Breve Comentário Sobre Daniel 8:9

Shalôm!

Desculpe, estou enviando mais uma vez este comentário. Fiz alguns acréscimos e algumas correções. Como disse, li o comentário que o Professor Edilson Valiante fez sobre Daniel 8. Estou escrevendo, apenas, para colaborar com mais alguns detalhes sobre o verso 9.

O primeiro é sobre o TAMID. O professor escreveu que a palavra Tamid aparece 103 vezes no Antigo Testamento; quatro vezes em Daniel; três vezes em Daniel 8 e uma em Daniel 9". Contudo, consultando o Texto Sagrado do Antigo Testamento, encontrei mais duas ocorrências desta palavra no livro do profeta Daniel. (Daniel 11:31 e 12:11).

Além do mais, o professor escreveu que a palavra TAMID aparece "apenas uma vez substantivada". No entanto, no Texto Sagrado, em Daniel 8:11 está escrito: Ha Tamid; Daniel 8:12: Ha Tamid; Daniel 8:13: Ha Tamid; Daniel 11:31: Ha Tamid e Daniel 12:11: Ha Tamid. Portanto, todas as ocorrências em Daniel estão substantivadas.

A segunda colaboração é quanto ao chifre pequeno. A palavra qeren, "chifre", é do gênero feminino. A palavra arba, "quatro" é masculina; a palavra rûhot, "ventos", está no plural feminino; a expressão ha shamayim "dos céus" é masculina; o pronome hem, "eles", é masculino e o numeral 'ahat é feminino e vem substantivado. No entanto, o pronome hem vem seguido da preposição min. Então, a expressão "de + eles" corresponde a "deles".

Podemos ver três maneiras de traduzir esse verso. Primeira: se fosse feita uma tradução, tendo por base essas palavras femininas, teríamos:

E de uma, (referindo-se a "quatro ventos do céu") deles (reforçando a idéia anterior) saiu uma ponta (chifre) jovem. E cresceu muito para o sul, e para o oriente e para a jóia(glória).

No entanto, outro detalhe importante que temos é a palavra min. Ela pode ser traduzida pela palavra "de", bem como por: "depois de"; "depois"; etc.

O professor SCHOKEL, Luis Alonso (em seu Dicionário Bíblico Hebraico-Português, Edição brasileira, São Paulo - SP, Editora Paulus, 1997, pág. 39.), afirma o seguinte: "O Numeral cardinal. Um/a. ... Seguido de min: um de".

A segunda maneira de traduzir o verso 9 é:

E, depois de um deles, saiu uma ponta pequena. Então, tornou-se grande para o resto: para o sul e para o oriente e para a glória.

Essa expressão "para o resto" ou simplesmente "resto" ou "remanescente" corresponde ao que restava do Império Grego.

A expressão "depois de" corresponde ao "rei do norte" ou seja, ao reino dos Antíocos que estava tendo um domínio sobre o que restava do Império Grego, quando surgiu, então, o poderio romano depois de conquistar Cartago, a Rainha do Mar.

O professor SCHOKEL, Luis Alonso, sobre a palavra yeter (em seu Dicionário Bíblico Hebraico-Português, Edição brasileira, São Paulo - SP, Editora Paulus, 1997. pág. 39.), afirma que esta palavra, yeter, em Daniel 8:9 significa: "Muito".

Essa palavra vem ligada e após ao vocábulo gedal (gedal-yeter). Então, por isso, temos uma terceira possibilidade para traduzir Daniel 8:9:

E, depois, de um deles, (referindo-se aos quatro ventos do céu) saiu uma ponta pequena. E cresceu muito para o sul e para o oriente e para a jóia.

Portanto, a razão da ponta pequena surgir de um dos "quatro ventos do céu", é que ela iria crescer para três direções: sul, oriente e terra gloriosa (Jerusalém). Ao crescer para o oriente, automaticamente estaria crescendo para o norte, pois o rei do norte também dominava a parte oriental.

Diante disso, entendemos que o verso 9 declara a ordem seqüencial das conquistas militares e da influência política do Império Romano. Primeiro, para o Sul, ou seja, a conquista do Mar Mediterrâneo e a destruição de Cartago. Segundo, para o Oriente, ou seja, o domínio do que restava do Império Grego. Vencendo as guerras contra Antíoco III, o Grande, e os seus descendentes. Antíoco IV ou Antíoco Epifânio. E por último, os romanos chegaram à cidade de Jerusalém. A primeira vez através de uma aliança política e militar com os Macabeus (Veja: 1Macabeus 8:1-32 - BJ), e a segunda vez foi por meio das conquistas de Pompeu.

"Ora, nas suas campanhas militares, nas suas conquistas, obtém Pompeu êxitos fulminantes. Persegue Mitídrates, rei do Ponto, até o Cáucasso. Conquista a Síria, a Palestina, a Armênia. Quanto ao Eufrates, à beira do qual outrora se erguera a torre de Babilônia, marcaá esse rio longínquo doravante a fronteira oriental do Império Romano". (LISSNER, Ivar. Os Césares - Apogeu e Loucura, 2ª ed. Belo Horizonte - MG, Livraria Itatiaia Limitada, 1964. pág. 37.).

"Um dos pretendentes, Hircano, tinha um poderoso primeiro-ministro, Antipater, um idumeu de uma família que fora convertida à força pelos asmoneus. Ele era meio-judeu, meio-helenizador. Para tais homens, era natural entrar em acordo com a nova superpotência, Roma, que combinava uma tecnologia militar irresistível com cultura grega. Antipater achou que um arranjo com Roma, mediante o qual a sua e outras famílias notáveis floresciam sob proteção romana, era muito preferível à guerra civil. Assim, em 63 a.C., ele se entendeu com o general romano Pompeu e a judéia tornou-se um estado-cliente de Roma. O filho de Antipater, que se tornou Herodes, o Grande, trancou firmemente os judeus no sistema administrativo do império romano". (JOHNSON Paul. História dos JUDEUS, 2ª ed. Rio de Janeiro - RJ, Imago Editora Ltda, 1995. págs.118-119.).

Esses detalhes que envolvem a conquista da ponta pequena, não se harmonizam com as conquistas de Antíoco Epifânio. Embora o livro histórico de 1Macabeus descreva que ele:

"Entrou em combate com o rei do Egito, Ptolomeu, o qual recuou diante dele e fugiu, muitos tombando feridos. As cidades fortificadas do Egito foram tomadas e Antíoco apoderou-se dos despojos do país. Tendo assim vencido o Egito no ano cento e quarenta e três e empreendendo o caminho da volta, subiu contra Israel e contra Jerusalém com um exército numeroso". (1Macabeus 118-20 - BJ).

Contudo, essa conquista de Antíoco Epifânio sobre o Egito, o rei do sul, não caracteriza o crescimento, pois, logo depois, Antíoco IV foi derrotado pelos romanos.

"Antíoco Epifânio, depois de um fugaz triunfo no 'sul' (Egito), foi totalmente derrotado nesse país quando o embaixador romano, C. Popílio Laenas, meramente lhe informou que o Senado Romano queria que ele se retirasse. O inflexível romano traçou com sua bengala um círculo em torno de Antíoco e exigiu deste uma decisão antes que ele saísse de dentro do círculo ". (MAXWElL, C. Mervyn. Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, Tatuí - SP, CPB, 1996. pág. 159).

Um outro escritor, sobre os acontecimentos que envolveu o Senado Romano e Antíoco IV, escreveu o seguinte:

"Na Síria, o sucessor de Antíoco III, Antíoco IV, garantia que os 'decretos do Senado eram para ele como ordens dos deuses'". (DIACOV, V. e COVALEV, S. História das Antigüidade, Vol. 3. São Paulo, Editora Fulgor Limitada, 1965. pág. 719.). -- Josiel Lima.

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