Edição 1 635 - 9/2/2000

 

Ele é o campeão

Cid Moreira é o maior vendedor de discos do Brasil,
com incríveis 15 milhões de cópias

Roberta Paixão

 
Oscar Cabral

Cid, em seu novo estúdio: "Sou como Sean Connery"

Responda rápido: quem foi o maior vendedor de discos do Brasil no ano passado? Roberto Carlos? Padre Marcelo Rossi? Tiazinha? Se você marcou uma das três alternativas anteriores, errou fragorosamente. A resposta correta é: Cid Moreira. Quando foi ejetado da bancada do Jornal Nacional há quatro anos, o veterano apresentador, que já gravava discos por hobby, tinha cinco CDs em catálogo. De lá para cá, intensificou sua produção. Hoje já tem 58 discos, todos com trechos da Bíblia, que totalizam 15 milhões de cópias vendidas só em 1999. A vendagem astronômica tem uma explicação que ultrapassa as qualidades vocais do apresentador e a carolice dos compradores desse tipo de produto. Vinte e quatro de seus discos, pertencentes à coleção Passagens Bíblicas, foram comercializados em bancas, graças a um acordo entre sua gravadora e trinta jornais de todo o país. Os CDs eram vendidos aos domingos, encartados nas publicações, por apenas 4 reais. Mesmo com o preço de liquidação, o apresentador faturou uma fortuna em direitos autorais, algo em torno de 2,5 milhões de reais. "Quando o Sean Connery parou de atuar nos filmes de 007 todo mundo disse que ele não conseguiria fazer outra coisa", diz Cid. "Não só fez como teve sucesso e ganhou muito dinheiro. Comigo aconteceu o mesmo."

Bota dinheiro nisso. Só com discos, o apresentador faturou, no ano passado, o equivalente a mais de seis anos de salário na Globo – e olha que o contracheque dele é bem polpudo. Cid recebe 30.000 reais por mês na emissora carioca. Depois de ter sido aposentado do Jornal Nacional, ele recebeu a missão de ler os editoriais do JN, fazendo aparições bissextas no programa. Hoje, é o locutor dos quadros de entretenimento do Fantástico. No ano passado, narrava as estripulias de Mister M. Atualmente, empresta sua voz ao quadro do caça-fantasmas padre Quevedo. Para sua sorte, Mister M foi o líder de audiência do dominical no ano passado e o padre Quevedo é o responsável pelos picos neste início de ano.

"Laraiá, laraiá" – Para manter a produtividade, Cid se cuida. Aos 72 anos, ele mantém a mesma voz firme e límpida dos tempos de Jornal Nacional. Qual o segredo? Segundo ele, não basta gargarejar com limão, como em geral fazem os cantores. Para que as cordas vocais continuem em forma, é preciso exercitá-las o tempo todo. Por isso, ele cantarola melodias – daquelas que os fonoaudiólogos chamam de "vocalises" – a cada cinco minutos. Mesmo quando está em casa com amigos discutindo futebol, Cid interrompe o assunto periodicamente para emitir um "laraiá, laraiá" rápido. Com o dinheiro ganho nos últimos tempos, o locutor comprou uma bela casa na Barra da Tijuca e lá montou um estúdio, onde produz seus CDs. Para gravar seu quadro com o padre Quevedo, o apresentador só tem de ir à Globo uma vez por semana. "A televisão hoje virou uma brincadeirinha para mim", diz Cid. "Quero investir tudo na gravação de CDs religiosos, que considero uma missão divina." O curioso é que essa "missão" (e principal fonte de renda) não passava pela sua cabeça até pouco tempo atrás. "Eu jamais havia aberto a Bíblia antes de começar a gravar esses discos", confessa ele. Deus é grande.

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