Pesquisa: Batismo pela Fé X Batismo das Obras

IASD erra ao exigir dos candidatos ao batismo mais do que pede a Bíblia!

 

Introdução

Na trajetória do “Israel espiritual de Deus” dos dias atuais, é certo que serão encontradas muitas pedras e dificuldades a serem vencidas antes que o verdadeiro remanescente, aqueles da última geração que estará viva sobre a Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo, possa se tornar a igreja triunfante. Erros doutrinários, entendimentos equivocados, idéias acariciadas por décadas, tudo deve ser posto de lado em prol da verdade tal como esta o é em Cristo Jesus, sempre que for necessário.

Este material objetiva contribuir para a elucidação da verdade sobre a ministração do batismo, mostrando as distorções de tradução nos testemunhos dados por Cristo Jesus a Ellen G. White transcritos no livro “Testemunhos Seletos Vol. 2” no tocante a este assunto e apresentando o que seria a correta tradução, mostrando como esta proporciona um entendimento do tema em harmonia com a revelação das Escrituras.

Assim sendo, solicito a você, irmão leitor, que o leia com atenção e paciência, uma vez que a revelação aqui apresentada irá provavelmente conflitar diretamente com um entendimento acariciado durante anos sobre este tema.

Existem também textos no livro “Evangelismo” que nos levam a um entendimento errôneo sobre este assunto e são esclarecidos à luz do Manuscrito número 56, redigido em 1900, no qual a serva do Senhor trata especificamente do tema “batismo”, que não estão comentados neste material, mas serão comentados em material posterior a ser enviado. Por ora, o material atual servirá para que abramos as mentes e re-estudemos o tema, a fim de agirmos en conformidade com a vontade do Senhor.

É o sincero desejo do autor que possamos avançar no conhecimento sobre este tema para que continuemos a caminhada com Cristo a fim de tornarmo-nos em breve a igreja triunfante.

 

1 – O sinal de identificação do verdadeiro remanescente

Após ter-se iniciado o período de sacudidura final dentro do professo povo adventista do sétimo dia a cerca de dois anos, através das mensagens “temei a Deus e dai-lhe glória” e “adorai ao Criador”, passou o Céu a olhar com especial cuidado para o pequeno remanescente que passou a ser formado por aqueles que desejam sinceramente não só obter conhecimento da verdade, mas principalmente obedecê-la, a fim de viver piamente em Cristo Jesus.

Este remanescente não é composto pela “maioria” dos professos adventistas, e nem o poderia ser, pois então não seria “remanescente”. A palavra “remanescente” nos lembra “resto” o que sobrou de um grande grupo. Em realidade sempre foram poucos os que quiseram viver piamente em Cristo Jesus ao longo da história; e em meio a esta última geração corrupta, esta que é a última que estará viva na Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo, não podia ser isto diferente.

Mesmo entre os excluídos da denominação conhecida por Igreja Adventista do Sétimo Dia por advogarem a verdade notamos o seguimento do processo de sacudidura. Pessoas que foram outrora excluídas da denominação e reuniram-se fora dela, são novamente separadas e grupos se subdividem, dando origem a mais e mais congregações.

Em meio a esta aparente “confusão absoluta”, poderíamos até, na posição imparcial de inquiridores sinceros, indagar? Onde, dentre todos estes, estará o verdadeiro remanescente? É mister sabermos onde este estará, pois certamente desejamos fazer parte dele. As palavra da Escritura, relativas a esta questão são por demais solenes para serem ignoradas:

Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.” Romanos 9:27

Diante de tão solene declaração, creio estarmos todos desejosos de pertencer ao verdadeiro remanescente. Assim a pergunta: “Onde, dentre todos estes, estará o verdadeiro remanescente?” carece de urgente de uma resposta convincente em nossa mente. E tal resposta somente pode ser encontrada na Palavra de Deus. Na mesma carta aos romanos, lemos:

“Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.” Romanos 11:5, 6

Existem muitas doutrinas e entendimentos diferentes apregoados pelos diferentes grupos que se consideram parte do remanescente. Todavia, a característica marcante expressa por Deus em Sua Palavra, aquela pela qual devemos identificar onde está o verdadeiro remanescente, e, mais importante ainda, por ela identificar se fazemos hoje parte do remanescente de Deus, é que este, “no tempo de hoje”, sobrevive “segundo a eleição da graça”. Que “graça” é esta mencionada no texto bíblico?

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8, 9

A graça mencionada no texto bíblico pela qual o verdadeiro remanescente sobrevive hoje, é a graça pela qual somos salvos; a fé no “dom de Deus”. E este não vem de obras. Não há obra, boa ou má que possa comprar o dom de Deus, a salvação. Isto nos é esclarecido pelo testemunho de Jesus:

“Torne-se distinto e claro o assunto de que não é possível efetuar coisa alguma em nossa posição diante de Deus ou no dom de Deus para nós, por meio do mérito de seres criados. Se a fé e as obras adquirissem o dom da salvação para alguém, o Criador estaria em obrigação para com a criatura. Eis aqui uma oportunidade para a falsidade ser aceita como verdade. Se alguém pode merecer a salvação por alguma coisa que faça, encontra-se, então, na mesma posição que os católicos para fazer penitência por seus pecados. A salvação, nesse caso, consiste em parte numa dívida que pode ser quitada com o pagamento. Se o homem não pode, por qualquer de suas boas obras, merecer a salvação, então ela tem de ser inteiramente pela graça recebida pelo homem como pecador, porque ele aceita a Jesus e crê nEle. A salvação é inteiramente um dom gratuito. A justificação pela fé está fora de controvérsia. E toda essa discussão estará terminada logo que seja estabelecida a questão de que os méritos do homem caído, em suas boas obras, jamais poderão obter a vida eterna para ele.” Fé e Obras, pág. 1.

Assim, o remanescente que, segundo o testemunho das Escrituras, sobrevive hoje segundo a eleição da graça, entende com clareza e que este não é salvo por nenhuma obra que faça, seja ela a observância do Sábado, a devolução de dízimos ou a confissão de pecados. Este remanescente, quando recebeu a Cristo como seu Salvador, obteve entrada no reino da graça. O testemunho de Jesus nos aclara que aqueles que recebem a graça da salvação em Cristo Jesus, ingressam no reino da graça de Cristo e são salvos:

O reino da graça de Deus está sendo agora estabelecido, visto que corações que têm estado sobrecarregados de pecado e rebelião se rendem à soberania de Seu amor.” O Maior Discurso de Cristo, pág. 108.

“Dos humildes de espírito, diz Jesus: "Deles é o reino dos Céus." Mat. 5:3. Este reino não é, como esperavam os ouvintes de Cristo, um domínio temporal e terreno. Cristo estava a abrir aos homens o reino espiritual de Seu amor, Sua graça, Sua justiça.” O Maior Discurso de Cristo, pág. 8.

“Nos meninos que foram postos em contato com Ele, viu Jesus os homens e mulheres que haviam de ser herdeiros de Sua graça e súditos do Seu reino, e alguns dos quais se tornariam mártires por amor dEle.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 515.

“Quando o jovem rico se retirara de Jesus, maravilharam-se os discípulos de ouvir o Mestre dizer: "Quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!" Exclamaram uns para os outros: "Quem poderá pois salvar-se?" Mar. 10:24 e 26. Agora, tinham uma demonstração das palavras de Cristo: "As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus." Luc. 18:27. Viram como, por meio da graça divina, um rico podia entrar no reino.O Desejado de Todas as Nações, pág. 555.

As Escrituras nos declaram, pelo testemunho do apóstolo Paulo, que recebemos a graça de Deus, e conseqüentemente entramos no reino da graça de Cristo, quando O aceitamos como nosso Salvador pela fé:

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;  por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” Romanos 5:1, 2

A pergunta que talvez esteja permeando sua mente seja: o que tem o batismo com a entrada no reino de Cristo pela graça que Ele nos dá? A resposta para esta pergunta, encontramo-la em um trecho do testemunho de Jesus:

Fazendo do batismo o sinal de entrada para o Seu reino espiritual, Cristo o estabeleceu como condição positiva à qual têm de atender os que desejam ser reconhecidos como estando sob a jurisdição do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Antes que o homem possa obter abrigo na igreja, antes de transpor mesmo o limiar do reino espiritual de Deus, deve receber a impressão do nome divino - "O Senhor Justiça Nossa". Jer. 23:6.” Testemunhos Seletos Vol. 2, pág. 389.

Uma vez que entramos no reino de Cristo somente quando recebemos a graça de Deus, o batismo torna-se o sinal de que recebemos entrada no reino de Cristo, de que fomos justificados pela fé. Por isso, ele adequadamente substituiu a circuncisão, tornando-se o que esta era - o selo da justiça pela fé:

E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso;” Romanos 4:11

Aqui está o ponto no qual queríamos chegar a fim de podermos abordar a questão do batismo. Os testemunhos declaram que este é o sinal de entrada no reino da graça de Cristo. Quando entramos no reino de Cristo? Conforme vimos, quando pela fé nEle recebemos a graça. Qual é o sinal de que recebemos esta graça? O batismo. Entramos no reino de Cristo por meio das obras? A Bíblia nos responde esta pergunta:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8, 9

Pelo texto acima, percebemos que a resposta bíblica é: não entramos no reino de Cristo por meio de obras, mas tão somente pela fé.

Sendo que o batismo é o sinal de entrada no reino da graça de Cristo, reino no qual entramos somente por fé e não por obras, pode ser este condicionado a obras? Pelo que até aqui vimos, a resposta parece ser que, sendo a fé a condição para a entrada no reino de Cristo, e sendo o batismo ministrado como sinal desta entrada, o batismo deveria ser condicionado também somente à fé, tal como o é a entrada no reino de Cristo, da qual este é um sinal. Conforme as Escrituras nos aclaram no relato do encontro entre Filipe o Eunuco, a fé parece-nos ser a única condição a ser cumprida, para que se ministre o batismo:

Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus.

Seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado?

Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.

Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco.” Atos 8:35-38

Um povo que viva segundo a “eleição da graça”, o remanescente bíblico, agindo em conformidade com esta luz, batiza também segundo as condições estabelecidas no concerto da graça, conforme a revelação bíblica. Não exige a demonstração de obras, e sim a profissão de fé em Cristo Jesus por parte do batizando.

Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.” Romanos 11:5, 6

Percebemos, então que há uma diferença entre a ministração do batismo efetuada atualmente pelos professos adventistas e aquela efetuada pelo remanescente apostólico, que sobrevivia segundo a eleição da graça. Isto mostra que os professos adventistas precisam mudar sua própria compreensão do tema da salvação e de sua relação com o batismo, a fim de se tornarem de fato o povo remanescente que sobrevive segundo a eleição da graça; pois “se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário a graça já não é graça”.

 

2 – O remanescente será como foi a igreja apostólica

Jesus nos fala através de Seus testemunhos que no fim dos tempos haverá um número de conversões nunca dantes imaginado:

“Deus logo fará por nós grandes coisas, se humildes e crentes nos prostrarmos a Seus pés. ... Mais de mil serão logo convertidos num dia, a maioria dos quais atribuirão suas primeiras convicções à leitura de nossas publicações. Review and Herald, 10 de novembro de 1885.” Beneficência Social, pág. 101

“Milhares da hora undécima verão e reconhecerão a verdade. ... Essas conversões à verdade operar-se-ão com uma rapidez surpreendente para a igreja, e unicamente o nome de Deus será glorificado. Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 16.

Milhares se converterão à verdade num dia, os quais na hora undécima verão e reconhecerão a verdade e as atuações do Espírito de Deus. The Ellen G. White 1888 Materials, pág. 755.

Aproxima-se o tempo em que haverá tantos conversos em um dia como houve no dia de Pentecostes, depois de os discípulos haverem recebido o Espírito Santo. Evangelismo, pág. 692.” Eventos Finais, pág. 182

Chama-me a atenção em especial o último dos testemuhos apresentados. Este afirma que em breve haverão tantos conversos em um dia como no dia de Pentecostes. E como ocorreu esta conversão no dia de Pentecostes? Jesus nos conta em Sua Palavra:

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.

Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Todos, atônitos e perplexos,  interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!

Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: ...

Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.

Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” Atos 2:4, 6-8, 14, 22-24, 36

A pregação de Pedro, sob o poder do Espírito Santo, operou a primeira obra que o Espírito faz no homem – convenceu-os do pecado (João 16:8):

“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?” Atos 2:37

esejosos de entrar para o reino da graça de Cristo uma vez tendo recebido o evangelho por boca de Pedro, que falava pelo poder do Espírito Santo, perguntaram a Pedro o que deveriam fazer. O apóstolo lhes responde:

“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:37, 38

Pedro convocou-os a se arrependerem de seus pecados e que viessem ser batizados em nome de Jesus para remissão de seus pecados. O que aconteceu então, naquele mesmo dia?

De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas.” Atos 2:41.

Três mil batismos em um só dia como resultado de uma pregação sob o poder do Espírito! Que resultado fantástico para o reino de Cristo! E o testemunho de Jesus nos afirma que isto voltará a ocorrer em breve:

“Aproxima-se o tempo em que haverá tantos conversos em um dia como houve no dia de Pentecostes, depois de os discípulos haverem recebido o Espírito Santo.” Evangelismo, pág. 692

 

3 – Uma pedra no caminho da igreja triunfante

Meditando sobre como ocorreria um número de batismos tão grande em resultado de uma pregação como houve no dia de Pentecostes, verificamos que ocorre atualmente nas igrejas onde congregam os professos adventistas do sétimo dia algo que parece impedir o cumprimento de tal testemunho. Atualmente, para que um candidato ao reino de Cristo ingresse nas fileiras adventistas exige-se que ele cumpra uma série de requisitos, dentre os quais citamos:

  • Observe o Sábado como dia de repouso;
  • Abandone o cigarro, a bebida e o fumo;
  • Abandone o uso de jóias e o envolvimento com jogos de azar, loterias, bingos e atividades similares, bem como pinturas e adornos de vestuário;
  • Abstenha-se do uso de café e das carnes consideradas imundas segundo a luz de Levítico 11;
  • Professe crer nas doutrinas na igreja e sustentá-la com os dízimos.

Com todas estas exigências a serem cumpridas para que o candidato ao batismo seja aceito, reflitamos: como pode ser possível que um ser humano que após ouvir o primeiro sermão abandone tudo isto e ainda seja batizado no mesmo dia? Atualmente, as igrejas costumam esperar até que se certifiquem que o candidato tenha realmente se “conformado” a estas regras antes de batizá-lo. Como poderiam estas então batizar três mil pessoas no mesmo dia após estas terem recebido seu primeiro sermão?

Outro ponto a ser observado é o teor da pregação de Pedro. Pregou ele sobre a necessidade do abandono de todas estas coisas? Ou apresentou ele diante da multidão o “credo” da igreja apostólica a fim de que os que ouviram o sermão pudessem professar crê-lo antes que fossem batizados? Pela simples leitura do relato bíblico percebemos que a resposta óbvia para ambas as perguntas é um claro “não”. O resumo da pregação de Pedro é apresentado no relato bíblico:

Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” Atos 2:36

Deus, em Sua infinita sabedoria, permitiu que fosse escrito sobre a pregação de Pedro o essencial para que nós, a quem o fim dos tempos tem chegado, pudéssemos ter a evidência clara do que Ele deseja nos ensinar através deste relato. A essência da pregação de Pedro, tal como Deus permitiu ser relatada, é: “Cristo, e este crucificado” (I Cor. 2:2). A pregação do apóstolo foi dada com o poder do Espírito Santo cuja primeira obra é convencer os homens de pecado: “a este Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”.

O relato fala que por meio desta pregação, que não abrangeu exigências quanto ao credo que deveriam professar os candidatos, nem quanto ao que deveriam estes abandonar antes de serem batizados; por meio desta pregação simples e objetiva que com clareza mostrou que os judeus haviam crucificado a Cristo pelos seus pecados, os candidatos foram convencidos de pecado e batizados.

Quantos dias levou para que fossem considerados aptos para o batismo? Apenas e tão somente um dia. Não mais que isto. Este é o relato que aprouve a nosso Pai celestial nos deixar sobre o batismo do dia de Pentecostes. Em que credo tiveram que professar fé os candidatos ao batismo deste dia de Pentecostes? Em Jesus Cristo crucificado pelos seus pecados. Que obra haviam eles demonstrado ter abandonado para se tornarem candidatos aptos ao batismo? Nada. Absolutamente nenhuma obra. “Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado.” João 6:29

Esta verdade de que não se exigia a demonstração de obras ou profissão de fé em um credo parece se repetir em vários outros relatos da igreja apostólica. Na seção anterior deste material vimos como a única exigência feita para que o Eunuco fosse batizado por Felipe foi a fé em Jesus Cristo. Os outros relatos que encontramos no livro de Atos, como o batismo do carcereiro, por Paulo e Silas, e o batismo de Cornélio e sua família corroboram com a luz até aqui apresentada. Mostram o batismo sendo realizado após os crentes terem ouvido a primeira pregação, antes mesmo de haverem manifestado obras como observar o Sábado ou abster-se de alimentos e bebidas impuros.

Ora, se assim o era na igreja apostólica, porque os professos adventistas não agem da mesma forma nos dias de hoje? A resposta para esta pergunta geralmente era: “não o podemos pois não é desta maneira pela qual somos orientados através do testemunho de Jesus”. Assim, muitos, em sinceridade de propósito, exigiam e ainda exigem que os candidatos ao batismo manifestem obras antes que sejam batizados. Todavia, descobrimos que os testemunhos que levavam os adventistas a tal entendimento foram em realidade traduzidos de forma infiel.

Os textos originais do idioma inglês nos levam a um entendimento harmônico com a revelação bíblica que até aqui vimos. Quando foram traduzidos para o português, o texto resultante distorce o entendimento, de modo a nos fazer entender que faz-se necessário exigir que o candidato ao batismo manifeste obras antes que lhe seja este ministrado. Trataremos destes textos na próxima seção deste material.

 

4 – Testemunhos adulterados

Um testemunho que levava muitos adventistas a crer que era necessário exigir a demonstração de obras por parte do candidato antes de ministrar o batismo é o que apresentamos abaixo:

Preparo Para o Batismo

Mais cuidadoso preparo dos que se apresentam candidatos ao batismo, é o que se faz mister. Têm necessidade de mais conscienciosa instrução do que em geral recebem. Os princípios da vida cristã devem ser claramente explicados aos recém-convertidos. Não se pode confiar na sua mera profissão de fé como prova de que experimentaram o contato salvador de Cristo. Importa não só dizer "creio" mas também praticar a verdade. É pela nossa conformidade com a vontade divina em nossas palavras, atos e caráter, que provamos nossa comunhão com Ele. Quando quer que alguém renuncie o pecado, que é a transgressão da lei, sua vida é posta em harmonia com essa lei, caracterizando-se por perfeita obediência à mesma. Esta é a obra do Espírito Santo.” Testemunhos Seletos, Vol. 2, págs. 389, 390

Da forma que lemos o testemunho acima, entendemos em realidade que devemos verificar se os candidatos realmente praticam a verdade que professam crer, ou seja manifestam obras de obediência, a fim de que sejam considerados aptos para o batismo. Todavia, o texto original inglês não nos leva a este entendimento. No rodapé da página 389 do compilado “Testemunhos Seletos Vol. 2”, no qual encontra-se o texto citado acima, é mencionado que todo o capítulo foi extraído do original “Testimonies Vol. 6, págs. 91-99”. Apresentamos abaixo o texto do qual o original inglês foi traduzido:

“There is need of a more thorough preparation on the part of candidates for baptism. They are in need of more faithful instruction than has usually been given them. The principles of the Christian life should be made plain to those who have newly come to the truth. None can depend upon their profession of faith as proof that they have a saving connection with Christ. We are not only to say, "I believe," but to practice the truth. It is by conformity to the will of God in our words, our deportment, our character, that we prove our connection with Him. Whenever one renounces sin, which is the transgression of the law, his life will be brought into conformity to the law, into perfect obedience. This is the work of the Holy Spirit.” Testimonies for the Church, Volume Six, pages 91, 92

Tradução do texto original inglês:

“Existe necessidade de um preparo mais cuidadoso da parte dos candidatos para o batismo. Eles necessitam receber instrução mais fiel do que a que têm sido usualmente dada a eles. Os princípios da vida Cristã precisam ser tornados claros para os recém-convertidos à fé. Ninguém pode depender de sua profissão de fé como prova de que eles tem uma conexão salvadora com Cristo.  Nós não estamos só para dizer, “Eu creio,” mas para praticar a verdade. É pela conformidade com a vontade de Deus em nossas palavras, nosso comportamento, nosso caráter, que nós provamos nossa conexão com Ele. Quando quer que alguém renuncie o pecado, que é a transgressão da lei, sua vida é posta em harmonia com essa lei, caracterizando-se por perfeita obediência à mesma. Esta é a obra do Espírito Santo.”

O entendimento do texto acima é diverso do texto apresentado no compilado “Testemunhos Seletos, Vol. 2”. De acordo com o texto acima, entendemos que ele afirma que os candidatos ao batismo devem ter instrução sobre quais são os princípios da vida cristã, mas não nos dá a entender que eles devem praticar a verdade. Perceba a diferença das frases apresentadas:

Texto extraído do livro compilado Testemunhos Seletos Vol. 2, pág. 389, 390: Tradução do texto original do livro Testimonies for the church, Vol. 6”:
Não se pode confiar na sua mera profissão de fé como prova de que experimentaram o contato salvador de Cristo. Importa não só dizer "creio" mas também praticar a verdade. Ninguém pode depender de sua profissão de fé como prova de que eles tem uma conexão salvadora com Cristo.  Nós não estamos só para dizer, “Eu creio,” mas para praticar a verdade.

Na página 390 do compilado “Testemunhos Seletos Vol. 2”, no parágrafo imediatamente posterior a este no qual mostramos a tradução infiel, segue-se outro texto com tradução distorcida. O texto encontrado no livro em português é:

Cristãos fiéis devem ter grande interesse em comunicar às almas convencidas o conhecimento perfeito da justiça em Cristo. Se entre algumas delas prevalece o desejo de agradar a si próprias, os crentes sinceros devem vigiar sobre essas almas como os que devem dar conta delas. Não devem negligenciar o cuidado que lhes incumbe de instruir com fidelidade, ternura e carinho aos recém-convertidos, para que a boa obra não fique em meio. A primeira experiência de tais pessoas deve ser legítima.” Testemunhos Seletos, Vol. 2, pág. 390

O texto acima nos leva a entender que devemos comunicar às almas o perfeito conhecimento da justiça de Cristo. Para tanto, temos então que instruí-las em tudo o que as tornaria perfeitas em Cristo Jesus, e isto implica em doutriná-las antes de aceitá-las para o batismo. Observe agora o texto original e sua correta tradução:

Faithful Christian men and women should have an intense interest to bring the convicted soul to a correct knowledge of righteousness in Christ Jesus. If any have allowed the desire for selfish indulgence to become supreme in their life, the faithful believers should watch for these souls as they that must give an account. They must not neglect the faithful, tender, loving instruction so essential to the young converts that there may be no halfhearted work. The very first experience should be right.” Testimonies for the Church, Vol. 6, page 92

Tradução:

Cristãos fiéis, homens e mulheres, devem ter um intenso interesse de levar a alma convicta um correto conhecimento da justiça em Cristo. Se qualquer uma delas tem permitido que o desejo de condescendência própria se torne supremo em sua vida, os crentes sinceros devem vigiar sobre essas almas como os que devem dar conta delas. Não devem negligenciar a instrução terna, carinhosa e amável, tão essencial aos novos convertidos para que não haja serviço de coração dividido. A primeira experiência deve ser autêntica.”

O texto acima, traduzido do original, nos leva a um entendimento diverso do apresentado no texto do livro compilado Testemunhos Seletos Vol. 2. Pela leitura do mesmo, entendemos que os candidatos ao batismo devem ter um conhecimento correto da justiça de Cristo – entender que é por meio dela através da fé, e não por obras, que ele é salvo, e que após aceitar a Cristo como seu Salvador e Autor da Sua fé, é necessário que Ele O aceite como Senhor da sua vida e Consumador da sua fé, para que no decorrer de sua caminhada cristã após o batismo manifestem-se nele as obras pelo poder de Cristo atuando em sua vida, levando-a à inteira conformidade com os reclamos da lei de Deus, conforme expressos em Sua Palavra e nos testemunhos.

Colocamos um comparativo dos textos em forma de tabela, para que você, irmão leitor, possa constatar com mais clareza a discrepância de entendimento que resulta pela tradução infiel:

Texto extraído do livro compilado Testemunhos Seletos Vol. 2, pág. 390: Tradução do texto original do livro Testimonies for the church, Vol. 6, pág. 92:
Cristãos fiéis devem ter grande interesse em comunicar às almas convencidas o conhecimento perfeito da justiça em Cristo. Cristãos fiéis, homens e mulheres, devem ter um intenso interesse de levar a alma convicta um correto conhecimento da justiça em Cristo.

 

Conclusão

Assim, verificamos, irmãos, que os verdadeiros testemunhos tal como foram dados por Jesus, não contradizem a revelação bíblica no tocante ao batismo. Apenas a apóiam. Que devem fazer os professos adventistas em face de tais revelações como as aqui apresentadas de forma a colocarem-se no caminho para se tornarem como a igreja apostólica, fazendo parte do remanescente que vive hoje sob a eleição da graça? Podemos tomar por conselho as palavras inspiradas por Deus, escritas pelo apóstolo Paulo aos filipenses:

Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.” Filipenses 3:13-16

Continuemos a estudar o tema “batismo” a fim de podermos agir em plena conformidade com a vontade do Senhor.

Que Deus abençoe você!

Jairo Carvalho, do Ministério 4 Anjos.

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com