Você Já Reparou no Contexto do Elogio à Oferta da Viúva?

[Atualizado em 12/09/2002.]

Evangelho de S. Marcos 12

Evangelho de S. Lucas 20

Note bem:

1. Segundo o relato de Marcos 12:38-40 e Lucas 20:45-47, Jesus acabara de proferir uma censura contra os escribas. Eles se faziam de santos, mas exploravam as viúvas, deixando-as na miséria.

2. Em seguida, Jesus dirigiu a atenção de Seus ouvintes para a maneira como esses escribas e outros ricos depositavam suas moedas na arca do tesouro (Marcos 12:41 e Lucas 21:1). Note que Jesus observava a maneira como todos depositavam suas ofertas -- ricos, gente de classe média e pobres. Quem diz que não devemos nos preocupar com a maneira como as pessoas lidam com o dinheiro de Deus e não devemos prestar atenção no que os outros fazem, não está seguindo o exemplo de Cristo. Aliás, creio que ainda hoje Ele observa tanto como doamos quanto como usam nossas ofertas à igreja local.

3. Nesse momento, a viúva pobre entra em cena (Marcos 12:42-44 e Lucas 21:2-4). Jesus contrasta então a atitude dos escribas (que exploravam as viúvas!) e de todos os ricos, que contribuíam para a manutenção do templo apenas com o que lhes sobrava, com o nobre gesto de desprendimento daquela pobre mulher.

4. Os discípulos depreciaram o valor da pequena oferta da viúva (Marcos 13:1 e Lucas 21:5). Eles apontaram para "as formosas pedras e dádivas" que ornavam o templo, como que dizendo para Jesus não ser injusto com os ricos, cujas doações garantiam a manutenção da beleza daquele lugar. "Mestre, olha que pedras e que edifícios!", disse um deles, que pode muito bem ter sido Judas.

5. Mas Jesus concluiu Suas considerações, dizendo que o templo seria completamente destruído (Marcos 13:2 e Lucas 21:6). Em lugar de ensinar que devemos sustentar o templo (ou a estrutura religiosa que hoje representaria) com as nossas ofertas e "deixar os resultados com Deus", Jesus revelou o desagrado divino contra religiosos hipócritas e exaltou mais uma vez o espírito contrito e o coração quebrantado.

Aquela religião de mera formalidade e aparência exterior, dos escribas e outros ricos hipócritas, estimulada e aprovada pelos sacerdotes que queriam deles apenas as ofertas e dízimos, perderia todo o sentido. Apenas a adoração interior, como a da viúva, seria aceitável para Deus dali por diante. Israel e Sua estrutura religiosa centralizada no templo haviam sido rejeitados, mas a pequena oferta da viúva fora aceita.

Conclusão e Aplicações:

Dali para frente, os discípulos de Jesus deveriam aprender a valorizar não a religião institucional, centrada em templos e denominações, mas a religião interior, individual. A pequena mas significativa contribuição de uma pobre leiga, sozinha contra todo um sistema religioso organizado que a explorava, tinha mais valor aos olhos de Deus que toda a pompa e aparência exterior dos megacultos patrocinados por adoradores, cuja religião consistia apenas em doar daquilo que lhes sobrava sem se preocupar com a maneira como a religião era conduzida pelos sacerdotes.

Enquanto, porém, eles davam porque não precisavam, pois eram ricos, a viúva deu-se inteiramente a Deus, abrindo mão inclusive daquelas duas moedinhas. "Agora, sim, Pai, estou 100% pobre, nada mais tenho realmente, por isso, mais do que nunca, preciso de Sua ajuda", deve ter sido sua oração. Afinal, sabia que Deus não faz questão de nosso dinheiro. Ele nos quer a nós para Si!

No fundo, a viúva pobre se livrou daquelas duas moedinhas para poder confiar-se completamente a Deus. Enquanto houvesse um restinho só de dinheiro em suas mãos, poderia ser que não confiasse plenamente em Deus. Por isso, doou tudo e pôde doar-se toda para Ele. 

Os escribas e outros ricos da época de Cristo podem muito bem representar a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujo perfil corresponde ao da igreja de Laodicéia no livro do Apocalipse, segundo cremos. E do mesmo modo que a oferta dessa pobre viúva não impediu a rejeição de Israel como nação no plano de Deus, o seu dízimo e as suas ofertas dados de bom coração não impedirão que a IASD seja vomitada como denominação da boca de Cristo se insistir em confiar em suas riquezas materiais e doutrinárias, imaginando-se rica e abastada, enquanto permanece pobre, miserável, cega e nua, deixando Cristo do lado de fora.

Apelo: Reconheçamos cada um de nós nossa condição de miseráveis e nos entreguemos esvaziados às mãos de Deus, para que nos enriqueça espiritualmente. Essa é uma decisão individual, que jamais será tomada corporativamente pela IASD. Aquele, porém, que ouvir a voz de Jesus e permitir que entre em seu coração, será aceito e abençoado por Ele como foi a viúva pobre.

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