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18/04/04


A mensagem do evangelho

The Present Truth, 7 de maio de 1896

 

Os humildes pastores que cuidavam dos seus rebanhos durante a noite nas planícies de Belém, ficaram assustados pelo repentino resplendor da glória do Senhor que os envolvia. Os seus temores desapareceram pela voz do anjo, que lhes disse: "Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2:10 e 11).

A palavra "novas" vem do grego, e em outras passagens é traduzida como "evangelho"; portanto nós poderíamos ler assim a mensagem do anjo: ‘Eis aqui vos trago o evangelho de grande alegria, que será para todo o povo’. Portanto, podemos aprender várias coisas importantes com este anúncio feito aos pastores.

1. Que o evangelho é uma mensagem que traz alegria. "O reino de Deus... é... justiça, e paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14:17). Cristo foi ungido com "óleo de alegria" (Hebreus 1:9), e Ele proporciona "óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado" (Isaías 61:3).

2. É uma mensagem de salvação do pecado. O mesmo anjo tinha anunciado antes a José o nascimento deste menino, e lhe indicou: "Chamarás o Seu nome Jesus; porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados" (Mateus 1:21).

3. Se trata de algo que afeta a cada ser humano: "que será para todo o povo". "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).

Isto é uma garantia suficiente para todos, mas querendo enfatizar o fato de que os pobres têm no evangelho os mesmos direitos que os ricos, o primeiro anúncio do nascimento de Cristo foi feito a homens que andavam pelos recantos mais humildes da vida. Não foi aos principais sacerdotes nem aos escribas, nem tampouco aos nobres, mas a pastores de ovelhas a quem foram dadas as alegres novas. Assim, o evangelho não está fora do alcance de quem não recebeu uma educação formal. O próprio Cristo nasceu e cresceu em meio da maior pobreza; Ele pregou o evangelho aos pobres, e "a grande multidão O ouvia de boa vontade" (Marcos 12:37). Visto que o apresentou desta forma às pessoas comuns, que constituem a maioria da população do mundo, não há dúvida alguma de que se trata de uma mensagem mundial em seu alcance.

 

"O Desejado de todas as nações"

Mas embora o evangelho seja primeiramente para os pobres, não é algo miserável ou que não possua nobreza. Cristo Se fez pobre a fim de que pudéssemos enriquecer (II Coríntios 8:9). O grande apóstolo que foi escolhido para dar a mensagem a reis e aos grandes homens da terra, desejando muito visitar a capital do mundo, disse: "Não me envergonho do evangelho de Cristo, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). O poder é aquilo que todo mundo procura. Alguns o buscam através da riqueza, outros pela política, outros através da cultura, e outros de outras formas; mas em toda atividade realizada pelo homem, o objetivo é o mesmo: adquirir poder de qualquer maneira. Há uma inquietação no coração de cada homem, um desejo insatisfeito posto ali pelo próprio Deus. A louca ambição que leva alguns a oprimir a seus semelhantes, a incessante procura de riqueza e a implacável busca de prazer em que tantos se afundam não são mais que esforços vãos por satisfazer este desejo.

Não é que Deus tenha posto no coração humano o desejo de alguma destas coisas ruins; a busca delas é uma perversão do desejo que Ele implantou no interior do homem. Deus deseja que o homem tenha o poder de Deus; mas nenhuma das coisas que o homem procura normalmente traz o poder de Deus. Os homens imaginam um limite ou quantidade de riqueza que desejam possuir, porque pensam que uma vez alcançada esta meta ficarão satisfeitos; mas se eles obtém o esperado, ficam tão insatisfeitos como sempre; e assim continuam procurando a satisfação através do acúmulo de riqueza, não se dando conta de que o desejo do coração jamais pode ser satisfeito desta maneira.

Aquele que implantou o desejo é o único que pode satisfazê-lo. Deus Se manifesta em Cristo, e Cristo é verdadeiramente "o Desejado de todas as nações" (Ageu 2:7, Almeida Revista e Corrigida), embora tão poucos reconheçam que só nEle se acha o perfeito repouso e satisfação. A tudo mortal insatisfeito se faz o convite, "Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia. Temei ao Senhor, vós, os Seu santos, pois nada falta aos que O temem" (Salmo 34:8 e 9). "Quão preciosa é, ó Deus, a Tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das Tuas asas. Eles se fartarão gordura da Tua casa, e os farás beber da corrente das Tuas delícias" (Salmo 36: 7 e 8).

Poder é o que os homens desejam neste mundo, e poder é o que o Senhor deseja que tenham. Mas o tipo de poder que eles procuram significaria a sua ruína, enquanto que o poder que Ele deseja lhes dar é poder que irá salvá-los. O evangelho traz este poder a cada ser humano, e não se trata de nada inferior ao poder de Deus. É para todos os que o aceitam. Vamos estudar brevemente a natureza deste poder, já que uma vez o tenhamos descoberto, teremos perante nós a plenitude do evangelho.

 

O poder do evangelho

Na visão que o discípulo amado teve do tempo que iria anteceder imediatamente o retorno do Senhor, a mensagem do evangelho que prepara aos homens para este evento é descrita assim:

"E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque é vinda a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apocalipse 14:6 e 7).

Aqui temos claramente perante nós o fato de que a pregação do evangelho consiste em pregar a Deus como a Criador de todas as coisas, e em chamar os homens a que O adorem como tal. Isto corresponde ao que lemos na epístola aos romanos: que o evangelho "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê". Aprendemos algo mais a respeito da natureza do poder de Deus quando o apóstolo, se referindo aos pagãos, diz: "O que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como a Sua divindade" (Romanos 1:19 e 20). Ou seja, desde a criação do mundo, os homens foram capacitados para ver o poder de Deus, se é que empregam os seus sentidos, já que Ele pode ser reconhecido claramente nas coisas que criou.

A criação mostra o poder de Deus. Assim, o poder de Deus é um poder criador. E visto que o evangelho é o poder de Deus para a salvação, fica demonstrado que o evangelho é a manifestação do poder criador para salvar ao homem do pecado. Mas vimos que o evangelho são as boas novas da salvação em Cristo. O evangelho consiste na pregação de Cristo, e Cristo crucificado. Disse o apóstolo: "Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus " (I Coríntios 1:17 e 18).

E também: "Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus" (I Coríntios 1:23 e 24). É por isso que o apóstolo disse: " E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado" (I Coríntios 2:1 e 2).

A pregação de Cristo, e de Cristo crucificado, é a pregação do poder de Deus; portanto, é a pregação do evangelho, já que o evangelho é o poder de Deus. E isto está em perfeita harmonia com a conclusão de que a pregação do evangelho consiste em apresentar a Deus como a Criador, visto que o poder de Deus é um poder criador, e Cristo é Aquele por quem foram criadas todas as coisas. Ninguém pode pregar a Cristo, se não o apresentar como o Criador. Todos devem honrar ao Filho da mesma forma em que honram ao Pai. Toda pregação que subestime a importância do fato de que Cristo é o Criador de todas as coisas, não é a pregação do evangelho.

 

Criação e redenção

"No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez... E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós... cheio de graça e de verdade" (João 1:1-14). "NEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele" (Colossenses 1:16 e 17).

Prestemos mais atenção ao último texto, e vejamos como se acham em Cristo tanto a criação como a redenção. Nos versículos 13 e 14 lemos que Deus "nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor; em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a saber, a remissão dos pecados". E depois de um parêntese onde a identidade de Cristo é destacada, o apóstolo nos diz de que forma temos a redenção pelo Seu sangue. Esta é a razão: "porque nEle foram criadas todas as coisas... E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele".

Portanto, a pregação do evangelho eterno é a pregação de Cristo, o poder criador de Deus, o único através de quem recebemos a salvação. E o poder com que Cristo salva aos homens do pecado é o poder pelo qual criou os mundos. Temos a redenção por meio do Seu sangue; a pregação da cruz é a pregação do poder de Deus; e o poder de Deus é o poder que cria; portanto, a cruz de Cristo leva nela mesma o poder criador. Este poder é suficiente para todos. Não é surpreendente que o apóstolo exclamasse: "Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gálatas 6:14).

 

O mistério de Deus

Para alguns pode ser uma idéia nova o fato de que a criação e a redenção representam o mesmo poder; na verdade, isto é um mistério para todos é, sempre será. O próprio evangelho é um mistério. O apóstolo Paulo desejava as orações dos irmãos, a fim de que fosse dada palavra "para fazer notório o mistério do evangelho" (Efésios 6:19). Em outra passagem ele afirma que tinha sido ordenado ministro do evangelho, segundo o dom da graça de Deus que lhe foi dado pela eficaz obra do poder divino, a fim de que pudesse "anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo" (Efésios 3:8 e 9). Vemos aqui mais uma vez o mistério do evangelho como sendo o mistério da criação.

Este mistério se tornou conhecido pelo apóstolo através de uma revelação. Em sua epístola aos gálatas vemos como isto aconteceu: "Faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo". Ele nos dá ainda mais informações em suas palavras: "Quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela Sua graça, revelar Seu Filho em mim, para que O pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue" (Gálatas 1:11, 12, 15 e 16).

Resumimos os últimos pontos: 1. O evangelho é um mistério. 2. É um mistério que se tornou conhecido pela revelação de Jesus Cristo. 3. Não foi simplesmente que Jesus Cristo Se revelou a Paulo, mas que lhe deu a conhecer o mistério através da revelação de Jesus Cristo nele. Paulo teve que conhecer o evangelho antes de poder pregá-lo a outros; e a única forma em que pôde conhecê-lo foi através da revelação de Jesus Cristo nele. A conclusão, portanto, é que o evangelho é a revelação de Jesus Cristo nos homens.

O apóstolo expressou esta conclusão claramente em outra passagem lugar, ao afirmar que foi feito ministro "segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória" (Colossenses 1:25-27).

Assim, temos plena certeza de que o evangelho consiste em se dar a conhecer Cristo nos homens. Ou mais exatamente, o evangelho é Cristo nos homens, e a pregação do mesmo consiste em fazer com que os homens homens saibam que é possível que Cristo more neles. Isto concorda com a indicação do anjo a respeito de que o nome de Jesus deveria ser Emanuel, "que traduzido é: Deus conosco" (Mateus 1:23); e concorda também com o momento em que o apóstolo afirma que o mistério de Deus é Deus manifestado em carne (I Timóteo 3:16).

Quando o anjo tornou conhecido aos pastores o nascimento de Jesus, consistiu no anúncio de que Deus tinha vindo aos homens em carne; e quando o anjo disse que estas seriam boas novas para todos, estava se referindo à revelação de que o fato de Deus estar morando em carne humana deveria ser proclamado a cada ser humano, e este mesmo fato iria repetir-se em todos os que cressem nEle.

Vamos fazer um breve resumo do que aprendemos até aqui:

1. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. A salvação vem somente pelo poder de Deus, e ali onde há o poder de Deus, há salvação.

2. Cristo é o poder de Deus.

3. Mas a salvação de Cristo vem através da cruz; portanto, a cruz de Cristo é o poder de Deus.

4. Assim, a pregação de Cristo e Cristo crucificado é a pregação do evangelho.

5. O poder de Deus é o poder que cria todas as coisas. Portanto a pregação de Cristo e Ele crucificado, como o poder de Deus, é a pregação do poder criador de Deus posto em ação para a salvação do homem.

6. Isso é assim, visto que Cristo é o Criador de todas as coisas.

7. Não somente isto, mas nEle foram criadas todas as coisas. Ele é "o primogênito de toda a criação" (Colossenes 1:15); quando foi "gerado", nos "tempos antigos", "nos dias da eternidade" (Miquéias 5:2), todas as coisas foram virtualmente criadas, já que toda criação subsiste nEle. A substância de toda a criação, e o poder pelo qual todas as coisas vieram à existência, estava em Cristo. Esta é simplesmente uma declaração do mistério que só a mente de Cristo pode compreender.

8. O mistério do evangelho é Deus manifestado em carne humana. Cristo na terra é "Deus conosco". Assim, Cristo morando nos corações dos homens pela fé, é a plenitude de Deus neles.

9. E isto significa a energia criadora de Deus operando no homem através de Jesus Cristo, para sua salvação. "Se algum está em Cristo, nova criatura é" (II Coríntios 5:17). "Somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras" (Efésios 2:10).

O apóstolo expressou tudo isto quando declarou que pregar as incompreensíveis riquezas de Cristo consiste em fazer que todos compreendam "qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou" (Efésios 3:8 e 9).

 

Resumo

No texto que segue abaixo encontramos enumerados os detalhes deste mistério:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor e glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no Amado, em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça, que Ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; descobrindo-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito, que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nEle, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito dAquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade; com o fim de sermos para louvor da Sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nEle também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da Sua glória. Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da Sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos, e pondo-O à Sua direita nos céus" (Efésios 1:3-20).

Agora iremos destacar diversos pontos desta declaração.

1. Todas as bênçãos são dadas a nós em Cristo. "Aquele que nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?" (Romanos 8:32).

2. Esta dádiva todas as coisas em Cristo concorda com o fato de que nos escolheu desde a criação do mundo, a fim de que nEle pudéssemos obter santidade. "Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo" (I Tessalonicenses 5:9).

3. Nesta eleição, o destino escolhido para nós é que fôssemos filhos.

4. De acordo com isso, Ele nos aceitou no Amado.

5. No Amado temos redenção pelo Seu sangue.

6. Todo isto é a forma em que nos é possível conhecer o mistério: no cumprimento dos tempos reuniria todas as coisas em Jesus Cristo, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.

7. Sendo este o firme propósito de Deus, se deduz que em Cristo já obtivemos uma herança, visto que Deus faz que todas as coisas se realizem segundo o propósito da Sua vontade.

8. Todos os que crêem em Cristo são selados com o Espírito Santo, que é chamado de "Espírito Santo da promessa" por ser a certeza da herança prometida.

9. Este selo do Espírito Santo é o penhor da nossa herança até a redenção da possessão adquirida. "Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção" (Efésios 4:30).

10. Os que têm o selo do Espírito sabem quais são as riquezas da glória da Sua herança. Significa que a glória da herança futura é sua agora mesmo através do Espírito.

Nisto vemos que o evangelho contém uma herança. De fato, o mistério de Deus é a possessão da herança, já que nEle recebemos uma herança. Vejamos agora a forma em que Romanos 8 resume isto. Não iremos citar todo o texto da Escritura, mas somente alguns trechos dela.

Os que têm o Espírito Santo da promessa, são filhos de Deus; "Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Romanos 8:14). Mas ao ser filhos, somos necessariamente herdeiros; herdeiros de Deus, visto que somos Seus filhos. E se formos herdeiros de Deus, somos herdeiros juntamente com Jesus Cristo. Cristo está desejoso de que saibamos, mais do que qualquer outra coisa, que o Pai nos ama tanto como ama a Cristo.

Mas do que somos herdeiros junto com Cristo? De toda a criação, visto que o Pai o "constituiu herdeiro de tudo" (Hebreus 1:2), e prometeu que "quem vencer, herdará todas as coisas" (Apocalipse 21:7). Isto é demonstrado pelo seguinte, segundo o capítulo oito de Romanos: Agora somos filhos de Deus, mas ainda não parecemos possuir a glória que é própria de um filho de Deus. Cristo foi o Filho de Deus, entretanto o mundo não O reconheceu como tal, "por isso o mundo não nos conhece; porque não O conhece a Ele" (I João 3:1). Ao possuir o Espírito, possuímos "as riquezas da glória da Sua herança", e esta glória será revelada em nós no seu devido tempo, em uma medida que irá ultrapassar em muito a magnitude dos sofrimentos atuais.

"Porque a ardente expectação da criatura [ou melhor, criação] espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo". (Romanos 8:19-23).

O homem se tornou filho de Deus por criação; mas pelo pecado veio a ser filho da ira, filho de Satanás, a quem prestou obediência em lugar de a render a Deus. Mediante a graça de Deus em Cristo aqueles que crêem se tornam filhos de Deus, e recebem o Espírito Santo. Assim são selados como herdeiros, até a redenção da possessão adquirida -toda a criação-, a qual espera a sua redenção, quando a glória dos filhos de Deus for revelada.

Continuaremos com o estudo do evangelho, dedicando uma atenção especial a respeito do que está incluído na "possessão adquirida".

 

E. J. Waggonner  


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