"Negue o Deus Único e Poderá Permanecer na IASD..."

 

Como já imaginávamos o pastor distrital não nos deixou falar no momento de nossa exclusão por rejeitarmos a Trindade como doutrina bíblica. Quase todo nosso pequeno grupo esteve na igreja, inclusive o pastor Robert Habenicht e sua esposa a irmã Ardis.

Logo que me sentei no templo, vários irmãos vieram me cumprimentar. Pessoas que me amam, mas que infelizmente nem se dão conta do que está acontecendo direito. Sequer compreendem o assunto. Alguns porque não tiveram oportunidade e outros porque não quiseram ainda estudá-lo, em virtude da "psicologia intimidatória" usada pelo pastor.

Na sexta feira, soubemos que ele fizera uma reunião com igreja. Não sei ao certo do que se tratou, mas creio que pode ter sido comentada a reunião que aconteceria no dia seguinte. Penso que eles imaginavam que nós iríamos criar algum tipo de tumulto. Penso também que o tiro saiu pela culatra.

Cheguei bem cedo, às 08:30 e sentei-me num dos primeiros bancos. Os irmãos que foram chegando, vieram me cumprimentar. Veio também o filho do irmão Lourenço Gonzalez, o Samuel Gonzalez, que se sentou ao meu lado e disse: "Irmão Milton, ainda é tempo do irmão se retratar."

Essas palavras fizeram-me voltar em pensamento ao passado por alguns segundos e reviver o período da inquisição. Tempos em que homens como Lutero, João Huss e muitos outros também ouviram as mesmas palavras.

Então disse para ele: Samuel, eu não vim a igreja para discutir este assunto. Vim para rever os irmãos, matar a saudade e adorar a Deus segundo minha consciência. Vim também para a reunião que haverá apos o culto. Ao finalizar tudo, se você desejar, podemos conversar fora da igreja, okay?

Ele se retirou então e sentou-se no banco ao lado. Assisti a Escola Sabatina e ao culto. Interessante o fato de que o pastor que fora conosco, no momento da saudação às visitas tenha sido apresentado à igreja apenas como "o irmão Habenicht e sua esposa Ardis". Creio que foi para não despertar a curiosidade dos demais irmãos. 

O pastor Geovane Felix pregou sobre o texto de I Pedro 2:9-10. Foi um sermão evangelístico, mas que nas entrelinhas continha a seguinte mensagem: Não há salvação fora da igreja. E a igreja, mesmo tendo alguns defeitos, é a igreja de Deus e que levará a verdade ao mundo todo e etc, etc, etc.

 

Exclusão

Quando terminou o culto, ele pediu que somente os membros batizados da igreja local permanecessem no templo. Infelizmente, o Pr. Habenicht e sua esposa tiveram que retira-se. Acho que ele queria que nós tumultuássemos a reunião para tentar denegrir nossa imagem perante os irmãos, mas não deu certo. Ficamos quietos apenas aguardando.

Antes de iniciar a votação, ele informou que qualquer observação deveria ser feita em separado, apenas para ele e para os anciãos, que posteriormente trariam para a igreja as observações. Foi aí que vi que ele não permitiria mesmo que nós pudéssemos dizer alguma coisa relativa à nossa exclusão para os irmãos.

Ficamos tristes. Eu havia levado o Manual da Igreja, mas pensei: "Ele quer que tumultuemos a reunião" e fiquei calado.

Após ter votado o batismo de uma senhora e uma criança e também a exclusão de uma jovem por quebra de mandamento... -- Aliás, agora o pecado não tem mais nome, é apenas quebra de mandamento. Talvez por isso já não haja mais homens que chamem o pecado pelo seu nome na IASD. Sem generalizar é claro! -- ...Finalmente chegou a minha vez.

Ele, o pastor, informou para igreja que por discordar e pregar doutrinas contrárias às da igreja, meu nome foi levado para a Mesa Administrativa da igreja e depois de eu ser consultado sobre a minha posição, como esta não havia mudado, a recomendação da Mesa era que meu nome fosse excluído do rol de membros da igreja. Em seguida, pediu apoio, que logo foi obtido.

Alguns porém na votação não se manifestaram e alguns até votaram contra, mas sem fazer nenhuma observação. Ao perguntar sobre observações, eu levantei a mão e perguntei se poderia após a votação dizer algumas palavras finais a igreja, o que ele permitiu.

Após minha exclusão, também foi votada a exclusão do irmão David pelo mesmo motivo. Então, antes que a reunião fosse encerrada, o pastor me chamou para que eu dissesse então minhas palavras finais.

Quando ia começar a falar ele se aproximou de mim e disse: "Voce não toque mais no assunto, por favor..." Então respondi alto para ele: "Pastor, o senhor quer agora direcionar as palavras que eu devo falar para os irmãos?" Ele sem graça, deu um sorriso cínico e falou para igreja: "Irmãos, eu pedi para o irmão Milton não tocar mais no assunto, que já foi muito discutido pelos irmãos. A igreja já está cansada desta discussão que não leva a nada."

 

Despedida

Minha garganta ficou seca e minha voz embargou. Quase não me contive, mas o Espírito de Deus me controlou. Disse para a igreja com calma e serenidade, mais ou menos as seguinte palavras:

Irmãos, já que não me é permitido dizer o que desejo, apenas digo que agradeço a Deus por ter me conduzido até aqui e agradeço pelo apoio e carinho que recebi dos irmãos enquanto aqui congreguei na mesma fé. Sei da sinceridade dos irmãos e orarei para que a Verdade seja estabelecida em breve entre os irmãos.

Lamento que não possa expor o que penso, porém cabe aos irmãos averiguarem por si mesmos a verdade. Digo isto até para os meus filhos que aqui estão presentes. Filhos, vocês devem seguir unicamente o que descobrirem por si mesmos na palavra de Deus. Pois todo e qualquer ser humano é falho e a salvação de vocês depende unicamente de vocês e Deus.

Gostaria ainda de esclarecer para os irmãos que o que estão dizendo a meu respeito, é mentira, irmãos. O que vocês ouviram, coisas como "ele está endemoniado", "doente", que eu não creio mais na divindade de Jesus e no Espirito Santo. Isso tudo é uma grande mentira. Eu creio na divindade de Jesus e no Espírito Santo, mas não como é ensinado hoje pela igreja. E se algum irmão quiser saber como eu creio, estou à disposição para conversar com qualquer um.

Que Deus abençoe a todos. Espero que não fiquemos separados por causa disto.

O irmão David também se despediu da igreja com o mesmo espírito de mansidão e amor. Muitos choraram por nós e alguns prometeram que iriam nos procurar. Creio que algumas almas foram tocadas pelo nosso testemunho e agora aguardamos que o Espírito de Deus trabalhe nesses corações. A reunião acabou pacificamente assim como começou e isso fez com que muitos vissem que tipo de espírito está em nós. 

Assim, pedimos ao irmão e todos os demais que já abraçaram esta verdade maravilhosa sobre Deus e Seu Filho, que orem por estes irmãos e por nós para que continuemos a andar no mesmo espírito e possamos continuar influenciando a muitos outros. -- Milton Figueiredo, do Ministério Adventista Bereano.

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com