Carta
Capital:
O Apocalipse Bate à Porta
Destaque
SILÊNCIO DE ENSURDECER
A mídia custa a dar voz ao debate científico sobre o
aquecimento global.
Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da
Costa
Confira na edição impressa:
O APOCALIPSE ESTÁ AÍ
Guerras e desastres causados por mudanças climáticas podem custar milhões de
vidas em poucos anos.
A repercussão internacional da matéria publicada pela revista britânica The
Observer, no domingo 22 de fevereiro, embute uma omissão, como notou o
escritor e jornalista australiano Tom Engelhardt em seu blog TomDispatch. Mas a
forma como isso passou despercebido da maioria dos leitores e comentadores
revela um problema quase tão grave quanto o do próprio aquecimento global.
A matéria não forneceu informações falsas, nem sequer exageradas. Mas dava a
entender ser um furo mundial sobre um assunto, até então, mantido em segredo.
Não foi bem assim: em 9 de fevereiro, na revista norte-americana Fortune, as
mesmas informações, com mais detalhes técnicos, haviam sido publicadas sob o
título de Climate Collapse, The Pentagon’s Weather Nigthmare (Colapso
Climático, o Pesadelo do Pentágono) e reproduzidas por mídias independentes.
Você pode lê-la, por exemplo, no site ambientalista http://sierratimes.com/04/02/09/ar_weather.htm
ou em http://www.independent-media.tv.
A falta de atenção para essa primeira matéria – a ponto de poder ter sido
relançada duas semanas depois como furo de ressonância mundial – é, por si
mesma, uma história muito reveladora sobre os pontos cegos, cada vez mais vastos
da imprensa, principalmente, mas não só a norte-americana.
A maior precisão científica do artigo de David Stipp na
Fortune tornava-o até mais assustador que o da Observer para quem o
soubesse ler. Que o mundo está a caminho de virar um inferno em razão das
mudanças climáticas, há muito tempo deixou de ser novidade, mas se “há poucos
anos tais mudanças pareciam ser sinais de possíveis problemas para nossos filhos
e netos, hoje anunciam um cataclismo que pode não esperar, convenientemente, que
já tenhamos passado à história”.
O estudo do Pentágono trabalhou com a possibilidade bem real de estarmos muito
perto de um limiar crítico a partir do qual o clima pode virar repentinamente,
em menos de uma década – “como uma canoa que se inclina pouco a pouco até
emborcar de repente”, escreveu Stipp.
A hipótese de trabalho – que deve ser entendida como um cenário plausível, não
como uma projeção – é que essa virada aconteceria entre 2010 e 2020. Seria
resultado do derretimento, já visível, das geleiras do Ártico. A água doce assim
libertada, juntamente com a chuva intensificada pelo aquecimento global, vai se
misturar à Corrente do Golfo e reduzir sua salinidade e densidade. A corrente,
hoje submarina, seria retida na superfície e perderia seu ímpeto.
Isso travaria a “correia transportadora” que conduz calor do Caribe para a
Europa Ocidental e a torna muito mais habitável do que paragens igualmente
setentrionais no Canadá, nos EUA e na Rússia (a latitude da Holanda e das Ilhas
Britânicas é comparável à do Labrador canadense e da Kamchatka siberiana).
Icebergs chegariam à costa de Portugal e a Europa congelaria. Em 2020, a
temperatura média já teria caído 3 graus na maior parte do Hemisfério Norte.
Os peixes abandonariam as atuais zonas pesqueiras em busca de águas mais
aprazíveis. Na terra ou no mar, espécies incapazes de migrar se extinguiriam (9%
a 58% de todas as espécies animais hoje existentes, segundo diferentes
hipóteses).
Ao mesmo tempo, a temperatura do resto do mundo subiria e os padrões de chuvas e
secas seriam alterados em várias partes do planeta, provocando estiagens e
inundações, difundindo para outras partes doenças, hoje restritas aos trópicos,
e agravando os conflitos internacionais, principal razão do interesse do
Pentágono no tema.
Suas especulações incluem a invasão da Rússia pelo Japão e países da Europa
Oriental em busca de energia e recursos naturais, a reunificação das Coréias em
uma nova potência capaz de somar a capacidade nuclear do Norte com a tecnológica
do Sul e o rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado
para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação, enquanto seus
imigrantes famintos – juntamente com os do Caribe e da América do Sul – seriam
impedidos de entrar na reforçada “fortaleza América (do Norte)”.
Stipp sugere que 25% da população masculina dos países pobres pode morrer nesses
conflitos. Contou também que a 20th Century Fox lançará em meados do ano um
filme de catástrofe mais ou menos baseado nesse roteiro, chamado The Day
After Tomorrow, no qual Dennis Quaid interpreta um cientista que salva o
mundo (ou o Hemisfério Norte?) dessa idade do gelo, paradoxalmente, causada pelo
aquecimento global.
Mas na Fortune o teor explosivo do assunto parece ter passado
despercebido – como se Londres e Haia ficassem em outro planeta. Era “só” um
“pior cenário” plausível que o Pentágono gentilmente “concordara em partilhar”
com essa revista de economia e negócios e com os estrategistas das
transnacionais norte-americanas.
Neste caso, parece que o meio matou a mensagem. O resto da mídia global não
tomou conhecimento até a Observer relançar o assunto e politizá-lo como
se deve.
O silêncio não foi rompido nem na quarta-feira 18, quando 60 cientistas
(incluindo 12 premiados com o Nobel, 11 com a National Medal of Science, três
com o prestigiado Prêmio Crafoord, dois ex-assessores presidenciais de ciência e
vários reitores de universidades e presidentes de institutos de pesquisa)
endossaram um relatório da organização liberal União dos Cientistas Engajados (Union
of Concerned Scientists – UCS) que acusa Bush de enganar o público ao distorcer
a ciência de acordo com sua vontade política, assim como fez com os relatórios
da CIA sobre “armas de destruição em massa” do Iraque.
Trata-se de uma denúncia ampla, que se refere também ao ocultamento pela Casa
Branca de evidências levantadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) sobre
poluição por mercúrio perto de termoelétricas e produção de bactérias
resistentes a antibióticos pela criação de porcos, a troca de peritos
científicos por representantes de empresas e igrejas em órgãos consultivos do
governo federal, o apagamento e revisão de trechos de relatórios científicos
oficiais, a proibição de divulgar que a ênfase na abstinência sexual por parte
dos programas de “educação sexual” de Bush fez subir as estatísticas de gravidez
adolescente e a ordem da Casa Branca ao Instituto Nacional do Câncer para este
declarar, erradamente, que o aborto provoca câncer de mama.
Mas a questão mais vital, sem dúvida, era a supressão dos estudos sobre mudança
climática e registros de temperatura do relatório anual da EPA divulgado em
junho de 2003, também ordenada pela Casa Branca, que os substituiu por um estudo
financiado pelo American Petroleum Institute.
Mesmo jornais que aplaudiram a UCS, como The New York Times, não citaram
o estudo do Pentágono. Do outro lado da cerca, os mais imperialistas que o
imperador – como o filósofo Olavo de Carvalho, no site Mídia Sem Máscara –
tentaram desqualificar o posicionamento da organização sobre o aquecimento
global com base em que “as referências a ela, acompanhadas dos respectivos links,
são abundantes nos sites de organizações militantes comunistas, socialistas e
pró-islâmicas”, sem se dar conta de que fontes tão insuspeitas quanto a
Fortune e o Pentágono haviam divulgado cenários muito mais alarmantes.
Ainda mais assustador é que mesmo depois de publicada a
denúncia no Reino Unido e amplamente comentada na mídia européia, asiática,
árabe, israelense, canadense e brasileira, os principais órgãos da mídia
norte-americana continuaram alheios ao assunto. O New York Times dedicou
várias matérias ao carnaval brasileiro, mas não se referiu ao relatório do
Pentágono. Nem o Washington Post.
Já o jornal conservador Washington Times – que na véspera havia
ridicularizado o ex-candidato democrata Al Gore por tentar ressuscitar a
discussão sobre o Protocolo de Kyoto e fazer dele um tema de campanha – ao menos
acusou o golpe ao publicar um texto do filósofo Sterling Burnett, do instituto
conservador National Center for Policy Analysis.
Burnett citou as divergências ainda numerosas entre
climatologistas sobre os mecanismos exatos desencadeados pelo aquecimento global
para classificar como “ficção científica” a tese da mudança climática, sem se
perguntar por que o Pentágono se dá ao trabalho de analisar estratégias reais
para enfrentar a tal “ficção”.
É como os artigos patrocinados pela indústria do fumo que, até o início dos anos
90, alegavam que a falta de consenso dos oncologistas em relação aos mecanismos
que levam ao câncer desqualificava como científica a tese de que o cigarro o
causava, ainda que tivesse sido exaustivamente demonstrada por estatísticas.
Mais tarde o discurso dessa indústria embarcou na onda do individualismo
neoliberal: passou a defender a responsabilidade e a liberdade pessoal de
“optar” pelo risco de contrair um câncer. Mas no caso do aquecimento global, não
há como optar individualmente, mesmo em tese, por correr ou não o risco de
causar uma catástrofe planetária. Aliás, de acordo com o cenário do Pentágono,
os países mais pobres e menos responsáveis pelas emissões de gás carbônico serão
os primeiros e mais duramente atingidos pela vingança cega da natureza.
Houve quem, ao constatar a indiferença da sociedade civil ante o aquecimento
global e seus efeitos mundialmente catastróficos a longo prazo, lembrasse de
certa experiência científica cruel, mas verdadeira. Uma rã colocada em água
quente salta imediatamente para fora, mas colocada em uma panela de água fria
sobre um fogo que eleve sua temperatura pouco a pouco, a mesma rã nada
tranqüilamente até morrer cozida.
Da mesma forma, a julgar pelas manchetes da imprensa norte-americana, sempre há
mais gente disposta a tomar ou exigir providências em relação aos riscos de ser
vitimado por um criminoso desconhecido, por um terrorista islâmico, pela queda
de um avião, por abelhas africanas e até pelo choque de um asteróide com a Terra
do que a fazer o mesmo contra as conseqüências muito mais vastas e certas, mas
graduais, de seu próprio consumo irracional e supérfluo de petróleo.
Agora nos é dito, porém, que essas conseqüências talvez nem sejam tão graduais.
Talvez se tornem drásticas, óbvias e praticamente irreversíveis já nesta década,
ou na próxima. Mesmo assim, a mesma imprensa que dá capas e manchetes a debates
sobre os riscos das gorduras hidrogenadas e dos implantes de silicone continua a
tratar essa questão como um debate acadêmico complicado, abstrato e distante.
Talvez seja mais apropriado atribuir essa relutância a uma propensão a exagerar
problemas que, aparentemente podem ser atribuídos a um “outro” a ser punido ou
uma natureza a ser domesticada, para melhor ocultar aqueles causados pelo modo
de viver, produzir e consumir da mesma sociedade que a própria mídia não se
cansa de exaltar e promover.
Como noticiar – ou simplesmente pensar de dentro do american way of life
– que as emanações dos jipes esportivos que encantam as famílias
norte-americanas podem ser muito mais úteis aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse
que todos os terroristas da Al-Qaeda e do Hamas, somados? Que a
desregulamentação e o livre mercado, em vez de levar ao melhor dos mundos
possíveis, podem nos conduzir ao pior desastre da história?
Fez fortuna, em outros tempos, o lema “melhor morto do que vermelho (better
dead than red)”. Agora, parece que mais vale morrer sonhando o american
dream do que abrir mão do exagerado padrão de consumo dos EUA: melhor morto
do que menos rico.
Parece mais fácil ser racional na pobre República das Maldivas, tão pequena que
seus cidadãos brincam que só é preciso encher os tanques de seus carros uma vez
por ano. É formada por pequenos atóis de coral do Oceano Índico (aquele que
abriga a capital tem 500 hectares), com pouco mais de um metro de altura. As
mudanças climáticas já começaram a destruí-los e mesmo uma pequena elevação do
nível do mar os inundaria rapidamente. Seu governo tem construído diques e
quebra-mares para retardar a destruição dos atóis e, em 1997, começou a
construir uma ilha artificial chamada Hulhumale, um pouco mais alta que seu
território natural, para abrigar seu povo. É a primeira Arca de Noé do século
XXI.
Seres humanos não são rãs. Distinguem-se de outros animais, entre outras coisas,
pela sua capacidade superior de interpretar indícios, relacionar causas e
efeitos e antecipar os resultados de suas ações. Mas também por sua capacidade
de mentir até para si mesmos – principalmente quando se trata de políticos e
empresários (inclusive de mídia) para os quais o encobrimento da verdade
favorece seus interesses mais óbvios e imediatos.
Isso não diz respeito apenas ao atual governo dos EUA, apesar de seu engajamento
a favor dos interesses do setor petrolífero ter obviamente agravado a questão:
já no tempo de Clinton os democratas hesitavam em defender abertamente o
Protocolo de Kyoto e sua relutância aumentou ainda mais depois dos efusivos
cumprimentos da National Association of Manufacturers (a CNI dos EUA) e da
Câmara do Comércio a Bush por ter defendido o interesse nacional contra o
tratado que limitaria o consumo de combustíveis dos países industrializados.
Restou nos EUA, porém, uma instância encarregada de pensar o impensável – as
Forças Armadas. Como parece improvável que a Casa Branca decida privatizá-las,
seus cientistas podem acabar como os únicos autorizados a discutir ecologia sem
serem tachados de antiamericanos.
Mas não nos iludamos: ao tratar do assunto, o Pentágono lembra um certo
figurante freqüentemente citado por Luis Fernando Verissimo. Sua participação na
peça seria entrar em cena durante uma bacanal, jogar as mãos para o alto,
escandalizado, e dizer: “Mas isto é Bizâncio!” O ator entrou em cena na hora
certa e disse a fala corretamente. Só que fez isso esfregando as mãos.
Da mesma forma, é difícil não imaginar os generais a esfregar as mãos ao listar
os novos riscos para a segurança nacional e prever a transformação dos EUA em
vasta fortaleza protegida por um arsenal ampliado e modernizado que proteja seus
recursos de serem consumidos por imigrantes famintos empilhados em precárias
jangadas ou pilhados por nações desesperadas, armadas com bombas atômicas.
A conclusão do relatório do Pentágono, vale notar, é positiva: “Os EUA
sobreviverão sem perdas catastróficas”, ao contrário da maioria das demais
nações do mundo. Se lhes importa mais estar em primeiro lugar do que viver em um
mundo razoavelmente habitável, serão os demais que terão de jogar as mãos para o
alto, se escandalizar e gritar “Mas isto é Bizâncio!” Sem esfregar as mãos.
http://cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1296
Quarta, 3 de março de 2004, 11h10
Desastres
naturais causam 60 mil mortes em 2003
Os desastres naturais e os causados pela ação do homem
deixaram cerca de 60 mil mortos no último ano no mundo todo, segundo um balanço
divulgado hoje por uma firma seguradora. Esse elevado número de vítimas, dois
terços das quais em terremotos, situa 2003 como o sétimo ano mais trágico das
últimas três décadas, segundo a firma resseguradora Swiss Re.
"O pior desastre quanto à perda de vidas humanas foi o
terremoto registrado em dezembro da cidade iraniana de Bam, onde 41 mil pessoas
morreram", assinala um comunicado da segunda maior firma mundial de resseguros,
depois da alemã Munique Re.
A empresa calcula que as perdas econômicas derivadas do total
de catástrofes ocorridas em 2003 chegam a US$ 70 bilhões, dos quais as
companhias de seguros aportaram US$ 18,5 bilhões.
A firma suíça ressalta que os desastres causados pelo ser
humano provocaram perdas no valor de US$ 12 bilhões e que mais da metade dessas
perdas se deveram ao grande blecaute registrado na costa leste dos Estados
Unidos no verão passado, que deixou milhões de pessoas sem eletricidade durante
três dias.
A resseguradora suíça aponta que em 2003 se alcançou "o
recorde do verão mais quente" em vários países da Europa, à diferença de 2002,
marcado por inundações em julho e agosto em várias partes do continente.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI274879-EI314,00.html
Correspondente
iG: O caso da tragédia climática
17:22 26/02
Nahum Sirotsky,
correspondente iG em Israel (nahumsirotsky@ig.com.br)
JERUSALÉM - No ano passado, neste mesmo dia, nevou em Jerusalém. Ontem fez um
frio danado. Hoje, saí de manga curta. E estão prevendo que haverá um calor de
30 graus nos próximos dias. O que é que há?
No último dia 22, o "Observer"
de Londres fez revelações de causar medo. As revelações nem foram confirmadas,
nem desmentidas. Mudanças no clima nos próximos anos resultarão em uma
catástrofe mundial, custando milhões de vidas em desastres naturais e guerras,
Mark Townsend e Paul Harris afirmam de Nova York. E fazem uma grave acusação.
O Pentágono - Ministério da Defesa americano teria suprimido a divulgação de um
estudo revelador. Mas os repórteres teriam conseguido uma cópia. E aí vai a
essência. Não repercutiu. Estranho.
Cientistas teriam concluído que podem ocorrer mudanças abruptas no clima. Os
países optarão por um forte armamento para defenderem suas fontes de água e
energia. Os "profetas" seriam dois conceituados consultores. Haverá enchentes
destruidoras já em 2005 devido à elevação dos níveis das águas oceânicas.
O semanário, nada sensacionalista, cita nomes de cientistas, condenando a
aparente indiferença do governo Bush em relação à questão. Bob Watson, do Banco
Mundial, declara que não dá mais para ignorar a ameaça. Andrew Marshall,
consultor do Pentágono, teme que entremos em tempos caóticos.
Não há dúvidas de que eles virão. Pode ser breve. A culpa é do homem que
desrespeita as leis naturais de preservação do meio ambiente. Marshall diz que a
Terra tem uma população acima da que pode sustentar. Em 2020, já será muito
difícil resolver a questão da falta de água e de fontes energéticas.
O candidato do Partido Democrata às eleições americanas, prevê-se, vai acusar
Bush de irresponsabilidade. Ele não parece acreditar na loucura do clima. E até
hoje, com satélites fotografando tudo, apenas falam de previsão.
Deve chover. Deve ser frio. Assim se fala. E não me esqueço daquela frase que
explica por que o clima não é previsível com segurança. Uma borboleta bate asas
na China e o que chega ao Texas é um tufão.
Não existem políticas e planos para minimizarmos os efeitos de um clima
enlouquecido. Quantas foram as vítimas? E os prejuízos com as recentes chuvas no
Brasil?
Achei importante sabermos que existem estudos do Pentágono sobre o que fazer em
termos de defesa nacional americana se as previsões se concretizarem. Nada além.
No Brasil, sequer garantimos água potável para todos, mesmo hoje.
Fonte:
http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/mundo/artigo/0,,1528822,00.html
Segunda, 23 de fevereiro de 2004,
16h08
Relatório prevê
catástrofe global em 20 anos
As mudanças climáticas que ocorrerão nos próximos 20 anos
podem resultar em uma catástrofe global que vai custar a vida de milhões de
pessoas em guerras e desastres naturais. É o que indica um relatório até então
secreto, obtido agora pelo jornal britânico The Observer.
O documento prevê que as principais cidades da Europa serão
afundadas pela subida do nível dos mares e que, por volta de 2020, a
Grã-Bretanha estará tomada por um clima "siberiano". Conflitos nucleares, secas,
miséria e conflios se espalharão pelo mundo. A mudança abrupta do clima trará
uma era de anarquia, e os países terão que desenvolver ameaças nucleares para
defender suas reservas de alimento, água e energia.
De acordo com o jornal The Observer, o relatório já
traria um resultado imediato: a humilhação da administração Bush, que tem
negado, frequentemente, a existência de mudanças preocupantes no clima. O estudo
foi comissionado por Andrew Marshall, um conselheiro de defesa do Pentágono que
tem tido considerável influência no pensamento militar norte-americano nas
últimas três décadas.
"Um iminente cenário de alterações climáticas catastróficas é
plausível e poderia desafiar a segurança nacional dos Estados Unidos de uma
forma que deveria ser considerada imediatamente", justificaram os autores do
relatório, o consultor da CIA Peter Schwartz, e Doug Randall, da Global Business
Network, com sede na Califórnia.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI271782-EI238,00.html
Cientistas acusam
governo dos EUA de manipulação
Sessenta cientistas americanos de renome acusam o governo do
presidente George W. Bush de ter deliberadamente manipulado as análises
científicas em detrimento da saúde dos americanos. Um informe divulgado na
véspera pela associação Union of Concerned Scientists
(algo como associação dos cientistas preocupados) critica a administração por
ter, "entre outros abusos, suprimido ou manipulado as análises científicas de
órgãos federais".
"Houve mudanças nas análises sobre a qualidade do ar e
mudanças climáticas, entre outras, uma atitude de sérias conseqüências para
todos os americanos", acrescenta o texto, assinado por vários Prêmios Nobel,
como os físicos Leon Lederman e Norman Ramsey.
"Ficou constatado que a contribuição científica para a
administração política foi censurada ou deformada", acusa Neal Lane, um
ex-diretor da Fundação Nacional das Ciências, estimando que essas deformações
"vão ter um impacto na saúde pública".
O informe alerta para "interferências políticas nas pesquisas
científicas independentes por parte da Agência de Proteção do Meio Ambiente,
encarregada do controle dos produtos alimentícios e farmacêuticos". Para
remediar esta situação, os cientistas sugerem que os estudos possam ser postos à
disposição do público e que o Congresso exerça um maior controle.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI270196-EI238,00.html
Segunda, 23 de fevereiro de 2004, 23h12
Especialista
alerta para contaminação de sementes
O DNA dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos)
está contaminando as sementes tradicionais nos EUA, o que pode ter graves
repercussões para a saúde e o comércio, denunciou hoje uma associação
independente.
A União de Cientistas Comprometidos baseou sua denúncia em uma
análise de três alimentos de grande importância nos Estados Unidos: o milho, a
canola e a soja.
Dois laboratórios independentes analisaram amostras de seis
variedades dessas sementes e concluíram que pelo menos 50% das sementes de milho
e de soja, e 83% das de canola continham informação genética dos transgênicos.
A contaminação pode ter ocorrido através do pólen transportado
por insetos ou animais, ou pela mistura das sementes durante seu processamento,
segundo Margaret Mellon, Diretora do Programa de Alimentação e Meio Ambiente da
organização.
O Departamento de Agricultura não fez nenhuma declaração sobre
o relatório.
A porcentagem de contaminação é pequena: entre 0,05% e 1% do
genoma das variedades tradicionais provinha de sementes modificadas
geneticamente, mas ainda assim é preocupante, segundo a associação.
A tecnologia dos transgênicos "é muito nova e pode ser que não
conheçamos todas as suas conseqüências futuras", disse Frederick Kirschenmann,
diretor do Centro Leopold de Agricultura Sustentável da Universidade de Iowa,
estado que é um grande produtor de milho.
O relatório recomenda ao governo dos Estados Unidos, país que
é o maior produtor de transgênicos do mundo, a criação de uma reserva de
sementes "puras" que sirva de "apólice de segurança para o caso de algo sair
errado", em palavras de Mellon.
Trinta e quatro por cento do milho, 69% da canola e 75% da
soja cultivados nos Estados Unidos são transgênicos. Os partidários da
modificação genética dos alimentos ressaltam suas vantagens, como sua
resistência às pragas e sua maior produtividade, e insistem em que não há
estudos científicos que provem que constituem um risco à saúde.
No entanto, Mellon, bióloga e membro de vários comitês
assessores do Departamento de Agricultura, disse que não há pesquisa suficiente
sobre seus possíveis efeitos. "Seus riscos não foram muito estudados. As pessoas
preferem não olhar para não encontrar", declarou.
Além disso, alertou que as sementes tradicionais podem
contaminar-se de genes de cultivos modificados pelas indústrias farmacêuticas
para produzir remédios como anticoagulantes, hormônios e substitutos sangüíneos.
"Ninguém quer ter fármacos em nossos cereais do café da manhã", disse Mellon.
A contaminação genética também ameaça prejudicar
economicamente os agricultores, segundo esta organização, já que lhes fecharia
mercados no Japão e na Europa, onde os consumidores se negaram até agora a
consumir transgênicos.
Se os produtores norte-americanos não conseguirem sementes
puras não poderão vender suas colheitas nessas regiões, que submetem as
importações agrícolas a análise rigorosas para determinar seu conteúdo de
material genético estranho, segundo Kirschenmann.
A dificuldade de encontrar sementes limpas de transgênicos
também prejudicará os produtores de alimentos orgânicos nos EUA, de acordo com
este especialista, pois para conseguir vendê-los como tais não podem conter
genes alterados artificialmente.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/biotecnologia/interna/0,,OI271926-EI1434,00.html
Terça, 24 de fevereiro de 2004, 19h09
Pentágono
minimiza informe sobre mudança climática
O Pentágono minimizou hoje os resultados de um informe sobre
as mudanças climáticas do planeta, e considerou que suas conclusões são
especulativas, negando a fazer do aquecimento global um tema de política
nacional prioritário como aconselharam os autores do estudo.
Conforme um dos conselheiros do Pentágono, Andrew Marshall, "o
estudo reflete os limites dos modelos científicos e da informação quando prediz
os efeitos de um aquecimento global abrupto". Ele acrescentou ainda que apesar
de existirem suficientes evidências científicas sobre o tema, muito do que este
estudo prediz é ainda uma especulação.
Segundo o jornal britânico The Observer, militares
americanos censuram o relatório com conclusões alarmantes sobre o tema porque
isso poderia prejudicar a campanha presidencial em andamento nos Estados Unidos.
O presidente George W. Bush foi acusado por ativistas
ambientalistas de minimizar a importância do aquecimento global por sua oposição
à ratificação do Protocolo de Kyoto, o acordo internacional para reduzir as
emissões poluentes.
O informe do Pentágono prediz que uma "abrupta mudança
climática pode levar o planeta ao limite da anarquia, prejudicando os alimentos,
a água e as reservas energéticas", citou The Observer.
Um dos autores do estudo, Peter Schwartz, um consultor da CIA
e ex- executivo da companhia petroleira Royal Dutch/Shell, advertiu que o tema
da mudança climática deve ser incluído de forma imediata entre as prioridades
políticas do país. "Deveria ser elevado a tema de debate científico a questão de
segurança nacional dos Estados Unidos", afirmou, citado pelo jornal.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI272189-EI238,00.html
Asteróide quase leva
a falso alerta mundial
Astrônomos revelaram que no início do ano quase divulgaram um
alerta mundial para um potencial impacto de um asteróide contra a Terra. No dia
13 de janeiro, alguns cientistas acharam que um objeto de 30 metros, mais tarde
chamado de 2004 AS1, tinha uma em quatro chances de atingir o planeta dentro de
36 horas.
O impacto poderia ter causado devastação local e os
pesquisadores cogitaram até a hipótese de ligar para o presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, antes que novas informações mostrassem que não havia
perigo.
Os procedimentos para o levantamento do alerta em tais
circunstâncias estão sendo revistos. Na ocasião, a equipe do presidente estava
preparando o discurso dado na sede da agência espacial americana, a Nasa, sobre
o projeto de enviar uma missão à Lua e a Marte. Entretanto, se tivesse recebido
o alerta, o discurso do presidente teria começado com o alerta de que o planeta
seria atingido por um asteróide.
Local indeterminado
O local exato do choque não foi determinado, sabia-se apenas que seria em algum
lugar no hemisfério norte. Durante o discurso de Bush, os especialistas estariam
usando sinais de radar para descobrir a trajetória do asteróide.
Com cerca de 30 metros de largura, o asteróide não causaria
impacto semelhante ao que extinguiu os dinossauros e nem representaria uma
ameaça à nossa espécie, mas poderia causar um dano considerável depois de
explodir na atmosfera.
Potencialmente as perdas de vidas poderiam ser maiores do que
as causadas pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Em um
relatório apresentado nesta semana na Conferência de Proteção Planetária, na
Califórnia, o veterano pesquisador de asteróides Clark Chapman chamou o episódio
de "crise de nove horas".
Ele contou como a comunidade astronômica ficou sabendo que um
asteróide foi descoberto pelos telescópios do sistema de pesquisa dos céus
Linear, no Novo México. O Centro Planetário Minor, em Massachusetts, que
esclarece este tipo de observação, colocou na internet detalhes pedindo a
atenção de astrônomos. Um destes astrônomos notou algo diferente nestas
informações.
A imagem do objeto ficaria cerca de 40 vezes mais brilhante no
dia seguinte, um possível sinal de que o objeto estava se aproximando
rapidamente. Mas com informações de apenas quatro centros de observação
disponíveis, a incerteza era grande. Muitos objetos podem estar orbitando a
Terra e a maioria deles não ameaça o planeta.
Para alguns astrônomos, a tensão aumentou quando Steven
Chesley, pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, analisou a
informação disponível e enviou um email afirmando que havia 25% de chance de o
asteróide atingir o hemisfério norte da Terra dentro de poucos dias.
Foi nesta ocasião que os astrônomos Clark Chapman e David
Morrison, presidente do Grupo de Trabalho para Objetos Próximos da Terra dentro
da União Internacional Astronômica, cogitaram ligar para George W. Bush.
Críticas
Muitos astrônomos afirmam que a ligação para o presidente dos Estados Unidos não
seria uma decisão sábia. "Eles interpretaram a situação de uma forma
completamente errada. Havia tempo o bastante para conseguir que outros
observadores analisassem a situação", disse Benny Peiser, da Universidade de
Astronomia John Moores, em Liverpool, Grã-Bretanha.
"Acho incrível que tal ação tenha sido cogitada com apenas
quatro observações, não é o bastante. Não havia necessidade para pânico", disse
Brian Marsden do Centro Planetário Minor. Felizmente para todos os envolvidos,
logo após o email de Chesley, um astrônomo amador conseguiu se desviar das
nuvens que cobriam o céu na época e tirou uma foto de uma área do céu sem objeto
nenhum.
Se o 2004 AS1 realmente estivesse em rota de colisão com a
Terra, o objeto apareceria até nas fotos de astrônomos amadores. Mas Chapman
afirma que, se o tempo permanecesse nublado e mais nenhuma outra observação
pudesse ter sido feita, ele teria dado o alerta.
Muitos astrônomos reconhecem que é preciso um maior
planejamento e menos pânico se um caso como esse ocorrer de novo. Quanto ao 2004
AS1, constatou-se que era muito maior do que se imaginava, com 500 metros de
largura, e passou a uma distância de 12 milhões de quilômetros da Terra, sem
representar perigo para o planeta.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI272386-EI302,00.html
29/02/2004
O que fazer quando se descobre que um enorme asteróide está
vindo em nossa direção
Naquela noite, parecia que um
asteróide mortífero estava a ponto de colidir com o nosso planeta - mas,
felizmente, a hora da Terra ainda não havia chegado.
Por Michael D. Lemonick
Quando Timothy Spahr finalmente encerrou o seu expediente, no dia 13 de
janeiro, após mais de 10 horas de batente, ele imaginou que poderia desfrutar
um descanso merecido naquela noite. Na qualidade de astrônomo no Centro
Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Cambridge, Massachussets, a tarefa de
Spahr é de reunir informações sobre asteróides que poderiam um dia passar
perto da Terra.
Naquela terça-feira, ele estava analisando as observações de um telescópio
automatizado operando no Novo México quando reparou num pequeno ponto luminoso
que poderia corresponder ao perfil desse tipo de corpo celeste. Ele calculou a
órbita do objeto e, como de costume, enviou as informações para o site do
Minor Planet Center (no qual o centro de astrofísica reúne informações sobre
planetas e objetos de pequena dimensão), onde elas são compartilhadas por
outros astrônomos.
Então, ele saiu para jantar com um amigo.
Com o que aconteceria em seguida, Timothy Spahr não demorou a se dar conta de
que o seu dia de trabalho estava longe de ter terminado. Os acontecimentos
também despertaram um debate acalorado entre astrônomos, os quais passaram a
discutir o quão prontamente o público deveria ser informado sobre os perigos
que vêm do espaço - e o quão certos os cientistas precisam estar da real
iminência de um perigo antes de divulgarem tais alertas.
Em muitas oportunidades, no passado, os homens que escrutam o céu chegaram a
anunciar que um asteróide perigoso poderia estar ameaçando a Terra -
suscitando, como sempre, manchetes espalhafatosas na imprensa - e acabaram
desmentindo aquela informação, dias depois. Mas, enquanto o fato de ser
obrigado a se retratar - "Não é bem assim, gente" - pode ser uma experiência
constrangedora, seria muito pior manter um perigo real sob silêncio. E isso
explica por que razão o motivo que levou Spahr a "esticar" o seu dia de
trabalho acabou se tornando o principal assunto das discussões na conferência
sobe Defesa Planetária organizada pelo Instituto Americano de Aeronáutica e
Astronomia, e que aconteceu na semana passada em Garden Grove, Califórnia.
Enquanto Timothy Spahr estava jantando, um astrônomo amador alemão acessou o
site do Minor Planet Center, notou a existência do novo objeto, chamado 2004
AS1, e constatou pouco depois que as coordenadas previam que o seu brilho
deveria aumentar na proporção absolutamente inacreditável de aproximadamente
4.000% até o dia seguinte - o que era uma indicação de que ele estava se
aproximando numa velocidade espantosa da Terra.
Então, ele esboçou a órbita que Spahr havia calculado e se deu conta de que o
enorme rochedo, cujo comprimento naquele momento era estimado em cerca de 30
metros de uma extremidade à outra, estava em rota de colisão direta com a
Terra - e especificamente com algum ponto do Hemisfério Norte - e dali a
apenas poucos dias. Com aquele tamanho, ele provavelmente explodiria na
atmosfera a alguns quilômetros de altura, libertando uma energia equivalente à
de uma bomba atômica de um megaton, o suficiente para causar a destruição e a
devastação total de tudo o que estivesse imediatamente debaixo.
Quando o astrônomo amador alemão enviou uma mensagem de alerta para uma lista
de e-mails de observadores de asteróides, astrônomos do mundo inteiro entraram
em polvorosa. "Quando voltei para casa, por volta de meia-noite", conta
Timothy Spahr, "havia cinco mensagens esperando na minha secretária
eletrônica". A partir daquele momento, e durante horas a fio, ele e seus
colegas se apressaram a tentar descobrir se a Terra estava realmente correndo
perigo.
"No início, todos nós éramos muito céticos", conta Clark Chapman, um astrônomo
do Southwest Research Institute (Instituto de Pesquisas do Sudoeste), em
Boulder, Colorado. "Nós achávamos que se tratava de um erro ou de dados
defeituosos, ou ainda que alguém estava aprontando uma brincadeira de mau
gosto".
Mas, quando Steve Chesley, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA,
verificou os cálculos de Spahr, ele conclui que a probabilidade de que
ocorreria um impacto com a Terra era de 1 entre 4. "Aquilo foi uma análise
responsável", comenta Chapman. "Com toda evidência, ele não estava enganado".
Havia um pequeno problema: a trajetória projetada do asteróide estava baseada
em quatro observações apenas, ao longo de um período de uma hora, o que
dificilmente seria suficiente para permitir uma conclusão definitiva. Seria
preciso efetuar uma outra observação para estabelecer a sua trajetória de
maneira certeira.
Em geral, um asteróide ameaçador costuma ser localizado com anos de
antecedência. Desta vez, com alguns poucos dias pela frente, os astrônomos
tinham a obrigação de efetuar a segunda verificação o quanto antes. Então,
Chesley fez mais cálculos para descobrir aquilo que é chamado de "buraco da
fechadura", isto é, a minúscula região do espaço onde o asteróide 2004 AS1
deveria estar se a órbita estivesse correta - e ele divulgou todas essas
coordenadas pela Internet.
"Estava claro que aquele não era o momento de fazer um anúncio", lembra
Chapman, que nega enfaticamente uma notícia divulgada pela BBC segundo a qual
por pouco ele não telefonou para a Casa Branca naquela noite. "Mas, se a
resposta não tivesse sido descoberta na manhã seguinte, eu acho que nós
teríamos sido obrigados a alertar as pessoas".
Felizmente, a espera não foi muito longa. Por volta das 3h30 da manhã, Brian
Warner, um astrônomo amador de Colorado Springs, Colorado, apontou um
telescópio para o "buraco da fechadura" e descobriu que ele estava vazio.
No final, o asteróide 2004 AS1 não iria colidir com a Terra, e provavelmente
nunca o fará - é mesmo uma sorte, uma vez que foi comprovado que o seu
comprimento é 16 vezes maior do que se imaginava, sendo de fato de 487,68
metros de uma extremidade à outra. Da próxima vez, Timothy Spahr não dependerá
de um amador vigilante. "Menos de dois dias depois do incidente", conta, "nós
já tínhamos um software para checar eventuais impactos futuros
automaticamente".
Tradução: Jean-Yves
de Neufville |
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/time/ult640u534.jhtm
Sexta, 13 de fevereiro de 2004, 18h23
Argentina
investiga mistério das "balas cósmicas"
Numa região remota da Argentina, cientistas tentam desvendar
um mistério dos céus usando vários observatórios espalhados por uma área 10
vezes maior que Paris. Pesquisadores brasileiros, argentinos, norte-americanos,
entre outros, colocaram centenas de dispositivos que lembram discos voadores,
numa área de 3 mil metros quadrados, para vasculhar o céu, em busca de
misteriosos, raros e poderosos raios cósmicos que bombardeiam a Terra.
As partículas subatômicas - que carregam mais energia que
qualquer outra partícula conhecida no universo - são um dos grandes mistérios da
ciência. Determinar o que move estas partículas, conhecidas como "balas
cósmicas", pode desafiar as leis da física e a teoria da relatividade. "Pode
fazer Albert Einstein se revirar no túmulo", disse Carlos Hojvat, astrofísico
que dirige o projeto financiado por vários países, incluindo o Brasil, a
Argentina e os EUA. "Chamamos esses raios de mensageiros do cosmo. Eles podem
nos contar sobre as origens do universo. Estamos nos limites do desconhecido",
afirmou.
A construção do observatório Pierre Auger, que custou US$ 50
milhões, no oeste da Argentina, começou em 2000. Naquele ano, o observatório
começou a quantificar partículas lançadas na atmosfera vindas do espaço. Os
cientistas não têm certeza de onde esses pequenos e poderosos raios vêm. O
observatório vai permitir aos pesquisadores detectar cerca de 50 raios por ano.
Alguns acreditam que eles possam ter tido sua origem na
criação do universo, logo após o Big Bang. Outros acham que eles possam ser
emitidos por buracos negros. Qualquer que seja a verdade, descobrir como esses
raios funcionam vai ajudar a explicar o universo, disse o diretor do projeto.
No Brasil, participam do projeto a Universidade de São Paulo,
a Unicamp, a PUC do Rio de Janeiro, a Universidade do Rio de Janeiro e as
universidades federais Fluminense, da Bahia e da Paraíba.
Inexplicado
Partículas de baixa energia "chovem" constantemente sobre a Terra, mas algumas
têm energia extremamente alta, e é isso que intriga os cientistas. "A física não
tem uma explicação. Esses raios não deveriam existir", disse Xavier Bertou, um
astrofísico francês que trabalha no projeto. "Uma das possibilidades é que as
leis de Einstein não funcionem".
A localização do planalto de Malargue, na Argentina, é ideal
para detectar os raios de alta energia, por ser plana e ter o céu constantemente
limpo, além de estar 1.200 metros acima do nível do mar. Até 2006, 1,6 mil
"detectores de partículas" - recipientes redondos cheios de água - estarão
espalhados pela área. Há mais de 200 já em funcionamento, separados por 1,5
quilômetros de distância.
Esses aparelhos funcionam como sensores. Quando um raio
cósmico atinge a atmosfera, ele interage com as moléculas do ar e causa uma
"rajada cósmica". Quanto mais energético o raio, maior essa "rajada", que é
detectada pelos sensores. Quando um raio é detectado, a informação sobre seu
tamanho e direção é transmitida para um computador. "Podemos detectar um raio de
40 metros dentro do qual a partícula caiu. Podemos ir lá, pôr uma bandeira e
beber champanhe", brincou Bertou.
Pesquisadores acreditam que o enorme poder dessas partículas
possa se reverter no futuro em uma nova fonte de energia.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI268023-EI302,00.html
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