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18/04/04


O Primeiro Domínio

The Present Truth, 14 de maio de 1896

 

A PROPRIEDADE ADQUIRIDA

Redimir significa comprar outra vez. O que é que deveria ser comprado de volta? Evidentemente aquilo que foi perdido, é isto que o Senhor veio Salvar. E o que foi perdido? O homem. “Porque assim diz o SENHOR: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados”. (Isaías 53:3). E o que mais foi perdido? Necessariamente, tudo o que o homem possuía. Em que consistia? “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”. (Gênesis. 1:26-28).

O salmista disse do homem: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares”. (Salmo. 8:5-8).

Tal era o primeiro domínio do homem, porém não durou muito tempo. Na epístola aos Hebreus encontramos mencionadas as palavras do salmista:

“Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando; antes, alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele te lembres? Ou o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos. Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas; vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”. (Hebreus. 2:5-9).

Estas palavras apresentam diante de nós um maravilhoso cenário. Deus colocou a terra, com tudo o que lhe pertence, debaixo do governo do homem. No entanto, não é isso que vemos agora. “Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas”. Por que não? Porque o homem perdeu tudo ao cair. Porém, vemos a Jesus, “tendo sido feito menor que os anjos”, isto é, foi feito homem, a fim de que possa ser restaurada a herança perdida a todo aquele que crer. Portanto, a herança perdida será restaurada aos redimidos tão certamente como Jesus morreu e ressuscitou, e tão certamente como serão salvos por sua morte e ressurreição aqueles que crêem nele.

Assim indicam as primeiras palavras do texto citado no livro de Hebreus: “Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando”. Ele o sujeitou ao homem? Sim, considerando que o sujeitou ao homem ao criar a terra, e que Cristo tomou o estado caído do homem a fim de redimir ambos, o homem e sua propriedade perdida, sendo que veio salvar o que se havia perdido; e visto que nele ganhamos uma herança, é evidente que em Cristo sujeitamos o mundo que há de vir, o que corresponde a dizer a terra renovada, exatamente como foi antes da queda.

As palavras do profeta Isaías mostram igualmente: “Envergonhar-se-ão e serão confundidos todos eles; cairão, à uma, em ignomínia os que fabricam ídolos. Israel, porém, será salvo pelo SENHOR com salvação eterna; não sereis envergonhados, nem confundidos em toda a eternidade. Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro. Não falei em segredo, nem em lugar algum de trevas da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão; eu, o SENHOR, falo a verdade e proclamo o que é direito”. (Isaías 45:16-19).

O Senhor formou a terra, para que fosse habitada, e sendo que ele faz todas as coisas segundo o conselho de sua vontade, podemos estar seguros de que seu plano será levado a bom termo. Entretanto, quando fez a terra, o mar e todas as coisas que existem neles, e o homem na terra, “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. (Gênesis 1:31). Sendo que o plano de Deus vai cumprir-se, torna-se evidente que a terra ainda tem que ser habitada por seres humanos que sejam inteiramente santos, e isso implicará, quando acontecer, uma condição perfeita.

Quando Deus fez o homem, o coroou “de glória e de honra”, dando-lhe domínio sobre “as obras de suas mãos”. Portanto, era rei, e como sua coroa indica, seu reino era um reino de glória. Porém, por causa do pecado ele perdeu o reino e a glória, “pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Romanos 3:23).

Jesus desceu então até seu lugar, e por meio da morte, que ele experimentou por todos resultou “coroado de glória e de honra”. Foi “Jesus Cristo homem” (I Timóteo 2:5), quem recuperou com ele o domínio perdido pelo primeiro homem - Adão. Ele fez assim com o objetivo de “levar a muitos filhos até a glória”. Nele temos obtido uma herança; e sendo que é “Jesus Cristo homem” quem subiu ao “mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus”. (Hebreus 9:24), é evidente que o mundo que há de vir, que é a nova terra – o “primeiro domínio” -, é a porção do homem.   

Os seguintes textos o fazem igualmente importante: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. (Hebreus 9:28). Quando foi oferecido, levou a maldição a fim de poder quitá-la. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. (Gálatas 3:13). Porém, quando a maldição da lei veio sobre o homem, veio também sobre a terra, visto que o Senhor disse a Adão: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirão; e comerás a erva do campo”. (Gênesis 3:17 e 18). Quando Cristo foi traiçoeiramente entregue nas mãos dos homens pecadores, “tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus!” (Mateus 27:29). Assim, pois, quando Cristo levou a maldição do homem, ao mesmo tempo levou a maldição da terra. Portanto, quando vier salvar aos que aceitaram seu sacrifício, vem também renovar a terra.

 

OS TEMPOS DA RESTAURAÇÃO

Disse o apóstolo Pedro: “E que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade” (Atos 3:20 e 21). E assim, temos as palavras do próprio Cristo: “E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 24: 31-34). Isso será a consumação da obra do evangelho.

Volvamos agora às palavras do apóstolo no primeiro capítulo de Efésios. Lemos ali que em Cristo estamos predestinados a sermos adotados como filhos; e tal como vimos em outro lugar, se somos filhos somos herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Jesus Cristo. Portanto, em Cristo temos recebido uma herança, já que ele conquistou a vitória, e está sentado à direita do Pai, aguardando o tempo em que seus inimigos sejam postos por estrado de seus pés, e todas as coisas lhe sejam sujeitas. Isto é tão certo como ele mesmo venceu. Como dádiva dessa herança que temos nele, nos é dado o Espírito Santo. É da mesma natureza que a herança, fazendo assim que conheçamos quais sãos as riquezas da glória desta herança. Dito de outra maneira, a comunhão com o Espírito dá a conhecer a comunhão do mistério.

O Espírito é o representante de Cristo. Por isso, o Espírito morando no homem é Cristo no homem, a esperança da glória (Colossenses 1:27). E Cristo no homem é o poder criador no homem, fazendo dele uma nova criatura. O Espírito é dado “conforme as riquezas de sua glória”, e essa é a medida do poder por meio do qual somos fortalecidos. Assim, as riquezas de glória da herança, dadas a conhecer pelo Espírito, não é outra coisa que o poder por meio do qual Deus criará de novo todas as coisas mediante Jesus Cristo, como no princípio, e por meio do qual criará de novo o homem, de forma que se corresponda com a herança gloriosa. É assim que, ao ser-lhes concedido o Espírito em sua plenitude, aqueles que o recebem, “provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro”. (Hebreus 6:5)

Portanto, o evangelho não é algo que pertença exclusivamente ao futuro. É algo presente e pessoal. É o poder de Deus para salvação de todo aquele que creu, ou que está crendo. Visto que cremos temos o poder, e esse poder é o poder pelo qual o mundo que há de vir há de ser preparado para nós, tal como foi no princípio. Logo, ao estudar aa promessa da herança estamos simplesmente estudando o poder do evangelho para salvar-nos de presente mundo mal.

 

QUEM SÃO OS HERDEIROS?

“E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa”. (Gálatas 3:29).

De quem somos herdeiros, ao ser descendentes de Abraão? Evidentemente da promessa feita a Abraão. Porém se somos de Cristo, somos herdeiros com ele, já que os que têm o Espírito são de Cristo (Romanos 8:9), e os que têm o Espírito são herdeiros de Deus e co-herdeiros juntamente com Cristo. Assim, ser co-herdeiro com Cristo é ser herdeiro de Abraão.

“Herdeiros segundo a promessa”. Que promessa? A promessa feita a Abraão, logicamente. Qual foi a promessa? Leiamos a resposta em Romanos 4:13: “A promessa de que seria herdeiro do mundo, não foi dada a Abraão e a sua descendência pela lei, e sim mediante a justiça da fé”. Portanto, os que são de Cristo são herdeiros do mundo. Podemos comprovar já previamente a partir de muitos textos, porém agora o vemos em definida relação com a promessa feita a Abraão.

Temos considerado também que a herança há de ser outorgada na vinda do Senhor, já que é ao vir em sua glória quando dirá aos justos: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25:34). O mundo foi criado para ser a habitação do homem, e foi dado a ele. No entanto, esse domínio foi perdido. É certo que o homem vive hoje na terra, porém não está gozando da herança que Deus lhe deu originalmente. Esta consistia na possessão de uma criação perfeita, por parte de seres perfeitos. Entretanto hoje, nem sequer a possui, visto que “Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre” (Eclesiastes 1:4). Enquanto que a terra permanece para sempre, “como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e não temos permanência”. (I Crônicas 29:15).

Ninguém possui de fato nada neste mundo. Os homens lutam e se esforçam para adquirir riqueza, e então “deixam a outros as suas riquezas”. (Salmo 49:10). Porém Deus fez todas suas obras segundo o conselho de sua vontade; nem um só de seus propósitos deixará de cumprir-se; e assim, tão certo como o homem pecou e perdeu sua herança, foi prometida a ele a restauração por meio de Cristo, nestas palavras: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre o teu descendente e o seu descendente, este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. (Gênesis 3:15). Nessas palavras foram preditas a destruição de Satanás e toda sua obra. Foi predita a “tão grande salvação” que havia sido “anunciada primeiramente pelo Senhor” (Hebreus 2:3). Desta forma, “o primeiro domínio” (Miquéias 4:8), “O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão”. (Daniel 7:27). Esta será uma possessão real, visto que será nova.

 

A PROMESSA DE SUA VINDA

Porém, tudo o que é anterior será consumado quando o Senhor vier em sua glória, a quem “é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade”. (Atos 3:21). Portanto, a vinda do Senhor para restaurar todas as coisas, tem sido a grande esperança posta diante da igreja desde a mesma queda do homem. Os fiéis têm esperado sempre esse evento, e ainda que o tempo pareça prolongar-se, e a maioria do povo duvide da promessa, ela é tão segura como a palavra do Senhor. A seguinte porção da Escritura descreve vividamente a promessa, as dúvidas dos incrédulos, e a certeza do cumprimento da promessa:

 “Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios. Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II Pedro 3:1-13).

Leiamos agora novamente a passagem, e observemos os seguintes pontos: Os que se esquivam da promessa do retorno do Senhor o fazem ignorando voluntariamente alguns dos eventos mais importantes e mais claramente expostos na Bíblia, como são a criação e o dilúvio. A palavra do Senhor criou os céus e a terra no princípio. “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca” (Salmo 33:6). Pela mesma palavra a terra ficou coberta pela água, de modo que a água que a terra armazenava contribuiu para sua destruição. Foi destruída pela água. A terra, tal como hoje a conhecemos, conserva apenas uma pálida semelhança com a que foi antes do dilúvio. A mesma palavra que criou e destruiu a terra, é a que a sustem hoje, até o tempo da destruição dos homens ímpios, quando se converter em um lago de fogo em lugar de um lago de água. “Porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”. A mesma palavra é a que realiza todas estas coisas.

 

O GRANDE CLÍMAX

Assim, fica evidente que a vinda do Senhor é o grande evento que têm assinalado todas as coisas, desde a própria queda. “A promessa de sua vinda” é a mesma promessa de um novo céu e uma nova terra. Esta foi a promessa feita aos “pais”. Os que se desviam dela não podem negar que a Bíblia contem essa promessa, porém, posto que não tem ocorrido nenhuma mudança aparente desde que os pais dormiram, pensam que não há possibilidade alguma de que se realize. Ignoram o fato de que as coisas têm mudado muito desde o princípio da criação; e têm se esquecido que a palavra do Senhor permanece para sempre. “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa”. Observa-se que está no singular, não fala de promessas, mas sim de promessa. É um fato que Deus não esquece nenhuma de suas promessas, porém o apóstolo Pedro está se referindo aqui a uma promessa definida, que é a segunda vinda do Senhor e a restauração da terra. Tratar-se-á de uma “nova terra”, visto que será restaurada à condição em que estava quando foi criada no princípio.

Embora tenha passado muito tempo – segundo o homem vê as coisas – desde que se fez a promessa, “o Senhor não demora em cumprir sua promessa”, visto que ele possui todo o tempo. Mil anos para ele são como um dia. Portanto, têm-se transcorrido quase uma semana desde que se fez a promessa pela primeira vez, no tempo da queda. Só tem passado a metade de uma semana desde que “os pais dormiram”. O passar de uns poucos mil anos em nada tem diminuído a promessa de Deus. É tão certa como quando foi feita pela primeira vez. Deus não a tem esquecido. O único motivo porque se tem estendido tanto é porque “ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. Portanto, “e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor” (Pedro 3:15), e deveria ser objeto de gratidão pelo grande favor outorgado, em lugar de considerar sua misericordiosa demora como evidência de falta de fidelidade de sua parte.

Não se deve esquecer que, se mil anos são como um dia para o Senhor, também um dia é para ele como mil anos. O que significa isso? Simplesmente, que o Senhor pode esperar um tempo prolongado – na compreensão do homem –, antes de levar a cabo seus planos, isso nunca deveria tomar-se como evidência de que em qualquer momento do processo, uma quantidade determinada de trabalho irá precisar necessariamente da mesma quantidade de tempo que tomou no passado. Para o Senhor é tão conveniente um dia como mil anos, se é que sua vontade decidiu que a obra de mil anos se realize em um dia. E isso certamente vai acontecer, “Porque o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, completando-a e abreviando-a”. (Romanos 9:28). Um dia será suficiente para a obra de mil anos. No dia de Pentecostes no foi senão uma amostra do poder com o qual o evangelho há de avançar no futuro.

Fez-se conveniente fazer um resumo do que realmente representa o evangelho do reino, e nos referir a promessa feita aos pais como fundamento de nossa fé, passaremos a estudar mais detidamente a promessa, começando com Abraão, de quem devemos ser filhos, se é que somos co-herdeiros com Cristo.

 Tradução: Marcelo Gomes  


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