar a tomá-la’ (verse 18). . . . Cristo estava investido com o direito de conceder imortalidade. A vida que Ele depôs pela humanidade, Ele a reassumiu e concedeu-a à humanidade. . . “. TMK 71

 

h.b) Uma vez que Cristo é Deus, deve ser adorado

Citando Deuteronômio 6:13, Cristo declarou: “Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás”. Mateus 4:10. Tenhamos em mente que Deuteronômio 6:13, no original, refere-se a Jeová. Sendo que Cristo, também deve ser adorado, estes versos (Deu. 6:13 e Mat. 4:10), bem como o título “Jeová”, aplica-se tanto ao Pai quanto ao Filho. Leia Hebreus 1:6; Filipenses 2:9 (cf Apocalipse 19:10); João 12:20, 26.

 

h.c) A humanidade de Cristo

Ler Romanos 8:3; Hebreus 2:14-18; 1 João 4:2, 3.

"A história de Belém é inexaurível.... Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade." DTN 48, 49.

"Quando (Adão) este fora vencido pelo tentador, entretanto, não tinha sobre si nenhum dos efeitos do pecado. Encontrava-se na pujança da perfeita varonilidade, possuindo o pleno vigor da mente e do corpo. Achava-se circundado das glórias do Éden, e em comunicação diária com seres celestiais. Não assim quanto a Jesus, quando penetrou no deserto para medir-Se com Satanás. Por quatro mil anos estivera a raça a decrescer em forças físicas, vigor mental e moral; e Cristo tomou sobre Si as fraquezas da humanidade degenerada. Unicamente assim podia salvar o homem das profundezas de sua degradação... Mas nosso Salvador Se revestiu da humanidade com todas as contingências da mesma. Tomou a natureza do homem com a possibilidade de ceder à tentação." DTN 117.

“Em vista de que a divindade somente não poderia ser eficaz na restauração do homem da venenosa ferida da serpente, o próprio Deus, em Seu Filho unigênito, assumiu a natureza humana, e na fraqueza da natureza humana susteve o caráter de Deus, vindicou a Sua santa lei em todo particular, e aceitou a sentença da ira e morte dos filhos dos homens”. ST 8 de abril de 1897.

 

h. d) O sofrimento de Cristo foi compartilhado pelo Pai.

"Mas Deus sofria com Seu Filho." DTN 693.

"Poucos tomam em consideração o sofrimento que o pecado causou a nosso Criador. Todo o Céu sofreu com a agonia de Cristo; mas esse sofrimento não começou nem terminou com Sua manifestação em humanidade. A cruz é uma revelação, aos nossos sentidos embotados, da dor que o pecado, desde o seu início, acarretou ao coração de Deus." Ed. 263.

 

i) Cristo ressuscitou-Se a Si mesmo ou foi ressuscitado pelo Espírito de Deus?

Ler Atos 2:24; 3:15; 4:10; Romanos 8:11; 10:9; Hebreus 13:20. As passagens seguintes explicam João 10:

17, 18:

“E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do Céu, chegou.” Mat. 28:2. Vestido com a armadura de Deus, deixou este anjo as cortes celestiais... O rosto que contemplam não é o de um guerreiro mortal...é a face do mais poderoso das hostes do Senhor. Este mensageiro é o que ocupa a posição da qual caiu Satanás. Fora aquele que nas colinas de Belém, proclamara o nascimento de Cristo. A terra treme à sua aproximação, fogem as hostes das trevas, e enquanto ele rola a pedra, dir-se-ia que o Céu baixara à Terra. Os soldados o vêem removendo a pedra como se fora um seixo, e ouvem-no exclamar: Filho de Deus, ressurge! Teu Pai Te chama. Vêem Jesus sair do sepulcro, e ouvem-nO proclamar sobre o túmulo aberto: “Eu sou a ressurreição e a vida.” Ao ressurgir Ele em majestade e glória, a hoste angélica se prostra perante o Redentor, em adoração, saudando-O com hinos de louvor." DTN 779, 780.

“Ele [Cristo] é a Palavra, consciente do poder que pode assumir e depor a Sua vida segundo decida [a fim de] assegurar salvação àqueles que caíram sob as falsidades e intrigas de Satanás . . . “. UL 144.

“Jesus disse a Maria: ‘Não me detenhas porque ainda não subi para o Meu Pai’. Quando Ele cerrou os olhos na morte sobre a cruz, a alma de Cristo não subiu imediatamente para o Céu, como muitos crêem, ou como poderiam ser verdadeiras as Suas palavras--’ainda não subi para o Meu Pai’? O espírito de Jesus dormiu na sepultura com o Seu corpo, e não alçou asas para o Céu, para ali manter uma existência em separado, e contemplar de lá os lamentosos discípulos embalsamarem o corpo do qual partira. Tudo quanto dizia respeito à vida e inteligência de Jesus permaneceram com Seu corpo no sepulcro; e quando Ele ressurgiu foi como um ser completo; Ele não teve que convocar o Seu espírito do Céu. Tinha o poder para depor a vida e reassumi-la”. 3SP 203.

“Quando a voz do poderoso anjo foi ouvida na sepultura de Cristo, dizendo: Teu Pai te chama, o Salvador saiu da sepultura pela vida que estava Nele mesmo. Agora se comprovou a verdade de Suas palavras, ‘Eu deponho a Minha vida, para que a possa reassumir. . . . tenho o poder de depô-la, e tenho poder para reassumi-la’. Agora foi cumprida a profecia que havia proferido aos sacerdotes e governantes:  ‘Derribai este santuário, e em três dias o levantarei’. João 10:17, 18; 2:19.

"Sobre o fendido sepulcro de José, Cristo proclamara triunfante: “Eu sou a ressurreição e a vida.” Estas palavras só podiam ser proferidas pela Divindade. Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. São subordinados recipientes da vida de Deus. Do mais alto serafim ao mais humilde dos seres animados, todos são providos da Fonte da vida. Unicamente Aquele que era um com Deus, podia dizer: Tenho poder para dar Minha vida, e poder para tornar a tomá-la. Em Sua divindade possuía Cristo o poder de quebrar as algemas da morte." DTN 785.

“‘Eu sou a ressurreição, e a vida’. Ele havia dito, ‘Deponho a minha vida para tornar a tomá-la’, saiu da sepultura para a vida que estava em Si mesmo. A humanidade morreu; a divindade não morreu. Em Sua divindade, Cristo possuía o poder para partir as cadeias da morte. Ele declara que tem vida em Si mesmo para despertar quando desejar.

“Todos os seres criados vivem pela vontade e poder de Deus. Eles são recebedores da vida do Filho de Deus. Conquanto capazes e talentosos, embora grandes suas capacidades, são cheios com vida da Fonte de toda a vida. Ele é a fonte, origem da vida. Somente Aquele que somente possui a imortalidade, habitando em luz e vida, poderia dizer,  ‘tenho o poder de depô-la, e tenho poder para reassumi-la ‘ . . . .

“Cristo estava investido com o direito de conceder imortalidade. A vida que Ele depôs pela humanidade, Ele a reassumiu e concedeu-a à humanidade. ‘Vim para que tenham vida’, disse Ele, ‘e vida abundante’ (YI 4 de agosto de 1898)”. 5BC 1113, 1114.

 

2. Passagens Difíceis

a) As passagens seguintes têm sido objeto de especulação: João 3:16; Colossenses 1:15; Hebreus 1:6; Apocalipse 3:14.

Como mencionado antes, os dirigentes adventistas estavam divididos em seu entendimento dos mistérios da Divindade quando foram à seção da AG em 1888. Froom informa:

“Outra fonte de perplexidade e tropeço da parte de alguns dos ouvintes de Waggoner era a linguagem bíblica, ‘filho unigênito’. Isso era interpretado, por tais, como significando prioridade de existência do Pai, e daí um Cristo derivado--com um conseqüente princípio. Isso tinha sido parte do argumento ariano de Stephenson, [Joseph] Waggoner, Smith, e Stone. E isso deixava outros perplexos. . . .

“Ao considerar as expressões ‘unigênito’, ‘primeiro nascido’, ‘primeiro gerado’--no que se relaciona a Cristo -- três considerações devem sempre ser tidas em mente no que respeita a nosso Senhor. Devem ser harmonizadas com Sua completa Deidade, Sua pré-existência, e Sua eternidade de Ser. . . .

“Não obstante, o principal argumento daqueles que negam a pré-existência eterna e completa Deidade de Cristo--como Segunda Pessoa da Eterna Divindade--repousava sobre a falsa concepção de que esses termos bíblicos [palavras gregas usadas nos versos referidos no início desta seção]. . . . Em Hebreus 11:17 Isaque foi chamado ‘unigênito’ de Abraão. Contudo Isaque não foi o único filho de Abraão literalmente. . . . Observem o quadro bíblico:

“‘Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas’. (Hebreus 11:17).

“Mas Isaque nem foi o primeiro filho de Abraão, nem o seu primeiro filho. Assim, nunca se deve esquecer que monogenes, como empregado para Isaque, não era para indicar o ‘unigênito’ de Abraão literalmente, ou mesmo o seu primeiro nascido. Antes, de que ele era o filho da promessa, destinado a suceder a seu pai como herdeiro para o direito de primogenitura. Aqui, novamente, neste caso terreno, é uma questão de relacionamento especial--único, existente somente uma vez, peculiar em seu tipo”. -- LeRoy E. Froom, Movement of Destiny, pp. 300-302.

Jesus é também chamado “o primogênito de toda criatura”, “o primeiro gerado”, e o “princípio da criação de Deus”.

Em Colossenses 1:15 e Hebreus 1:6, a palavra grega é prototokos, que não significa sempre “o primeiro em ordem cronológica”. Em Apocalipse 1:5, Jesus é chamado “o primogênito” (prototokos) dos mortos. Ler também Atos 26:23; Colossenses 1:18. Mas Ele não era a primeira pessoa a ser levantada dos mortos. Em Êxodo 4:22, Israel é chamado “primogênito” de Deus. Contudo, ele nasceu depois de Esaú. Segundo Números 8:18, os levitas eram tomados de todos os primogênitos de Israel. Não obstante, Levi foi o terceiro filho de Jacó e Léia. Em Jeremias 31:9, Efraim é chamado o “primogênito” de Deus conquanto fosse nascido depois de Manassés. Davi é chamado “primogênito” de Deus (Salmo 89:20, 27) conquanto ele fosse o filho mais jovem de Jessé.

Como pode ser visto, os termos “unigênito”, “primogênito” podem também apontar a pré-eminência, antes que a nascimento cronológico literal. Ver Romanos 8:29; Hebreus 12:23. Quando esses termos são aplicados a Jesus, referem-se à suprema posição que Ele mantém entre todos os seres criados. Isso é confirmado em Apocalipse 3:14, bem como a Judas 9, onde a palavra grega arche significa “cabeça”, “chefe” ou “o preeminente”.

 

b) “Respondeu-lhes Jesus:. . . porque eu saí e vim de Deus”. João 8:42.

“O Pai Eterno, o imutável, entregou o seu Filho unigênito, arrancou de seu seio Aquele que foi feito segundo a expressa imagem de Sua pessoa, e enviou-O para a Terra para revelar quão grandemente Ele amou a humanidade”. RH 9 de julho de 1895.

Algumas pessoas entendem por este verso (João 8:42) e a partir dessa declaração (RH 9 de julho de 1895) que Jesus veio literalmente do corpo do Pai em algum tempo remoto da eternidade, mas não podem apresentar qualquer passagem ou declaração do Espírito de Profecia que endosse a sua conclusão. Volvamos, por um momento, a nossa atenção à parábola de Lucas 16. Se Lázaro, que foi para o seio de Abraão, pudesse vir a nós e se pudéssemos perguntar-lhe: Lázaro, de onde veio? Ele responderia: Eu procedo do seio de Abraão. Para nós é claro que Cristo procedeu do Pai como o esperado “governador” “procedia” do meio do povo (Jer. 30:21). E também entendemos que a Irmã White empregou a palavra “seio” como indicativo de “um estado de intimidade abrangente” (dicionário). Ver os exemplos de: Deuteronômio 13:6; Isaías 40:11; Lucas 16:22, 23. Nesse sentido Cristo procedeu do seio do Pai e para lá retornou. João 1:18.

Na Bíblia e nos escritos de E.G. White há muitas passagens que são “difíceis de compreender” com referência à pré-existência de Cristo--passagens que permanecem envolvidas no “mistério da santidade”, sobre as quais não devemos especular. Alguns desejam saber, e alguns até pensam que podem explicar, quando e como o Filho foi gerado. Insistem em que “a idéia de que Cristo foi literalmente gerado no céu, em algum tempo na eternidade, está implícita em João 3:16”. Mas João 3:16 não prova esse ponto, porque Cristo “desceu do céu” também como “Filho do homem” (comparar verso 13 com verso 16). Ele levava ambos os títulos antes de vir para o mundo.

 

c) Há somente um Deus, o Pai

Conquanto algumas passagens bíblicas declarem que “há somente um Deus, o Pai” (1 Coríntios 8:6; cf Marcos 12:28-32; Efésios 4:6; 1 Timóteo 2:5; Tiago 2:19), e o Pai é o “único Deus verdadeiro” (João 17:3), isso não significa que o Filho não seja Deus também, como mostrado anteriormente neste capítulo. Simplesmente aceitamos pela fé os versos confirmando que Cristo é Deus no sentido mais pleno:

“ Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. Isaías 9:6.

“ Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco”. Mateus 1:23.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. João 1:1.

“Cristo segundo a carne,  . . . Deus bendito eternamente. Amém”. Romanos 9:5.

“ E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória”. 1 Timóteo 3:16.

“Vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Tito 3:12, 13.

“ Mas do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos, e cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. Hebreus 1:8.

“Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. 1 João 5:20.

“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Colossenses 2:9.

"Cristo era Deus essencialmente, e no mais alto sentido." 1ME 147.

“Ele não deixou de ser Deus quando Se tornou homem” ST 10 de maio de 1899.

“Ele revestiu Sua divindade com a humanidade. Ele o tempo todo era como Deus, mas não tinha aparência de Deus. Ele velou as demonstrações da Deidade. . . . Ele era Deus enquanto sobre a Terra, mas desvestiu-Se da forma de Deus, e em seu lugar assumiu a forma e modo de um homem”. 5BC 1126.

“Essa doutrina que nega a absoluta Divindade de Jesus Cristo nega também a Divindade do Pai”. ST 27 de junho de 1895.

 

d) Um espírito com uma forma corporal?

Jesus disse, “Deus é Espírito”. João 4:24. O apóstolo Paulo escreveu a respeito de Jesus, “o último Adão, espírito vivificante”. 1 Coríntios 15:45. “O Senhor é o Espírito”. 2 Coríntios 3:17. Contudo, tanto o Pai quanto o Filho são descritos como tendo uma aparência física.  Isaías 6:1; Daniel 7:9-13; Apocalipse 1:12-18. Os anjos são espíritos (Hebreus 1:13, 14), contudo podem apresentar-se com uma aparência física (Mateus 28:2-6).

Numa visão a Irmã White perguntou a Jesus “se o Seu Pai era uma pessoa e tinha uma forma com a Dele mesmo”. “Jesus disse, Eu sou a expressa imagem da pessoa de Meu Pai”. - Life Sketches of James White and Ellen G. White, p. 230.

 

CONCLUSÃO

Como o leitor deve ter notado, nossas considerações a respeito da Divindade baseiam-se no que está escrito. Muitos textos, alguns dos quais parecem conflitar-se com outros, desafiam nossa limitada compreensão humana. Por exemplo, como pode o Espírito Santo ser descrito como um poder do Pai e do Filho, e ao mesmo tempo ser representado como uma pessoa viva, um Ser santo, uma personalidade distinta? Como poderia Ele tomar parte nos conselhos da Divindade e na elaboração do plano da redenção? Como pode ser onisciente e exercer ações inteligentes?

A mente finita insatisfeita pode prosseguir indagando: O que é o Espírito Santo? Uma pessoa? Um poder? Ou ambos? Em outras palavras, é Ele uma personalidade espiritual, sem um corpo físico, mas investido com inteligência e poder? Se você, meu querido estudante da Bíblia, não tem a resposta, estamos ambos no mesmo barco, porque tampouco contamos com todas as respostas. E se aceita o que está escrito, e recusa a ir além de um  “Assim diz o Senhor”, não deve haver discordância entre você e eu.

Discussões sobre importantes questões doutrinárias não deviam ser desestimuladas (5T 707; GW 298). Mas, como crentes nas três mensagens angélicas, nada temos a ganhar e muito a perder por entrar em debates inúteis sobre questões que foram estabelecidas com base na Bíblia e no Espírito de Profecia mais de 100 anos atrás. Hoje não precisamos perguntar àqueles que estão estabelecidos na verdade presente: “Crê numa Divindade de duas pessoas ou numa Divindade de três pessoas? “Você crê que  Jesus Cristo é Deus?” “Acredita que o Espírito Santo é representado como uma individualidade inteligente?” Sabemos o que está escrito, e, após ter lido os muitos textos citados neste livreto, você também sabe o que está escrito.

Juntos com a Irmã White ressaltamos que a Divindade, o relacionamento entre o Pai e o Filho, e a natureza do Espírito Santo, estão envolvidos em mistérios que não deviam tornar-se uma matéria de especulação e discussão entre o povo remanescente de Deus. Atentemos à advertência da mensageira escolhida do Senhor:

“A Reforma foi grandemente retardada por realizar grandes esforços em alguns pontos de fé e cada partido apegando-se tenazmente àquelas coisas em que diferem. Teremos a mesma opinião há tempo, mas ficar firme e considerar o seu dever apresentar os seus pontos de vista em decidida oposição à fé ou verdade como tem sido ensinada por nós como um povo, é um erro, e resultará em dano, e somente dano, como nos dias de Martinho Lutero. Comece a separar-se e sinta-se em liberdade de expressar suas idéias sem referência aos pontos de vista de seus irmãos, e um estado de coisas se introduzirá que nem imagina.

“Meu marido tinha algumas idéias em certos pontos que diferiam dos pontos de vista assumidos por seus irmãos. Foi revelado que, conquanto verdadeiros fossem, Deus não o chamou para apresentá-las  perante seus irmãos e criar diferenças de idéias. Conquanto ele pudesse manter esses pontos de vista subordinados a si, uma vez tornados públicos, mentes delas se prevaleceriam, e apenas porque outros criam diferentemente essas diferenças se tornariam o principal corpo da mensagem, despertando contendas e discordâncias.

“Há os principais pilares de nossa fé, assuntos que são de interesse vital. . . . Idéias especulativas não deviam ser agitadas, pois há mentes peculiares que amam apanhar alguns pontos que outros não aceitam, e argumentar e atrair tudo àquele ponto, insistindo sobre o mesmo, amplificando sua importância, quando é realmente uma questão que não é de importância vital, e será entendida de diferentes maneiras. Duas vezes tem-me sido mostrado que tudo quanto tem caráter de levar nossos irmãos a serem desviados dos próprios pontos agora não essenciais para este tempo, deviam ser mantidos na retaguarda”. 15MR 20, 21.

O conhecimento da verdade sobre a Divindade é muito importante e tem muito a ver com nossa salvação (João 17:3), mas devíamos ser capazes de distinguir entre conhecimento e especulação (Deu. 29:29). O Espírito de Deus nos leva a buscar conhecimento num “Assim diz o Senhor” (João 16:13; 17:17). O espírito de Satanás influencia as pessoas e se empenharem em especulação, tentando-as a questionar um número de textos em escritos inspirados ou ir além de um claro “Está escrito”.

Cremos que não temos direito, nem autoridade, de dissecar os escritos de E. G. White, mesmo aqueles que foram produzidos durante os últimos vinte anos de seu ministério e que foram publicados sob a sua supervisão. O Senhor Deus a instruiu a advertir a Igreja contra a aceitação de ensinos errôneos concernentes à Divindade, como lemos em Special Testimonies, Série B, No. 7, pp. 62 e 63, escritos em 1905. Portanto, cremos que o Senhor, ao mesmo tempo, não teria permitido que ela incorporasse ensinos errôneos em seus escritos. Não podemos duvidar da legitimidade de suas muitas referências ao Espírito Santo, como produzido neste livreto. Não foi ela aceita como verdadeira profetisa de Deus por cinqüenta anos, desde 1844? Por que, então, aqueles que professam crer no Espírito de Profecia deviam dar a impressão de que, durante os últimos vinte anos de seus labores, ela tinha sido erroneamente influenciada por seus coobreiros, que realmente não sabia o que estava escrevendo, que o Senhor fazia vistas grossas a essas coisas, e que agora, tantos anos depois, alguém deve soar o alarme?

Advertir o povo adventista contra a introdução da doutrina católica da Trindade é necessário; mas sejamos cuidadosos para não ir de um extremo a outro. É definitivamente errado colher dos escritos do Espírito de Profecia o que não concorde com nossas idéias ou que esteja além de nossa compreensão.

“Os mais sagrados, santos e eternos mistérios que Deus não revelou são meras especulações quando considerados de um ponto de vista humano, meras teorias que confundem a mente. Há aqueles que conhecem a verdade mas não a praticam. Esses anseiam grandemente por alguma coisa nova, estranha, para apresentar. Em seu grande zelo de se tornarem originais, alguns introduzirão idéias fantasiosas que não passam de joio”. Ms 45, 1900 (4BC 1157).

Isto é o que temos notado na presente agitação que ocorre em círculos adventistas a respeito dos mistérios da Divindade. Portanto, as seguintes advertências da Irmã White, a mensageira do Senhor, parecem ter especial aplicação para hoje:

"Aos meus irmãos do ministério, quero dizer: Pregai a Palavra; instai " A tempo e fora de tempo". II Tim. 4:2. Não ponhais no fundamento madeira, feno e palha - vossas próprias suposições e especulações, que a ninguém podem beneficiar. Cristo não reteve nenhuma verdade essencial a nossa salvação. As coisas que são reveladas são para nós e para nossos filhos, mas não devemos permitir que nossa imaginação estruture doutrinas concernentes a coisas não reveladas....

Assuntos de vital importância foram claramente revelados na Palavra de Deus. Esses assuntos são dignos de nossa mais profunda reflexão. Mas não devemos pesquisar assuntos sobre que Deus silenciou... Quando surgem questões sobre as quais estamos duvidosos, cumpre-nos perguntar: "Que dizem as Escrituras?"

Busquem os que desejam alguma coisa nova aquela novidade de vida que provém do novo nascimento. Purifiquem a sua alma pela obediência à verdade, e procedam em harmonia com as intruções de Cristo ao doutor da lei que indagou o que devia fazer para herdar a vida eterna." 1ME 173.

Outro ponto que desejo enfatizar é que, em lugar de argumentar sobre questões que o Senhor deseja que deixemos em paz, em vez de especular sobre os mistérios da Divindade e da natureza do Espírito Santo, devemos submeter-nos a Sua influência no interesse de nossa salvação.

“O Espírito de Deus, com seu poder vivificador, deve estar em todo agente humano, para que cada músculo e nervo espiritual possa ser exercido. Sem o Espírito Santo, sem o sopro de Deus, há entorpecimento da consciência, perda da vida espiritual. Muitos que são destituídos de vida espiritual têm seus nomes nos registros da igreja, mas eles não estão escritos no livro da vida do Cordeiro. Podem unir-se à Igreja, mas não estarão unidos ao Senhor”. RH 17 de janeiro, 1893.

Nossa grande necessidade hoje é, não especular sobre os mistérios que envolvem a Divindade, mas submeter-nos a Deus e cuidar de nossas próprias almas.

“É privilégio de toda alma exercer fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Mas a pura vida espiritual somente é produzida pela submissão da alma à vontade de Deus mediante Cristo, o Salvador reconciliador. É nosso privilégio ser objeto da atuação do Espírito Santo”. Carta 352, 1908 (RC 130).

“Quem, senão o Espírito Santo, apresenta perante a mente o padrão moral de justiça e convence do pecado, e produz santa tristeza que opera o arrependimento que não precisava ser arrependido, e inspira o exercer de fé Naquele que somente pode salvar de todo pecado?” Ms 1, 1892 (RC 132).

Portanto: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”. Efésios 4:30.

Em conclusão, precisamos dizer que, a despeito de toda evidência que uma pessoa possa ter para o seu ponto de vista a respeito da Divindade, a posição mais segura é deixar a porta aberta para maior investigação e luz adicional. Que o Senhor abençoe todos os sérios estudantes da Bíblia! (Tradução: Jaime Bezerra, do Ministério Aconselho-te, de Portugal.)

Fonte do texto original: http://www.sdarm.net/issues/godhead.htm

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