Fonte: http://noticias.uol.com.br/time/ult640u534.jhtm


Sexta, 13 de fevereiro de 2004, 18h23 
Argentina investiga mistério das "balas cósmicas"

Numa região remota da Argentina, cientistas tentam desvendar um mistério dos céus usando vários observatórios espalhados por uma área 10 vezes maior que Paris. Pesquisadores brasileiros, argentinos, norte-americanos, entre outros, colocaram centenas de dispositivos que lembram discos voadores, numa área de 3 mil metros quadrados, para vasculhar o céu, em busca de misteriosos, raros e poderosos raios cósmicos que bombardeiam a Terra.

As partículas subatômicas - que carregam mais energia que qualquer outra partícula conhecida no universo - são um dos grandes mistérios da ciência. Determinar o que move estas partículas, conhecidas como "balas cósmicas", pode desafiar as leis da física e a teoria da relatividade. "Pode fazer Albert Einstein se revirar no túmulo", disse Carlos Hojvat, astrofísico que dirige o projeto financiado por vários países, incluindo o Brasil, a Argentina e os EUA. "Chamamos esses raios de mensageiros do cosmo. Eles podem nos contar sobre as origens do universo. Estamos nos limites do desconhecido", afirmou.

A construção do observatório Pierre Auger, que custou US$ 50 milhões, no oeste da Argentina, começou em 2000. Naquele ano, o observatório começou a quantificar partículas lançadas na atmosfera vindas do espaço. Os cientistas não têm certeza de onde esses pequenos e poderosos raios vêm. O observatório vai permitir aos pesquisadores detectar cerca de 50 raios por ano.

Alguns acreditam que eles possam ter tido sua origem na criação do universo, logo após o Big Bang. Outros acham que eles possam ser emitidos por buracos negros. Qualquer que seja a verdade, descobrir como esses raios funcionam vai ajudar a explicar o universo, disse o diretor do projeto.

No Brasil, participam do projeto a Universidade de São Paulo, a Unicamp, a PUC do Rio de Janeiro, a Universidade do Rio de Janeiro e as universidades federais Fluminense, da Bahia e da Paraíba.

Inexplicado
Partículas de baixa energia "chovem" constantemente sobre a Terra, mas algumas têm energia extremamente alta, e é isso que intriga os cientistas. "A física não tem uma explicação. Esses raios não deveriam existir", disse Xavier Bertou, um astrofísico francês que trabalha no projeto. "Uma das possibilidades é que as leis de Einstein não funcionem".

A localização do planalto de Malargue, na Argentina, é ideal para detectar os raios de alta energia, por ser plana e ter o céu constantemente limpo, além de estar 1.200 metros acima do nível do mar. Até 2006, 1,6 mil "detectores de partículas" - recipientes redondos cheios de água - estarão espalhados pela área. Há mais de 200 já em funcionamento, separados por 1,5 quilômetros de distância.

Esses aparelhos funcionam como sensores. Quando um raio cósmico atinge a atmosfera, ele interage com as moléculas do ar e causa uma "rajada cósmica". Quanto mais energético o raio, maior essa "rajada", que é detectada pelos sensores. Quando um raio é detectado, a informação sobre seu tamanho e direção é transmitida para um computador. "Podemos detectar um raio de 40 metros dentro do qual a partícula caiu. Podemos ir lá, pôr uma bandeira e beber champanhe", brincou Bertou.

Pesquisadores acreditam que o enorme poder dessas partículas possa se reverter no futuro em uma nova fonte de energia.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI268023-EI302,00.html

Retornar

Carta Capital:
O Apocalipse Bate à Porta


Destaque

SILÊNCIO DE ENSURDECER
A mídia custa a dar voz ao debate científico sobre o aquecimento global.

Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

Confira na edição impressa:
O APOCALIPSE ESTÁ AÍ
Guerras e desastres causados por mudanças climáticas podem custar milhões de vidas em poucos anos.


A repercussão internacional da matéria publicada pela revista britânica The Observer, no domingo 22 de fevereiro, embute uma omissão, como notou o escritor e jornalista australiano Tom Engelhardt em seu blog TomDispatch. Mas a forma como isso passou despercebido da maioria dos leitores e comentadores revela um problema quase tão grave quanto o do próprio aquecimento global.

A matéria não forneceu informações falsas, nem sequer exageradas. Mas dava a entender ser um furo mundial sobre um assunto, até então, mantido em segredo. Não foi bem assim: em 9 de fevereiro, na revista norte-americana Fortune, as mesmas informações, com mais detalhes técnicos, haviam sido publicadas sob o título de Climate Collapse, The Pentagon’s Weather Nigthmare (Colapso Climático, o Pesadelo do Pentágono) e reproduzidas por mídias independentes. Você pode lê-la, por exemplo, no site ambientalista http://sierratimes.com/04/02/09/ar_weather.htm ou em http://www.independent-media.tv.

A falta de atenção para essa primeira matéria – a ponto de poder ter sido relançada duas semanas depois como furo de ressonância mundial – é, por si mesma, uma história muito reveladora sobre os pontos cegos, cada vez mais vastos da imprensa, principalmente, mas não só a norte-americana.

A maior precisão científica do artigo de David Stipp na Fortune tornava-o até mais assustador que o da Observer para quem o soubesse ler. Que o mundo está a caminho de virar um inferno em razão das mudanças climáticas, há muito tempo deixou de ser novidade, mas se “há poucos anos tais mudanças pareciam ser sinais de possíveis problemas para nossos filhos e netos, hoje anunciam um cataclismo que pode não esperar, convenientemente, que já tenhamos passado à história”.

O estudo do Pentágono trabalhou com a possibilidade bem real de estarmos muito perto de um limiar crítico a partir do qual o clima pode virar repentinamente, em menos de uma década – “como uma canoa que se inclina pouco a pouco até emborcar de repente”, escreveu Stipp.

A hipótese de trabalho – que deve ser entendida como um cenário plausível, não como uma projeção – é que essa virada aconteceria entre 2010 e 2020. Seria resultado do derretimento, já visível, das geleiras do Ártico. A água doce assim libertada, juntamente com a chuva intensificada pelo aquecimento global, vai se misturar à Corrente do Golfo e reduzir sua salinidade e densidade. A corrente, hoje submarina, seria retida na superfície e perderia seu ímpeto.

Isso travaria a “correia transportadora” que conduz calor do Caribe para a Europa Ocidental e a torna muito mais habitável do que paragens igualmente setentrionais no Canadá, nos EUA e na Rússia (a latitude da Holanda e das Ilhas Britânicas é comparável à do Labrador canadense e da Kamchatka siberiana). Icebergs chegariam à costa de Portugal e a Europa congelaria. Em 2020, a temperatura média já teria caído 3 graus na maior parte do Hemisfério Norte.

Os peixes abandonariam as atuais zonas pesqueiras em busca de águas mais aprazíveis. Na terra ou no mar, espécies incapazes de migrar se extinguiriam (9% a 58% de todas as espécies animais hoje existentes, segundo diferentes hipóteses).

Ao mesmo tempo, a temperatura do resto do mundo subiria e os padrões de chuvas e secas seriam alterados em várias partes do planeta, provocando estiagens e inundações, difundindo para outras partes doenças, hoje restritas aos trópicos, e agravando os conflitos internacionais, principal razão do interesse do Pentágono no tema.

Suas especulações incluem a invasão da Rússia pelo Japão e países da Europa Oriental em busca de energia e recursos naturais, a reunificação das Coréias em uma nova potência capaz de somar a capacidade nuclear do Norte com a tecnológica do Sul e o rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação, enquanto seus imigrantes famintos – juntamente com os do Caribe e da América do Sul – seriam impedidos de entrar na reforçada “fortaleza América (do Norte)”.

Stipp sugere que 25% da população masculina dos países pobres pode morrer nesses conflitos. Contou também que a 20th Century Fox lançará em meados do ano um filme de catástrofe mais ou menos baseado nesse roteiro, chamado The Day After Tomorrow, no qual Dennis Quaid interpreta um cientista que salva o mundo (ou o Hemisfério Norte?) dessa idade do gelo, paradoxalmente, causada pelo aquecimento global.

Mas na Fortune o teor explosivo do assunto parece ter passado despercebido – como se Londres e Haia ficassem em outro planeta. Era “só” um “pior cenário” plausível que o Pentágono gentilmente “concordara em partilhar” com essa revista de economia e negócios e com os estrategistas das transnacionais norte-americanas.

Neste caso, parece que o meio matou a mensagem. O resto da mídia global não tomou conhecimento até a Observer relançar o assunto e politizá-lo como se deve.

O silêncio não foi rompido nem na quarta-feira 18, quando 60 cientistas (incluindo 12 premiados com o Nobel, 11 com a National Medal of Science, três com o prestigiado Prêmio Crafoord, dois ex-assessores presidenciais de ciência e vários reitores de universidades e presidentes de institutos de pesquisa) endossaram um relatório da organização liberal União dos Cientistas Engajados (Union of Concerned Scientists – UCS) que acusa Bush de enganar o público ao distorcer a ciência de acordo com sua vontade política, assim como fez com os relatórios da CIA sobre “armas de destruição em massa” do Iraque.

Trata-se de uma denúncia ampla, que se refere também ao ocultamento pela Casa Branca de evidências levantadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) sobre poluição por mercúrio perto de termoelétricas e produção de bactérias resistentes a antibióticos pela criação de porcos, a troca de peritos científicos por representantes de empresas e igrejas em órgãos consultivos do governo federal, o apagamento e revisão de trechos de relatórios científicos oficiais, a proibição de divulgar que a ênfase na abstinência sexual por parte dos programas de “educação sexual” de Bush fez subir as estatísticas de gravidez adolescente e a ordem da Casa Branca ao Instituto Nacional do Câncer para este declarar, erradamente, que o aborto provoca câncer de mama.

Mas a questão mais vital, sem dúvida, era a supressão dos estudos sobre mudança climática e registros de temperatura do relatório anual da EPA divulgado em junho de 2003, também ordenada pela Casa Branca, que os substituiu por um estudo financiado pelo American Petroleum Institute.

Mesmo jornais que aplaudiram a UCS, como The New York Times, não citaram o estudo do Pentágono. Do outro lado da cerca, os mais imperialistas que o imperador – como o filósofo Olavo de Carvalho, no site Mídia Sem Máscara – tentaram desqualificar o posicionamento da organização sobre o aquecimento global com base em que “as referências a ela, acompanhadas dos respectivos links, são abundantes nos sites de organizações militantes comunistas, socialistas e pró-islâmicas”, sem se dar conta de que fontes tão insuspeitas quanto a Fortune e o Pentágono haviam divulgado cenários muito mais alarmantes.

Ainda mais assustador é que mesmo depois de publicada a denúncia no Reino Unido e amplamente comentada na mídia européia, asiática, árabe, israelense, canadense e brasileira, os principais órgãos da mídia norte-americana continuaram alheios ao assunto. O New York Times dedicou várias matérias ao carnaval brasileiro, mas não se referiu ao relatório do Pentágono. Nem o Washington Post.

Já o jornal conservador Washington Times – que na véspera havia ridicularizado o ex-candidato democrata Al Gore por tentar ressuscitar a discussão sobre o Protocolo de Kyoto e fazer dele um tema de campanha – ao menos acusou o golpe ao publicar um texto do filósofo Sterling Burnett, do instituto conservador National Center for Policy Analysis.

Burnett citou as divergências ainda numerosas entre climatologistas sobre os mecanismos exatos desencadeados pelo aquecimento global para classificar como “ficção científica” a tese da mudança climática, sem se perguntar por que o Pentágono se dá ao trabalho de analisar estratégias reais para enfrentar a tal “ficção”.

É como os artigos patrocinados pela indústria do fumo que, até o início dos anos 90, alegavam que a falta de consenso dos oncologistas em relação aos mecanismos que levam ao câncer desqualificava como científica a tese de que o cigarro o causava, ainda que tivesse sido exaustivamente demonstrada por estatísticas.

Mais tarde o discurso dessa indústria embarcou na onda do individualismo neoliberal: passou a defender a responsabilidade e a liberdade pessoal de “optar” pelo risco de contrair um câncer. Mas no caso do aquecimento global, não há como optar individualmente, mesmo em tese, por correr ou não o risco de causar uma catástrofe planetária. Aliás, de acordo com o cenário do Pentágono, os países mais pobres e menos responsáveis pelas emissões de gás carbônico serão os primeiros e mais duramente atingidos pela vingança cega da natureza.

Houve quem, ao constatar a indiferença da sociedade civil ante o aquecimento global e seus efeitos mundialmente catastróficos a longo prazo, lembrasse de certa experiência científica cruel, mas verdadeira. Uma rã colocada em água quente salta imediatamente para fora, mas colocada em uma panela de água fria sobre um fogo que eleve sua temperatura pouco a pouco, a mesma rã nada tranqüilamente até morrer cozida.

Da mesma forma, a julgar pelas manchetes da imprensa norte-americana, sempre há mais gente disposta a tomar ou exigir providências em relação aos riscos de ser vitimado por um criminoso desconhecido, por um terrorista islâmico, pela queda de um avião, por abelhas africanas e até pelo choque de um asteróide com a Terra do que a fazer o mesmo contra as conseqüências muito mais vastas e certas, mas graduais, de seu próprio consumo irracional e supérfluo de petróleo.

Agora nos é dito, porém, que essas conseqüências talvez nem sejam tão graduais. Talvez se tornem drásticas, óbvias e praticamente irreversíveis já nesta década, ou na próxima. Mesmo assim, a mesma imprensa que dá capas e manchetes a debates sobre os riscos das gorduras hidrogenadas e dos implantes de silicone continua a tratar essa questão como um debate acadêmico complicado, abstrato e distante.

Talvez seja mais apropriado atribuir essa relutância a uma propensão a exagerar problemas que, aparentemente podem ser atribuídos a um “outro” a ser punido ou uma natureza a ser domesticada, para melhor ocultar aqueles causados pelo modo de viver, produzir e consumir da mesma sociedade que a própria mídia não se cansa de exaltar e promover.

Como noticiar – ou simplesmente pensar de dentro do american way of life – que as emanações dos jipes esportivos que encantam as famílias norte-americanas podem ser muito mais úteis aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que todos os terroristas da Al-Qaeda e do Hamas, somados? Que a desregulamentação e o livre mercado, em vez de levar ao melhor dos mundos possíveis, podem nos conduzir ao pior desastre da história?

Fez fortuna, em outros tempos, o lema “melhor morto do que vermelho (better dead than red)”. Agora, parece que mais vale morrer sonhando o american dream do que abrir mão do exagerado padrão de consumo dos EUA: melhor morto do que menos rico.

Parece mais fácil ser racional na pobre República das Maldivas, tão pequena que seus cidadãos brincam que só é preciso encher os tanques de seus carros uma vez por ano. É formada por pequenos atóis de coral do Oceano Índico (aquele que abriga a capital tem 500 hectares), com pouco mais de um metro de altura. As mudanças climáticas já começaram a destruí-los e mesmo uma pequena elevação do nível do mar os inundaria rapidamente. Seu governo tem construído diques e quebra-mares para retardar a destruição dos atóis e, em 1997, começou a construir uma ilha artificial chamada Hulhumale, um pouco mais alta que seu território natural, para abrigar seu povo. É a primeira Arca de Noé do século XXI.

Seres humanos não são rãs. Distinguem-se de outros animais, entre outras coisas, pela sua capacidade superior de interpretar indícios, relacionar causas e efeitos e antecipar os resultados de suas ações. Mas também por sua capacidade de mentir até para si mesmos – principalmente quando se trata de políticos e empresários (inclusive de mídia) para os quais o encobrimento da verdade favorece seus interesses mais óbvios e imediatos.

Isso não diz respeito apenas ao atual governo dos EUA, apesar de seu engajamento a favor dos interesses do setor petrolífero ter obviamente agravado a questão: já no tempo de Clinton os democratas hesitavam em defender abertamente o Protocolo de Kyoto e sua relutância aumentou ainda mais depois dos efusivos cumprimentos da National Association of Manufacturers (a CNI dos EUA) e da Câmara do Comércio a Bush por ter defendido o interesse nacional contra o tratado que limitaria o consumo de combustíveis dos países industrializados.

Restou nos EUA, porém, uma instância encarregada de pensar o impensável – as Forças Armadas. Como parece improvável que a Casa Branca decida privatizá-las, seus cientistas podem acabar como os únicos autorizados a discutir ecologia sem serem tachados de antiamericanos.

Mas não nos iludamos: ao tratar do assunto, o Pentágono lembra um certo figurante freqüentemente citado por Luis Fernando Verissimo. Sua participação na peça seria entrar em cena durante uma bacanal, jogar as mãos para o alto, escandalizado, e dizer: “Mas isto é Bizâncio!” O ator entrou em cena na hora certa e disse a fala corretamente. Só que fez isso esfregando as mãos.


Da mesma forma, é difícil não imaginar os generais a esfregar as mãos ao listar os novos riscos para a segurança nacional e prever a transformação dos EUA em vasta fortaleza protegida por um arsenal ampliado e modernizado que proteja seus recursos de serem consumidos por imigrantes famintos empilhados em precárias jangadas ou pilhados por nações desesperadas, armadas com bombas atômicas.

A conclusão do relatório do Pentágono, vale notar, é positiva: “Os EUA sobreviverão sem perdas catastróficas”, ao contrário da maioria das demais nações do mundo. Se lhes importa mais estar em primeiro lugar do que viver em um mundo razoavelmente habitável, serão os demais que terão de jogar as mãos para o alto, se escandalizar e gritar “Mas isto é Bizâncio!” Sem esfregar as mãos.

http://cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1296


Quarta, 3 de março de 2004, 11h10 
Desastres naturais causam 60 mil mortes em 2003

Os desastres naturais e os causados pela ação do homem deixaram cerca de 60 mil mortos no último ano no mundo todo, segundo um balanço divulgado hoje por uma firma seguradora. Esse elevado número de vítimas, dois terços das quais em terremotos, situa 2003 como o sétimo ano mais trágico das últimas três décadas, segundo a firma resseguradora Swiss Re.

"O pior desastre quanto à perda de vidas humanas foi o terremoto registrado em dezembro da cidade iraniana de Bam, onde 41 mil pessoas morreram", assinala um comunicado da segunda maior firma mundial de resseguros, depois da alemã Munique Re.

A empresa calcula que as perdas econômicas derivadas do total de catástrofes ocorridas em 2003 chegam a US$ 70 bilhões, dos quais as companhias de seguros aportaram US$ 18,5 bilhões.

A firma suíça ressalta que os desastres causados pelo ser humano provocaram perdas no valor de US$ 12 bilhões e que mais da metade dessas perdas se deveram ao grande blecaute registrado na costa leste dos Estados Unidos no verão passado, que deixou milhões de pessoas sem eletricidade durante três dias.

A resseguradora suíça aponta que em 2003 se alcançou "o recorde do verão mais quente" em vários países da Europa, à diferença de 2002, marcado por inundações em julho e agosto em várias partes do continente.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI274879-EI314,00.html


Correspondente iG: O caso da tragédia climática

17:22 26/02
Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel (nahumsirotsky@ig.com.br)

JERUSALÉM - No ano passado, neste mesmo dia, nevou em Jerusalém. Ontem fez um frio danado. Hoje, saí de manga curta. E estão prevendo que haverá um calor de 30 graus nos próximos dias. O que é que há?

No último dia 22, o "Observer" de Londres fez revelações de causar medo. As revelações nem foram confirmadas, nem desmentidas. Mudanças no clima nos próximos anos resultarão em uma catástrofe mundial, custando milhões de vidas em desastres naturais e guerras, Mark Townsend e Paul Harris afirmam de Nova York. E fazem uma grave acusação.

O Pentágono - Ministério da Defesa americano teria suprimido a divulgação de um estudo revelador. Mas os repórteres teriam conseguido uma cópia. E aí vai a essência. Não repercutiu. Estranho.

Cientistas teriam concluído que podem ocorrer mudanças abruptas no clima. Os países optarão por um forte armamento para defenderem suas fontes de água e energia. Os "profetas" seriam dois conceituados consultores. Haverá enchentes destruidoras já em 2005 devido à elevação dos níveis das águas oceânicas.

O semanário, nada sensacionalista, cita nomes de cientistas, condenando a aparente indiferença do governo Bush em relação à questão. Bob Watson, do Banco Mundial, declara que não dá mais para ignorar a ameaça. Andrew Marshall, consultor do Pentágono, teme que entremos em tempos caóticos.

Não há dúvidas de que eles virão. Pode ser breve. A culpa é do homem que desrespeita as leis naturais de preservação do meio ambiente. Marshall diz que a Terra tem uma população acima da que pode sustentar. Em 2020, já será muito difícil resolver a questão da falta de água e de fontes energéticas.

O candidato do Partido Democrata às eleições americanas, prevê-se, vai acusar Bush de irresponsabilidade. Ele não parece acreditar na loucura do clima. E até hoje, com satélites fotografando tudo, apenas falam de previsão.

Deve chover. Deve ser frio. Assim se fala. E não me esqueço daquela frase que explica por que o clima não é previsível com segurança. Uma borboleta bate asas na China e o que chega ao Texas é um tufão.

Não existem políticas e planos para minimizarmos os efeitos de um clima enlouquecido. Quantas foram as vítimas? E os prejuízos com as recentes chuvas no Brasil?

Achei importante sabermos que existem estudos do Pentágono sobre o que fazer em termos de defesa nacional americana se as previsões se concretizarem. Nada além. No Brasil, sequer garantimos água potável para todos, mesmo hoje.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/mundo/artigo/0,,1528822,00.html


Segunda, 23 de fevereiro de 2004, 16h08 
Relatório prevê catástrofe global em 20 anos

As mudanças climáticas que ocorrerão nos próximos 20 anos podem resultar em uma catástrofe global que vai custar a vida de milhões de pessoas em guerras e desastres naturais. É o que indica um relatório até então secreto, obtido agora pelo jornal britânico The Observer.

O documento prevê que as principais cidades da Europa serão afundadas pela subida do nível dos mares e que, por volta de 2020, a Grã-Bretanha estará tomada por um clima "siberiano". Conflitos nucleares, secas, miséria e conflios se espalharão pelo mundo. A mudança abrupta do clima trará uma era de anarquia, e os países terão que desenvolver ameaças nucleares para defender suas reservas de alimento, água e energia.

De acordo com o jornal The Observer, o relatório já traria um resultado imediato: a humilhação da administração Bush, que tem negado, frequentemente, a existência de mudanças preocupantes no clima. O estudo foi comissionado por Andrew Marshall, um conselheiro de defesa do Pentágono que tem tido considerável influência no pensamento militar norte-americano nas últimas três décadas.

"Um iminente cenário de alterações climáticas catastróficas é plausível e poderia desafiar a segurança nacional dos Estados Unidos de uma forma que deveria ser considerada imediatamente", justificaram os autores do relatório, o consultor da CIA Peter Schwartz, e Doug Randall, da Global Business Network, com sede na Califórnia.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI271782-EI238,00.html


Cientistas acusam governo dos EUA de manipulação

Sessenta cientistas americanos de renome acusam o governo do presidente George W. Bush de ter deliberadamente manipulado as análises científicas em detrimento da saúde dos americanos. Um informe divulgado na véspera pela associação Union of Concerned Scientists (algo como associação dos cientistas preocupados) critica a administração por ter, "entre outros abusos, suprimido ou manipulado as análises científicas de órgãos federais".

"Houve mudanças nas análises sobre a qualidade do ar e mudanças climáticas, entre outras, uma atitude de sérias conseqüências para todos os americanos", acrescenta o texto, assinado por vários Prêmios Nobel, como os físicos Leon Lederman e Norman Ramsey.

"Ficou constatado que a contribuição científica para a administração política foi censurada ou deformada", acusa Neal Lane, um ex-diretor da Fundação Nacional das Ciências, estimando que essas deformações "vão ter um impacto na saúde pública".

O informe alerta para "interferências políticas nas pesquisas científicas independentes por parte da Agência de Proteção do Meio Ambiente, encarregada do controle dos produtos alimentícios e farmacêuticos". Para remediar esta situação, os cientistas sugerem que os estudos possam ser postos à disposição do público e que o Congresso exerça um maior controle.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI270196-EI238,00.html


Segunda, 23 de fevereiro de 2004, 23h12 
Especialista alerta para contaminação de sementes

O DNA dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos) está contaminando as sementes tradicionais nos EUA, o que pode ter graves repercussões para a saúde e o comércio, denunciou hoje uma associação independente.

A União de Cientistas Comprometidos baseou sua denúncia em uma análise de três alimentos de grande importância nos Estados Unidos: o milho, a canola e a soja.

Dois laboratórios independentes analisaram amostras de seis variedades dessas sementes e concluíram que pelo menos 50% das sementes de milho e de soja, e 83% das de canola continham informação genética dos transgênicos.

A contaminação pode ter ocorrido através do pólen transportado por insetos ou animais, ou pela mistura das sementes durante seu processamento, segundo Margaret Mellon, Diretora do Programa de Alimentação e Meio Ambiente da organização.

O Departamento de Agricultura não fez nenhuma declaração sobre o relatório.

A porcentagem de contaminação é pequena: entre 0,05% e 1% do genoma das variedades tradicionais provinha de sementes modificadas geneticamente, mas ainda assim é preocupante, segundo a associação.

A tecnologia dos transgênicos "é muito nova e pode ser que não conheçamos todas as suas conseqüências futuras", disse Frederick Kirschenmann, diretor do Centro Leopold de Agricultura Sustentável da Universidade de Iowa, estado que é um grande produtor de milho.

O relatório recomenda ao governo dos Estados Unidos, país que é o maior produtor de transgênicos do mundo, a criação de uma reserva de sementes "puras" que sirva de "apólice de segurança para o caso de algo sair errado", em palavras de Mellon.

Trinta e quatro por cento do milho, 69% da canola e 75% da soja cultivados nos Estados Unidos são transgênicos. Os partidários da modificação genética dos alimentos ressaltam suas vantagens, como sua resistência às pragas e sua maior produtividade, e insistem em que não há estudos científicos que provem que constituem um risco à saúde.

No entanto, Mellon, bióloga e membro de vários comitês assessores do Departamento de Agricultura, disse que não há pesquisa suficiente sobre seus possíveis efeitos. "Seus riscos não foram muito estudados. As pessoas preferem não olhar para não encontrar", declarou.

Além disso, alertou que as sementes tradicionais podem contaminar-se de genes de cultivos modificados pelas indústrias farmacêuticas para produzir remédios como anticoagulantes, hormônios e substitutos sangüíneos. "Ninguém quer ter fármacos em nossos cereais do café da manhã", disse Mellon.

A contaminação genética também ameaça prejudicar economicamente os agricultores, segundo esta organização, já que lhes fecharia mercados no Japão e na Europa, onde os consumidores se negaram até agora a consumir transgênicos.

Se os produtores norte-americanos não conseguirem sementes puras não poderão vender suas colheitas nessas regiões, que submetem as importações agrícolas a análise rigorosas para determinar seu conteúdo de material genético estranho, segundo Kirschenmann.

A dificuldade de encontrar sementes limpas de transgênicos também prejudicará os produtores de alimentos orgânicos nos EUA, de acordo com este especialista, pois para conseguir vendê-los como tais não podem conter genes alterados artificialmente.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/biotecnologia/interna/0,,OI271926-EI1434,00.html


Terça, 24 de fevereiro de 2004, 19h09 
Pentágono minimiza informe sobre mudança climática

O Pentágono minimizou hoje os resultados de um informe sobre as mudanças climáticas do planeta, e considerou que suas conclusões são especulativas, negando a fazer do aquecimento global um tema de política nacional prioritário como aconselharam os autores do estudo.

Conforme um dos conselheiros do Pentágono, Andrew Marshall, "o estudo reflete os limites dos modelos científicos e da informação quando prediz os efeitos de um aquecimento global abrupto". Ele acrescentou ainda que apesar de existirem suficientes evidências científicas sobre o tema, muito do que este estudo prediz é ainda uma especulação.

Segundo o jornal britânico The Observer, militares americanos censuram o relatório com conclusões alarmantes sobre o tema porque isso poderia prejudicar a campanha presidencial em andamento nos Estados Unidos.

O presidente George W. Bush foi acusado por ativistas ambientalistas de minimizar a importância do aquecimento global por sua oposição à ratificação do Protocolo de Kyoto, o acordo internacional para reduzir as emissões poluentes.

O informe do Pentágono prediz que uma "abrupta mudança climática pode levar o planeta ao limite da anarquia, prejudicando os alimentos, a água e as reservas energéticas", citou The Observer.

Um dos autores do estudo, Peter Schwartz, um consultor da CIA e ex- executivo da companhia petroleira Royal Dutch/Shell, advertiu que o tema da mudança climática deve ser incluído de forma imediata entre as prioridades políticas do país. "Deveria ser elevado a tema de debate científico a questão de segurança nacional dos Estados Unidos", afirmou, citado pelo jornal.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI272189-EI238,00.html


Asteróide quase leva a falso alerta mundial

Astrônomos revelaram que no início do ano quase divulgaram um alerta mundial para um potencial impacto de um asteróide contra a Terra. No dia 13 de janeiro, alguns cientistas acharam que um objeto de 30 metros, mais tarde chamado de 2004 AS1, tinha uma em quatro chances de atingir o planeta dentro de 36 horas.

O impacto poderia ter causado devastação local e os pesquisadores cogitaram até a hipótese de ligar para o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, antes que novas informações mostrassem que não havia perigo.

Os procedimentos para o levantamento do alerta em tais circunstâncias estão sendo revistos. Na ocasião, a equipe do presidente estava preparando o discurso dado na sede da agência espacial americana, a Nasa, sobre o projeto de enviar uma missão à Lua e a Marte. Entretanto, se tivesse recebido o alerta, o discurso do presidente teria começado com o alerta de que o planeta seria atingido por um asteróide.

Local indeterminado
O local exato do choque não foi determinado, sabia-se apenas que seria em algum lugar no hemisfério norte. Durante o discurso de Bush, os especialistas estariam usando sinais de radar para descobrir a trajetória do asteróide.

Com cerca de 30 metros de largura, o asteróide não causaria impacto semelhante ao que extinguiu os dinossauros e nem representaria uma ameaça à nossa espécie, mas poderia causar um dano considerável depois de explodir na atmosfera.

Potencialmente as perdas de vidas poderiam ser maiores do que as causadas pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Em um relatório apresentado nesta semana na Conferência de Proteção Planetária, na Califórnia, o veterano pesquisador de asteróides Clark Chapman chamou o episódio de "crise de nove horas".

Ele contou como a comunidade astronômica ficou sabendo que um asteróide foi descoberto pelos telescópios do sistema de pesquisa dos céus Linear, no Novo México. O Centro Planetário Minor, em Massachusetts, que esclarece este tipo de observação, colocou na internet detalhes pedindo a atenção de astrônomos. Um destes astrônomos notou algo diferente nestas informações.

A imagem do objeto ficaria cerca de 40 vezes mais brilhante no dia seguinte, um possível sinal de que o objeto estava se aproximando rapidamente. Mas com informações de apenas quatro centros de observação disponíveis, a incerteza era grande. Muitos objetos podem estar orbitando a Terra e a maioria deles não ameaça o planeta.

Para alguns astrônomos, a tensão aumentou quando Steven Chesley, pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, analisou a informação disponível e enviou um email afirmando que havia 25% de chance de o asteróide atingir o hemisfério norte da Terra dentro de poucos dias.

Foi nesta ocasião que os astrônomos Clark Chapman e David Morrison, presidente do Grupo de Trabalho para Objetos Próximos da Terra dentro da União Internacional Astronômica, cogitaram ligar para George W. Bush.

Críticas
Muitos astrônomos afirmam que a ligação para o presidente dos Estados Unidos não seria uma decisão sábia. "Eles interpretaram a situação de uma forma completamente errada. Havia tempo o bastante para conseguir que outros observadores analisassem a situação", disse Benny Peiser, da Universidade de Astronomia John Moores, em Liverpool, Grã-Bretanha.

"Acho incrível que tal ação tenha sido cogitada com apenas quatro observações, não é o bastante. Não havia necessidade para pânico", disse Brian Marsden do Centro Planetário Minor. Felizmente para todos os envolvidos, logo após o email de Chesley, um astrônomo amador conseguiu se desviar das nuvens que cobriam o céu na época e tirou uma foto de uma área do céu sem objeto nenhum.

Se o 2004 AS1 realmente estivesse em rota de colisão com a Terra, o objeto apareceria até nas fotos de astrônomos amadores. Mas Chapman afirma que, se o tempo permanecesse nublado e mais nenhuma outra observação pudesse ter sido feita, ele teria dado o alerta.

Muitos astrônomos reconhecem que é preciso um maior planejamento e menos pânico se um caso como esse ocorrer de novo. Quanto ao 2004 AS1, constatou-se que era muito maior do que se imaginava, com 500 metros de largura, e passou a uma distância de 12 milhões de quilômetros da Terra, sem representar perigo para o planeta.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI272386-EI302,00.html


29/02/2004

O que fazer quando se descobre que um enorme asteróide está vindo em nossa direção

Naquela noite, parecia que um asteróide mortífero estava a ponto de colidir com o nosso planeta - mas, felizmente, a hora da Terra ainda não havia chegado.

Por Michael D. Lemonick

Quando Timothy Spahr finalmente encerrou o seu expediente, no dia 13 de janeiro, após mais de 10 horas de batente, ele imaginou que poderia desfrutar um descanso merecido naquela noite. Na qualidade de astrônomo no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge, Massachussets, a tarefa de Spahr é de reunir informações sobre asteróides que poderiam um dia passar perto da Terra.

Naquela terça-feira, ele estava analisando as observações de um telescópio automatizado operando no Novo México quando reparou num pequeno ponto luminoso que poderia corresponder ao perfil desse tipo de corpo celeste. Ele calculou a órbita do objeto e, como de costume, enviou as informações para o site do Minor Planet Center (no qual o centro de astrofísica reúne informações sobre planetas e objetos de pequena dimensão), onde elas são compartilhadas por outros astrônomos.

Então, ele saiu para jantar com um amigo.

Com o que aconteceria em seguida, Timothy Spahr não demorou a se dar conta de que o seu dia de trabalho estava longe de ter terminado. Os acontecimentos também despertaram um debate acalorado entre astrônomos, os quais passaram a discutir o quão prontamente o público deveria ser informado sobre os perigos que vêm do espaço - e o quão certos os cientistas precisam estar da real iminência de um perigo antes de divulgarem tais alertas.

Em muitas oportunidades, no passado, os homens que escrutam o céu chegaram a anunciar que um asteróide perigoso poderia estar ameaçando a Terra - suscitando, como sempre, manchetes espalhafatosas na imprensa - e acabaram desmentindo aquela informação, dias depois. Mas, enquanto o fato de ser obrigado a se retratar - "Não é bem assim, gente" - pode ser uma experiência constrangedora, seria muito pior manter um perigo real sob silêncio. E isso explica por que razão o motivo que levou Spahr a "esticar" o seu dia de trabalho acabou se tornando o principal assunto das discussões na conferência sobe Defesa Planetária organizada pelo Instituto Americano de Aeronáutica e Astronomia, e que aconteceu na semana passada em Garden Grove, Califórnia.

Enquanto Timothy Spahr estava jantando, um astrônomo amador alemão acessou o site do Minor Planet Center, notou a existência do novo objeto, chamado 2004 AS1, e constatou pouco depois que as coordenadas previam que o seu brilho deveria aumentar na proporção absolutamente inacreditável de aproximadamente 4.000% até o dia seguinte - o que era uma indicação de que ele estava se aproximando numa velocidade espantosa da Terra.

Então, ele esboçou a órbita que Spahr havia calculado e se deu conta de que o enorme rochedo, cujo comprimento naquele momento era estimado em cerca de 30 metros de uma extremidade à outra, estava em rota de colisão direta com a Terra - e especificamente com algum ponto do Hemisfério Norte - e dali a apenas poucos dias. Com aquele tamanho, ele provavelmente explodiria na atmosfera a alguns quilômetros de altura, libertando uma energia equivalente à de uma bomba atômica de um megaton, o suficiente para causar a destruição e a devastação total de tudo o que estivesse imediatamente debaixo.

Quando o astrônomo amador alemão enviou uma mensagem de alerta para uma lista de e-mails de observadores de asteróides, astrônomos do mundo inteiro entraram em polvorosa. "Quando voltei para casa, por volta de meia-noite", conta Timothy Spahr, "havia cinco mensagens esperando na minha secretária eletrônica". A partir daquele momento, e durante horas a fio, ele e seus colegas se apressaram a tentar descobrir se a Terra estava realmente correndo perigo.

"No início, todos nós éramos muito céticos", conta Clark Chapman, um astrônomo do Southwest Research Institute (Instituto de Pesquisas do Sudoeste), em Boulder, Colorado. "Nós achávamos que se tratava de um erro ou de dados defeituosos, ou ainda que alguém estava aprontando uma brincadeira de mau gosto".

Mas, quando Steve Chesley, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, verificou os cálculos de Spahr, ele conclui que a probabilidade de que ocorreria um impacto com a Terra era de 1 entre 4. "Aquilo foi uma análise responsável", comenta Chapman. "Com toda evidência, ele não estava enganado".

Havia um pequeno problema: a trajetória projetada do asteróide estava baseada em quatro observações apenas, ao longo de um período de uma hora, o que dificilmente seria suficiente para permitir uma conclusão definitiva. Seria preciso efetuar uma outra observação para estabelecer a sua trajetória de maneira certeira.

Em geral, um asteróide ameaçador costuma ser localizado com anos de antecedência. Desta vez, com alguns poucos dias pela frente, os astrônomos tinham a obrigação de efetuar a segunda verificação o quanto antes. Então, Chesley fez mais cálculos para descobrir aquilo que é chamado de "buraco da fechadura", isto é, a minúscula região do espaço onde o asteróide 2004 AS1 deveria estar se a órbita estivesse correta - e ele divulgou todas essas coordenadas pela Internet.

"Estava claro que aquele não era o momento de fazer um anúncio", lembra Chapman, que nega enfaticamente uma notícia divulgada pela BBC segundo a qual por pouco ele não telefonou para a Casa Branca naquela noite. "Mas, se a resposta não tivesse sido descoberta na manhã seguinte, eu acho que nós teríamos sido obrigados a alertar as pessoas".

Felizmente, a espera não foi muito longa. Por volta das 3h30 da manhã, Brian Warner, um astrônomo amador de Colorado Springs, Colorado, apontou um telescópio para o "buraco da fechadura" e descobriu que ele estava vazio.

No final, o asteróide 2004 AS1 não iria colidir com a Terra, e provavelmente nunca o fará - é mesmo uma sorte, uma vez que foi comprovado que o seu comprimento é 16 vezes maior do que se imaginava, sendo de fato de 487,68 metros de uma extremidade à outra. Da próxima vez, Timothy Spahr não dependerá de um amador vigilante. "Menos de dois dias depois do incidente", conta, "nós já tínhamos um software para checar eventuais impactos futuros automaticamente".

Tradução: Jean-Yves de Neufville

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