"A Chaga Mortal é Curada"

Incríveis mudanças tomam lugar nas relações entre Católicos e Protestantes. Por que? O que isto significa?

SAMUELE BACCHIOCCHI

A vista de milhões de Protestantes unindo-se em regozijo a seus vizinhos Católicos durante a visita do papa aos Estados Unidos, oferece uma prova visível que a ponte entre o Catolicismo e Protestantismo esta sendo construída. Da mesma forma a ânsia dos lideres religiosos protestantes para encontrar-se com o papa e assim conduzirem diálogos bilaterais com a Igreja Católica indica que a "chaga mortal" (ou "a ponte de ligação" no original) não está apenas tomando lugar em esferas do povo comum, mas e principalmente perante a liderança da igreja. 

Esta construção da ponte que liga o Protestantismo e Catolicismo é na verdade um desenvolvimento recente, tal a surpresa de alguns historiadores e ecumenistas. Trinta anos atrás protestantes americanos conservadores ainda fomentavam profunda suspeita e hostilidade com relação ao Catolicismo em geral e com o papado em particular. Uma procissão papal na década de 50 seria mais um objeto de protesto público e raiva do que apreciação. 

O reconhecimento diplomático do Vaticano pelos Estados Unidos trinta anos atrás seria impossivel. Em 1951 o Presidente Harry Truman teve que abandonar seus planos em apontar o General Mark Clark como embaixador designado para o Vaticano, porque ele foi inundado por cartas, telegramas, e chamadas telefonicas de Protestantes de diversas religiões que opunham-se a tal nomeação. Em 1984, contudo, o Presidente Ronald Reagan pode reconhecer o Vaticano e o papa como chefe de estado quando nomeou o congressista William Wilson como embaixador oficial da Santa Sé, com raras reações protestantes. 

Esta mudança radical da atitude protestante de inimizade para amizade para com o papa e sua Igreja Católica não é nenhuma surpresa para os Adventistas do Sétimo Dia. Com base na profética interpretação bíblica, nós, os Adventistas por mais de cem anos temos anunciado que a América Protestante tomaria a iniciativa em estender as mãos e pôr fim à separação entre o Protestantismo e o Catolicismo Romano para assim cooperar com Roma. Cem anos atrás, Ellen G. White escreveu: "Os Protestantes dos Estados Unidos... estender-se-ão por sobre o abismo para dar as mãos ao poder romano"(Crande Conlllito pág.471).

Cumprimento Visível

Esta aliança entre a América Protestante e a Igreja Católica assumiu cumprimento visível no dia 10 de Setembro de 1987, quando o Presidente R. Reagan viajou para Miami para dar as mãos pessoalmente ao Papa João Paulo dando as boas vindas a ele como pastor espiritual não apenas dos católicos mas de todo o povo Americano. É importante enfatizar que esta foi a primeira vez que um presidente Americano viajou para outra cidade para dar as boas vindas a um líder religioso. Nas breves palavras desta cerimônia de recepção no Aeroporto Internacional de Miami, Reagan encorajou o papa para pregar abertamente para o povo americano. "Oue o senhor possa nos exortar" disse o presidente, "nós o ouviremos, pois com todo o coração nós anelamos por uma terra ainda melhor". 

Em 12 de Agosto de 1993, o Presidente Clinton seguiu as pegadas do Presidente Reagan quando viajou para o aeroporto de Denver para dar as boas vindas ao Papa Jóao Paulo II em sua chegada. Clinton classificou as primeiras palavras de João Paulo a 190.000 jovens de setenta países como "um grande discurso," mesmo quando o pontifice abertamente ataca a o apoio do presidente aos americanos em lutarem pela "guarantia de direito a vida." Qual é afinal a razão desta mudança radical de hostilidade para amizade? Qual estratégia tem a Igreja Católica usado para derrubar o muro de separação e estabelecer o papel do papa como líder espiritual da humanidade? Sete fatores parecem a mim ser importantes.

1. Segundo Concílio do Vaticano 

O fator mais relevante na iniciação da aproximação entre a Igreja Católica Romana e as igrejas protestantes foi estabelecido no Segundo Concílio do Vaticano. Alguns dos documentos formulados neste Vaticano II, como o Decreto do Ecumenismo (Unitatis Redintergratio),promulgado sonelemente em 21 de Novembro de 1964, tem decididamente inaugurado uma nova ênfase dos contatos e um entendimento mútuo, tanto a nível oficial como a níveis regionais. 

No que diz respeito ao nível oficial da igreja, liderança e teologia, o Decreto do Ecumenismo tem possibilitado diálogos bilaterais entre a Igreja Católica Romana e as Igrejas Protestantes, diálogos estes, que começaram imediatamente depois do Concílio do Vaticano. A nível local das congregacões, o Decreto tem encorajado encontros entre Católicos e membros das igrejas Protestantes. O que tem feito deste Decreto especialmente efetivo em derrubar as barreiras de separação entre as relações católico-protestantes, é justamente a positiva reavaliação do movimento protestante ecumênico. 

A tão signiticativa "ruptura" deste Decreto é o reconhecimento de que outras igrejas além da Igreja Católica oferecem "condições de salvação" e "valores cristãos genuinos." Esta nova visão corre contrariamente à tradicional visão expressa pelo Papa Bonifácio VIII Unam Sanctum, da qual mantém que, "há uma Santa Igreja Apostólica e que além desta Igreja não há salvação nem remissão dos pecados." A nova visão admite salvação dentro e fora da Igreja Católica. Esta nova postura, da qual também é expressa na Constituição da Igreja, está pagando dividendos em termos da boa vontade e admiração protestante.

2. Tolerância para com os não-católicos

Um segundo fator que contribui para esta unificação é a diplomacia de benignidade católica pela tolerância para os não-Católicos. Enquanto o papa mostra-se intransigente para com os católicos, esperando deles total apego à disciplina da igreja e ensinamentos, por outro lado é tolerante e aberto para com os de fora. Os protestantes têm sido promovidos de heréticos para "irmãos separados," e mesmo de irmãos e irmãs em Cristo. Similarmente, membros de religiões não-cristãs são agora tratados com abertura e respeito. 

O Decreto do Ecumenismo citado no parágrafo acima diz que "na doutrina Católica existe uma ordem ou hierarquia' de verdades, pois estas variam em sua relação com a fundação da fé Cristã." (Citado no artigo de Harding Meyer n.2, p.324.) A implicação parece ser que enquanto a "verdade total" é encontrada na Igreja Católica, que é "a fundação da fé Cristã, " meias verdades'' são para ser encontradas em outras igrejas cristãs e não-cristãs. 

Heinrich Fries e por último Karl Raliner, em seu livro União das Igrejas: uma Possibilidade Atual, fala de "igrejas associadas dentro de uma Igreja." Unidade é interpretada não como um meio para a uniformidade mas sim para "unidade na diversidade." Para alcançar "unidade na adversidade" a ênfase no diálogo bilateral deve ser mais na missão do que na mensagem. A tendência é favorável a uma "doutrina reduzida," que define uma missão comum baseada somente em um entendimento mínimo do evangelho.

3. Nova postura Ecumênica do Papa

Um terceiro fator que promove uma aliança entre católicos e protestantes é a nova postura do papel do papa em parceria com as Igrejas Cristãs. Nas discussões ecumênicas passadas o papa tem geralmente sido visto como sério obstáculo para a união da igreja. Hoje, o papa é visto mais e mais não como um obstáculo mas sim como um recurso para a união da igreja, visto que ele pode funcionar como um chefe simbólico da igreja reconciliada. Em semelhante união, é de se esperar que os não-católicos vejam a liderança de um papado reformado com bases diferentes das que os católicos romanos. 

"O sentido em que nós estaríamos 'sob' (abaixo) o papado em uma igreja reconciliada," escreve Richard Iohn Neuhaus, "é hoje superficialmente qualificado. É pois qualificado pelo diálogo Luterano-Católico que fala de um papado reformado sob o Evangelho." (R.j.Neuhaus, "Healing the Breach of the Sixteenth Century. An Impressive Possibilitv", Dialog, A Journal of Theology 25/1 (Winter 1986): 40. A Igreja Católica requeriria dos não-Católicos a aceitação de uma doutrina primaria modificada, uma que refletiria a visão católica antes da promulgação do dogma papal da infalibilidade pelo Primeiro Concilio do Vaticano em 1870. 

Por adotar o que o Professor Jesuita Vernon Ruland chama "O Duplo Padrão Católico," o papa esta com sucesso ganhando aceitação global, derrubando assim o muro de separação. O duplo padrão consiste de intransigência para com os católicos e acomodação doutrinal e "uma benigna tolerância para com os de fora". Na pratica isto funciona mesmo como um padrão triplo. O papa espera que os católicos adiram incondicionalmente para com os ensinamentos oficiais da igreja. Ele espera que os Protestantes aceitem um mínimo entendimento do evangelho e aceitem sua liderança espiritual. E por fim ele espera que os não-cristãos "se esforcem sinceramente para viver de acordo com suas consciências" e aceitem ele como o campeão espiritual e moral de toda a humanidade. 

Por estabelecer este triplo padrão o papa está sendo bem sucedido admiravelmente e se tornando mundialmente aceito como o papa urbis et orbis,o pai espiritual de Roma e do mundo. "João Paulo II," escreve George Huntston Williams, Professor de Divindade Emérito na Universidade de Harvard, "será muito bem reconhecido na história como o que "lançou a paz" entre os povos, sistemas econômicos e ideologias do Primeiro, Segundo e Terceiro mundos... A disciplina de João Paulo e conseqüentemente alguma "estreita" eclesiologia (doutrina da igreja) não tem restringido sua Soteriologia (doutrina da salvação) nem de qualquer forma impedido de estender seu abraço aos seus vizinhos, sejam eles agnósticos ou cristãos.

4. A Visão Global do Papa e Seus Esforços

Um quarto fator para uma aliança entre o Catolicismo e Protestantismo é a visão global e os esforços de João Paulo II. Sua visão global é evidente na maioria dos temas de seus discursos. Ele roga por dignidade humana, irmandade, justiça social, paz, o fim da corrida armamental, e especialmente compaixão para com o pobre e oprimido. Quando da sua chegada nos E.U.A., em 10 de Setembro, de 1987 o papa disse: "Eu venho como um amigo , um amigo da América e de todos os Americanos: Católicos, Ortodoxos, Protestantes e Judeus, pessoas de todas as religiões e todos os homens e mulheres de boa vontade." 

Para reforçar seu papel como o líder espiritual da humanidade, o papa recebe regurlarmente com satisfação na Santa Sé, delegações, líderes cristãos e não-cristãos. Em Outubro de 1986, por exemplo, foi impressionante ver centenas de líderes de todas as principais religiões do mundo aceitando o convite para irem até Assisi na Itália e participar com ele em um serviço especial de oração para a paz mundial. A mensagem foi claramente recebida por milhões ao redor do mundo que viram o "culto" pela televisão. 

O papa é aceito pelos lideres religiosos no mundo como o campeão das inspirações espirituais da humanidade. Durante sua recente visita a América, o Papa João Paulo obteve vantagem do pluralismo religioso americano para assim aumentar sua influência. Por exemplo, em 11 de Setembro de 1987, o dia seguinte da sua chegada a Miami, ele conferenciou com lideres Judeus. Mais tarde no mesmo dia o papa encontrou-se em Columbia, S.C. com vinte e sete protestantes e Líderes Ortodoxos Orientais, de quem exortou para,"trabalhar pelo tempo em que será possível para Cristãos confessarem juntos uma supostamente a fé Católica. 

Com respeito a predominancia cultural Protestante da região, onde somente 2% são Católicos, o papa não celebrou a missa ali. Ao invés disso, ele conduziu uma oração ecumênica presenciada por 60.000 na apertada tribuna principal de um estádio. Ele defendeu os valores tradicionais da família e da Biblia como a "inspirada e inalterável palavra" de Deus, temas que grandemente agradaram o exporessivo número de evangélicos presentes naquela reunião. Em Los Angeles, durante a mesma viagem, o papa encontrou com representantes do Islamismo, Hinduismo e Budismo e pela segunda vez encontrou-se com representantes do Judaísmo. 

"João Paulo II", escreveu Robert Niklaus, "intenciona re-esabelecer a (Católica) igreja como uma força ativa mundial. Ele está intensificando a presença papal nos Estados unidos e em outras colocações internacionais. Ele tem oferecido a intercessão do Vaticano nas crises do Líbano e tem dado ajuda ao Afeganistão em tempos de revolta. O recente apontamento do Embaixador Americano do Vaticano é um indicativo do aumento da estatura da igreja em assuntos internacionais." (Robert Niklaus, "Vatican: The First 1800 Days," Evangelical Mission Ouarterly 20/3 - July 1984 - 302.) 

O significado dos Estados Unidos no Vaticano não pode ser ignorado. Mr. William Wilson, o primeiro embaixador americano no Vaticano, declarou em um discurso no Assumption College em Worcester, Massachusetts, que a presença de seu país no Vaticano tem ido além de mera requisição de informações. "Tem havido," ele disse, um "desenvolvimento de um 'posto de escuta' para um inquérito por moralidade... Nestes últimos dias, nós temos concienciosamente entrado em questões para reconhecer e entender o papel da religião em assuntos internacionais." A implicação no discurso do Sr. Wilson é de que o governo Americano está a procura de um guia moral no Vaticano.

5. O Papa pela Moralidade

Um quinto fator nesta unificação é a forte posição do papa por certas doutrinas fundamentais da fé bíblica. Embora os evangélicos não concordem com o papa em pontos como o papel da Virgem Maria, a missa, intercessão dos santos, missas para os mortos, celibato sacerdotal e outros pontos, eles adimtiram seu forte compromisso para a autoridade da Escritura, para a santidade do casamento, pela ética bíblica com relação ao sexo, e a proteção para com os bebês (aborto) por estes rebaixarem a autoridade da Escritura, por promoverem valores não bíblicos de moral, e por comformarem com valores contemporâneos seculares. 

Para eles o pontífice tem se tornado, como o Prof. Martin E. Martv diz, "uma fortaleza andante da fé" no meio de uma sociedade perversa. Sem intenção, talvez, a desconfiança na autoridade da Bíblia, protestantes liberais tem ajudado em aumentar a autoridade do papa entre os evangélicos. Ao estender o enfraquecimento na autoridade da Bíblia entre os Protestantes, cresce-se a ênfase na autoridade papal. A razão é simples. A maioria do cristãos ofendem-se por alguma opressão, mas congratulam-se com a voz da autoridade, certeza e segurança. Eles querem ouvir de seus líderes, "este é o caminho, vá por aí!" Quando falham em ouvir esta voz de autoridade das Escrituras proclamadas por seus pastores, eles se tornam atraídos pelo papa que promete oferecer a eles uma infalível interpretação das Escrituras.

6. A Autoridade da Biblia

Isto leva-nos a considerar um sexto fator, desde o Vaticano II, a ênfase Católica na autoridade da Bíblia em definir práticas e crenças cristãs. Historicamente, católicos tem apelado para duas fontes de autoridade, nomeadamente, Scriptura et Traditio, ou seja, Escritura e ensinamentos tradicionais da igreja Católica, sempre referidos como magistenum ecclesiae. Os reformadores rejeitaram este conceito dualístico da autoridade por adotar o princípio da Bíblia somente (Sola Scritura).

Tendo crescido em Roma, Itália, lembro-me quão dificil era manter um diálogo proveitoso com meus parentes e amigos católicos, porque toda vez que usava a Bíblia como referência, para assim defender minha convicção e crença, eles replicavam, "ma la tradizione delia chiesa c' insegna..."- Mas a tradição dos ensinos da igreja..." Em um sentido a tradição era mais importante e segura do que a Escritura, porque havia menos propensão a uma interpretação particular. 

Quando meu pai em 1941 perguntou ao padre da paróquia para explicar algumas das coisas que ele estava lendo na Bíblia que um amigo Valdense lhe emprestou, o padre persuadiu meu pai para que ele deixasse a Bíblia com ele, porque ao lê-la, disse o padre, "traria somente confusão e pesar a sua alma." Meu pai relutante concordou. Mais tarde, sentiu necessidade e urgência de ler a Bíblia novamente, procurou em vão por uma Biblia católica italiana nas principais livrarias em Roma. Finalmente ele encontrou numa secção de um escritório Britânico e Sociedade Bíblica estrangeira, onde ele pode comprar uma Bíblia "Protestante" Italiana. 

Que mudança tem tomado lugar desde o Vaticano II! Não apenas tem os católicos trabalhado com os protestantes em produzir uma edição ecuménica da Bíblia, como estão promovendo a leitura da mesma por seus membros. Com um senso de orgulho meu pai, que ainda vive em Roma, Itália, levou-me recentemente para visitar Don Romano, padre da Igreja Católica local, que em poucas ocasiões tem graciosamente convidado ele (um Adventista do Sétimo Dia) para liderar o estudo da Bíblia para sua congregação. 

A nova ênfase Católica na autoridade e estudo da Bíblia tem obviamente encorajado e facilitado o diálogo entre protestantes e católicos tanto com os membros como também entre os líderes das respectivas igrejas. Estes desenvolvimentos positivos, contudo, não podem cegar-nos ao fato de que nenhuma mudança considerável tem tomado lugar nos ensinamentos católicos, assim confirmou a recente visita do Papa João Paulo. A Bíblia ainda resta como a Bíblia da Igreja Católica, sujeita a seus ensinamentos históricos, ao invés de a Igreja Católica sujeitar-se aos ensinamentos da Bíblia.

7. Advocacia Papal pela Justiça Social

Um sétimo fator de suporte na construção da ponte que está ligando os protestantes e católicos é a defesa papal pela justiça social, uma maior distribuição de renda, paz baseada na justiça, o fim da corrida armamental, respeito pelos direitos do povo, mesmo pelos que não nasceram, e especialmente, amor para com os pobres e desamparados. 

Em Setembro, 1987, a mensagem para uma multidão de 100,00 em Pontiac Silverdome, João Paulo desafiou os americans para lembrarem da "sua responsabilidade pela justiça e paz no mundo."

Ele também apelou pela proteção da vida dos bebês que ainda não nasceram: ''Americanos, sua mais profunda identidade e seu mais verdadeiro caráter como nação é revelado na posição que vocês tomam na defesa do ser humano como pessoa. A última prova de sua grandiosidade é a forma que tratam cada ser humano, especialmente os mais fracos e indefesos... aqueles que ainda não nasceram." 

A maioria das pessoas admiram o papa, por ele ter especial atenção pelo respeito a vida humana, e o fim da corrida armamentista. Por ser um campeão nestas autênticas e legítimas aspirações humanas e tratá-las com zelo, dignidade e devoção, o papa tem-se tornado para muitos o símbolo das mais nobres aspirações que a humanidade luta para conseguir. 

Somando tudo, poderíamos dizer que o Papa João Paulo está sendo bem sucedido tanto na missão de construir a ponte que liga os protestantes e católicos como em estabelecer seu papel de líder religioso mundial, pois pratica "diplomacia espiritual e política." Ele tem aprendido em ser um homem de muitas faces para muitas pessoas. Para os devotos católicos ele é um símbolo de piedade, certeza e confiança na salvação em meio aos conflitos religiosos e valores do nosso tempo. Para os evangélicos, ele é um homem de fé e coragem, aquele que está desejoso em opor-se secular e as pressões do nosso tempo. Para os protestantes e povo em geral, ele é o campeão da paz baseada na justiça social. 

Uma Última Advertência

As muitas facetas positivas desta visível aliança entre os protestantes e católicos, não pode cegar-nos ao fato de que a Igreja Católica ainda se posiciona favoravelmente quanto a seus históricos ensinos tradicionais, que têm dividido protestantes e católicos romanos. As grandes verdades protestantes que vêm somente da Escritura Sagrada, Cristo, graça e fé são ainda estranhas para a teologia Católica. 

Em suas mensagens o Papa João Paulo tem reinterado seu forte compromisso nos ensinos católicos como o papel intercessório de Maria e dos santos, transubstanciação, infalibilidade papal, o papel sacramental dos padres, perdão somente através da penitência, salvação pela fé e obras, missa aos mortos, e interpretação da Escritura pelo magistério da igreja. Para ele estes pontos não são negociáveis. 

Na visão do Papa João Paulo a União Ecumênica Cristã, é possível somente em termos Católicos. Na reunião com os bispos Católicos em 1979 em Chicago, ele se referiu ao testamento do Papa Paulo VI, que disse: "Deixem o trabalho de unificação com nossos irmãos separados continuar, com mais entendimento, com muita paciência, com grande amor; mas sem desviarmos da doutrina Católica." 

Nunca nos esqueçamos, contudo, que enquanto na área da justiça social a Igreja de Roma tem mudado e João Paulo defendido vigorosamente esta mudança, por outro lado, na área doutrinal e disciplinar da igreja, Roma é ainda imutável e João Paulo é simplesmente o mais eficiente comunicador dela. Saibamos contudo, que a "ponte de ligação" que tem sido construída para unir protestantes e católicos está trazendo o Protestantismo junto de Roma e distanciando o mesmo das Escrituras Sagradas. - Publicado em Adventists Affirm, vol. 7, traduzido por Jaime Bezerra Donegá, de Portugal.

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