A PERGUNTA QUE OS DOUTORES DA REVISTA ADVENTISTA NUNCA RESPONDERÃO:
Por Que Jesus Não Recebeu Dízimos Nem Ordenou que Seus Apóstolos o Fizessem?

 

OS SACERDÓCIOS E A UTILIZAÇÃO DO DÍZIMO

(Primeira Parte)

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Complemento deste texto:

O SACERDÓCIO PATRIARCAL

Durante algum tempo, estamos estudando sobre os dois Sacerdócios que mais se destacam entre o povo de Yahweh: o Sacerdócio da Casa de Arão e o Sacerdócio Segundo a Ordem de Malki-Tsédec. Já foram apresentados quatro artigos, neles procurei mostrar as características desses dois Sacerdócios, conforme apresentados na Escritura Sagrada. O objetivo de estudá-los serviu como base para que se possa estudar a validade do Dízimo nos dias atuais, bem como a sua devida utilização por parte das Igrejas e/ou Grupos. Por isso, aqui, iremos apresentar outros sacerdócios, que fazem parte do Texto Sagrado, para que eles sejam avaliados, bem como estudadas, dentro deles, a utilização dos Dízimos e Ofertas, por parte dos patriarcas, desde os tempos primitivos.

 

Ellen G. White, a Mensageira da Igreja, que cremos ter sido inspirada por meio da atuação do Espírito Santo, quando atuava por meio dela, escreveu o seguinte: “Mas o sistema de dízimos não se originou com os hebreus. Desde os primitivos tempos o Senhor reivindicava como Seu o dízimo; e tal reivindicação era reconhecida e honrada. ...” – (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 558.)

Essa citação tem sérias implicações para nós que vivemos os últimos dias. Por isso, depois faremos alusão a ela, para que entendamos bem a verdadeira utilização dos Dízimos, pelos patriarcas.

Em dois outros lugares Ellen G. White escreveu:

O sistema do dízimo remonta para além dos dias de Moisés. Requeria-se dos homens que oferecessem dons a Deus com intuitos religiosos, antes mesmo que o sistema definido fosse dado a Moisésjá desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles requer, deviam manifestar em ofertas a apreciação das misericórdias e bênçãos a eles concedidas. Isto continuou através de sucessivas gerações, e foi observado por Abraão, que deu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. O mesmo princípio havia nos dias de Jacó. ...” – (Idem. Conselho Sobre Mordomia. 3ª ed. 1979. p. 69.)

“... Nos tempos primitivos cada homem era o sacerdócio de sua própria casa. Nos dias de Abrão o sacerdócio era considerado direito de primogenitura do filho mais velho. ...”. – (Idem. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 361)

Estudando essas citações, encontramos três tipos de Sacerdócios: um apresentado na figura de um rei (Malki) de justiça (Tsédec) que também era sacerdote. O segundo, bem anterior, era o sacerdote patriarcalo primogênito da família (incluindo todos os descendentes) como um todo e, por último, o sacerdote de cada família. Estes, conforme as citações, remontam aos dias de Adão, pois “cada homem era o sacerdote de sua própria casa”.

Nos tempos primitivos o pai era o governador e sacerdote de sua família, e exercia autoridade sobre os filhos, mesmo depois que estes tinham suas próprias famílias. Os descendentes eram ensinados a considerá-lo como seu chefe, tanto em assuntos religiosos como seculares. Este sistema de governo patriarcal Abraão esforçou-se por perpetuar, sendo que o mesmo propendia a conservar o conhecimento de Deus. ...”. – (Ibidem. p. 137.).

Por meio dessa verdade, e visualizando o contexto e a vida dos patriarcas, aqui, destacaremos três patriarcas Jó, Abraão e Jacó. Aquele, na sua época, foi um grande patriarca e sacerdote, que merece ser estudado como tal. Sobre ele assim está escrito: “Haviam um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. ...Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente”. – (Jó 1:1, 4-5 – ARA).

Em espanhol, encontrei importantes comentários de Ellen G. White sobre o Patriarca Jó. Um deles é este:

Los padres harían bien en aprender del varón de Uz una lección de firmeza y dedicaciónJob no descuidaba sus deberes hacia los que no pertenecían a su familia; era benévolo, bondadoso, tenía en cuenta los intereses ajenos; y al mismo tiempo trabajaba fervientemente para la salvación de su familiaTemía que sus hijos e hijas hubieran podido desagradar a Dios en medio de sus fiestasComo fiel sacerdote de la familia, ofrecía sacrificios por cada miembro de ellaConocía el carácter ofensivo del pecado, y el pensamiento de que sus hijos pudieran haber olvidado las demandas divinas lo encaminaba a Dios como intercesor en favor de ellos (RH 30- 8- 1881 – CD Biblioteca Eletrônica).”

Jó foi realmente, um verdadeiro Patriarca-Sacerdote do Altíssimo. Ele cuidava e intercedia por sua família. Porém, não cuidava apenas dos seus. Lembre-se, que segundo as afirmativas de Ellen G. White, o dízimo remonta aos dias de Adão, muito antes de Abraão dizimar os despojos de guerra a Malki-Tsédec. As perguntas são: a quem e para que o povo antediluviano e da era patriarcal devolvia os dízimos? A quem os sacerdotes patriarcais davam o dízimo? Claro que era ao Criador. Mas o que se deve saber é: quem recebia os dízimos no lugar do Altíssimo? E qual a finalidade?

Abraão, pelo que sabemos, deu dízimos, uma única vez a “Malki-Tsédec”, que era sacerdote do “Deus Altíssimo” (Gen. 14:18). E antes de ter entregado os dízimos a este sacerdote, a quem o patriarca Abraão devolvia? Depois deste momento, o patriarca-sacerdote continuou a devolver dízimos a Malki-Tsédec ou voltou a fazer o que fazia antes? Jacó é outro personagem que está visivelmente vinculado ao dízimo, por meio de um voto que ele fez a Yahweh (Gen. 28:18-22). Contudo, na Escritura Sagrada não existe nenhuma menção de Jacó devolvendo os dízimos. Além do mais, a semelhança de Abraão, que era patriarca e sacerdote, também não existe menção de que ele recebera dízimos de alguém. Poderíamos citar o patriarca Isaque, sobre quem o Texto Sagrado faz silêncio quanto ao dízimo.

Portanto, o que podemos entender da pratica de dizimar, nos tempos primitivos e pelos patriarcas, é o registrado sobre o patriarca Jó, principalmente, no que diz respeito aos seus cuidados para com os pobres.

Veja outras citações de Ellen G. White sobre o patriarca Jó:
“...  Tal como Job, vosotros debéis ser ojos para los ciegos y pies para los cojos y debéis inquirir por las causas que vosotros no conocéis investigándolas con el objeto de conocer sus necesidades y ayudarlos justamente en lo que ellos más necesitan ayuda (Testimonies, tomo 3, pág. 530 – CD Biblioteca Eletrônica).

Queremos agradecemos por vuestros buenos deseos, pero los pobres no pueden vivir cómodamente sólo con buenos deseos.  Deben recibir alimentos y ropas como pruebas tangibles de vuestra bondad Dios no quiere que ninguno de sus seguidores mendigue su panOs ha dado en abundancia para que podáis suplir las necesidades que ellos no alcanzan a suplir con su laboriosidad y estricta economíaNo aguardéis a que llamen vuestra atención a sus necesidadesObrad como Job.  Lo que él no sabía, lo averiguaba.  Haced una gira de inspección, y ved lo que se necesita, y cómo puede suplirse mejor (Joyas de los Testimonios, tomo 2, págs. 42, 43 - CD Biblioteca Eletrônica).”

Foi Moisés, quando esteve em Midiã, durante os quarenta anos, que escreveu os livros de Gênesis e Jó. Assim Ellen G. White escreveu: “... Anjos celestiais derramavam luz em redor dele. Ali, sob a inspiração do Espírito Santo, escreveu o livro de Gênesis. ...”. – (Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 254.).

No se perdieron los largos años pasados en la soledad del desierto. Moisés no sólo estaba ganando una preparación para la gran obra que estaba delante de él, sino que durante ese tiempo, bajo la inspiración del Espíritu Santo, escribió el libro del Génesis y también el libro de Job, [libro] que leería con el más profundo interés el pueblo de Dios hasta el fin del tiempo (ST 19- 2- 1880).”

A vida de cada patriarca foi apresentada a Moisés, sob a orientação do Espírito Santo. Portanto, a prática e finalidade dos dízimos nos dias atuais, devem ser avaliadas, tendo por base o recebimento e a devolução por parte dos patriarcas, já que o dízimo é anterior à Lei de Moisés. Além do mais, o primogênito, que tinha direito às bênçãos materiais e espirituais (como foi o caso de Jacó, que recebeu todas as bênçãos, embora não fosse primogênito de fato; contudo, por decreto divino ele as recebeu  – Gen. capítulos 27 e 48:11-49:28) era um tipo do Messias, o Primogênito de Yahweh, que recebeu de Seu Pai todas as bênçãos no Céu e na Terra (Isaías 11:1-2 e Mat. 11:27 e 28:18). Por isso, as bênçãos da primogenitura não eram concedidas às mulheres.

Sobre as bênçãos dos primogênitos Ellen G. White relatou:
As promessas feitas a Abraão e confirmadas a seu filho, eram tidas por Isaque e Rebeca como o grande objetivo de seus desejos e esperanças. Foram ensinados a considerar a primogenitura como coisa de grande importância, pois que incluía não somente a herança das riquezas terrestres, mas a preeminência espiritual. Aquele que recebia devia ser o sacerdote de sua família; e na linhagem de sua posteridade viria o Redentor do mundo. De outro lado, havia obrigações que repousavam sobre o possuidor da primogenitura. Aquele que herdasse suas bênçãos devia dedicar a vida ao serviço de Deus. Como Abrão, devia ser obediente aos mandos divinos. Em seu casamento, nas relações familiares, na vida pública, devia consultar a vontade de Deus”.

Jacó soubera por sua mãe da indicação divina de que a primogenitura lhe cairia, e encheu-se de um indescritível desejo de obter os privilégios que a mesma conferia. Não era a pose da riqueza de seu pai o que ele desejava ansiosamente; a primogenitura espiritual era o objeto de seu anelo. Ter comunhão com deus, como fizera o justo Abraão, oferecer o sacrifício expiatório por sua família, ser o progenitor do povo escolhido, e do Messias prometido, e herdar a posse imortal que estava compreendida nas bênçãos do concertoeis aí os privilégios e honras que acendiam os seus mais ardentes desejos. Seu espírito estava sempre a penetrar o futuro, e procurava apreender suas bênçãos invisíveis”. – (Idem. Patriarcas e Profetas. pp. 175-177.).

 

O SACERDÓCIO REGIONAL (DE UMA COMUNIDADE)

EM MIDIÃ

Durante a sua permanência em Mídiã, quarenta anos, o grande Legislador de Israel, Moisés, manteve comunhão com “Jetro, seu sogro, que era sacerdote de Mídia”.

“O Senhor dirigiu os seus passos, e ele encontrou acolhida em casa de Jetro, sacerdote e príncipe de Mídia, que também era adorador de Deus. ...”. – (Ibidem. p. 252.).

Jetro, sacerdote de Mídia”, é conhecido também como “Reuel” – (Êxodo 3:1 e 2:18 – ARA). Reuel significa: Amigo de Deus. O Texto Sagrado em Êxodo 18, apresenta de Jetro, adorando ao Criador com os israelitas no Deserto.

Alegrou-se Jetro de todo o bem que o SENHOR fizera a Israel, livrando-o da mão dos egípcios, e disse: Bendito seja o SENHOR, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão de Faraó; agora, sei que o SENHOR é maior que todos os deuses, porque livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo. Então, Jetro, sogro de Moisés, tomou holocausto e sacrifícios para Deus; e veio Arão e todos os anciãos de Israel para comerem pão com o sogro de Moisés, diante de Deus”. – (Êxodo 18:9-12 – ARA).

O holocausto e sacrifícios oferecidos, por Jetro, a Yahweh, são tipicamente, tarefas de um sacerdote, como de fato ele era.

Sobre Midiã, a cidade ou região em que Reuel (Jetro) era príncipe e sacerdote, podemos dizer que possivelmente, como está escrito ela foi fundada por um dos descendentes de Abraão com Quetura:

Desposou Abraão outra mulher; chamava-se Quetura. Ela lhe deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. ... Os filhos de Midiã foram: Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda”. – (Ge. 25:1-2 e 4 - ARA).

Por isso, entendemos, pela Escritura Sagrada, que Reuel (Jetro), o sacerdote de Midiã, seja descendente de Abraão. Um fato importante que nos ajuda a entender isso, é o ocorrido com a venda de José, como escravo, aos ismaelitas, que também são chamados de midianitas. (Gen. 37:25, 27-28 e 36; 39:1). Além do mais, jamais Reul (Jetro) seria um sacerdote em Midiã se ele não fosse um midianita.

Portanto, no que diz respeito a Jetro, também não existe nenhum relato de que ele houvesse recebido ou devolvido dízimo a alguém. Ele não era pagão como os sacerdotes do Egito. E como vimos, os midianitas eram descendentes de Abraão com Quetura.

 

NO EGITO (SACERDOTES DE FALSOS DEUSES)

Antes do episódio da Torre de Babel, não existia cidade alguma. E como foi apresentado acima, “Cada homem era o sacerdote de sua própria casa”. Contudo, com o surgimento dos Clãs e das cidades, surgiu também a necessidade de outro tipo de sacerdote: Malki-Tsédec, “rei de Salém” “sacerdote do Deus Altíssimo”. No Egito, conforme relatado em Gênesis, encontramos José casando-se com a filha de um sacerdote egípcio: “E a José chamou Faraó de Zafenate-Panéia e lhe deu por mulher a Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om...”. (Gen. 41:45 ARA – cf. v. 50).

Om. Chamada Heliópolis em grego, esta cidade era o centro de culto ao deus sol, Ra (Jr 43.13, nota textual); este sumo sacerdote era um dos mais proeminentes no antigo Egito”. – (Nota de Rodapé da Bíblia de Estudo de Genebra. Comentário de Gen. 41:45. Edição de 1999. p. 65.).

Em Gênesis 47:13-26, foi registrado o relato de uma grande fome na terra do Egito e de Canaã. O Texto Sagrado apresenta um relato de José comprando toda a terra do Egito para Faraó.

Assim, comprou José toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome era extrema sobre eles; e a terra passou a ser de Faraó. Quanto ao povo, ele o escravizou de uma a outra extremidade da terra do Egito. Somente a terra dos sacerdotes não a comprou ele; pois os sacerdotes tinham porção de Faraó e eles comiam a sua porção que Faraó lhes tinha dado; por isso, não venderam a sua terra”. “E José estabeleceu por lei até ao dia de hoje que, na terra do Egito, tirasse Faraó o quinto; só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó”. – (Gen. 47:20-22 e 26 – ARA).

Aqui, não encontramos uma pratica de dízimo aos sacerdotes do Egito. “Pois os sacerdotes tinham porção de Faraó e eles comiam a sua porção que Faraó lhes tinha dado”. Embora eles fossem sacerdotes pagãos, este episódio serve para ilustrar uma pratica, no que diz respeito aos sacerdotes e dízimos naqueles dias. Estes do Egito não recebiam dízimos do povo. Eram mantidos pelo Faraó.

De maneira contrária a Jetro, os sacerdotes egípcios não adoravam a Yahweh, o Criador dos Céus e da Terra.

Pelas leis do Egito, todos os que ocupavam o trono dos Faraós deviam fazer-se membros da casta sacerdotal; e Moisés, como o herdeiro presumível, deveria iniciar-se nos mistérios da religião nacional. Este dever foi confiado aos sacerdotes. Mas ao mesmo tempo em que era um estudante ardoroso e incansável, não pôde ser induzido a participar do culto aos deuses. ... Mas ele foi inabalável em sua decisão de não prestar homenagem a não ser ao único Deus, o Criador do céu e da Terra. ...”. (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. pp. 250-251).

 

EM SALÉM

Quanto a Salém, hoje Jerusalém, ela era uma importante cidade em Canaã. Após Davi tê-la conquistado, fez dela a capital do reino de Israel.

Logo que Davi se estabeleceu no trono de Israel, começou a procurar um lugar mais apropriado para a capital de seu reino. A trinta quilômetros de Hebrom, foi escolhido um lugar para a futura metrópole do reino. Antes que Josué tivesse guiado os exércitos de Israel pelo Jordão, chamava-se ele Salém. Perto deste lugar, Abarão tinha provado sua fidelidade a Deus. Oitocentos anos antes da coroação de Davi, fora a residência de Melquisedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo. Ocupava uma posição central e elevada no território, e era protegida por uma vizinhança de colinas. Estando nos limites de Benjamim e Judá, encontrava-se muito próxima de Efraim, e era de fácil acesso a todas as outras tribos”. – (Ibidem. p. 754.).

Porém, muito antes de estar sob o poder do rei Davi, ela pertenceu a outro monarca. A Escritura Sagrada registrou o encontro deste com Abraão. (Gen. 14:18-24). Do encontro de Malki-Tsédec, “rei de Salém” e “sacerdote do Deus Altíssimo” com Abraão, destacaremos alguns pontos. Por que este rei levou pão e vinho a Abraão? E por que Abraão lhe deu o dízimo? O que Abraão deu como dízimo?

Outro que viera para dar as boas vindas ao patriarca vitorioso, foi Melquisedeque, rei de Salém, que trouxe pão e vinho para alimento de seu exército. Como ‘sacerdote do Deus altíssimo, pronunciou uma bênção sobre Abraão, e deu graças ao Senhor que operara um tão grande livramento por meio de Seu servo. A Abraão ‘deu-lhe o dízimo de tudo’.”. (Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 131.).

O relato aqui é claro. Malki-Tsédec levou pão e vinho para alimentar o exército de Abraão. Por isso, e por ter sido abençoado por ele, Abrão deu-lhe o dízimo. Não era uma prática na vida de Abrão dar dízimo a Malki-Tsédec, “rei de Salém”, “sacerdote do Deus Altíssimo”. – (Gen. 14:18 – ARA).

O Texto Sagrado diz: “... E de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. (Gen. 14:20 – ARA). O que Abraão deu como dízimo? Levando-se em conta o juramento que Abarão fez ao rei de Sodoma: “... Levanto a mão ao SENHOR, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; nada quero para mim, senão o que os rapazes comeram e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; estes que tomem o seu quinhão”. – (Gen. 14:22-24 – ARA). O que significa a expressão: “de tudo”?

O apóstolo Paulo declara que Abrão deu dízimo dos despojos. “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos”. – (Heb. 7:4 – ARA).

Antes de respondermos a pergunta referente à expressão: “de tudo”. Devemos entender qual é o significado da palavra despojo. “s.m. Espólio; presa; ...”. Espólio: “s.m. Bens; herança; ...”. – (BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 11ª ed. Rio de Janeiro - RJ, MEC – Fundação Nacional de Material Escolar. 1983. pp. 359 e 448.).

Despojos era tudo o que Abraão e os seus aliados haviam conquistado. Nos despojos encontravam-se tanto os bens materiais quanto às pessoas que foram capturadas e feitas prisioneiras.

  • “... Pelos usos da guerra, o despojo pertencia aos vencedores; mas Abrão não empreendera esta expedição com o intuito de lucros, e recusou-se a tirar vantagem daquele que fora infeliz, estipulando apenas que seus aliados recebessem a parte a que tinham direito”. – (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 131.)

Quedolaomer, rei de Elão, tinha invadido Canaã catorze anos antes, e a tornara uma tributária. Vários dos príncipes revoltaram-se agora, e o rei elamita, com quatro aliados, de novo marchou contra o país para o reduzir à submissão. Cinco reis de Canaã uniram suas forças, e enfrentaram os invasores no vale de Sidim, mas tão-somente para serem completamente derrotados. Grande parte do exército foi trucidada; e os que escaparam fugiram para as montanhas em busca de segurança. Os vitoriosos saquearam as cidades da planície, e partiram com rico despojo e muitos cativos, entre os quais se encontravam Ló com sua família”.

“... Não alimentando qualquer lembrança desagradável da ingratidão de Ló. Despertou-se toda a sua afeição por ele, e decidiu que devia ser libertado. Procurando antes de tudo o conselho divino, Abarão preparou-se para a guerra. Do seu próprio acampamento convocou trezentos e dezoito servos adestrados, homens ensinados no temor de Deus, no serviço de seu senhor, e no uso de armas. Seus aliados, Manre, Escol e Aner, uniram-se a ele com os seus grupos, e juntos partiram em perseguição dos invasores. ... O rei de Elão foi morto, e suas forças, tomadas de Pânico foram postas em fuga. Ló e sua família, com todos os prisioneiros e seus bens, foram recuperados, e um rico despojo caiu nas mãos dos vitoriosos. A Abarão, abaixo de Deus, foi devido o triunfo. ...”. – (Ibidem. p. 130.).

Esse despojo aqui, não se trata dos prisioneiros e bens que antes pertenciam a Ló, aos habitantes de Sodoma e aos outros reis e moradores das outras cidades, que também foram levadas prisioneiras. É uma referência aos bens que foram conquistados do rei de Elão e dos seus quatro aliados.

Poucos, sendo submetidos a tal prova, ter-se-iam mostrado tão nobres como Abraão. Poucos teriam resistido à tentação de adquirir um despojo tão rico. Seu exemplo é uma reprovação aos espíritos egoístas e mercenários. Abarão tomava em consideração os direitos da justiça e humanidade. Sua conduta ilustra a máxima inspirada: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Levítico 19:18. ...” – (Ibidem. p. 131.).

A expressão: “E de tudo lhe deu Abrão o dízimo”, é uma referência aos despojos que foram conquistados junto ao rei de Elão e dos seus quatro aliados. Porque Abraão não ficou com nada que pertencia ao rei de Sodoma e dos outros reis que com ele haviam sido derrotados. Os bens de Ló também foram devolvidos a ele. Então, o “de tudo”, não se refere ao todo conquistado; mas a uma parte do todo que foi conquistado. Além do mais, Abraão não estava lutando sozinho. Por isso ele disse: “... Nada quero para mim, senão o que os rapazes comeram e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; estes que tomem o seu quinhão”. – (Gen. 14:24 – ARA).

Basicamente são três os motivos que levaram Abraão dá o dízimo a Malki-Tsédec: primeiro como gratidão pela vitória alcançada na guerra; segundo: como retribuição ao que o rei-sacerdote fizera – levando pão e vinho para alimentar o exército de Abraão e por último, o patriarca reconheceu que o “rei de Salém” era “sacerdote do Deus Altíssimo”. Comprovamos pela benção que ele proferiu sobre Abraão. (Gen. 14:18-20).

No entanto, como Abraão era o primogênito da sua família, o herdeiro da promessa da linhagem de onde nasceria o Messias (Gen. 11:10-32); portanto, ele sabia das obrigações que acompanhavam a primogenitura. Por exemplo, no caso de Esaú e Jacó, que também foi o caso de Abrão, eles:

"... Foram ensinados a considerar a primogenitura como coisa de grande importância, pois que incluía não somente a herança das riquezas terrestres, mas a preeminência espiritual. Aquele que recebia devia ser o sacerdote de sua família; e na linhagem de sua posteridade viria o Redentor do mundo. De outro lado, havia obrigações que repousavam sobre o possuidor da primogenitura. Aquele que herdasse suas bênçãos devia dedicar a vida ao serviço de Deus. Como Abrão, devia ser obediente aos mandos divinos. Em seu casamento, nas relações familiares, na vida pública, devia consultar a vontade de Deus”. – (Ibidem. pp. 175-176.).

Por isso, Abraão, primogênito e Sacerdote do “Deus Altíssimo”, antes de dirigir-se a guerra para resgatar o seu sobrinho Ló, consultou a Yahweh:

“...Procurando antes de tudo o conselho divino, Abarão preparou-se para a guerra. Do seu próprio acampamento convocou trezentos e dezoito servos adestrados, homens ensinados no temor de Deus, no serviço de seu senhor, e no uso de armas. Seus aliados, Manre, Escol e Aner, uniram-se a ele com os seus grupos, e juntos partiram em perseguição dos invasores. ...”. – (Ibidem. p. 130.

Portanto, o fato do apóstolo Paulo ter dito: “Entretanto aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abrão e abençoou o que tinha as promessas. Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior”. – (Heb. 7:6-7 – ARA).

São várias as maneiras que podemos entender que Malki-Tsédec é tido como superior a Abraão; contudo destacarei três: primeira - pela idade; segunda - pela função que exercia, e por último – pela função exercida por decreto divino.

É perfeitamente entendida, a superioridade por idade, no caso em que a Escritura Sagrada apresenta, especialmente no caso do encontro de Jacó com o Faraó: “Trouxe José a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó. Perguntou Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida? Jacó lhe responde: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus foram os dias dos anos de minha vida e não chegaram aos dias dos anos da vida dos meus pais, nos dias das suas peregrinações. E, tendo Jacó abençoado a Faraó, saiu de sua presença”. – (Gen. 47:7-10 – ARA).

Não muito tempo depois de sua chegada, José trouxe também a seu pai para ser apresentado a faraó. O patriarca era um estranho nas cortes reais; mas entre as cenas sublimes da Natureza tinha tido comunhão com um Monarca mais poderoso; e agora, em uma consciente superioridade, levantou as mãos e abençoou a Faraó”. – (Ibidem. p. 235.)

E o outro verso é: “Diante das cães te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR”.  – (Lev. 19:32 - ARA).

Em função do que Paulo falou sobre Malki-Tsédec, podemos dizer que Jacó foi superior ao Faraó do Egito quando o abençoou. Porque “... é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior”. (Heb. 7:7 – ARA).

São inúmeros os exemplos da superioridade pela função. Especialmente no caso dos pais. A relação e/ou função destes em relação aos filhos, é de um superior para com um inferior. Temos também, um exemplo diferente e podemos perceber no caso que será apresentado a seguir:

Então, saiu Moisés ao encontro do seu sogro, inclinou-se e o beijou...”.  – (Êxodo 18:7 – ARA).

Aqui também, não podemos imaginar, jamais alguém superior curvando-se (inclinando-se) a um que lhe seja inferior. Moisés era inferior em relação a Jetro. Tanto no caso da idade quanto da função.

E por último apresento, a função exercida por decreto divino. Este é o caso de João Batista em relação ao Messias. O “inferior” é batizado pelo superior. (Mat. 3:13-15). Depois está escrito: “E João testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus”. – (João 1:32-34 – ARA). Por isso, o Messias declarou: “Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele”. – (Mat. 11:11 - ARA).

Portanto, concluímos que a superioridade de Melki-Tsédec em relação a Abraão, não tem nada de sobrenatural. Ele o abençoou porque era sacerdote do “Deus Altíssimo”. Contudo, não podemos esquecer que Abraão, em função das bênçãos que acompanhavam a primogenitura também era sacerdote do “Deus Altíssimo”. E Malki-Tsédec não faz parte da linhagem da promessa e da genealogia do Messias prometido. (Gen. 10:10-32)

 

O SACERDÓCIO DA CASA DE ARÃO

Este Sacerdócio não foi estabelecido em substituição aos Sacerdócios: Patriarcais e Regionais, que pertenciam, conseqüentemente, aos primogênitos e líderes religiosos de outras nações, os quais também adoravam a Yahweh. Embora a melhor representação do Plano da Redenção tenha sido exemplificada por meio do Tabernáculo (posteriormente, o Templo de Jerusalém), e do Sacerdócio da Cada de Arão; contudo, não ficou limitado a este. Porque o Sacerdócio Segundo a Ordem de Malki-Tsédec é o que melhor representa o Ministério do Messias. Ele é Rei-Sacerdote. Rei de Justiça e de Paz.

Sobre a instituição do novo tipo de sacerdócio, Ellen G. White escreveu:

“... Agora, em lugar dos primogênitos de todo o Israel, o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário. Por meio desta honra distinta manifestou Ele Sua aprovação À fidelidade da mesma, tanto por aderir ao Seu serviço como por executar Seus juízos quando Israel apostatou com o culto ao bezerro de ouro. O sacerdócio, todavia, ficou restrito à família de Arão. A este e seus filhos, somente, permitia-se manifestar perante o Senhor; o resto da tribo estava encarregada do cuidado do tabernáculo e de seu aparelhamento, e deveria auxiliar os sacerdotes em seu ministério, mas não deveria sacrificar, queimar incenso, ou ver as coisas sagradas antes que estivessem cobertas”. – (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. pp. 361-362.)

Na citação acima foi dito que “o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário”. Portanto, no que diz respeito ao Santuário, para oferecer holocaustos e sacrifícios, está escrito: “Mas a Arão e seus filhos ordenarás que se dediquem só ao sacerdócio, e o estranho que se aproximar morrerá”. (Núm. 3:10 - ARA).

 

Novo sacerdócio, novo enfoque ao dízimo

Com a introdução de um novo sacerdócio a Escritura Sagrada apresenta um novo enfoque ao dízimo. Por isso, quando discorre sobre os dízimos, ela é explicita em suas afirmações positivas. Aqui, em função de tudo que já foi escrito, não irei usar muitas repetições. Por creio que o que já foi apresentado nos dois primeiros antigos sobre o Sacerdócio Segundo a Ordem de Arão são suficientes para entendermos este Sacerdócio. Contudo, estes versos que serão citados abaixo, são de fundamental importância para quem queira entender o porquê da Tribo de Levi receber os Dízimos em Israel.

Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam; serviço da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação e responderão por suas faltas; estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao SENHOR em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis”. – (Núm. 18:21-24 – ARA).

Em função de um detalhe fundamental, apresentados nos versos acima, podemos dizer que aos levitas, em Israel, é devido todo o dízimo, em função das afirmações e decretos. Yahweh declarou que isso é: “... Estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações”. E se os dízimos são perpétuos à Tribo de Levi, não cabe a nenhuma outra Tribo; e muito menos deve à Igreja recebê-los do povo. Principalmente essas corruptas, que conhecemos nos dias atuais.

Mas, não eram apenas os dízimos, aos levitas, que eram perpétuos em Israel. O sacerdócio da Casa de Arão também era, bem como as ofertas que estavam vinculadas ao serviço do Tabernáculo e depois do Templo.

Também isto será teu: a oferta das suas dádivas com todas as suas ofertas movidas dos filhos de Israel; a ti e a teus filhos e a tuas filhas contigo, dei-as por direito perpétuo; todo o que estiver limpo na tua casa as comerá”. “Todas as ofertas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao SENHOR, dei-as a ti, e a teus filhos, e a tuas filhas contigo, por direito perpétuo; aliança perpétua de sal perante o SENHOR é esta, para ti e para tua descendência contigo”. – (Núm. 18:11 e 19 – ARA).

Nesses últimos versos, Yahweh disse a Moisés que as ofertas foram dadas aos sacerdotes “por direito perpétuo” e “aliança perpétua de sal”. E por falar em Aliança, não podemos esquecer o que Jeremias escreveu sobre a Nova Aliança de Yahweh com as Casas de Judá e de Israel (Jer. 31:31-37 e 33:14-26).

Eis aí que vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei... Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. Assim diz o SENHOR, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR”. (Jer. 31:31--37 – ARA).

Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que cumprirei a boa palavra que proferi à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será chamada SENHOR, Justiça Nossa. Porque assim diz o SENHOR: Nunca faltará a Davi homem que se assente no trono da casa de Israel; nem aos sacerdotes levitas faltará homem diante de mim, para que ofereça holocausto, queime oferta de manjares e faça sacrifício todos os dias. Veio a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Assim diz o SENHOR: Se puderdes invalidar a minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite, de tal modo que não haja nem dia nem noite a seu tempo, poder-se-á também invalidar a minha aliança com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas sacerdotes, meus ministros. Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim tornarei incontável a descendência de Davi, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim. Veio ainda a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Não atentes para o que diz este povo: As duas famílias que o SENHOR elegeu, agora as rejeitou? Assim desprezaram a meu povo, que a seus olhos já não é povo. Assim diz o SENHOR: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência quem domine sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles me apiedarei”. – (Jer. 33:14-26 – ARA).

Portanto, em função das Alianças de Yahweh e dos estatutos perpétuos, podemos dizer que aos levitas da Tribo de Israel, bem como aos sacerdotes são devidos os dízimos e ofertas. Porque Israel jamais deixou de ser uma nação diante de Yahweh. E a promessa era que nem ao trono de Davi faltaria quem nele se assentasse nem os levitas Seus ministros, que ministrassem em Sua presença. Tudo isso, porque as Alianças de Yahweh são imutáveis.

Outro fato importante que não podemos deixar de mencioná-lo, é o que trata dos despojos no sacerdócio Levítico. Porque os despojos de guerra que foram considerados dízimo no caso de Abraão em relação a Malki-Tsédec, no Sacerdócio Levítico, não foram considerados como tal. Neste sacerdócio, os despojos foram considerados como ofertas aos levitas, aos sacerdotes, à congregação, bem como ao exército que participou de sua conquista (Núm. 31:25-54).

Nesta parte, sobre o Sacerdócio da Casa de Arão, ainda poderíamos abordar muitas coisas; mas abordaremos apenas algumas tarefas que foram desenvolvidas pelos levitas e sacerdotes, além daquelas que foram mencionadas nos dois artigos voltados ao Sacerdócio dos Levitas.

“Todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos cantores e aos porteiros as porções de cada dia; e consagrava as coisas destinadas aos levitas, e os levitas, as destinadas aos filhos de Arão”. (Neemias 12:47 – ARA).

Por esse verso, percebe-se que os cantores e os porteiros não recebiam do que era consagrado aos levitas. Porém, segundo o livro de 1Crônicas 6:31-48, (15:16-22, 27 e 16:4-6) os cantores eram levitas. Em Neemias 7:1-4, foi dito que ele estabeleceu “os porteiros, os cantores e os levitas”. Já no capítulo 13:22, para “guardar as portas” da cidade de Jerusalém, no pôr do sol do dia da preparação até o pôr do sol do sábado, Neemias estabeleceu os levitas para tal serviço.

Diante disso, está claro que nem todos os descendentes da Tribo de Levi eram de fato levitas, isto, no que diz respeito às atribuições conforme especificadas nos escritos de Moisés. Por isso, apenas recebiam “as porções de cada dia” (Neemias 12:47).

Hoje, nas igrejas de maneira geral, percebemos que apenas uma pequena classe privilegiada vive dos dízimos. Eles não seguem nem o Sistema de Dízimo do Sacerdócio Levítico nem o de Malki-Tsédec e muito menos o que foi determinado pelo Messias segundo está escrito nos quatro Evangelhos e nas Cartas e livros escritos pelos apóstolos e discípulos.

Portanto, ratificamos a conclusão do artigo anterior, referente ao Sacerdócio Levítico, no que diz respeito aos itens 1 a 7, onde foi dito que, pela Escritura Sagrada “os dízimos do Sistema Levítico” e, conseqüentemente, “os dízimos dos dízimos” que por estatuto perpétuo, determinado por Yahweh, pertence aos levitas e sacerdotes respectivamente, não pertencem à Igreja do Messias.

Se os judeus ainda vierem a reconstruir o Templo em Jerusalém e existirem entre eles sacerdotes e levitas, certamente eles, receberão os dízimos e ofertas, conforme está escrito na Escritura Sagrada.

Contudo, hoje, como Igreja, nós estamos vivendo sob o Ministério do Sacerdócio do Messias, que é o Sacerdócio Segundo a Ordem de Malki-Tsédec. E é em função deste sacerdócio que devemos analisar a validade, ou não, dos dízimos para os nossos dias. Por isso, a grande pergunta é: “o Sistema de Dízimos” existente atualmente, está ou não baseado no Sacerdócio do Messias - o Sacerdócio Segundo a Ordem de Malki-Tsédeco Rei de Justiça? Portanto, é sobre esse Sacerdócio que iremos estudar nos tópicos abaixo.

 

O SACERDÓCIO DO MESSIAS

O personagem que libertou o povo israelita da escravidão do Egito e o conduziu durante quarenta anos pelo Deserto, é o mesmo que Se tornou Homem, o Messias, o Filho do Eterno, o Rei-Sacerdote.

 

“Cristo não somente foi o guia dos hebreus no deserto – o Anjo em quem estava o nome de Jeová, e que, velado na coluna de nuvem, ia diante das hostes – mas foi também Ele que deu a Israel a lei. ... Por entre a tremenda glória do Sinai, Cristo declarou aos ouvidos de todo o povo os dez preceitos da lei de Seu Pai. Foi Ele que deu a Moisés a lei gravada em tábuas de pedra.

Foi Cristo que falou a Seu povo por intermédio dos profetas. Escrevendo à igreja cristã, diz o apóstolo Pedro que os profetas ‘profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.’ I S. Pedro 1:10 e 11. É a voz de Cristo que nos fala através do Velho Testamento. ...”. – (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 12ª ed. 1991. p. 381[366-367].).

No Deserto Ele instituiu, para a nação israelita, o ministério sacerdotal para que se ministrasse junto ao Tabernáculo. Esse ministério foi estabelecido como estatuto perpétuo à Tribo de Levi, a fim de que O representassem junto à nação (Um Sacerdócio Regional, representando o Sacerdócio Universal do Messias), no lugar dos primogênitos (Núm. 3:40-49). Contudo, este não era o propósito de Yahweh para as doze tribos de Israel. Porque antes da apostasia da nação, adorando ao bezerro de ouro, Ele havia dito: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”. (Êxodo 19:55-6 – ARA).

O propósito de Yahweh para nação de Israel – ser um Sacerdócio Real, também é o propósito de Yahweh à Sua Igreja. Porque assim escreveu o apóstolo Pedro em sua Epístola:

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. – (1Pedro 2:9 – ARA).

Em primeiro lugar, o apóstolo Pedro está dirigindo-se a nação de Israel, pois a ele coube o ministério da circuncisão e ao apóstolo Paulo o da incircuncisão (Gal. 2:1-10).

Em resumo, podemos dizer que todos os outros Sacerdócios apontavam para o Messias. Por isso, o Sacerdócio do Messias, que é Segundo a Ordem de Malki-Tsédec, é o mais importante para nós. O Messias é o Grande Sacerdote do Santuário Celestial, Ele é o Primogênito de Yahweh. Foi o Filho do Eterno que estabeleceu os vários Sacerdócios; mas, aqui, quero destacar apenas o Sacerdócio da Casa de Arão. Porque, embora o dízimo já existisse como prática, neste foi instituída uma Lei relacionada ao Dízimo. E este pertencendo por direito perpétuo à Tribo de Levi. No que diz respeito aos patriarcas, contudo, temos que ter sempre em mente que o dizimar não é bem explicito, como uma ordenança praticada por meio deles. Embora haja dois relatos isolados, um de Abraão e outro de Jacó. O primeiro dando o dízimo de despojos de guerra e o segundo apenas prometendo dar o dízimo de tudo o que conquistasse como benção de Yahweh. É por isso, que a Lei do Dízimo, tem importância dentro do Sacerdócio Segundo a Ordem de Arão. O Messias é da Tribo de Judá. A ele não coube o ministério sacerdotal da Casa de Arão.

Portanto, o Homem, Yeshua, o Filho de Maria, nEle e por Ele cumpriram-se todos os requisitos das diversas Leis e ensinos judaicos, sintetizados e conhecidos como: “Lei de Moisés, Profetas e Salmos” (Luc. 24:44). Por isso, enquanto viveu aqui na Terra e, principalmente, durante o Seu Ministério que durou três anos e meio, Ele não recebeu Dízimo. Porque, como já vimos, os Dízimos e as Ofertas especificadas na Lei de Moisés, pertenciam aos levitas e sacerdotes. (Núm. 18:21-32; cf. Mat. 5:17).

Ao libertar o povo do cativeiro do Egito, o Rei-Sacerdote estabeleceu/criou a nação de Israel e deu-lhe diversas Leis, Mandamentos, Estatutos, Preceitos; etc. E antes de libertar o Seu povo da escravidão do Egito espiritual, Ele fez a promessa do estabelecimento/criação de Sua Igreja (Mat. 16:18), que são os Filhos do Eterno, a “família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular, no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor”. (Efésios 2:19-20 – ARA).

O Messias, algum tempo depois de haver iniciado o Seu Ministério aqui na Terra, escolheu doze homens dentre os Seus discípulos e deu-lhes o nome de apóstolos.

Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orara, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos. ...”.  - (Luc. 6:12-16 – ARA – cf. Mat. 10:1-4).

Quando Cristo concluiu as instruções aos discípulos, reuniu em torno de Si o pequeno grupo, bem achegados a Ele e, ajoelhando no meio deles e pondo-lhes as mãos sobre a cabeça, fez uma oração consagrando-os à Sua obra. Assim foram os discípulos do Senhor ordenados para o Ministério evangélico”. – (O Desejado de Todas as Nações. 20ª ed. 1997. p. 296.).

Durante todo o Seu Ministério, o Messias não recebeu Dízimo e jamais ministrou aos Seus apóstolos ou deu-lhes este mandamento: “Recebei todos os dízimos de quaisquer pessoas, por onde quer que andeis”. Muito pelo contrário, as instruções/ordenanças do Messias foram bem explicitas quanto ao ouro e a prata: (Mat. 10:5-15; Mar. 6:7-13; Luc. 9:1-6 e 10:1-24). E é justamente sobre as instruções do Messias sobre “o ouro” e “a prata”, bem como sobre o que os apóstolos escreveram sobre as ofertas e a sua utilização que escreverei no próximo artigo.

 

CONCLUSÃO

De acordo com o que foi apresentado sobre os diversos Sacerdócios, apenas o Sacerdócio Levítico tinha Lei específica quanto ao recebimento e utilização dos dízimos. Para nenhum outro Sacerdócio existe um Assim Diz Yahweh sobre tais práticas. Além do mais, os dízimos no Sistema Levítico estão vinculados a vida tanto dos animais domésticos quanto das plantações e árvores frutíferas. Daqueles se fossem animais limpos conforme especificados na Lei. Isto servia para ensinar a nação e aos adoradores que apenas Yahweh é doador da vida em todos os sentidos. Por isso ouro e prata não eram recebidos como dízimos no Sacerdócio Levítico. – josielteli@hotmail.com

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