Bênção da Primogenitura Não Incluiu o Direito de Receber Dízimos Nem Para Jesus...

OS SACERDÓCIOS E A UTILIZAÇÃO DO DÍZIMO

(Complemento ao Que Foi Escrito Sobre os Sacerdotes Patriarcais)

Textos Anteriores desta série:

 

AS BÊNÇÃOS DA PRIMOGENITURA DIVIDIDA EM ISRAEL

Precisamos entender porque Yahweh concedeu uma parte da Bênção da Primogenitura à Tribo de Levi e a outra parte à Tribo de Judá. Quais os fatores que foram determinantes para que Yahweh assim procedesse, em detrimento a Tribo de Rúben e Simeão? Esse o primogênito de Jacó e este o segundo filho do patriarca com Lia, sua primeira esposa. Portanto, o objetivo deste artigo, é esclarecer um pouco mais, o porquê do Sacerdócio tanto no Tabernáculo como posteriormente no Templo e até os dias atuais, visto ser um Sacerdócio perpétuo, ter sido consagrado a Tribo de Levi e, conseqüentemente, à Casa de Arão. Mas, por outro lado, a linhagem real dos ancestrais do Messias (humanamente falando), veio por meio de todos os primogênitos, excetuando-se Judá, que era o quarto filho de Jacó. E respectivamente, por meio de uma Aliança de Yahweh, também Se tornou descendente da Casa de Davi, da cidade de Belém.

Sabemos que o patriarca Jacó teve doze filhos e ao filho mais velho, Rúben, o seu primogênito caberia todas as bênçãos da Primogenitura e, conseqüentemente, a Tribo que tem o seu nome. Contudo, isso não ocorreu. Embora ele fosse o primogênito, não recebeu a Primogenitura em Israel. Talvez não a recebeu, pelo que foi demonstrado no episódio da venda de José (Gen. 37:14-36 e 42:37-38), bem como no que foi demonstrado na bênção de Jacó a ele. Por isso, sobre Rúben, limitar-me-ei a apresentar apenas a bênção do patriarca concedida a ele.

 

PRIMOGÊNITO DE JACÓ COM LIA - RÚBEN

Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito do teu pai e o profanaste; subiste a minha cama”. – (Gen. 49:3-4  - ARA).

 

SEGUNDO FILHO DE JACÓ COM LIA - SIMEÃO

Para falarmos de Simeão, abaixo serão citados trechos dos escritos de Elle G. White falando sobre a venda de José aos ismaelitas e/ou midianitas. Aqui, podemos antecipar que nas bênçãos que Moisés proferiu sobre as Tribos, pouco antes de sua morte, nenhuma bênção foi direcionada a Tribo de Simeão (Deut. 33); simplesmente ela não fora citada. Sendo ele o segundo filho de Jacó, na escala de direito à Primogenitura; então, por que ele foi passado por altoJá que Rúben não a recebeu. Talvez, três sejam os motivos pelos quais ele não recebeu a Bênção da Primogenitura. Um deles é o que está escrito em Gên 34, sobre o que ocorreu a Diná e a traiçoeira vingança de Simeão e Lei contra os moradores de Siquém. Por isso, na bênção de Jacó sobre Simeão e Levi, ele disse:

Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu conselho, não entre a minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros. Maldito seja o seu furor, pois isso era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel”. – (Gen. 49:5-7 - ARA).

Quando os filhos de Jacó desceram ao Egito a primeira vez para comprar mantimentos, eles foram tratados, por José, como espias e ficaram três dias presos. Após os três dias de prisão, José determinou que apenas Simeão ficasse preso e os outros retornassem para que Benjamim fosse trazido até ele (Gên. 42:14-24). Mas, por que Simeão e não Rúben ou Levi ou mesmo Judá?

Antes que eles ficassem os três dias na prisão, a proposta de José foi que dez deles ficassem na prisão e um voltasse a Jacó e trouxessem a Benjamim, mas eles não aceitaram tal proposta:

Dizendo-se estar em dúvida quanto à veracidade de sua história, e considera-los ainda como espias, o governador declarou que os provaria, exigindo deles que ficassem no Egito até que um deles fosse e trouxesse seu irmão mais moço. Se não consentissem nisto, deveriam ser tratados como espias. Mas com tal disposição os filhos de Jacó não poderiam concordar, visto que o tempo exigido para levá-la a efeito faria com que suas famílias sofressem pela falta de alimento; e quem entre eles empreenderia a viagem sozinho, deixando seus irmãos na prisão? Como poderia esse encontrar o pai, em tais circunstâncias? Parecia provável que seriam mortos ou escravizados; e, se Benjamim fosse trazido, poderia ser apenas para participar da sorte deles. Decidiram-se a ficar e sofrer juntos, em vez de trazerem novas tristezas ao pai pela perda do único filho que lhe restava. Em conformidade com isso foram lançados na prisão, onde ficaram três dias”.

Os três dias na prisão egípcia foram de amargurada tristeza, ao refletiram os irmãos em seus pecados passados. A menos que Benjamim pudesse ser trazido, parecia certa a convicção a respeito deles como espias; e pouca esperança tinham de obter o consentimento de seu pai para a ausência de Benjamim. No terceiro dia José fez com que os irmãos fossem trazidos perante ele. Não ousava detê-los por mais tempo. ... ‘Fazei isto, e vivereis’, disse ele; ‘porque eu temo a Deus. Se sois homens de retidão, que fique um de vossos irmãos, preso na casa de vossa prisão; e vós ide, levai trigo para a fome de vossa casa, e trazei-me o vosso irmão mais novo, e serão verificadas as vossas palavras, e não morrereis’. Essa proposta concordaram em aceitar, exprimindo embora pouca esperança de que seu pai deixasse Benjamim vir com eles. José se comunicara com eles mediante um intérprete, e, não fazendo idéia de que o governador os compreendesse, conversavam livremente um com outro em sua presença. Acusavam-se com relação ao tratamento que deram a José: ‘Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia de sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos; por isso vem sobre nós esta angústia’. Rúben, que havia formulado o plano de o entregar em Dotã, acrescentou: ‘Não vo-lo dizia eu, dizendo: Não pequeis contra o moço? Mas não ouviste; e vedes aqui, o seu sangue também é requerido’. José, ouvindo, não pode dominar suas emoções, e saiu e chorou. A sua volta, ordenou fosse Simeão amarrado perante eles, e de novo entregue à prisão. No tratamento cruel a seu irmão, Simeão fora o instigador e principal ator, e foi por esta razão que a escolha recaiu sobre ele”. – (Ibidem. pp. 226-227.).

Portanto, estes foram os dois motivos pelos quais Simeão não recebera a Bênção da Primogenitura, nem sequer parte dela. Primeiro porque agiu cruel e traiçoeiramente para com os moradores de Siquém; e em segundo lugar, porque “No tratamento cruel a seu irmão, Simeão fora o instigador e principal ator”. E o terceiro motivo, foi porque ele se casou com uma mulher Cananéia: “Os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananéia” – (Gen. 46:10 – ARA).

 

O QUARTO FILHO DE JACÓ COM LIA - JUDÁ

Aqui, também apresentaremos vários textos de Ellen G. White, bem como um importante comentário de um Rabino sobre o episódio de Judá e Tamar.

Então, a pergunta importante é: por que a bênção de ter em sua linhagem o Messias prometido coube a Tribo de Judá e não a Tribo de Levi? Embora Judá também tenha falhado no caso da venda de José aos ismaelitas e/ou midianitas (Gen. 37:25-28); contudo, podemos dizer que ele poupou-lhe a vida:

Alguns deles, porém, não estavam a gosto; não sentiam a satisfação que tinham tido em perspectiva pela sua vingança. Logo foi visto a aproximar-se um grupo de viajantes. Era uma caravana de ismaelitas de além Jordão, a caminho para o Egito, com especiarias e outras mercadorias. Judá propôs então vender seu irmão àqueles mercadores gentios, em vez de o deixar a morrer. Ao mesmo tempo em que ele seria eficazmente posto fora de seu caminho, permaneciam limpos de seu sangue; ‘porque,’ insistiu, ‘ele é nosso irmão, nossa carne’. Com esta proposta todos concordaram, e José foi rapidamente tirado da cova”. – (Ibidem. p. 212.)

Depois, por duas vezes Judá demonstrou que era um homem que tinha princípios e era capaz de reconhecer os seus erros e voltar atrás e sofrer no lugar de um irmão, para poupar o seu pai de um sofrimento ainda maior. Uma das situações, e o caso Tamar – Gen. 38. No entanto, em relação a Tamar, podemos dizer que ela também tem os méritos que levaram a Tribo de Judá a receber a bênção de ter o Messias em sua linhagem. Analise os relatos abaixo:

Passados três meses, foi dito a Judá: Tamar, tua nora, adulterou, pois está grávida. Então, disse Judá: Tirai-a fora para que seja queimada. Em tirando-a, mandou ela dizer a seu sogro: Do homem de quem são estas coisas eu concebi. E disse mais: Reconhece de quem é este selo, e este cordão, e este cajado. Reconheceu-o Judá e disse: Mais justa é ela do que eu, porquanto não a dei a Sela, meu filho. E nunca mais a possuiu”. – (Gen. 38:24-26).

Judá poderia muito bem ter negado conhecer “o selo”, “o cordão” e “o cajado”; deixando-a morrer e não passar pela humilhação de ser reconhecido como um homem que procurava prostitutas para manter relações sexuais. No caso de Tamar, ela não era prostituta. E Judá já estava viúvo. (Gen. 38:12).

Abaixo, transcreverei um importante relato sobre Judá e Tamar, escrito por um Rabino:

“... Na seqüência vemos que ele queria se ligar à casa de Judá qualquer que fosse o preço a pagar. Aparentemente, ela reconheceu as qualidades de Judá, filho de Jacó, neto de Isaac e Abraão, pois ansiava que seus descendentes fosse também descendentes deles”.

O comportamento excepcional de Judá e de Tamar, na encruzilhada dos caminhos, mereceria atenção especial. No entanto, mencionaremos apenas que, de acordo com as leis de casamento do Levirato, válidas naquela época, a obrigação de desposá-la valia não apenas aos irmãos do falecido, mas estendia-se também ao pai deste. Conseqüentemente, Tamar era prometida a seu sogro Judá”.

Para entendermos esta decisão severa de Judá, devemos atentar às leis do Levirato. De acordo com esta lei, enquanto a viúva estiver ligada à casa de seu falecido marido, não lhe era permitido entregar-se a outro homem. Judá reagiu, então, corretamente ao mandar queima-la. O que ele não sabia no momento em que pronunciou a sentença era que ele era o pai da criança que Tamar carregava no seu ventre.

Este foi um momento difícil para Tamar:

Esta mulher está sendo levada à fogueira e seu destino, na realidade, encontra-se em suas mãos. Com poucas palavras poderia salvar sua vida e sua honra. E assim mesmo, Tamar optou por ser queimada viva a desonrar aquele que a condenou. Outras pessoas, com certeza se comprazeriam em desmascarar este juiz, sentindo a satisfação da vingança... mas não são estes os valores daquela que viria a ser a mãe de um reinado.’ Nachalat Iossef

De fato, quão fácil seria para Tamar provar sua inocência diante de todos os que vieram assistir a execução da mulher pecadora. O que seria mais fácil que brandir o anel, o manto e a vara e bradar: Judá, eis o penhor que me deste na encruzilhada dos caminhos. És tu, Judá, o homem.

Mas Tamar não o fez. A caminho da fogueira onde seria queimada, consciente de que seus sonhos seriam consumidos nas chamas e que o filho que esperava de Judá morreria junto, Tamar demonstrou uma grandeza de espírito incomparável, ensinando-nos em um capítulo à parte como honrar um ser humano:

‘Ela, ao ser tirada, mandou dizer ao sogro; Do homem a quem pertence isto, eu concebi. E disse: Conhece, rogo, de quem é este anel-selo, este manto e esta vara?’ Gen. 38:25.

Ou seja, ela não se referiu a Judá diretamente, mas de um modo que lhe permitiria esquivar-se, caso assim desejasse. No momento mais crítico de sua vida, depositou seu destino nas mãos da boa vontade de Judá. Se ele quisesse ignorar suas palavras, ninguém ficaria sabendo que ele a engravidara.

Não quis envergonhá-lo. E pensou: Se quiser reconhecer por sua iniciativa que o faça. Senão, que me queime viva, mas não o envergonharei. Daqui vem o dito: É melhor ao homem que o joguem na fogueira, mas não envergonhe seu companheiro em público.’ Rashi, de acordo com o Midrash

Vemos neste momento um ato emocionante como poucos. É fácil fazer a apologia do valor do respeito. Qual de nós não fez uso de várias palavras para louvar este valor! Mas Tamar é a única entre os seres humanos que teve o valor deste conceito submetido à prova, caminhando conscientemente até suas últimas conseqüências. Esta capacidade de Tamar nos mostra sua grandeza de espírito e perfeição.

E Judá escuta suas palavras calmas e nobres. Será ele aprovado em sua prova? Pois se confessar e manda-la tirar da pira, sujeitar-se-á, deste dia em diante, a zombaria de seus vizinhos: Ele, o homem honrado e respeitado, procurando uma prostituta na estrada! Seria ele capaz de suportar a vergonha que o acompanharia deste dia em diante?

E reconheceu Judá e disse: Mais justa é ela do que eu!” Gen. 38:26

Esta é a história que nos conta a Bíblia. Seu objetivo é fazer com que entendamos como Judá e Tamar fizeram por merecer que a dinastia do rei Davi descendesse deles. Porque na essência, eles eram reis que governavam o território mais selvagem e difícil de se governar: a si mesmos”. – (GRYLAK Moshe Reflexões Sobre a Torá. 1ª ed. São Paulo – SP, Editora e Livraria SÊFER Ltda., 1998. pp. 50-52)

O segundo episódio importante, que merece destaque, na vida de Judá está relacionado a José e Benjamim, durante o grande período de seca, quando os filhos de Jacó desceram ao Egito para comprar mantimentos (Gen. Capítulos 42 a 45). Contudo, o auge onde encontramos Judá agindo de maneira brilhante junto ao seu Pai, depois junto a José, são os capítulos 43 e 44.  

Com a continuidade da seca, “... Cada vez mais negra se tornava a sombra da fome que se aproximava; no rosto ansioso de todos no acampamento, lia o ancião a necessidade deles; e finalmente disse: ‘Tomai, comprai-nos um pouco de alimento’”. Contudo, eles não poderiam retornar sem Benjamim. Por isso, Judá disse a seu pai:

Judá responde: ‘Fortemente nos protestou aquele varão, dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier convosco. Se enviares conosco o nosso irmão, desceremos, e te compraremos alimento; mas se não enviares, não desceremos; porquanto aquele varão nos disse: Não vereis a minha face se o vosso irmão não vier convosco’. Vendo que a resolução de seu pai começava a vacilar, acrescentou: ‘Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos, e iremos para que vivamos, e não morramos, nem a nós, nem tu, nem nossos filhos’; e se ofereceu como fiador por seu irmão, e para arrostar a culpa para sempre se deixasse de restituir Benjamim a seu pai”. – (WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. 1991. pp. 228-229.)

Quão grandes e diferentes, embora importantes foram as propostas feitas por Rúben e por Judá a Jacó. Aquele disse: “Mas Rúben disse a seu pai: Mata os meus dois filhos, se to não tornar a trazer; entrega-mo, e eu to restituirei. Ele, porém, disse: Meu filho não descerá convosco; seu irmão é morto, e ele ficou só; se lhe suceder alguma desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza a sepultura”. (Gen. 42:37 e 38 – ARA).

Antes, no caso da venda de José, como primogênito, ele foi omisso e covarde. Agora, Rúben estava disposto a sacrificar os filhos, mas não a si próprio.

No entanto, a proposta de Judá foi: “... Disse Judá a Israel seu pai: Envia o jovem comigo... Eu serei responsável por ele, da minha mão o requererás; se eu to não trouxer e não to puser à presença, serei culpado para contigo para sempre”. (Gen. 43:8-10 – ARA). Judá estava disposto a dar a própria vida pelo seu irmão, para evitar que acontecesse algo a ele, bem como não trazer maiores sofrimentos ao seu pai.

“... Quando seus filhos estavam para partir para a sua viagem duvidosa, o idoso pai levantou-se e erguendo as mãos para o Céu, proferiu esta oração: ‘E Deus Todo-poderoso vos dê misericórdia diante do varão, para que deixe vir convosco vosso outro irmão e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei”. – (Ibidem. p. 229.)

Os irmãos de José chegaram ao Egito com Benjamim, e tudo parecia está resolvido. Então, Simeão fora liberto e compraram os mantimentos que precisavam. No entanto, antes que eles retornassem, José ainda queria prová-los:

“... Desejava ainda prová-los mais, e antes de sua partida ordenou que seu próprio copo de prata fosse escondido no saco do mais moço.

Alegremente partiram para a sua volta. Simeão e Benjamim estavam com eles... Todavia, apenas tinham alcançado os arredores da cidade quando foram surpreendidos pelo mordomo do governador, que proferiu a incisiva pergunta: ‘Por que pagaste mal por bem? Não é este o copo por que bebe meu senhor? E em que ele bem advinha? Fizeste mal no que fizeste.’ Supunha-se possuir aquela taça o poder de descobrir qualquer substância venenosa na mesma colocada. Naquele tempo, taças desta espécie tinham alto valor como salvaguarda contra o assassínio pelo envenenamento.

À acusação do despenseiro responderam os viajantes: ‘Por que diz meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa. ... Aquele dos teus servos em quem for achado, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor’.

Ora seja também conforme as vossa palavras’, disse o mordomo; ‘aquele em quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.’

Começou-se imediatamente a pesquisa. ‘Eles apressaram-se, e cada um pôs em terra o seu saco,’ e o mordomo examinou cada um, começando com o de Rúben, e fazendo-o por ordem, até o do mais moço. No saco de Benjamim foi encontrado o copo.

Os irmãos rasgaram as vestes em sinal de completa desgraça, e vagarosamente voltaram à cidade. Em virtude de sua própria promessa, Benjamim estava condenado a uma vida de escravidão. Acompanharam o mordomo até o palácio, e, encontrando ainda ali o governador, prostraram-se diante dele: ‘Que é isto que fizeste?’ disse ele. ‘Não sabeis vós que tal homem como eu bem advinha?’ José tencionava extorquir-lhes o reconhecimento de seu pecado. Nunca pretendera o poder de adivinhação, mas queria faze-los crer que podia ler os segredos de suas vidas.

Judá respondeu: ‘Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos justificaremos? Achou Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.’

Longe de mim que eu tal faça’, foi a resposta; ‘o varão em cuja mão o copo foi achado, aquele será meu servo; porém vós subi em paz para vosso pai.’

Em sua profunda angústia Judá aproxima-se então do governador, e exclama: ‘Ai! Senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se ascenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.’ Com palavras de tocante eloqüência descreveu a dor de seu pai pela perda de José, e sua relutância em deixar Benjamim vir com eles ao Egito, visto ser ele o único filho que restava de sua mãe Raquel, a quem Jacó amava tão ternamente. ‘Agora pois’, disse ele, ‘indo eua teu servo meu pai, e o moço não indo conosco, como a sua alma está atada com a alma dele, acontecerá que, vendo ele que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza, à sepultura. Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se não to tornar, eu serei culpado a meu pai todos os dias. Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor , e que suba o moço com meus irmãos. Por que como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? Para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai’.

José satisfeito. Vira em seus irmãos os frutos do verdadeiro arrependimento. Ouvindo o nobre oferecimento de Judá, deu ordens para que todos, exceto aqueles homens, se retirassem; então, chorando em voz alta, exclamou: ‘Eu sou José; vive ainda meu pai?’

Seus irmãos ficaram imóveis, mudos de temor e espanto. Era governador do Egito seu irmão José, aquele irmão a quem invejavam e teriam morto, e que finalmente venderam como escravo! Todos os seus maus tratos ao mesmo passaram diante deles. Lembraram-se como tinham desprezado seus sonhos, e agido para impedir o seu cumprimento. Haviam contudo desesperado o seu papel no cumprimento desses sonhos; e, agora que estavam completamente em seu poder, vingar-se-ia ele indubitavelmente do mal que tinha sofrido.

Vendo sua confusão, disse bondosamente: ‘Peço-vos, chegai-vos a mim’; e, aproximando-se eles, continuou: ‘Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face’. Entendendo que já haviam sofrido muito pela sua crueldade para com ele, procurou nobremente banir seus temores, e diminuir a amargura da exprobração a si mesmos.

... Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito. ...

E lançou-se ao pescoço de Benjamim, seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao seu pescoço. E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus irmãos falaram com ele’. Confessaram humildemente seu pecado, e rogaram perdão. Haviam muito tempo sofrido de ansiedade e remorso, e agora, regozijavam-se de que ele ainda estivesse vivo”.

Outro ato de humilhação restava aos dez irmãos. Confessaram agora ao pai o engano e crueldade que durante tantos anos haviam amargurado a sua vida e a deles. Jacó não suspeitara serem capazes de pecado tão vil, mas viu que tudo tinha sido encaminhado para o bem, e perdoou e abençoou seus filhos erradios”.  – (Ibidem. pp. 230-234.)

Embora Judá não tenha recebido a bênção para ser o sacerdote de sua família, nem individualmente nem como Tribo, a ele coube a bênção de ser da linhagem do Messias prometido. Um dos fatores que o excluíram da bênção do sacerdócio, perante seus irmãos, foi o ter casado com uma mulher Cananéia (Gen. 38:1-3). E a semelhança de Esaú e Simeão, Judá também “... Tinha violado uma das condições do concerto, que proibia o casamento misto entre o povo escolhido e os gentios...”. (Ibidem. p. 179.)

 

O TERCEIRO FILHO DE JACÓ COM LIA - LEVI

A Tribo e Levi, como sabemos, apenas não recebeu a bênção de ter em sua linhagem o “Redentor do mundo”. Mas recebeu as bênçãos espirituais. Portanto, à Tribo de Levi Yahweh reservou os seguintes ministérios: o ministério dos levitas (coatitas, gersonitas e meraritas) e o ministério dos sacerdotes (Arão e seus filhos).

Apenas para que fique bem claro, é bom sabermos que Arão não foi escolhido, para o ministério que coube a Tribo de Levi, aleatoriamente. Arão era o filho primogênito de Anrão. Por isso, dentre os filhos de Levi, Tribo que ficou fiel a Yahweh no caso da adoração ao bezerro de ouro, ele foi escolhido para ser o sumo sacerdote, para ministrar no Tabernáculo. O Texto Sagrado declara:: “Anrão tomou por mulher a Joquebede, sua tia; e ela lhe deu a Arão e Moisés; e os anos da vida de Anrão foram cento e trinta e sete”. – (Êxodo 6:20 – ARA).

De Levi disse: Dá, ó Deus, o teu Tumim e o teu Urim para o homem, teu fidedigno, que tu provaste em Massa, com quem contendeste nas águas de Meribá; aquele que disse a seu pai e a sua mãe: Nunca os vi; e não conheceu a seus irmãos e não estimou a seus filhos, pois guardou a tua palavra e observou a tua aliança. Ensinou os teus juízos a Jacó e a tua lei, a Israel; ofereceu incenso às tuas narinas e holocaustos, sobre o teu altar. Abençoa o seu poder ó SENHOR, e aceita a obra das suas mãos, fere os lombos dos que se levantam contra ele e o aborrecem, para que nunca mais se levantem”. – (Deut. 33:8-11 – ARA).

Estas, pois, são as características da Tribo de Levi: “... Pois guardou a tua palavra e observou a tua aliança. Ensinou os teus juízos a Jacó e a tua lei, a Israel; ofereceu incenso às tuas narinas e holocaustos, sobre o teu altar...”, qualificaram-na para receber parte da Benção da Primogenitura, a que estava relacionada a andar diante de Yahweh como sacerdotes.

Como já fora dito, “... Esaú e Jacó estavam familiarizados” com as bênçãos da Primogenitura. Eles “Foram ensinados a considerar a primogenitura como coisa de grande importância, pois que incluía não somente a herança das riquezas terrestres, mas a preeminência espiritual. ...”. – (Ibidem. pp. 176-177.). Foi desta “preeminência espiritual” que Esaú abdicou para benefício de Jacó. Depois Ellen G.White continuou dizendo sobre a Primogenitura:

Aquele que a recebia devia ser o sacerdote de sua família; e na linhagem de sua prosperidade viria o Redentor do mundo. De outro lado, havia obrigações que repousavam sobre o possuidor da primogenitura. Aquele que herdasse suas bênçãos devia dedicar a vida ao serviço de Deus. Como Abraão, devia ser obediente aos mandos divinos. Em seu casamento, nas relações familiares, na vida pública, devia consultar a vontade de Deus”. – (Ibidem. p. 176.)

Como falamos acima, Esaú abdicou do seu direito à Primogenitura, trocando-a por um prato de lentilha, pois não valorizava as bênçãos espirituais.

“... Todo o seu interesse estava no presente. Estava a pronto para sacrificar as coisas celestes pelas terrestres, para trocar um bem futuro por uma satisfação momentânea. ‘Assim desprezou Esaú a sua primogenitura.’ Vers. 34. Dispondo dela, experimentou uma sensação de alívio. Agora seu caminho estava desimpedido; podia fazer como quisesse. Por este prazer desenfreado, erroneamente chamado liberdade, quantos ainda estão a vender o seu direito de primogenitura a uma herança pura e incontaminada, eterna, nos Céus!”. – (Ibidem. p. 177.)

É sabido que Esaú não apenas vendeu o seu direito à Primogenitura (Gen. 25:27-34), ele também violou outra condição para receber a Primogenitura: “Tendo Esaú quarenta anos de idade, tomou por esposa a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu. Ambas se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca”. - (Gen. 26:34 e 35 – ARA).

Sempre sujeito às meras aparências e atrações terrenas, Esaú tomou duas mulheres das filhas de Hete. Eram adoradoras de deuses falsos, e sua idolatria acarretava uma dor amargurada para Isaque e Rebeca. Esaú tinha violado uma das condições do concerto, que proibia o casamento misto entre o povo escolhido e os gentios; Isaque, todavia, ainda estava inabalável em sua intenção de conferir-lhe a primogenitura. O raciocínio de Rebeca, o desejo veemente de Jacó pela bênção, e a indiferença de Esaú pelas obrigações da mesma bênção, não tiveram o efeito de modificar o intuito do pai”. – (Ibidem. pp. 177 e 179.)

Portanto, diante do que fora dito acima, em Israel, encontramos a Bênção da Primogenitura divida entre Judá e Levi. Aquele herdou o direito a ser da linhagem do messias. Levi herdou o direito ao sacerdócio, para fazer holocaustos e sacrifícios, e principalmente dedicar-se ao serviço de Yahweh.

“... A preeminência espiritual. Aquele que a recebia devia ser o sacerdote de sua família.... Aquele que herdasse suas bênçãos devia dedicar a vida ao serviço de Deus. ...”.     (Ibidem. p. 176.)

 

CONCLUSÃO

O Messias é o Primogênito de Yahweh e nada mais justo que Ele aqui nesta Terra também tenha sido o Primogênito e Unigênito, tornando-Se Carne no ventre de Maria. E como a Primogenitura também, apontava para o Messias, Ele de fato recebeu todas as Bênçãos da Primogenitura. Ele é o nosso único e suficiente Sacerdote perante o Pai.

Dentre todos os primogênitos que a Escritura Sagrada apresenta, apenas um recebeu dízimo e apenas um fez um voto de dizimar de tudo o que fosse abençoado por Yahweh. Mas em nenhuma outra ocasião fora relatado que eles recebessem dízimos ou continuasse a dizimá-los (No caso de Abrão). E no caso de Jacó não está registrado a quem ele dizimou.

Quanto ao Messias, em lugar nenhum da Escritura Sagrada está relatado que Ele tenha dado dízimo. No entanto, sobre o pagamento do imposto do Templo, tem um registro. O Messias pagou por causa da precipitação do apóstolo Pedro (Mat. 17:24-27). Mas, sobre as ofertas, os quatro evangelistas são claros em afirmar que os apóstolos do Messias recebiam ofertas dos Seus discípulos. Com certeza eram ofertas de gratidão (Luc. 8:1-3).

Além do mais, segundo a Lei, o Messias não poderia receber dízimos. Porque os dízimos foram dados aos Levitas por estatuto perpétuo. E o Messias é da Tribo de Judá. Ele veio para cumprir e cumpriu toda a Lei. – josielteli@hotmail.com

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