Estudo Bíblico Nº 8:
144.000, Literal ou Simbólico?

Palavras de advertência:

01 – “Não há escusas para alguém que toma uma posição que não há mais verdade para se revelada, e que todas as nossas explanações da Escritura estão sem um erro. O fato de que certas doutrinas têm sido defendidas como verdade por muitos anos pelo nosso povo, não é uma prova de que nossas idéias são infalíveis. O tempo não deixará permanecer o erro na verdade, e a verdade pode ser esclarecida. Nenhuma verdadeira doutrina perderá alguma coisa pela inteira investigação”. – RH, 2012.1892, itálicos acrescentados.

2 – Nós não defendemos que nas doutrinas descobertas por aqueles que têm estudado a Palavra da Verdade, não exista algum erro, por que nenhum homem que vive é infalível”. – RH, 25.03.1890, itálicos acrescentados.

03 - “Alguns membros zelosos,... tem cometido erro grave em buscar conseguir algo de sensacional, maravilhoso, fascinante perante o povo, alguma coisa que julgam que os outros não compreendem; não sabem, porém, eles próprios do que estão falando. Especulam com a palavra  de Deus, adiantando idéias que não constituem uma pitada de auxilio para eles mesmos ou à igreja. Pelo  momento podem excitar  a imaginação, mas há uma reação, e essas próprias idéias se tornam um obstáculo. A fé é confundida com a fantasia, e seus pontos de vista podem inclinar o espírito numa direção  errônea.” ME, vol. I, pág.180, itálicos acrescentados.

04 - “... merecem ser condenados os homens que iniciam uma proclamação de possuírem maravilhosa luz, e ao mesmo tempo puxam em sentido contrário a agentes guiados por Deus. Foi este  o procedimento de Coré, Datã, Abirã, e sua conduta se acha registrada como advertência a todos os outros. (...) são mensagens como as que esses homens tem proclamado, que dividem a igreja e... se revela claramente a astuta operação do grande enganador, - quer impedir a igreja de alcançar a perfeição na unidade.” -  TM, pág. 54 e 56, itálicos acrescentados.

05 - “É necessário que nossa unidade hoje seja de caráter tal que resista à prova. Temos muitas lições para aprender e muitíssimas para desaprender. Tão-somente Deus e o Céu são infalíveis. Quem acha que nunca terá de abandonar uma opinião formada, e nunca terá oca­sião de mudar de critério, será decepcionado. Enquan­to nos apegarmos obstinadamente às nossas próprias idéias e opiniões, não poderemos ter a unidade pela qual Cristo orou.” -  VE, pág. 202, itálicos acrescentados.

01 – Quais são as referências que a Bíblia nos dá sobre os 144.000? Ap 7; 14:1-5 e 15:1-3.

02 – Como termina o capítulo 6 do livro de Apocalipse? Ap 6:17 (comparar com Na 1:6; Ml 3:2;Lc 21:36).

Com esta pergunta penetrante chega ao fim a cena...(da abertura do sexto selo). Cada um dos seis selos que foram abertos mostra um aspecto diferente do grande conflito entre Cristo e Satanás, e cada um deles ajuda a demonstrar a justiça de Deus perante o universo expectador. Agora há uma pausa na abertura dos selos, pois tem de ser respondida uma pergunta. Até este ponto na descrição dos terríveis acontecimentos que precedem o segundo advento não foi dada nenhuma indicação de que alguém sobreviverá a eles. Daí a comovente pergunta: ‘Quem poderá subsistir?’ O capítulo 7 interrompe a seqüência dos selos, a fim de dar a resposta.” – SDABC, vol. VII, pág. 780.

03 – Vale a pena saber:

Em Ap 7 há alguns símbolos importantes:

- 4 cantos = o mundo inteiro (Ap 20:8).

- 4 ventos = as contendas entre os homens e as pragas do tempo de angústia final (Dn 7:2,3 e Jr 49:36).

- Selo do Deus vivo = o caráter de Deus gravado na alma dos que se dedicaram inteiramente a Cristo. O sinal exterior é a observância do Sábado (Ex 31:13).

O selo não é alguma marca que pode ser vista, mas a consolidação da verdade, para que eles (o povo de Deus) não possam ser abalados”. – SDABC, vol. IV, pág. 1161.

- O anjo do selamento = Cristo (Ex 27:13-15; Ez 40:6; Nu 2:3; 3:38; Lc 1:78).

O anjo do selamento em Ap 7:2 pode ser considerado como a própria pessoa de Cristo. É Ele quem e sela Seu povo e traz o raiar do dia espiritual para os pecadores que crêem. Assim como a vitória de Ciro tornou possível o seu decreto libertando Israel do cativeiro em Babilônia, a vitória de Cristo (Ap 5:5, 9, 10) possibilita que Ele separe Seu povo da ‘babilônia’ moderna e que os sele para a eternidade.

04 – O que Apocalipse 7 nos fala sobre os 144.000?

Apocalipse 7 indica o selamento dos 144.000 (12.000 de cada uma das 12 tribos de Israel). Este número é muito significativo. Doze é o número do Reino de Deus (12 tribos, 12 varas, 12 espias, 12 pedras no peitoral do sacerdote, 12 pedras reunidas no rio Jordão, 12 apóstolos, 12 fundamentos no muro da cidade santa, 12 portas em suas entradas e esta é um quadrado perfeito tendo 12.000 estádios de cada lado e 144 (12x12 côvados de altura). Em Ap 7:14, o Senhor nos apresenta um quadrado perfeito de 12 multiplicado por 1000. O quadrado do número indica perfeição e o múltiplo de mil significa imensidade. Temos, portanto, um símbolo de plenitude, inteireza, perfeição e totalidade.

- A INTERPRETAÇÃO LITERAL:

01 -  Representa o número de salvos da nação de Israel

Israel será salvo, custe o que custar. Crê-se que os 144.000 serão os salvos dentre a nação de Israel; 12.000 de cada tribo (12.000 x 12 = 144.000).

Hoje, Israel é uma nação moderna no oriente médio. Uma vez que todas as tribos, exceto Judá e Benjamim, perderam sua identidade quando se misturaram com as nações circunvizinhas por ocasião do cativeiro assírio e que a visão de João, em Ap 7;4, situa-se no período do sexto selo, ou seja, no tempo do fim, como entenderemos estas tribos inexistentes?

O Israel literal foi rejeitado por Deus, ao se cumprirem a profecia das 70 semanas de Dn 9:24-27. Todas as profecias referentes ao Antigo Israel hoje se aplicam ao Israel Espiritual.

Em o NovoTestamento, a igreja estabelecida por Jesus e organizada pelos doze apóstolos constitui o novo Israel (Tg 1:1; Rm 2:28, 29; 9: 6, 7; Gl 3:29). Podemos dizer, portanto, que as pessoas seladas que serão preservadas durante a grande tribulação nos últimos dias não pertencem literalmente às doze tribos de Israel. Elas são mencionadas porque, em sua totalidade, representam o povo de Deus, e abrangem tanto judeus como gentios. Os que estão em Cristo são de fato o novo Israel, ou o Israel espiritual (Ap 7:3).

02 – Contagem dos cabeças de cada família

Destacam que a somatória pode ser realizada mediante o mesmo sistema que se empregou para o cálculo dos 5.000 que foram alimentados milagrosamente, sem levar em consideração as mulheres e as crianças.

Esta interpretação nos dá a entender que haverá muito mais do que 144.000 selados uma vez que, conforme a comparação, foram muito mais do que 5.000 os alimentados na multiplicação dos pães e peixes e que todos serão selados pois no milagre todos foram alimentados.

03 – Serão os únicos remanescentes vivos

Em tempos de apostasia e rebelião contra Deus, sempre houve uns poucos que se mantiveram leais a Deus. ‘Contudo, quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na terra’? (Lc 18:8). O número dos reais e sinceros filhos de Deus nos últimos dias será inexpressivo em relação aos bilhões de habitantes. Os filhos de Deus, fiéis e obedientes sempre foram uma minoria. Só haverá 144.000 salvos vivos na volta de Jesus, os demais morrerão antes das sete pragas, ou seja, antes do fechamento da porta da graça, para então serem ressuscitados na volta de Jesus. (George I. Butler – presidente da Ass. Geral em 1871 e em 1880 - expôs esta teoria / Fonte: Review ad Herald, 26.02.1889, pág. 137)

Muitas pessoas que hoje estão em erro, atenderão ao apelo de Ap 18:4. Logo após haverá o fechamento da porta da graça, e quando isso acontecer não haverá mais necessidade de mártires. Não será muito pouco o número de 144.000 fiéis vivos?

04 – Serão os únicos remanescentes desde 1844

Serão salvos só 144.000 pela pregação das três mensagens angélicas, desde 1844 até a volta de Cristo, incluindo os que morreram fiéis na mensagem do terceiro anjo (Uriah Smith – presidente da Ass. Geral em 1832 – expôs esta teoria / Fonte: ‘A obra do assinalamento’ - Coleção Laodicéia, IAR, nº  5, pág. 7-8)

Esta doutrina é ‘anti-bíblica’ pois o plano de salvação ideado por Deus é claramente exposto em Ap 14:6; 22:17; ITm 2:14 e Jo 3:16 e ele nos mostra que: todo aquele que quiser, será salvo. Deus não limita a salvação a um número exato de pessoas e, até o término da graça da salvação haverá oportunidade para todos se salvarem.

Os que defendem esta teoria alegam que os que morreram a partir de 1844 na fé do terceiro anjo participarão da ressurreição especial (“Houve um grande terremoto. As sepulturas se abriram e os que haviam morrido na fé da mensagem do terceiro anjo, guardando o sábado, saíram de seus leitos de pó, glorificados, para ouvir o concerto de paz que Deus deveria fazer com os que tinham guardado a Sua lei”. – PE, pág. 285 – itálicos acrescentados) e, conseqüentemente, contemplarão a volta de Cristo, ou seja, estarão entre os vivos nesta ocasião.

Pelo estudo dos textos proféticos observamos que os 144.000 realmente estarão entre os vivos e contemplarão o advento de Jesus, porém, conclui-se também que, esta classe especial não passará pela morte e que a ressurreição especial se dará no fim da 7ª praga, ou seja, no final do período da grande tribulação. Portanto, conforme o que no diz o GC, pág. 643:  Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro.” (Ap 14:1-5; 15:3). “Estes são os que vieram de grande tribulação” (Ap 7:14); passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus... Viram a Terra devastada pela fome e pestilência, o Sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede” – itálicos acrescentados, concluímos que os que participarem da ressurreição especial não farão parte dos 144.000.

Há algum texto que fala da presença de Ellen White ou outras pessoas de sua época entre os 144.000?

Temos dois textos que tratam deste assunto. Estudemo-los pormenorizadamente:

Deves voltar e, se fores fiel, juntamente com os 144.000 terás o privilégio de visitar todos os mundos e ver a obra das mãos de Deus”. – PE, pág. 40, itálicos acrescentados.

Vi que ela [a esposa morta] estava selada, e á voz de Deus, ressurgiria e se ergueria sobre a terra, e estaria com os 144.000”. – ME, vol. II, pág. 263, itálicos acrescentados.

1º ponto: Alguns alegam que uma das atividades exclusivas dos 144.000 seria a de visitar outros mundos, razão pela qual, afirmam, a Sra White certamente faria parte desta classe, conforme o texto acima.

O fato é que esta atividade não é exclusiva dos 144.000 e sim um privilégio de todos os salvos de todas as épocas. Vejamos:

A multidão de remidos percorrerá um mundo após o outro, e grande parte de seu tempo será empregada em perscrutar os mistérios da redenção”. BC, vol 7, pág. 990, itálicos acrescentados.

2º ponto: Uma simples análise sintática dos textos mencionados acima resolve a questão: ambos os textos afirmam que, tanto a Sra White quanto a esposa falecida estariam juntamente com ou simplesmente com os 144.000 e não entre eles. Podemos estar juntamente com o Presidente da República visitando outros países em seu avião presidencial mas este fato não nos torna o Presidente, apesar de, momentaneamente, gozar do mesmo privilégio. Podemos estar com a Seleção Brasileira em seu ônibus especial nos dirigindo a uma final de copa do mundo mas este acontecimento não nos torna um jogador profissional integrante da esquadra canarinho. Apesar de estar com eles, isto não nos torna um deles. É simples.

A idéia principal nos dois textos supra citados seria de que os 144.000 simbolizariam a totalidade de salvos vivos (sem ter passado pela morte) por ocasião do segundo advento de Cristo que, juntamente com os justos ressuscitados (incluindo a Sra White e a esposa falecida), terão o privilégio de visitar  outros mundos criados por Deus.

Há outro ponto a ser considerado (o qual será estudado mais a frente): os 144.000 não passarão pela morte e terão uma experiência muito particular e crescente – desde o movimento pró decreto dominical, passando pelo fechamento da porta da graça, até o derramamento da sétima praga. Nenhum dos que ressuscitarem na ressurreição parcial – no fim da sétima praga – terão experiência semelhante.

05 – São as primícias dentre os salvos vivos

Os 144.000 serão um grupo especial, selecionado dentre os justos vivos por ocasião da segunda vinda de Cristo. Eles representariam, assim, a grande messe e salvos vivos dos últimos dias – seriam as primícias (Artur G. Daniells – presidente da Ass. Geral em 1901 – expôs esta teoria / Fonte: ‘A obra do assinalamento’ – Coleção Laodicéia, IAR, nº 5, pág. 5).

Ap 7:4 apresenta 12.000 escolhidos de cada tribo; isto nos dá a idéia de uma parte menor  sendo escolhida de uma parte maior. Em Apoc. 14:4 os 144.000 são identificados como sendo “primícias para Deus e o Cordeiro”. Primícias (Ex 23:19; Nm 18:12-14) - as primícias, dentro do contexto bíblico, é “uma parte menor escolhida de uma parte maior”. A parte menor se chamava primícias e a parte maior se chamava seara. O melhor da grande seara era extraído e entregue ou dedicado ao Senhor como primícias, representando a grande messe.

Quando o decreto promulgado pelos vários governantes da cristandade contra os observadores dos mandamentos lhes retirar a proteção do governo, abandonando-os aos que lhes desejam a destruição, o povo de Deus fugirá das cidades e vilas e reunir-se-á em grupos, habitando nos lugares mais desertos e solitários. Muitos encontrarão refúgio na fortaleza das montanhas. Semelhantes aos cristãos dos vales do Piemonte, dos lugares altos da Terra farão santuários, agradecendo a Deus pelas ’fortalezas das rochas’. Is 33:16. Muitos, porém, de todas as nações, e de todas as classes, elevadas e humildes, ricos e pobres, negros e brancos, serão arrojados na escravidão mais injusta e cruel. Os amados de Deus passarão dias penosos, presos em correntes, retidos pelas barras da prisão, sentenciados à morte, deixados alguns aparentemente para morrer à fome nos escuros e nauseabundos calabouços”. -  GC, pág. 631, itálicos acrescentados.

Nesses dois grupos mencionados, distinguimos uma diversidade de experiência, um grupo bem mais provado, sofrendo uma perseguição bem mais terrível do que o outro. Discernimos aqui a experiência das primícias e a experiência da seara durante as 7 pragas.

Assim como os ressuscitados com Cristo são Primícias dos mortos, representantes da grande multidão que há de sair do sepulcro por ocasião da Segunda Vinda de Cristo; da mesma forma os 144.000 são Primícias dos vivos, representantes da grande Seara de justos vivos por ocasião da Segunda Vinda de Jesus. Cada Seara com suas respectivas Primícias.

Pergunta: ‘Por que Deus em Seu amor e misericórdia selaria apenas uma parte de Seus filhos fiéis na etapa final da história terrestre? Como fica a situação daqueles que não serão selados, uma vez que O selo não é alguma marca que pode ser vista, mas a consolidação da verdade, para que eles (o povo de Deus) não possam ser abalados”. – SDABC, vol. IV, pág. 1161? Certamente estes não se salvarão, pois não têm o selo Divino. Então, como pode haver as primícias dos salvos vivos (os 144.000) se, excetuando-se os 144.000, não haverá salvos vivos?

Outro detalhe: Ap 14, v. 4 diz: “São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro”. Observe que o texto diz ‘redimidos dentre os homens’ e não dentre os vivos e que os versos 3, 4 e 5 tratam do mesmo assunto: experiência (novo cântico), vida espiritual (não se macularam com mulheres; seguidores do Cordeiro) e moral (não se achou mentira na sua boca; não têm mácula). Portanto, podemos concluir que a correta aplicação do sentido da palavra primícias  está relacionada com a experiência dos 144.000 em relação a todos os salvos em todas as épocas e não ao fato de eles os representantes da grande Seara de justos vivos por ocasião da Segunda Vinda de Jesus (comparar com Jr 2:3; Tg 1:18).

06 – Há mais alguma dificuldade na interpretação literal do número 144.000?

Uma análise sucinta de Ap 7 e 14 nos dará a resposta:

-  Ap 7:4: ‘de todas as tribos de Israel’ = judeus

-  Ap 14;4: ‘não se macularam com mulheres’ = homens ‘são castos’ = virgens

Literalmente falando, Ap 7 e 14 nos mostraria que, somente judeus do sexo masculino, solteiros e virgens fariam parte dos 144.000.

- A INTERPRETAÇÃO SIMBÓLICA

01 – A profecia é simbólica

Alguns que sustentam que o número é simbólico, destacam que a visão é claramente simbólica, e que como os  outros símbolos não se interpretam literalmente, muito menos este. Seria um erro deduzir que João estava pensando em termos literais. A menção dos 144.000 está contida em uma profecia muito simbólica. Apocalipse 7 usa tais símbolos como: ‘4 anjos’, ‘4 cantos’, ‘4 ventos’, ‘oriente’, ‘o selo na fronte’, etc. Interpretar literalmente esses símbolos seria omitir o ponto principal da passagem, ou seja, não revelar o número preciso dos selados, mas mostrar a distribuição dos selados entre as tribos do Israel Espiritual .

02 - O Número é simbólico

Muitos estudantes da Bíblia consideram que 12 é um número que tem significado na Bíblia. Há três números na Bíblia que são símbolos da perfeição: 7 = perfeição do caráter; 10 = perfeição da medida; 12 = perfeição do governo. 144.000 é o quadrado de doze, e mil é o cubo de dez. O doze representando a perfeição do governo de Cristo e o dez a perfeição da medida de Seu governo. Assim, temos uma curiosa expressão algébrica – (12)2 x (10)3!

03 – O número é simbólico pois os ‘144.000’ e a ‘grande multidão’ representam o mesmo grupo

Como Apocalipse 7 apresenta os 144.000?

Apocalipse 7 vem em duas seções – os versos 1 a 8 descrevem os 144.000; os versos 9 a 17 descrevem a grande multidão. A determinação de uma relação entre as duas seções provê uma chave para a compreensão deste capítulo.

O apóstolo João ouviu o número daqueles que seriam selados, mas quando olhou, viu uma grande multidão. Em várias ocasiões o que João ouve e o que ele vê são a mesma coisa, embora descritos em termos contraditórios (Ap 1:10, 12, 13; 5: 5, 6). Sendo assim, podemos estabelecer uma relação de igualdade entre as duas seções de Apocalipse 7, como veremos a seguir:

144.000 – versos 1-8

1 – ‘OUVI’ – verso 4

2 – ‘O NÚMERO’ – verso 4

3 – ‘144.000’ – verso 4

4 – ‘DOS FILHOS DE ISRAEL’ – verso 4

5 – ‘DE TODA A TRIBO’ – verso 4

6 – ‘SELADOS’ – verso 4

7 – ‘QUATRO VENTOS PARA FAZER DANO À TERRA E AO MAR’ – versos 1, e 2

GRANDE MULTIDÃO – versos 9-17

1 – ‘VI’ – verso 9

2 – ‘NINGUÉM PODIA ENUMERAR’ – verso 9

3 – ‘UMA GRANDE MULTIDÃO’ – verso 9

4 – ‘DE TODAS AS NAÇÕES’ – verso 9

5 – ‘DE TODAS AS TRIBOS, POVOS E LÍNGUAS’ – verso 9

6 – ‘VESTIDOS DE VESTIDURAS BRANCAS’ – verso 9

7 – ‘GRANDE TRIBULAÇÃO’ – verso 14

Segundo esta opinião, os 144.000 e a grande multidão compõem o mesmo grupo, porém em diferentes condições, e os versos 9-17 revelam a verdadeira identidade dos 144.000. De acordo com este ponto de vista, os versos 1-8 descrevem o selamento dos 144.000 a fim de prepará-los para permanecer firmes em meio aos terrores que acompanham a vinda do Messias, enquanto que os versos 9-17 os mostram depois, regozijando-se em paz e triunfo ao redor do trono de Deus. Os que opinam desta maneira crêem que as aparentes diferenças entre a descrição da grande multidão e os 144.000 não são diferenças e sim explicações.

OBSERVAÇÕES:  Comparar Ap 7, 14:1-5 e 15:1-3 com GC, cap 40, 653 e 654:

“No mar cristalino diante do trono, naquele mar como que de vidro misturado com fogo – tão resplendente é ele pela glória de Deus – está reunida a multidão dos quesaíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome”. Ap 15:2. Com o Cordeiro, sobre o Monte Sião, “tendo harpas de Deus”, estão os cento e quarenta e quatro mil que foram remidos dentre os homens; e ouve-se, como o som de muitas águas, e de grande trovão, “uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas”. E cantavam um “cântico novo diante do trono – cântico que ninguém podia aprender senão os cento e quarenta e quatro mil. É o hino de Moisés e do Cordeiro – hino de livramento. Ninguém, a não ser os cento e quarenta e quatro mil, pode aprender aquele canto, pois é o de sua experiência – e nunca ninguém teve experiência semelhante. “Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai.” “Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro.” Ap 14:1-5; 15:3. “Estes são os que vieram de grande tribulação” (Ap 7:14); passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de Jacó; permaneceram sem intercessor durante o derramamento final dos juízos de Deus. Mas foram livres, pois “lavaram os seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro”. “Na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis” diante de Deus. “Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra.” Apoc. 7:15. Viram a Terra devastada pela fome e pestilência, o Sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede. Mas “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem Sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”. Ap 7:16 e 17. GC, cap. 40, p. 653, 654, itálicos acrescentados.

04 – Mas Ellen White não declara que ‘os santos vivos’ são ‘em número de 144.000’ (PE, pág. 15)?

Esta foi a primeira visão dada por Deus à Ellen White, em dezembro de 1844. Muitos elementos nesta sua primeira visão são simbólicos: o povo do advento viaja por um ‘caminho reto e estreito, levantado em lugar elevado do mundo’; alguns caem do caminho para baixo, no mundo; na testa dos santos estava escrito ‘Deus Nova Jerusalém’ e o novo nome de Jesus (PE, pág. 14 e 15). Ao que parece, ‘conquanto essa visão não explicasse a razão do Desapontamento – explicação esta que só poderia provir do estudo da Bíblia – ela deu-lhes a certeza de que Deus os estava guiando e continuaria a guia-los em sua peregrinação rumo da cidade celestial”. – PE, Prefácio Histórico, pág. 16. Deus não se preocupou em dar detalhes nesta primeira visão e sim uma visão panorâmica da jornada dos santos ruma à Canaã Celestial, visões posteriores foram mais completas. Assim como em Apocalipse 7, em Primeiros Escritos o número também deve ser visto simbólica e não literalmente.

“...parece que quanto mais perto a profetisa chega ao fim de sua vida, mais incerteza parece ela demonstrar em relação aos que comporão este grupo especial. Em declarações alternadas, ela simplesmente se refere a este número como uma classe especial, sem especificar se ele deve ser considerado um número literal ou apenas simbólico daquele grupo especial de pessoas que estará vivo e preparado para o encontro com o Senhor quando ele vier”. – AR, pág. 141.

Enquanto que, em PE os 144.000 se encontram em quadrado perfeito sobre o mar de vidro (pág. 16), o GC os retrata como uma ‘hoste inumerável dos resgatados’ com as fileiras ‘dispostas em forma de um quadrado’. Aparentemente, Ellen White viu os 144.000 como idêntico à ‘grande multidão’, que ninguém podia enumerar.

05 - Outro ponto de vista identifica a grande multidão como o grupo total dos redimidos, o que inclui os 144.000: “Esforcemo-nos, como todo o poder que Deus nos tem dado para estar entre os cento e quarenta e quatro mil”. - RH 9.3.1905.

OBSERVAÇÕES: Na bíblia nós encontramos a listagem das 12 tribos de Israel em três livros diferentes: Gênesis, Ezequiel e Apocalipse. No primeiro livro a relação é histórica mas nos dois últimos ela é escatológica e seria natural que elas fossem iguais mas, não são, como veremos a seguir:

GENESIS CAP 49

Rúbem
Simeão
Levi
Judá
Zebulon
Issacar

Gade
Aser
Naftali
José
Benjamin

EZEQUIEL CAP 48


Aser
Naftali
Manassés
Efraim
Rúben
Judá
Benjamin
Simeão
Issacar
Zebulon
Gade

- Omite Levi e José e inclui Manassés e Efraim, conforme Gênesis

APOCALIPSE CAP 07

Judá
Rúben
Gade
Aser
Naftali
Manassés
Simeão
Levi
Issacar
Zebulon
José
Benjamin

- Omite Dã e inclui Manassés conforme Gênesis
- Omite Dã e Efraim e inclui Manassés e José conforme Ezequiel
- Efraim e Manassés eram filhos de José

12 – O que diz o Espírito de Profecia sobre os 144.000?

1 – Não podemos enumerar Israel:

O Senhor não opera em seus obreiros para fazê-los tomar um rumo que traga antes do tempo, o tempo de angústia. Não construam eles um muro de separação entre si e o mundo, pregando suas próprias idéias e noções. Já há isto em demasia em todos o limites. A mensagem de advertência não alcançou grande número de pessoas deste mundo nas próprias cidades que estão justamente à mão, e enumerar Israel não é trabalhar de acordo com a ordem divina.” – TM, pág. 202, itálicos acrescentados.

2 – Uma multidão que ninguém poderá enumerar será salva:

Deus ama Sua Igreja. Se os membros desejarem fazer Sua vontade, se esforçarem por repartir a luz aos que se encontram em trevas, Ele abençoará em grande medida seus esforços. Ele representa a Sua Igreja como sendo a luz do mundo. Por meio de Sua fiel ministração, uma multidão que ninguém poderá enumerar se tornará filhos de Deus, capacitados para a eterna glória.” – CE, pág. 26, itálicos acrescentados.

3 – Deus não tem um número certo de salvos:

Outra questão sobre a qual conversamos um pouco, foi a respeito dos eleitos de Deus – que o Senhor teria um número certo, e quando esse número se completasse, cessaria o tempo da graça. Estas são questões sobre as quais vós, ou eu, não temos o direito de falar. O Senhor Jesus receberá a todos os que vierem Ter com Ele. Morreu pelos injustos, e toda pessoa que quiser vir, poderá fazê-lo.” – ME, vol. II, pág. 315, itálicos acrescentados.

4 – O povo de Deus é pequeno comparativa e não quantitativamente:

Em comparação com os milhões do mundo, o povo de Deus será, como tem sido sempre, um pequeno rebanho; mas se permanecerem na verdade como revelada em Sua palavra, Deus será seu refúgio.” – AA, pág. 589, itálicos acrescentados.

5 – Há perigo no conhecimento especulativo:

Cristo diz que haverá na Igreja pessoas que apresentarão fábulas e suposições, quando Deus deu verdades grandes, inspiradoras e de modo a enobrecer, as quais devem ser sempre conservadas no tesouro da memória. Quando os homens apanham esta e aquela teoria, quando são curiosos de saber alguma coisa que não lhes é necessário saber, Deus não os está conduzindo. Não é plano dEle que Seu povo apresente alguma coisa que eles supõem, a qual não é ensinada na palavra de Deus. Não é Sua vontade que eles se metam em discussões a cerca de questões que os não ajudam espiritualmente, tais como: Que pessoas vão constituir os 144.000? Isto, aqueles que forem os eleitos de Deus hão de sem dúvida, saber em breve.” – ME, vol. I, pág. 174, itálicos acrescentados.

Todos devemos lutar para estarmos en­tre os redimidos do Senhor. Não importa onde estivermos, ou com as primícias ou com a Seara. Não importa se faremos parte dos 144.000 ou se faremos parte da grande multidão de redimidos. O importante é estarmos salvos, desfrutando das delícias da Nova Terra. “As primícias são santas e também a massa o é” (Rom. 11:16). 

Referências:

RH - Review and Herald
ME - Mensagens Escolhidas
TM 
- Testemunhos para Ministros
VE 
- Vida e Ensinos
SDABC - Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia
PE 
- Primeiros Escritos
GC 
- Grande Conflito
BC 
- Bible Comentary
AA - Atos dos Apóstolos

Valdir Abreu dos Santos

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