O Que Todo Adventista Deveria Saber

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18/04/04


Qual Foi Realmente a Mensagem de 1888?

 

Os sermões que Jones e Waggoner pregaram na assembléia e nas sessões da Conferência da Associação Geral não foram registrados; nem tampouco alguns de Ellen White. Mas podemos conhecer a essência das suas mensagens em seus escritos. Waggoner foi o orador principal acerca de Cristo e Sua justiça no congresso. Um de seus livros, publicado pouco depois da conferência, leva o título de Christ and His Righteousness [Cristo e Sua Justiça]. Nele expõe o que desejou transmitir em suas apresentações.

 

O Legislador Entrega-Se Pelo Pecador

O livro inteiro é uma radiante exaltação do amor de Deus e de Sua misericórdia segundo manifestada por Jesus. Waggoner aconselha os seus leitores a “considerar a Cristo, de forma contínua e inteligente”. “Cristo deve ser ‘elevado’ por todos os que crêem nEle como o Redentor crucificado, cuja graça e glória são suficientes para satisfazer as maiores necessidades do mundo; significa que deveria ser ‘elevado’ em Seu extraordinário encanto e poder como ‘Deus conosco’, de modo que Seu atrativo divino possa assim atrair a todos para junto dEle” [Cristo e Sua Justiça, págs. 5-6].

Nossa certeza de perdão por todos os nossos pecados “está no fato de que o próprio Doador da lei, Aquele contra quem” nos rebelamos e a quem temos desafiado “é o que Se deu a Si mesmo por nós”. Em Cristo, Deus Se deu e Si mesmo por nossa redenção, porque “não devemos imaginar que o Pai e o Filho estavam separados nesta transação. Eram um só nisto, bem como em tudo o mais” [Idem, pág. 45].

“Que maravilhosa manifestação de amor! O Inocente sofreu pelo culpado; o Justo pelo injusto; o Criador pela criatura; o Autor da lei pelo transgressor da lei; o Rei por Seus súditos rebeldes... O infinito Amor não poderia encontrar uma maior manifestação de Si mesmo. Bem pode o Senhor dizer: ‘Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito?’ (Isaías 5:4)” [Idem, págs. 45 e 46.]

O amor divino envolveu toda a criação. Por meio de Sua morte sobre a cruz Jesus redimiu o mundo inteiro. “Ele não adquiriu uma certa classe, mas todo o mundo de pecadores. ‘Porque Deus amor o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna’ (João 3:16). Jesus disse: ‘O pão que Eu der é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo’ (João 6:51). ‘Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a Seu tempo pelos ímpios’. ‘Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores’ (Romanos 5:6, 8)” [Idem, pág. 71.]

 

Gratuito Livramento do Pecado

Havendo nos comprado com o Seu sangue, Jesus aceita a todo pecador arrependido tal como é e o cobre com o manto de Sua própria justiça. Ao fazê-lo, “não fornece um disfarce para o pecado, mas remove o pecado. E isto mostra que o perdão dos pecados é mais que uma mera forma, algo mais que um mero registro nos livros do céu, ao ponto de ser cancelado o pecado. O perdão dos pecados é uma realidade; é algo tangível, algo que afeta vitalmente o indivíduo. Realmente liberta-o da culpa; e se está livre de culpa, está justificado, foi tornado justo, e certamente sofreu uma mudança radical. É, na verdade, uma outra pessoa” [Idem, pág. 66]. Waggoner mostrou que isto está de acordo com o ensino do apóstolo Paulo quando escreveu: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é” (II Coríntios 5:17).

 

Cristo Identifica-Se Com o Pecador

Waggoner e Jones sustentavam que o Redentor vai mais além de perdoar os pecados. O crente que aceita a Jesus como seu substituto e seu fiador de salvação aprende a considerá- Lo como seu exemplo e Aquele que o capacita a obter vitória sobre o pecado, o que se relaciona intimamente com a encarnação de Cristo.

“O Salvador estava profundamente ansioso por que Seus discípulos compreendessem para que fim Sua divindade estava unida à humanidade. Ele veio ao mundo para manifestar a glória de Deus, a fim de que o homem fosse erguido por Seu poder restaurador. Deus Se revelou nEle, para que Se pudesse manifestar neles. Jesus não revelou qualidades, nem exercer poderes que os homens não possam possuir mediante a fé nEle. Sua perfeita humanidade é a que todos os Seus seguidores podem possuir, se forem sujeitos a Deus como Ele o foi” (O Desejado de Todas Nações, pág. 664). “Nossa suficiência se encontra unicamente na encarnação e morte do Filho de Deus” (Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 355).

Ao tomar nossa carne ou natureza, Jesus uniu a humanidade com a divindade. “Em Cristo havia uma sujeição do humano ao divino. Ele vestiu Sua divindade com humanidade, e pôs Sua própria pessoa debaixo da obediência à divindade... Cristo requer que a humanidade obedeça à divindade. Em Sua humanidade, Cristo foi obediente a todos os mandamentos de Seu Pai” (Review and Herald, 9 de novembro de 1897).

Foi Sua divindade, não Sua humanidade, o que permitiu que Jesus vencesse a toda traiçoeira tentação que Satanás Lhe apresentou. A encarnação de Cristo garante que podemos ser “participantes da natureza divina” (II Pedro 1:4). Desta forma nós também podemos sair vitoriosos sobre a tentação e o pecado, como fez Jesus durante a Sua encarnação ou enquanto habitou na carne humana.

Por meio da encarnação, explicava Waggoner, “Cristo tomou sobre Si a igualdade com o homem a fim de que pudesse redimir o homem”. Continua dizendo: “Deve ter sido ao homem pecador que Ele Se assemelhou, porque é ao homem pecador que Ele veio redimir. A morte não teria poder sobre um homem sem pecado, assim como Adão foi no Éden; e não poderia ter poder sobre Cristo, se o Senhor não houvesse tomado sobre Si a iniqüidade de todos nós. Mais ainda, o fato de que Cristo tomou sobre Si mesmo a carne, não de um ser sem pecado, mas do homem pecador, ou seja, que a carne que assumiu tinha as debilidades e tendências ao pecado às quais está sujeita a natureza humana caída, se vê na declaração de que ‘nasceu da descendência de Davi segundo a carne’. Davi tinha as paixões da natureza humana” [Cristo e Sua Justiça, págs. 26-27].

Depois de citar II Coríntios 5:21, que diz: “Àquele que não conheceu pecado, [Deus] O fez pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus”, Waggoner comentava: “Isto é muito mais forte que a declaração de que foi feito ‘em semelhança da carne do pecado’ [Romanos 8:3]. Ele foi feito pecado... O imaculado Cordeiro de Deus, que não conhecia pecado, foi feito pecado. Sem pecado, no entanto, foi não só contado como pecador, mas tomou sobre Si a natureza pecaminosa. Ele foi feito pecado para que nós fôssemos feitos ‘justiça’” [Idem, págs. 27-28].

 

A Impecável Vida de Cristo

Mas ainda que Waggoner apresentasse a Jesus como tendo tomado a nossa natureza pecaminosa, cuidou para não considerá-Lo um pecador. Disse:

“Alguns podem ter pensado, lendo até aqui, que estamos depreciando o caráter de Jesus, ao trazê-Lo ao nível do homem pecador. Pelo contrário, simplesmente estamos exaltando o ‘poder divino’ de nosso bendito Salvador, que voluntariamente desceu ao nível do homem pecador, para poder exaltar o homem a Sua própria imaculada pureza, que reteve mesmo nas circunstâncias mais adversas. Sua humanidade somente velou a Sua natureza divina... Durante toda a Sua vida houve uma luta. A carne, movida pelo inimigo de toda justiça, tendia ao pecado, no entanto, Sua natureza divina, nunca, nem por um momento abrigou um desejo mau, nem vacilou por um momento o Seu poder divino” [Idem, págs. 28-29].

 

Como Podemos Vencer

Waggoner animava a seus ouvintes e a seus leitores com a declaração: “Você poderá ter o mesmo poder que Ele teve se desejar. Ele foi capaz de ‘compadecer-Se ternamente’ das nossas fraquezas (Hebreus 5:2) mas ‘sem pecado’ (cap. 4:15), porque o poder divino morava constantemente com Ele” [Idem, pág. 29].

Waggoner se referiu à promessa de Deus feita através do apóstolo Paulo em Efésios 3:14-19, de que cada crente pode ser fortalecido por Cristo ao morar em seu coração pela fé mediante o Espírito Santo. Desta forma cada alma disposta pode ser cheia com a plenitude de Deus, que é capaz e está ansioso de dar-nos força “mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”. Todo o poder que residia em Cristo pode morar em nós pela graça divina, porque Ele nos concede gratuitamente.

Waggoner confiantemente afirmou que Alguém mais forte que Satanás pode morar continuamente no coração do crente. E assim, o crente pode enfrentar os ataques de Satanás e dizer: “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:13) [Idem, págs. 29-31].

A mensagem de justificação pela fé apresentada no congresso de 1888, foi verdadeiramente uma mensagem de esperança e vigor. Oferecia perdão para todos os pecados. Mais ainda, oferecia a vitória sobre o pecado. Waggoner desejava que os cristãos, antes relutantes, decidissem viver confiantemente, amando a Deus.

No entanto, Waggoner advertiu que Satanás não estava disposto a deixar que seus antigos escravos escapassem sem luta. Admoestou a cada seguidor de Cristo a lembrar-se sempre que Cristo o havia libertado e que já não é mais escravo de Satanás. Mas a vitória exige ceder continuamente á vontade de Deus. Afastado dela, não há vitória [Idem, págs. 92-95].

Ao dar esta receita para vencer a tentação, Waggoner voltou à sua advertência inicial: Mantenham seus olhos, seus pensamentos e seus afetos em Jesus. Em um de seus sermões, registrado na revista Signs of the Times de 25 de março de 1889, Waggoner utilizou ilustrações da história para mostrar como Jesus fortalecerá o pecador fraco mas arrependido, em sua luta contra o pecado e contra Satanás.

“Os soldados de Alexandre [o Grande] –escreveu- eram conhecidos como os invencíveis. Por quê? Era devido a serem naturalmente mais fortes e mais valentes que todos os seus inimigos? Não; mas porque eram liderados por Alexandre. A sua força estava em sua liderança. Debaixo de outro líder haveriam sido derrotados inúmeras vezes. Quando o exército da União estava fugindo, aterrorizado diante do general Winchester, a presença de Sheridan [general norte-americano durante a Guerra da Secessão] tornou a sua derrota em vitória. Sem ele, os homens constituíam uma multidão temerosa; com ele à frente, eram um exército invencível. Se vocês tivessem escutado os comentários dos soldados que estavam a mando destes líderes e de outros como eles depois da batalha teriam escutado louvores ao seu general em meio de todo regozijo. Eram fortes porque ele o era; estavam inspirados pelo mesmo espírito que ele tinha”.

 

Vitória ao Olhar Para Cristo

Os pensamentos de um crente vitorioso não devem dirigir-se para as tentações e as dificuldades. Waggoner disse que se os pensamentos de uma pessoa se detêm nas tentações, inevitavelmente será vencido por elas. Ao contrário, os pensamentos de um cristão vitorioso devem centralizar-se em Deus e em Seu poder. Como exemplo disto, se referiu ao rei Josafá de Judá, cuja vitória sobre os moabitas e os amonitas está registrada em II Crônicas 20.

Waggoner recordou a seus leitores que tão prontamente Josafá recebeu a notícia da invasão inimiga, se aproximou de Deus. De pé, com seu povo no átrio do templo, derramou sua alma a Deus em oração. Disse: “Na Tua mão há força e potência, e não há quem Te possa resistir” (II Crônicas 20:6). Dirigiu-se a Deus em seu próprio nome e no de seu povo, “os nossos olhos estão postos em Ti” (verso 12). Enquanto o rei e o povo se humilhavam diante de Deus e mantinham os seus olhos fixos nEle, Deus lhes deu uma grande vitória sobre seus inimigos. Waggoner disse: “Certamente, o homem que, na hora da necessidade, começa sua oração com tal reconhecimento do poder de Deus, já tem a vitória do seu lado. Mas notem que Josafá não somente declarou sua fé no maravilhoso poder de Deus, mas também reivindicou a força de Deus apropriando-se dela”.

Por suas próprias forças nenhuma pessoa pode derrotar a Satanás. Mas no momento da tentação cada crente deveria recordar-se da promessa de Deus a Josafá, aconselhou Waggoner. “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (verso 15) [Idem, págs. 78-80]. Waggoner ansiava que o indivíduo cheio do Espírito Santo e com os seus olhos em Jesus obtivesse a vitória sobre o pecado: “Que maravilhosas possibilidades há para o cristão! Que alturas de santidade pode alcançar! Não importa quanto Satanás possa lutar contra ele, atacando-o em seu lado mais fraco, pode habitar debaixo da sombra do Onipotente, e estar cheio da plenitudade da força de Deus. Aquele que é mais forte que Satanás pode habitar continuamente em seu coração; e assim, observando os ataques de Satanás como se estivesse firmado sobre uma imponente fortaleza, pode dizer: ‘Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece’ (Filipenses 4:13)” [Idem, págs. 30-31].

 

O Santuário e a Justiça Pela Fé

De acordo com Jones e Waggoner, a vitória sobre o pecado advém de uma correta compreensão da verdade acerca do santuário. Ellen White compartilha desta idéia. Em seu sermão de 20 de outubro de 1888, o primeiro sábado da conferência de Mineápolis, disse: “Cristo está agora no santuário celestial. O que está fazendo? Está fazendo expiação por nós, purificando o santuário dos pecados do povo. Portanto devemos entrar pela fé no santuário com Ele, devemos começar a obra no santuário de nossa alma. Devemos limpar-nos de toda contaminação. ‘Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus’ (II Coríntios 7:1)” [A. V. Olson, Thirteen Crisis Years, pág. 276.]

Para Ellen White a resposta pessoal em relação com a purificação do santuário celestial envolvia a purificação do templo da alma de cada crente. Isto se reflete em seus escritos posteriores. Em 1890 escreveu: “Cristo está purificando o templo celestial dos pecados do povo, e devemos trabalhar em harmonia com Ele sobre a Terra, purificando o templo da alma de sua contaminação moral” [Review and Herald, 11 de fevereiro de 1890].

Ellen White chamava a esta compreensão da justificação pela fé de “mensagem do terceiro anjo, em verdade” [Review and Herald, 11 de abril de 1890.] Esta verdade deveria reunir as pessoas que “guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apocalipse 14:12), e prepará-los para encontrar-se com seu Senhor quando voltar em alegre paz. Ela resumiu esta transformadora compreensão da justificação pela fé na frase “os incomparáveis encantos de Cristo” [Olson, pág. 53].

Jones e Waggoner haviam captado pessoalmente a visão da inigualável glória de Cristo. Tal conceito libertaria os crentes das garras do legalismo. Por isso desejavam compartilhá-lo com os demais delegados da Conferência Geral de Mineápolis de 1888.

 

Fonte: Arnold Wallenkampf, O Que Todo Adventista Deveria Saber Sobre 1888, págs. 7-9 (versão on-line em PDF de Libros de 1888). O Pr. Wallenkampf, Doutor em Teologia, dedicou a vida ao “ensino em colégios e universidades adventistas como diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral” (pág. 2).

 Por Arnold Wallenkampf, Doutor em Teologia  


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